terça-feira, 30 de agosto de 2016

Voo não...ia!


De todos os festivais de Verão que se realizam anualmente por esta altura em Portugal, nenhum tem o mediatismo da "Greve dos Trabalhadores da Segurança dos Aeroportos", que dos eventos que marcam o fim da época estival, conseguiu bater a própria  Festa do Avante!. O palco principal é o Aeroporto da Portela, e a data pode ser variável, mas não há nada que enganar: é sempre no último fim de semana de Agosto. Como? Se essa é a altura em que muita gente regressa de férias e por isso os aeroportos ficam para lá de saturados, e marcar uma greve exactamente nessa data é um convite ao caos? Ora essa, e será que há alguém tão ingénuo ao ponto de pensar  que se trata aqui de alguma coincidência? E qual é mesmo a razão de se fazer greve, afinal? Um peido e um copo de água. Isso lá  notícia comparado com a tragédia lusitana que sobe ao palco do aeroporto?

Quem já sabe o que a casa gasta e mesmo assim ignora a recomendação para estar no terminal onde vai apanhar o seu voo 4 horas antes da partida não tem desculpa - anda mesmo a pedi-las. Isto não significa que os mais atentos e pontuais tenham razões para ficar satisfeitos, pois mais uma vez são tratados como gado nos "check ins", na imigração ,  nos pontos de controlo da segurança, e mais no raio que os parta deste engodo que representa pagar um balúrdio por um serviço e ser tratado como se tivessem sido estes tipos que nos pagaram a viagem do seu bolso. Acho que nem nos casos em que isso acontece se dá com gente tão amarga, boçal e ordinária como a que trabalha nos aeroportos. Ah e tal, eles trabalham não sei quantas horas e não lhes dão não sei quê, blá blá blá. Sei, sei, e conheço um bom remédio, chama-se "desemprego". Tem as suas desvantagens, é verdade, mas em matéria de horas de trabalho semanais, é imbatível. Que tal?

Falando um pouco mais a sério. Ao escolher o período do ano em que as pessoas têm que tratar das suas vidas e têm sitios onde estar na segunda feira seguinte para reivindicar os seus direitos é uma parvoíce sem pés nem cabeça. Que culpa têm os utentes do aeroporto que o pessoal da segurança e o diabo a sete trabalhe horas a mais, que depois não são recompensadas e tudo isso que depois ninguém sabe nem  quer saber, porque aquilo que é notícia são os passageiros desesperados a verem as suas vidas a andar para trás, sabendo que vão perder o seu voo, apesar de terem comparecido no local de embarque, só para deparar com balcões vazios e o desespero a aumentar à medida que se aproxima a hora da partida? E será que pensaram na imagem que transmitem para os estrangeiros a tiveram o azar de fazer escala no nosso país, ou que por lá passaram também em trabalho? Sim, as outras pessoas trabalham, e com toda a certeza que não vão angariar a sua empatia para os vossos problemas causando-lhes transtorno. E os vossos colegas que asseguraram os serviços mínimos e levaram com tudo em cima, e além do trabalho extra ainda precisaram de expiar o queixume dos passageiros?

Voos a sair com a maior parte dos passageiros retidos no "check in", outros que se atropelavam feitos selvagens quando abria um balcão, outros que chegavam ao portão com cinco minutos atraso e eram impedidos de embarcar, restando-lhes ficar a assistir ao seu avião a levantar voo, e a pensar que solução dar às suas vidas. Sinceramente, quem é que pensou que isto ia dotar os trabalhadores de seja lá o que for de "capacidade negocial" com o patronato? Mesmo esses não vão fazer mais nada do que assobiar para o lado como se não fosse nada com eles, pois quem se vê numa situação como aquela que as televisões mostraram durante o fim de semana, a última coisa que vai pensar é nas razões ou a falta delas por parte destes filhos da luta. Imaginem o que seria se a protecção civil resolvesse fazer o mesmo durante o periodo mais crítico da época dos fogos florestais? Em vez disso tivemos o exemplo dos bombeiros, que heroicamente combateram os incêndios, sem querer saber durante quantas horas e em muitos casos fazendo-o de forma voluntária, e ainda arriscando a vida. Infelizmente é este o país que temos; de um lado alguém tem que fazer de herói sem querer, do outro ninguém  se quer armar em herói, e quem se lixa é srmpre o mexilhão. E para o ano há mais, têm dúvidas?


segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Ched Evans: culpado por via das dúvidas



Ched Evans está de volta aos relvados, pelo Chesterfield FC! Que boa notícia! Que bom para ele, parabéns! Que bom para a sua família, para os amigos que lhe restam, e que pena que tenha que fazer este "post" sobre um jogador de futebol que nem sequer conheceria não fosse pelo infeliz processo judicial que lhe custou a carreira, e o privou da liberdade durante dois anos - ou será que conheceria? O avançado-centro Chedwyn Michael Evans nasceu a 28 de Dezembro de 1988 em St. Asaph, no País de Gales, e com 10 anos iniciou-se no Rhyl F.C., um clube desse país, mas o seu faro para o golo cedo chamou a atenção do departamento de prospecção de jovens talentos do Manchester City, que um ano depois o levou para Inglaterra, e foi de camisola azul que fez toda a sua formação. Apesar de se ter revelado desde muito jovem uma promessa, não se conseguiu impor na equipa principal dos "citizens", mas para isso contribuiu o facto de ter chegado a sénior numa altura em que o clube foi adquirido pelo consórcio árabe que actualmente o dirige, que apostou forte em jogadores com créditos firmados, e com os resultados que se conhecem. Assim sendo, Evans mudou de ares e na época 2009/2010 assinou um contrato de três temporadas pelo Sheffield United, que disputava o Championship, segundo escalão  do futebol inglês. Nos "blades" só se viria a afirmar na segunda época, sendo o melhor marcador do clube, mas os seus 9 golos em 34 jogos foram pouco para evitar a despromoção à League One. Foi na época seguinte e nesse escalão que Evans atingiu a maturidade como futebolista; apontou 35 golos em 42 jogos no total das competições, e mais poderiam ter sido, não fosse pela tremenda injustiça que o tornou numa espécie de bode expiatório de todos os males do mundo. Evans não terminou a época pelo United, que já sem ele viria a perder a final do "play-off" de promoção frente ao Huddersfield, no desempate nos pontapés da marca de grande penalidade. Tudo isto porque...


...a 20 de Abril desse ano, a um mês do final da época em que apontou 35 golos em 42 jogos, Ched Evans foi condenado a uma pena de cinco anos e meio de prisão por violação. Isso mesmo, a fazer fé na Justiça que o condenou, eis o sacana mais "sangue-frio" de toda a história: durante o processo judicial em que era julgado por factos que se reportavam a Maio do ano anterior, teve a destreza de marcar todos aqueles golos, e fazer a sua melhor temporada de sempre. Ou isso, ou estaria plenamente convencido da sua inocência, e tanto eu como qualquer pessoa com o mínimo de bom senso estariam também, mas o problema teve a ver com o crime de que era acusado, e a forma como é visto pela sociedade em geral, e pelas mulheres em particular. Perante este travesti de Justiça, tanto é um violador alguém que se esconde num beco escuro a aguardar uma inocente que depois agride violentamente e desonra sem hesitar, como o Ched Evans, que...e o que é que ele fez? Em primeiro lugar gostaria de deixar bem claro que Ched Evans, o homem, agiu de forma incorrecta, e Ched Evans, o atleta, teve um comportamento condenável como profissional de futebol, e como tal um exemplo para os mais jovens - mesmo que neste particular os jogadores da bola não sejam propriamente uns meninos de coro - mas nunca, em circunstância alguma, é culpado dos crimes que lhe imputam, e com a gravidade que lhes atribuem. Vamos aos factos, que se faz tarde.

Em Maio de 2011, como referi no parágrafo anterior, Ched e o seu amigo e também jogador Clayton McDonald, na altura a representar o Port Vale, foram beber uns copos em Rhyl, cidade do País de Gales de onde o primeiro era originário. No bar onde foram beber conheceram uma jovem de 19 anos, que já tinha passado de longe da dose recomendada - é o "mundo livre" que temos, que permite a uma jovem no limite da idade legal ir beber sozinha à noite, e não nos passa sequer pela cabeça pôr esta "liberdade" em causa, certo? Pois, só que aparentemente levada pela desinibição que o álcool normalmente provoca, a eventual "vítima" aceitou ir para um hotel ali próximo com Clayton McDonald, conforme a própria viria a confirmar em tribunal, e Ched Evans foi junto. Escusado será dizer que não foram lá apenas para conversar, ou passar uma boa noite de sono para "cozinhar a bebedeira", e como uma coisa leva à outra, os dois atletas acabaram por usufruir dos prazeres do etilizado corpo da jovem. Até aqui tudo normal, e aposto o que quiserem que isto acontece todos os dias um pouco por todo o planeta, mas neste hotel em Rhyl, País de Gales, existe um porteiro excessivamente zeloso, que "escutou ruídos" vindos do quarto que os três haviam alugado, e resolveu chamar a polícia. Se calhar o pândego trio entrou por engano num hotel gerido por monges trapistas durante o momento em que cumpriam o voto de silêncio, ou então o mais certo é que o tal porteiro seja um daqueles tipos que gosta de escutar às portas, o que faria muito mais sentido.

A polícia galesa chega ao local, e ao deparar com o estado lastimável em que a jovem se encontrava, não porque tinha sido vítima de agressão sexual, mas porque estava tão bêbada que mal se conseguia manter de pé, resolveram levar toda a gente para a esquadra. Já mais ou menos recomposta, a jovem admitiu ter ido para ido para o hotel voluntariamente a convite de Clayton McDonald, mas diz "não se recordar" de ter dado consentimento a Ched Evans para "limpar o prato" onde o outro havia comido (peço desculpa pela linguagem, mas não estamos aqui a falar de anjinhos). Evans, contudo, afirma a pés juntos que sim, que ela consentiu - e o que mais estaria ele ali a fazer no quarto, que suponho estar equipado com energia eléctrica e não ser preciso levar uma vela. Ele garante que ela consentiu, ela não se recorda de ter dado consentimento, e é possível que não recorde do próprio acto, e não fosse pelo porteiro "peeping Tom" de Gales, nunca teria sabido sequer que o Ched Evans lhe tinha feito uma "visita". Mas lá está, neste tipo de situações, em que a opção é dizer às autoridades que foi "vítima de violação", ou que "é uma situação frequente" e um dia destes se os senhores agentes quiserem ela "passa lá pela esquadra e dá a volta a todos, que tal?", nem sempre é fácil ser-se honesto. A juntar ao facto que tem 19 anos, estuda e vive na casa dos pais, a escolha só pode ser fazer o ingénuo do Ched pagar pela sua badalhoquice. E falando dos pais, mesmo que saibam o que ali  têm mas prefiram não prender a dócil rapariga em casa com uma trela, as consequências do impacto social que uma coisa destas tem nem os leva a pensar duas vezes. Se for preciso dizem que a filha é uma impoluta criatura, e que estava sozinha naquele antro de degredo àquelas horas da noite a tentar converter as almas pecadoras, e que aqueles malandros "puseram qualquer coisa" na bebida dela. Nas bebidas, quer-se dizer. Em todas as 20 ou 30 delas. 

O caso foi para julgamento, e enquanto decorria o apuramento dos factos, Evans iam somando e seguindo, marcando golo atrás de golo, perfeitamente convencido da sua própria inocência. As perspectivas eram animadoras; 13 vezes internacional pelos sub-21 de Gales, onde apontou 13 golos, e outras tantas pela selecção "A", com um golo apontado, falava-se da possibilidade do jovem avançado ser chamado para a equipa da Grã-Bretanha, que ia participar nos Jogos Olímpicos de Londres de 2012 como novidade, e com toda a certeza que a sua folha de serviços iria despertar o interesse de clubes com mais ambições do que o Sheffield United. Sonhos que se viriam a transformar num enorme pesadelo no dia 12 de Abril de 2012, quando o tribunal condenou Evans a cinco anos e meio de prisão por...violação! E porquê? Porque a acusação conseguiu provar que "a jovem estava demasiado embriagada para dar consentimento". Ai é? Portanto, se do bar fosse meter-se atrás do volante de um automóvel e ceifasse a vida a dois ou três peões inocentes, a culpa seria do veículo, pois ela "estava demasiado bêbada para conduzir", e por isso não é responsável pelos seus actos. Coitada! Já sei o que estão a pensar, que a violação é um crime demasiado sério para se tratar de forma tão ligeira, e que o acto sexual requer o consentimento de ambas as partes, pois caso contrário é o mesmo que violação. Mas isso é motivo para que se condenem inocentes "pela via das dúvidas"? Sim, o Ched Evans não é propriamente "inocente", e moralmente o seu comportamento foi uma desgraça, porque tinha namorada, e sabem o que mais? 



Ainda tem, e é a mesma, uma tal Natasha Massey - vejam aqui outra imagem anterior à prisão de Evans, se não acreditam. A jovem não só perdoou a escapadela do namorado, como ainda esperou que ele cumprisse a pena, e acredita na sua inocência. E sim, é uma mulher, e como qualquer mulher normal repudia o crime de violação, e tudo o que isso implica. Mas também deve ser uma pessoa que pensa pela própria cabeça, e mesmo sob o risco de passar a ser vista como "a mulher do violador", manteve-se firme ao lado do seu companheiro. Isto sim, é uma mulher de coragem, ao contrário daquelas que aproveitam o mínimo envolvimento que seja de um homem num caso de violação, mesmo que não fique provada a sua culpa, para lhe imputar os maiores horrores, acusá-lo das piores intenções, exigir a sua exclusão da sociedade, e pior, acusar quem o defenda de "ser ele igualmente um violador". Sim meus senhores, esta é a falácia preferida das fufas feministas que odeiam homens e mordem-se todas de raiva quando vêem uma mulher feliz ao lado de alguém do sexo oposto: quem levante a mínima reserva que seja à  uma acusação de violação, é também ele um violador. Pena que não é só a violação que é punível por lei como forma de agressão, pois viesse uma fissureira com esta conversa para cima de mim, e ia passar a excluir os alimentos sólidos da sua dieta. E não falo apenas por falar, pois não sou o único  a acreditar na farsa que constitui esta condenação, e de como relativiza o próprio crime de violação, colocando no mesmo saco as vítimas passivas deste horrendo acto, com umas flausinas levianas que não se importam de arruinar a vida a alguém só para que a sua "barra" não pareça tão suja. E nem é a namorada de Evans a única a questionar a validade da condenação do homem que conhece melhor que ninguém, só que...


...esta é uma convicção que requer um estômago bem resistente, e uma grande firmeza de carácter. Esta na imagem é Judy Finnigan, que apresenta um programa da manhã em Inglaterra, juntamente com o seu marido, e que cometeu a ousadia de considerar que "o crime que Evans cometeu não foi violento", e ainda referiu as circunstâncias em que a alegada violação foi cometida em defesa do jogador. Dito e feito, foi imediatamente acusada de "delegar a responsabilidade para as vítimas", e claro que não podia faltar a generalizaçãozinha da ordem, e ainda lhe foi posta a cabeça a prémio, com cartas dirigidas à estação de televisão onde trabalha exigindo que fosse despedida, e ataques nas redes sociais (claro) que incluíam, imaginem só, sugestões que a sua filha Chloe, também ela uma celebridade como instrutora de ginástica de manutenção, "devia ser violada, também". Ironia das ironias, isto vindo de pessoas que afirmam repudiar veemente a violência contra mulheres. E nem é difícil adivinhar de onde partiu a "gracinha".


O que para aqui vai, meus senhores. Reparem no que diz a "Lauren", que acusa Judy Finnigan de ter dito...a verdade? Sim, a verdade, tal e qual como aconteceu, e que ficou provado em tribunal, e depois? O ridículo quer da condenação, quer da histeria destas tontas, é que a acusação baseou-se no facto da suposta vítima "não estar em condições para ter relações sexuais, devido a estar demasiado bêbada para consentir o acto" - minutos antes, quando acedeu a ter relações com Clayton McDonald, que saiu intacto desta confusão, estava fresquinha como uma alface, ao ponto de ter confirmado que foi voluntária e conscientemente com os dois atletas para o hotel. Minhas senhoras, não é uma questão de "responsabilizar a vítima", ou "desvalorizar o crime de violação": trata-se de apreciar os FACTOS. E é isto que nos separa da selvajaria, e foi graças à EVOLUÇÃO da sociedade, e ao PROGRESSO, que nos livrámos das piras inquisitórias. E já que falamos de bruxas, e que tal imitar aqui as senhoras, que se acham acima da lei, não precisam de provas para afirmar que alguém é culpado do crime de que é acusado, e fazer eu próprio as minhas presunções? Sois nada mais que sapatonas amarguradas que queriam ver os homens todos na cadeia para poderem ficar com o "filete" todo para vós, e assim devorá-lo à tesourada. Que tal? Falta de nível? Bem, não é crime ser-se fufa - já não é pelo menos - mas uma condenação por um crime da natureza da violação pode não só valer uma temporada "ao fresco" (que não aparenta ser nada fresco, honestamente...), uma carreira arruinada, e a censura da sociedade. E a reabilitação, como é?



É o tanas, é o que é. Evans é condenado nas circunstâncias que referi neste texto, foi a sua primeira infracção, e a simpática imprensa tablóide britânica espeta-lhe com o epíteto de "violador". Pois é, de facto, e quem sou eu para o desmentir, se foi condenado por esse crime? Aparentemente jogava futebol nos intervalos dos abusos que cometia contra as suas pobres vítimas. Cumpriu a pena, pagando assim a sua dívida com a sociedade? De facto, e na sentença ficou estipulado que Evans cumpriria metade da sentença caso revelasse bom comportamento, e durante os dois anos que esteve encarcerado, o atleta não só continuou a tentar provar a sua inocência, como nunca abandonou o sonho de voltar a jogar futebol. Assim arranjou trabalho na prisão como reparador e pintor, de modo a conseguir ganhar algum dinheiro para levar uma alimentação mais saudável, e assim que se viu de novo em liberdade, voltou ao seu clube, o Sheffield United. Foi este o mote para o programa onde Judy Finnigan teve a coragem para dizer o que pensa, e que no fundo não é senão do mais elementar bom senso: cumpriu a pena, o crime não se revestiu de contornos violentos, qual é o mal de voltar a fazer a única coisa que sabe? Num rectângulo de jogo onde anda com mais 24 homens a correr atrás de uma bola não há o risco de violar ninguém, pois não? Ah, pois é, e as crianças, e tal, que exemplo lhes estamos a dar ao reintegrar o "violador" na equipa, "como se não fosse nada"? Os jovens "vão pensar que os seus actos não têm consequências", e vão desatar por aí a violar a torto e a direito. Bardamerda, pá! Não teve consequências? Não esteve preso, afinal? Mas pelos vistos "merece muito pior".


Aí está: mal o Sheffield United ponderou voltar a contar com o jogador, aparece uma petição dirigida ao director do clube, numa atitude que só pode mesmo ser entendida como chantagem. Pois é, "foi condenado, é assim que a justiça funciona, ponto final". Isso mesmo. Cumpriu os dois anos da pena, foi libertado, e agora caso volte a fazer o que fazia antes de pagar por um crime de que foi condenado fora do âmbito da sua profissão, "insultam-se as vítimas de violação". E aquela parte que sublinhei ali a meio é muito boa: "ninguém vai acreditar nas mulheres quando disserem que foram violadas, mesmo que um tribunal acredite nelas". Quer dizer, não acham que aqui a história está a ser contada ao contrário? A única mensagem que todo este lamentável incidente passa para os jovens é esta: "Levem convosco um notário oficialmente reconhecido que possa atestar que tiveram o consentimento de alguma badalhoca que engataram num bar, ou no caso da pobrezinha se arriscar a passar por pêga, nega que deu esse consentimento". Sim, de facto "estava demasiado bêbada" para dar o consentimento, e afirma "não se recordar" de o ter dado, enquanto o "violador", que não estava bêbado e não tinha quaisquer antecedentes criminais, garante que deu - ei, vamos acreditar na flausina que aceitou ir com dois gajos para um hotel e depois "esqueceu-se" de autorizar o segundo a entrar-lhe na gruta, fazendo desse um violador perverso e malvado. Não concordam? Ora, ora. Só podem ser vocês próprios "violadores", também.

A tipa que iniciou aquela petição assinada por 170 mil pessoas (todas com receio de serem confundidas com violadores, suponho), uma tal Jean Hatchet, de  Londres, queixou-se que depois ter iniciado a petição "começou a ser assediada na internet", com comentários do tipo "vai mas é lavar a loiça" - que horror, que medo! Esta tipa não bate bem da cabeça, é mais que evidente que odeia o sexo oposto, e passa a vida a procurar um jeito de lhes lixar a vida. O pobre Ched colocou-se a jeito, e a desocupada passou a fazer-lhe marcação cerrada:


Mais duas petições para impedir que o jogador encontrasse um clube onde jogar, incluindo uma para o Ministro da Justiça pedindo para proibir a agressores sexuais condenados que viajem para fora do Reino Unido perante autorização das autoridades, e isto porque um clube maltês, o Hibernians, fez um proposta a Ched Evans. Mais tarde uma outra petição, desta feita ao presidente do Oldham Athletic, que demonstrou interesse no concurso de Evans, salientando que o jogador não deve assinar por nenhum clube até admitir a culpa. Se isto não é chantagem, o que é? Mas Evans não admite a culpa de forma alguma, e conseguiu mesmo que se realizasse a repetição do julgamento, marcada para Outubro deste ano. Isto pode ser bom e pode ser mau, uma vez que perante novas provas pode ser considerado inocente, e limpar o seu bom nome e reputação, ou voltar para a cadeia, caso fique provado que insistiu em ter relações com a "vítima", sem que esta tenha dado consentimento. Como é que se vai provar isto, se a própria já afirmou que "não se lembra"? Não me surpreende nada que a senhora esteja com pressa para saciar o seu ódio de género.


Enquanto isso o calvário de Ched Evans prosseguiu, sem conseguir encontrar um clube onde jogar. Depois do seu antigo clube ter sido obrigado a desistir da sua contratação, outros pensavam duas vezes e não arriscavam. Valeu-lhe o Chesterfield, cujo treinador é Danny Wilson, que trabalhou com Evans em Sheffield e convenceu a direcção a contratá-lo por um ano, apesar da repetição do julgamento em Outubro. Este receio nada tem a ver com as petições da outra maluca, mas com o impacto negativo que isso podia ter junto dos patrocinadores. E mal o avançado assinou  Julho...


...esta empresa local de instalação de soalhos de casa-de-banho e cozinha retirou o seu patrocínio ao Chesterfield, alegando "querer preservar o seu bom nome e imagem, pretendo distanciar-se de polémicas". Apesar destes rústicos de Derbyshire contribuírem apenas com o suficiente para manter uma placa publicitária na zona junto do relvado, é um exemplo daquilo que Evans e o Chesterfield ainda podem esperar. E não é tudo:


Até os adeptos do Chesterfield entraram na dança, como se pode ver por estes comentários na página oficial do clube na rede Twitter. Humor britânico, com certeza, e quem sabe se as mensagens dando conta dos golos do jogador não convidam mesmo a piadas fáceis como "violou as redes" ou "teve consentimento ou marcou de qualquer jeito?". Nada como estar de fora a rir do infortúnio alheio. E sãoos adeptos quem menos razão de queixa, pois mesmo que as opiniões se dividam no que toca à imagem do clube, Evans tem mostrado serviço, apontando quatro golos nas primeiras quatro jornadas da League One, que até à derrota deste Sábado frente ao Millwall iam deixando a equipa nos primeiros lugares da tabela. Quem sabe não esquece, e digam lá: é isto que se espera de predador sexual, que ainda por cima se recusa a admitir a culpa, pretendendo ainda por cima passar a responsabilidade para a vítima? Contem outra que com essa não me convencem. Há que tirar o chapéu a Chad, que nunca virou as costas à luta, e contra tudo e contra todos foi atrás do sonho de continuar a fazer o que mais gosta e o que melhor sabe.

Este caso veio demonstrar mais uma vez que os ingleses têm uma grande dificuldade em lidar com os "monstros" que eles próprios ajudaram a criar, ou com os quais têm uma contabilidade vasta e antiga. Vêem o tal "racismo" em toda a parte, até numa anedota sobre italianos,  se for preciso, mas levam com o título de um dos povos mais arrogantes da História, com os seus tiques supremacistas.  Neste exemplo em que entra a todo o vapor o "feminismo de calças" lamenta-se a despersonalização que se faz de um homem, que seja lá qual for o crime de que é suspeito, é inocente até prova do contrário, é nesta história em que a Justiça parece sair muito mal servida, tem direito a limpar o seu nome.

As feministas, ou "feminazis", comoalguns as chamam, chegam a ter alguma piada, especialmente quando caem em contradição ao afirmar que "são tanto ou mais que os homens e por isso assistem-lhes os mesmos direitos", para depois alegarem a condição feminina para exigirem privilégios e  se isentarem de responsabilidades. O mais irónico aqui nem é o facto de no caso dos pais da menina lhe metessem uma rédea curta e não a deixassem andar aí pelos bares a encher as trombas de bebida e a oferecer-se a estranhos, estariam a "oprimir a liberdade da jovem e a interferir na sua emancipação sexual", e seriam chamados de "trogloditas" para cima. O que é mesmo grave é meterem no mesmo saco esta que se for virgem só pode ser de signo com outras mulheres que sem saberem ainda como, caíram nas garras de predadores a quem claramente não deram consentimento algum, e não há um dia que passe sem que esse pesadelo as venha assombrar. Isso simé o verdadeiro insulto.





domingo, 28 de agosto de 2016

Filhos de uma Olímpia menor



O Hoje Macau, jornal em língua portuguesa de Macau para o qual tenho o orgulho de contribuir, tal é o seu estatuto de culto, nem que seja pela forma como ressuscitou depois de crucificado (e nem esperou pelo terceiro dia - foi logo no dia seguinte) vai fazer 15 anos esta próxima quinta-feira, publicou esta semana um artigo de opinião que gerou uma onda de...uma onda de crude, vá lá. Eu não mergulhava nessa onda, e não porque se trate de algo de reprovável, ou "escusado", mas diria antes "estranho". Fa Seong, que suponho ser o pseudónimo do autor, assina na sua coluna que dá pelo nome de "A Canhota" um texto dedicado aos os Jogos Olímpicos, realizados no Brasil neste mês de Agosto e o panorama do desporto local, estabelecendo uma espécie de paralelo que para quem vive aqui no território ou conhece Macau, vai considerar no mínimo paradoxal. O autor - ou autora, não é claro - "entra a matar", referindo a deslocação de uma comitiva local ao Rio de Janeiro para assistir à Cerimónia de Abertura dos Jogos, com o propósito de fortalecer os laços com os países da Lusofonia, blá blá blá, um chavão qualquer, e pode ser o do costume. Fa Seong critica o que considera "um desperdício de dinheiros públicos", até porque Macau não faz parte do Comité Olímpico Internacional e não tinha qualquer atleta nos Jogos, e de seguida tece uma série de considerações que me deixam meio...desconfiado? Vamos lá ver.

Primeiro, criticar a gestão dinheiros públicos em Macau, neste caso a má gestão, é o mesmo que açoitar um burro morto. Sim, numa outra legislação qualquer onde as contas fossem todas bem feitas e a opinião pública estivesse nem para aí virada, era um caso sério. Estamos a falar de outro sítio qualquer, pronto, e o que são meia dúzia de bilhetes, mais alojamento, tudo XPTO, e mesmo que dê um total de dois ou três milhõezitos, os Jogos Olímpicos são um evento que toda a gente conhece, e reconhece a mais valia diplomática de uma representação oficial, mesmo sem uma delegação a competir. Já com a tal Universidade do continente a quem o Governo deu um cheque de cem milhões "porque sim", pia mais fino, e mesmo neste caso foi preciso levar a população para a rua quase de empurrão para fazer barulho. Resultado? Ninguém justificou coisa nenhuma, e ainda se tiraram da cartola umas acusações contra os organizadores da manifestação. Se nem de um montante daqueles se dão satisfações, o que dizer da passeata lá dos tipos do Instituto de Desporto mais o deputado Chan Chak Mo. Sim, os nomes são mencionados, e ainda deixa no ar a sugestão de que se tratou de "uma visita pessoal" - já lá vamos. 

Se isto dá a entender que o autor do artigo não nutre lá muita simpatia pelo IDM e os seus responsáveis, o que se segue vem confirmar isso mesmo, mas eu diria que a "mocada" saiu um bocado maior que a encomenda. No resto do artigo o autor faz uma análise que para quem não conheça, dá a entender que se partem as pernas às crianças logo à nascença. Como é que o IDM ou o Governo, este e o anterior, têm a culpa do Macau não fazer parte do COI, ou do desinteresse dos jovens locais pelo desporto, ou que optem por não se profissionalizarem? Macau nunca teve um estatuto como o de Singapura, que é uma cidade-estado, ou de Hong Kong, que tem 7 milhões de habitantes, uma área 90 vezes maior, e uma autonomia que no passado lhe valeu tornar-se a maior praça financeira da Ásia. Macau nunca teve a sorte de ser, bem, uma "nação olímpica"? Foi muito, mas muito antes do sr. Coubertin ter idealizado o conceito moderno de Olimpismo que alguém havia idealizado Macau como uma caserna de Portugal na China, e antes desta última reintegrar o território "de facto" em 1999, já as elites de então e de agora acharam que ficava melhor "na prateleira", ou melhor ainda, na cave, a fazer de "máquina de lavar". Quando a bacará, a especulação imobiliária e quejandos forem modalidades olímpicas, Macau vai ter medalhas de ouro asseguradas - fica com o pódio completo! Mas a possibilidade dessas modalidades integrarem os Jogos é tão provável como Macau aderir ao COI, portanto esqueçam. 

E quem é que deseja com um aperto no coração que Macau se junte à família olímpica, e choraria baba e ranho de orgulho na eventualidade de isso acontecer? Ninguém, que diabo! Isso foi uma pretensão com tiques de "trip" alucinogénica de alguém ou de alguns, e desconfio que a ideia era passar uma imagem de gestão ambiciosa, que quer mostrar que não teme qualquer desafio, por mais impossível que possa parecer, e que se trabalha muito por aquelas bandas, e tresanda a suor do sovaco. Agora, com este tipo de "sonhos", há sempre um limite onde se pode chegar sem cair no ridículo - JFK disse que os Estados Unidos "queriam ir à Lua", e não ao Sol. Não se perdia nada se Macau se tornasse membro de pleno direito do COI, mas ninguém fica tristinho por não poder acenar  cheio de orgulho com a bandeira verde com o lótus, com os olhos do tamanho de travessas brilhando, cheio de orgulho patrioteiro. Sim, aqui as pessoas ficam a torcer pelos atletas da China, quer nos JO, quer nos outros eventos desportivos, onde ainda há quem fique a torcer por Portugal, ou simpatize com os desportistas e as equipas lusas, pois estes são as duas pátrias que estão na génese de Macau. Não me parece que se possa apontar o dedo ao IDM por não ter feito o seu trabalho de casa neste particular.

O que faz o IDM, então? Faz o que pode, e sorte têm eles de os deixarem organizar qualquer coisa que implique investimento em algo que não seja outra forma de recuperar esse investimento e ainda ter um retorno chorudo, como um casino, pronto. E como é que se podem incentivar os jovens à prática do desporto, se eles não estiverem interessados? Algo do tipo "Mocidade Portuguesa", com frequência obrigatória pelo menos uma vez por semana? Ou imita-se o exemplo da China, e pegamos numas cachopas pré-alfabetizadas e esticamos-lhes os tendões para ficarem "au point" de participar nas provas de ginástica acrobática num dos próximos Jogos? Já chegou o que chegou com aquelas campanhas absurdas com o mote "Faz desporto, diz não às drogas", como se a única alternativa à droga fosse a prática desportiva, ou o desinteresse por esta fosse meio caminho para a perdição e para o degredo. E ler um livro, pá?! Ah pois, isso "não dá dinheiro a ninguém", e segundo o autor do artigo, o desporto também não - mas a droga sim, dá dinheiro. Estão a ver como funciona a lógica? Sim, os pais não vêem com bons olhos que os filhos optem por uma carreira desportiva em "full time", pois isso seria mesmo que ambicionar ser agente turístico e mostrar o Vaticano aos turistas, sem sair de Macau. Mas isso não impede que alguém com jeito e vontade se torne profissional, desde que não seja em Macau. E assim de repente temos os exemplos da Eva Vital, que nasceu no território e pratica atletismo no Benfica, e o futebolista David Kong, que é actualmente bicampeão do Campeonato de Portugal (terceiro escalão). Ficando em Macau só se pode mesmo fazer como o exemplo que o autor refere, da atleta deficiente auditiva que vai representar Macau nos Special Olympics, ou ainda a "nossa" Paula Carion, judoca várias vezes medalhada nos jogos asiáticos - trabalham para ganhar o seu, e quando podem ainda fazem o que mais gostas. E alguém as ouviu queixarem-se de alguma coisa?

Ambicionar a mais do que isto é estar a pedir que se comece agora a fazer o que há muito devia ter sido feito, e não seria o IDM a fazê-lo. Sim, aquela é uma opinião, eu sei, e eu não sou o Tribunal do Santo Ofício e tenho a minha opinião também, ora essa, e de todos os pontos ali expostos de que não concordo, o clímax é atingido no fim do texto:

“Macau mantém a ambição de fazer parte do Comité Olímpico Internacional”, disse o chefe de gabinete de Alexis Tam. É bom ter ambição e esse é um desejo para muitas pessoas em Macau, mas não há uma data para que isso possa acontecer.

Uh? Bem, o Alexis Tam não faz senão o que lhe compete, que é repetir a ladainha do "estamos muito ocupados a não fazer nada", mas quem são as "muitas pessoas" que o autor ali refere? Onde está essa mole angustiada por não pertencer à família olímpica, que não se manifesta? Não estou a sair em defesa do IDM, nem dos visados, nem de ninguém, até porque seria inútil defender quem teima em dar tiros no próprio pé. Na sexta-feira, isto: 



O IDM exerceu o direito à resposta! A um artigo de opinião, e com o intuito de esclarecer...o quê? Bem, o primeiro parágrafo, onde se nota o esmero na ortografia, deixa-nos saber que a delegação esteve lá entre 3 e 8 do corrente. Isto com um dia para ir, outro para voltar, e outro para assistir à seca da cerimónia, e isto sem falar do "preto ao colo", não deixa tempo livre para se descer o amazonas de jangada. Perde a força a teoria da "visita privada". Ora bem, e para esclarecer esclarecimentos quanto à publicação publicada, o que mais se responde naquela resposta?


Pois é pá, não gozes com isto que a malta está muito empenhada em entrar para o COI, e por isso "vale a pena prosseguir com aquela pretensão" - pelo menos até 2049, data em que passa do prazo de validade toda a conversa fiada. Dependem de...boas vontades? É mais fácil quando se depende antes de boa$ vontade$. E o que é aquilo? Outros territórios chineses...Taiwan? Epá espero que a China não tenha vindo de sapatilhas, senão gasta-se esta graxa toda para nada. Adiante.


Pronto, tau tau tau, três tiros no porta-aviões: 1) fomos convidados, e não entrámos à socapa só porque vimos uma festa cheia de finórios e um serviço de catering que deixou água na boca 2) a mãezinha e os outros senhores também lá estavam, podem perguntar-lhes se não foi assim que aconteceu, como estamos a dizer! e 3) Quem diz é quem é! Ai isto é "dinheiro deitado ao lixo"? A ideia foi vossa, não quero saber! Que enfado. E depois do habitual sermão que ninguém encomendou sobre os méritos do IDM e de tudo o que fizeram etc. etc., terminam desta forma:

Macau tem um atleta nos Paraolímpicos? Pois tem, foi o que o autor disse! Leram mesmo aquilo, ou depois da primeira frase começou a soar a sirene: "Olha este gajo a mandar bocas, o sacrista. Editem aí a resposta-normalizada e mandem já para o jornal!". Sim, o artigo reflecte apenas a opinião do seu autor, mas isso não é desculpa! Tenha outra opinião! 

Ao esclarecer o que não tinha que ser esclarecido, o IDM faz lembrar aquelas mulheres que têm fama de pouco dignas, e quando ouvem uma "boca" em surdina vão para o meio da rua e desatam aos berros: "EU NÃO SOU UMA PÊGA! SOU APENAS UMA SONHADORA E APAIXONO-ME FACILMENTE". E sabem o que mais? Não tinha lido o artigo de terça-feira, mas pode ser que só me tenha passado ao lado porque foi o primeiro dia de trabalho depois das férias. Também não sabia nem procurei saber que tinha ido uma comitiva de Macau à abertura dos Jogos, e se tivesse chegado ao meu conhecimento, consideraria isso "normal". Fico a saber de tudo isto pelo IDM, cujos dirigentes parecem estar muito "preocupados" com o que se diz e o que se pensa deles. O autor do texto que o Gabinete do Secretário sentiu necessidade de esclarecer quanto ao seu conteúdo pode até não ir à bola com o IDM, mas "não disse nenhuma mentira", pronto, talvez tenha o julgamento um tanto ou quanto enturvado, mas foi assinalado como opinião. Em termos de "canalhice" não chega aos calcanhares aqui do "massa crítica", que julga que tem o rei na barriga, mas digam lá se a "vítima" replicou? Não, não é para responder. É só uma opinião.


quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Deu certo! Succhiami su questo!


A modos que estava lá eu no Olímpico de Roma no Sábado, a assistir ao jogo de abertura da Serie A, entre o AS Roma e a Udinese  - e a fazer macumba para a terça-feira seguinte, claro! O Roma venceu por 4-0, mas sem as facilidades que o resultado dá a entender: só marcaram no segundo tempo e os dois primeiros golos foram de "penalty", com os restantes a chegarem nos últimos 10 minutos. No final do encontro, o meu filho diz-me "ó pai, o Porto tá tramado", ao que retorqui: "És louco? Hoje estes caramelos gastaram as munições todas. Na terça nem chiam". E assim...



Ah! E a vantagem do grande AS Roma no "inferno" do Olímpico durou apenas 8 minutos. E se foram "comidos" por terem acabado com nove, atribuo esse detalhe ao desespero. Já tinham percebido que dali não levavam nada. Porto na Champions, pela 21ª vez! A macumba deu certo!


terça-feira, 23 de agosto de 2016

Sinceramente vossos, "preocupados"


Wong Sio Chak, Secretário Para a Segurança, fez ontem (segunda) um balanço do que tem sido feito (ou não) na área que tutela, e diz-se "preocupado". Ou melhor, diz-se preocupados, pois nesse universo que de homogéneo não tem nada que é o dos diferentes ramos das Forças de Segurança, a unidade é tudo. Neste particular o antigo Director da PJ tem-se saído bem no papel de Neptuno, o consensual e apaziguador rei dos sete mares, e de todas as suas criaturas. E mau mau Miguel, que lá estou eu a faltar outra vez ao respeito a uma das altas individualidades da RAEM - querem lá ver, que nunca mais aprendo? Mas ainda vou a tempo de me retrair; onde digo "Neptuno", queria dizer "Exmo. Sr. Comandante Neptuno". Está melhor assim?

Restabelecida a ordem, e antes de passar ao que preocupa a chibaria...oops! A digníssima chibaria  (continência), gostaria de recordar mais uma vez que esta área da Segurança é a tal em que "o segredo é a alma do negócio", ou seja, o seu responsável máximo pode alegar "razões de segurança" para se esquivar de responder a esta ou aquela questão, ou puxar da carta do "sigilo" cada vez que alguém lhe atira com um "straight flush" de perguntas incómodas. Isto pode ser considerado certo/normal/uma vergonha, conforme o caso em análise e os diferentes pontos de vista. Eu prefiro olhar para isto do prisma de quem acha que a bófia sabe o que faz. Oops! A exma. sra. bófia, peço desculpa. Então o que tanto  os "preocupa", afinal?

Veículos a circular no sentido contrário, por exemplo. Parece que durante a minha ausência foi notícia um indivíduo que fez o percurso entre Macau e Taipa - ou vice-versa, e parece que para o tipo também não tinha importância - no sentido contrário! Meu Santo ?, Deus dos agnósticos,  como é isto possível, circular num dos dois únicos sentidos destinados ao efeito, só que logo por azar o incorrecto? Bem, vou deixar-me de brincadeiras pois isto é muito, mas mesmo muito sério: o indivíduo vinha ao volante...COM OS CORNOS CHEIOS DE DROGA! Tchan, tchan, tchan! A este ponto volto a recordar que estive ausente de Macau e desconheço detalhes do incidente, mas desconfio que os factos terão ocorrido a altas horas da matina, pois caso fosse durante uma hora em que houvesse magotes de trânsito  (basicamente todo o dia, lá está), a notícia teria contornos bem mais elaborados. E muito mais molho, também.

E é por isso que temos os "kai fong", e as Senhoras Democráticas, e mais o raio que os parta...oops! Outra vez: o raio que os parta, POR OBSÉQUIO, para se pronunciarem sobre o que não sabem, acrescentando mais um cromo à caderneta do disparate - uma colecção impressionante aquela, e de que se parecem orgulhar, também. Não adianta explicar a estes grunhos que aumentar as penas dos crimes de droga não acaba com a droga - torna-a mais cara, isso sim! Mas esqueçam, senão ainda se arriscam a levar com uma das respostas inteligentes-parvas da praxe, do tipo "Então acha bem que se ande por aí a conduzir na contra mão?!?!" - o populismo no seu seu estado mais embrutecido e bovino. E nem vale a pena explicar a estas acéfalas criaturas que levar com um bólide em cima de tal maneira que ocorre a cessação completa das funções vitais não varia conforme o estado do indivíduo que o conduzia, o que tomou,  se adormeceu ao volante ou acabou de saber naquele exacto momento que era corno: é a mesmíssima coisa. E não, "ser atropelado por um bezanado que minutos antes havia chafurdado com o focinho no pó" não é o que se engloba na categoria de "crimes relacionados com o tráfico de estupefacientes".

Mas shush, não interessa, que o sr. Secretário promete que a lei vai ser revista, temei, ó motorizados da passa, e fosse permitido fuzilá-los a todos, era lançada amanhã a primeira pedra para a construção da versão local da Praça de Touros do Campo Pequeno. Ele não sabe quando, nem como, nem quem vai proceder à tal revisão da lei, mas a chungaria que não passar no teste do "narsómetro" - aparelho que mede a intensidade da narsa que um gajo leva nos cornos, a ser inventado em breve - vai toda corrida com penas tão pesadas, que não vai haver violador ou homicida em série que pondere mudar para esse ramo de actividade. Já que estamos com a mão na massa, proponho ainda punições para quem for conduzir: 1) Menstruada, 2) na menopausa e ainda 3) depois de uma derrota do Benfica. É um facto que os dois primeiros aplicam-se apenas às senhoras, e o terceiro aos periquitos da Terceira Circular, mas nem por isso deixam se ser estados alterados, e que representam um perigo para a segurança rodoviária. E o que mais "preocupa" os responsáveis pela Segurança em Macau, que "doizosabenssói", pobrezinhos?

O aumento do crime violento. A violência doméstica?!?! Na, isso está catalogado na secção de "actividades recreativas", e "crime violento" a que o sr. Secretário se refere tem a ver com as actividades económicas paralelas à indústria do jogo - agiotagem, rapto, cárcere privado, homicídio, chantagem, extorsão, em suma, tudo  festinhas no lombo, em comparação com a droga - isso sim, uma coisa horrível, que pode matar só de olhar para ela. É complicado para a tutela agir em conformidade com o problema, pois isto é um cancro inoperável. Tem que ser, "prontes", têm que se partir alguns ovos para que façam omeletas, e se em vez de ovos partidos forem tipos a cair de prédios quando vão a correr à frente da bófia, que seja. Ooops, "querida bófia". Ou "bófiazinha", pronto. Os casinos têm que dar dinheiro para haver cheques todos os anos prá malta, mas nada de putedo, seitosos e narcóticos - tudo preso, toca a andar. Ai "faz parte"? Problema deles, que se desamerdem. Tudo preso! É esta a mentalidade vigente, enfim, se calhar pensam que os lucros do jogo dependem dependem das velhinhas que vão dar à manivela nas "Slots" e de seguida vão ao jardim praticar Taishi Quan, para relaxar depois de tanto "entretenimento". Nada de burgessosbarrigudos que gamam uns milhõezitos "ao povo", vêm cá "livrar-se da prova", e depois disso querem dar uma queca. E alguns ainda uma bezanita de paralisar os neurónios. Gostos, enfim.

Eu também me preocupo, tal como o Sr. Secretário, e...oops! Não, nada disso, que disparate - a preocupação do sr. Secretário cheira a sabonete, que ele é pago para se preocupar, enquanto eu "zé ninguém" preocupo-me no recinto de futebol de sala na rua aqui em baixo. É realmente complicado exercer um cargo político destes, que requerer tanto "equilibrismo" - e quando ainda por cima o sr. Secretário é óptima pessoa, sem qualquer sarcasmo. Ficava mais fácil identificar os autores desta nova vaga de "crimes violentos" se tivessem a cara do Jason Chao, ou do Scott Chiang, ou quem sabe uma aplicação da UBER. Se forem professores universitários de Hong Kong conotados com associações ou partidos pró-democracia, ficam logo no terminal de jetfoil e dali não passam. Os bandidos, a virem para aí com livros, a querer dar conferências, e isso...se estiver a conduzir no sentido contrário na ponte, já se sabe, é um "drogado", agora, como se reconhece um agiota? Pode ser qualquer pessoas, bolas! Um de nós, nessa chuva dissolvente, no seu caminho de casa. Eu preocupo-me, sim, e muito. Mas o melhor é não pensar muito no assunto.



Gure Esko Dago

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Ai malvados, que me matam o Património!


Ausentei-me por um mês do território, e "what's new pussycat"? Scott Chiang foi detido. Ok, mas eu disse "What's new", não "what's predictable, expectable and embarassing". O presidente da Associação Novo Macau (NM), uma das "forças" "políticas" mais votadas em Macau (reparem como cada uma das designações requer aspas, individualmente) foi detido por...sei lá? Ser quem é? Pronto, alguma lei violou, ou assediou, ou pelo menos mandou-lhe um piropo, e já lá vamos. E no fundo o que seria se cada um de nós tivesse um sr. agente a fazer-lhe marcação cerrada todo o santo dia de todos os santos dias? No fundo isto de cometer infracções é como pisar em formigas: às vezes faze-mo-lo sem ter consciência disso. Só que o Scott é um bocado "fanif"¹ - então não sabe que para lhe serem permitidos estas "saídas" precisa primeiro de chegar a deputado e ser vacinado? Como o tio Canhão Fong, que pode chegar onde quiser a arrepiar caminho e a arrancar posters, faixas e tarjas, e se alguém pia ainda leva com um processo no lombo? Só que aqui não foi bem "arrancar"...


...mas mais "colocar". Sim, ele e o seu amigo e companheiro de armas Alin Lam entraram pelo Hotel Estoril adentro e colocaram ali aquela chinesice, vindo a ser posteriormente acusados de "intrusão em lugar vedado ao público" e "dano". Bem, isto tem que se lhe diga; primeiro, este lugar está "abandonado" e "condenado", que não é o mesmo que "vedado", e podem confirmar isso mesmo, se forem consultar o dicionário. O Scott Chiang alega que "algumas pessoas vão ali dar comida aos gatos". É mesmo? Ou será que aqui "dar comida aos gatos" é uma metáfora para "chutar para a veia"? É que desde que o Hotel Estoril encerrou, e se não estou em erro foi Abril de 2003 (e não estou: fui confirmar, eh eh) que o local tem sido frequentado por indivíduos que recorrem a utensílios de cozinha sem serem cozinheiros, e equipamento médico, quando são tudo menos médicos, deixando ali as provas mesmo à mão de semear. Ainda me recordo das manhãs em que levava aquele outro gajo que mora aqui na minha casa² ao Jardim de Infância D. José da Costa Nunes, e caminhava pela Av. Sidónio Pais até à Rua do Campo via Mercado da Mitra, e não raras vezes deparava com um desses indivíduos a curtir o "rock" psicadélico que só eles conseguem ouvir. Se calhar aos olhos das autoridades esses são "cidadãos exemplares", ao contrário do Scott Chiang, que tem aquela aparência repulsiva, de quem se lava, comunica de forma inteligível e pensa antes de falar - um perigo para as viúvas e orfãos, senhores! Quanto à outra acusação...


...duvido que quaisquer danos sejam identificáveis, perante este cenário que aqui apresento: o tardoz do Hotel Estoril. Quer dizer, nem os poucos minutos que lá permaneceram davam para esfrangalhar a varanda de onde penduraram a tarja com a chinesice - e que esfrangalhada está, aquela varanda! - quanto mais para deixar o um azulejo que fosse naquele estado que a imagem reporta. Quais "danos", afinal?


Danos morais, quiçá? O que está escrito naquela tarja, afinal? Qualquer coisa como "Francis Tam assassino de Património" - isto segundo noticiou o Hoje Macau no dia seguinte (só pode ser verdade, portanto). O quê??? Querem ver que estão a produzir uma acusação fraudulenta contra o Secretário para os Assuntos Sociais e Culturas, sugerindo que cometeu homicídio, e que a vítima...


Ufa, não - e que alívio! O lendário capitão e actual treinador da equipa de basquetebol filipina do Purefoods continua para as curvas, apesar dos seus quase 50 anos, portanto não, nada disso. Talvez o "timing", sei lá, e ao Scott deu-lhe para pendurar a tarja exactamente na altura em que Francis Tam ia presidir à abertura do Encontro dos Mestres de Wushu - quem não sabe o que isso é, não se preocupe, que não está a perder nada - na Praça do Tap Seac, mesmo em frente ao (mal)dito Hotel. Ora bolas, então isso faz-se, meninos? Vê-se que Scott Chiang ainda está muito "verde" nestas andanças, pois devia ter alegado que "não sabia" que Alexis Tam ia lá estar àquela hora, ou melhor, perguntava "quem é Alexis Tam?". Em Macau isto resulta muitas vezes, acreditem! 

Depois de tudo isto, Alexis Tam desvalorizou o incidente, diz "que não viu a tarja", e ainda se ficou a saber através de uma fonte próxima que considerava a mensagem na tarja "incorrecta", pois o Hotel Estoril "não é património". Afinal é ou não é, pá? Querem lá ver que nunca mais vamos almoçar, enquanto aquele exemplo acabado de desprezo pelo urbanismo do território não vai abaixo, ou quê? Vamos lá então recapitular. 

Se forem ler este documento elaborado pelo Instituto Cultural (em formato .pdf, não vão os mais incautos abrir o link com o smartphone e levarem com um "download" imprevisto) com vista à classificação do Hotel Estoril, e ao qual eu dou o subtítulo "Deitem abaixo aquela m..., e já!", vão encontrar lá isto:
O edifício do antigo Hotel Estoril foi projectado e construído pelo Governo em 1952 como construção pública, constituída apenas por rés-do-chão, que compreendia um restaurante e salão de dança, destinada a lazer e entretenimento do público.
E mais à frente, isto:
Por falta de terreno adequado e de tempo, a STDM foi autorizada a abrir temporariamente um casino, denominado Estoril, nesta construção pública, o qual foi inaugurado no dia 1 de Janeiro de 1962.
Confesso: assinalei as partes a negrito onde se lê que o Hotel Estoril é um lugar público, destinado ao público. E porque fui eu fazer tal coisa? Nem eu próprio sei, pois com toda a certeza que ninguém me explica no que consiste a tal acusação fundamentada no pressuposto de que o local é vedado ao público - até o próprio IC diz que é público, com a breca!

Já se sabe que Scott Chiang, que é um vivaço e demonstra nestas situações uma atitude confrontatória e destemida, é um "habitué" destes jogos do gato e do rato com as autoridades, e sobre ele pendem outras acusações de bradar aos céus. E porque me queixo eu? Porque não? Devia estar contente por ser com ele e não comigo? A lei é igual para todos, ou no fundo a letras miudinhas está escrito "...menos para o Scott Chiang"? Tudo bem, a gente entende o porquê do porquê deste estado de coisas, e pode ser quem ache que esta tropa fandanga até se insere no contexto mais alargado de "harmonia", e "manutenção da paz social", e não sei quê, mas até quando? Até "embirrarem" connosco, e a partir daí "que se lixe" o estado de Direito? Mas para terminar, voltemos à questão do Hotel Estoril propriamente dita.


No tal documento onde se fica a saber que o Hotel Estoril "não interessa", que "é falso" que o primeiro casino licenciado de Macau tenha ali funcionado, e que a única coisa boa que tem é "não tapar a Colina da Guia", há ainda este pormenor:
Após a abertura do hotel, a STDM contratou, em 1964, o arquitecto italiano Oseo Acconci para edificar um mural no centro da fachada do edifício.
E só isto, bem ilustrativo da pouca vontade de se abordar este detalhe, que não é assim tão pequeno quanto isso. Este arquitecto italiano deixou descendência em Macau, certo? São até uma família assaz conhecida, não são? Alguns de nós já lá foi aos Tagliatellis, aos Linguinis, Profi Teroles e afins, correcto? E então, não são tidos nem achados no que toca a uma obra da autoria do seu decano? E essa obra, não vale um centavo, contagiada que foi pela decadência do resto da estrutura, onde inclusivamente o casino encerrou em 1975 para dar local a uma pecaminosa sauna, como consta da análise do IC? E que análise mesmo nada tendenciosa, aquela ³, que vai ao ponto de mencionar que a piscina municipal situada na traseira do Hotel é muito jeitosa, sim senhor, foi a primeira infra-estrutura pública do género no território, tem as medidas olímpicas, mas o design "não é nada de especial", e para além do mais "foi significativamente alterado" da sua concepção original devido a "exigências de modernização". Será que não era mais fácil mandarem ali um "bulldozer" e deitar aquilo abaixo, nos que nos amaciarem com parvoíces, e inventar pretextos pífios?

Isto do Hotel Estoril já fez correr muita tinta, e não dá para outra coisa senão desconfiar das reais intenções de sabe-se lá quem quanto ao que fazer com o espaço. Já esteve para ser um local cheio de cultura pró povo, depois já não, e a seguir foi para "recolha da opinião pública", e até deu para Siza Vieira, o mais prestigiado arquitecto português, fazer figura triste, dando o dito por não dito em relação ao valor patrimonial do imóvel, acabando por não pegar no projecto, depois de lhe ter sido endereçado o convite. Entretanto o tempo passa, e quem se parece realmente interessar com o fim que o Hotel Estoril terá após esta morte lenta, é detido, presente ao Ministério Público, e obrigado a apresentar-se às autoridades uma vez por mês, como um vulgar criminoso. Até parece que foi o Scott Chiang mais o seu compincha que plantaram ali o Hotel, provocaram a sua ruína, e agora andam a "empatar" a solução. E já vos disse que Scott Chiang e Alin Lam são membros fundadores de uma associação que se dedica à protecção do património de Macau, vai para anos? Outro "pormenor", se calhar...


¹ "Fanif" é "naif", ou "naive", em "tuguês" - eugénio, pronto. Oops, quer dizer, "ingénuo".

² O meu filho. Sim, afinal aquelas criaturas crescem e ficam quase iguais a nós!

³ Sarcasmo. Nota-se muito?


OlimpIDA


Terminaram as Olimpíadas do Rio 2016, e incidentalmente esta edição do maior certame desportivo a nível mundial durou exactamente o período das minhas férias, que tiveram início a 29 de Julho, uma semana antes da abertura, e terminaram hoje, um dia depois do encerramento. Parece que fiz de propósito mas é apenas coincidência, e lá porque este ano estive "de costas voltadas" para o Olimpo, não significa que os deuses do mesmo me castiguem por referir algumas pequenas notas a esse respeito. Como acontece quase sempre, os factos e as curiosidades têm sempre mais relevância, e porque não dizê-lo, interesse, que a competição propriamente dita. Assim...


...falemos dos heróis, e com Usain Bolt à cabeça, quem mais? A imagem de cima, da final dos 200 metros, diz tudo: não há pai para Bolt, que agora com 30 anos anunciou que estes seriam os seus últimos jogos, e que faz planos de se retirar após os mundiais de atletismo de Londres no próximo ano - possivelmente pensando em sair pela "porta grande", antecipando-se à inevitabilidade da decadência que dita as leis da natureza. Mas no Brasil o jamaicano provou mais uma vez que é o homem mais rápido do mundo, e quem sabe ainda um dos mais rápidos animais terrestres vivos, ao voltar a fazer o pleno nas competições destinadas aos velocistas, conquistando o ouro nos 100 e 200 metros, a título individual, e na estafeta 4 x 100 metros, em representação da Jamaica, que parece ser a "fábrica" de "roadrunners" humanos do planeta. Bolt repetiu o feito de 2008 em Pequim e de há quatro anos em Londres, e as contas são fáceis de fazer: três lugares mais altos do pódio em outras tantas edições é igual a nove medalhas de ouro. Pode ficar aquém de Michael "Aquaman" Phelps, que já vai em vinte e não sei quantas, mas é preciso ter em conta que enquanto o norte-americano compete em várias distâncias e estilos, Bolt não tem 150 metros, 250 metros, légua e meia ao pé-coxinho e a fazer o pino para compor ainda mais o seu medalheiro. E ainda com mais uma coisa a jogar a favor do jamaicano: enquanto Bolt é imbatível, Phelps...


...perdeu por algumas vezes, e tem algumas medalhas de bronze e de prata no seu medalheiro olímpico. Uma destas últimas foi obtida na prova de 100 metros mariposa nestas olimpíadas, na única das seis competições em que Phelps entrou que não venceu. O vencedor foi Joseph Schooling, um jovem singaporiano de 21 anos, que ilustrou como ninguém o que representa o ideal olímpico, na sua vertente da superação e da possibilidade de se poder alcançar qualquer sonho. Em cima na imagem da direita vemos o jovem, então com 13 anos, ao lado do seu ídolo, e à esquerda, oito anos depois, com uma medalha de ouro obtida à sua custa. Isto é de levar qualquer um às lágrimas, ou pelo menos a soltar um "auuuu..." de comoção. Esta foi também a primeira medalha de ouro conquistada pela cidade-estado nos Jogos Olímpicos. 


A viver o seu próprio conto de fadas está também Simone Biles, esta encantadora moça de 19 anos que vemos na imagem a ostentar uma das quatro medalhas de ouro obtidas na modalidade de Ginástica Artística. Biles, que é natural de Columbus, Ohio, e estuda na Universidade da Califórnia, começou por chamar a atenção por causa da fita que usa na cabeça, inspirada nas "stars and stripes" da bandeira norte-americana, e teve o mérito de bater "no tapete" aquelas pré-adolescentes que a R.P. China envia para "limparem" as medalhas nessas categorias onde se requer uma boa dose de elasticidade. Depois alegam ter 16 anos, e aqueles dentes que lhes faltam foram provavelmente subtraídos numa rixa de bar, "onde foram beber, por terem idade para tal, ora essa". Dentes de leite? Que disparate! 


E feitas as contas, os Estados Unidos voltaram a demonstrar que são ainda a maior potência desportiva a nível mundial, sendo o país que conquistou de longe mais medalhas, com 46 de ouro, contra 27 da Grã-Bretanha e 26 da China, de quem os entendidos "esperavam mais". Desconheço os critérios com que se estabelecem as expectativas neste particular, portanto abstenho-me de comentar. A equipa "da casa", o Brasil, obteve um resultado considerado "positivo", e até acima das expectativas, com 19 medalhas no total, sete delas de ouro, e entre elas...


...a do futebol, a "tal" que faltava. Depois de ter perdido nas finais de 1984, 1988 e de há quatro anos em Londres, a "canarinha" conquistou assim o único título que lhe faltava no desporto-rei, apesar de ser considerado o único em que o título olímpico vale menos que o mundial. Seja como for já lá canta, e não foi nada fácil; o finalista vencido foi a Alemanha, que só caiu no desempate nos pontapés da marca de grande penalidade, com a sorte a sorrir desta feita aos brasileiros. Um título com a  assinatura de Neymar, que depois de ter sido massacrado com uma chuva de críticas após os empates sem golos frente à África do Sul e Iraque, encontrou a forma ideal para ajudar o seu país a conquistar o ouro. Com o Brasil a ir de goleada em goleada a partir do jogo com a Dinamarca, o avançado do Barcelona apontou 4 golos, incluindo o da final, e ainda marcou o "penalty" decisivo. Uma bofetada de luva branca dada pelo avançado, que acedeu a perder o arranque da liga espanhola para ajudar o seu país num torneio que a maioria das grandes estrelas considera "secundário". Curiosamente foram os alemães derrotados pelo Brasil na final que eliminaram a selecção portuguesa nos quartos-de-final, por expressivos 4-0. Em retrospectiva, um resultado pesado, mas que tem pouco de escandaloso, e que reflecte a participação de Portugal nestes jogos:


Discreta, como quase sempre. As expectativas são sempre elevadas, e este ano muitos pensavam que os nossos atletas olímpicos iriam buscar inspiração na selecção de futebol, que venceu o Euro, mas não deu para evitar ficar na cauda da tabela dos 87 países medalhados, com uma modesta medalha de bronze, que mesmo assim...


...foi um parto difícil. Telma Monteiro, que em outras Olimpíadas prometia bastante e acabava sempre por desiludir, salvou desta feita a honra do convento, e evitou que a delegação lusa voltasse para casa com as mãos a abanar. Está cumprida mais uma olimpíada, com o Brasil a conseguir organizar uns jogos de classe, apesar dos receios levantados pela instabilidade política, e agora só há mais daqui a quatro anos, em Tóquio. Sayonara!


Reversi, Vidi...


...blogati. Bem vindos ao resto da edição de 2016 do Bairro do Oriente, depois de umas (inspiradoras) férias do seu autor. Fiquem ligados - prometo que vai valer a pena.

Leocardo


domingo, 21 de agosto de 2016

Só sabem insultar, esses filhos da p...


Sim, realmente é estúpido. Nunca se sabe quando nos pode aparecer um preto, cigano ou islâmico à porta, e depois não temos nada à mão para lhes limpar o sarampo. Sim, porque tudo o que estas  pessoas de cor e religião diferentes querem é roubar-nos, violar as nossas filhas, matarem-nos E DEPOIS converterem-nos à religião deles! Estes "liberais", francamente, são umas bestas, ao contrário de nós...


...conservadores, um poço de virtudes. Nunca estão satisfeitos com o que Deus nos deu quando criou a Terra há seis mil anos, e só sabem promover a violência e insultar qualquer um que não concorde com suas ideias imbecis. Bem que estavam a precisar de um tiro bem dado no meio daqueles cornos, esses fdp dos liberais.

PS: Votem no Trompas! É mentira que ele é racista, como afirmam esses liberais. Até conheço um preto e um mexicano que vão votar nele!


sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Via di Panico



E lá podia arranjar uma maneira melhor para assinalar o post 200 da edição de 2016 do Bairro do Oriente?


SociEUdade


O gajo que veio com esta ("pensou" seria um insulto aos pensadores) deve ser o Eugénio - não confundir com "um génio". Você pode fazer o que quiser , 'tá a ver? Menos aquilo que EU não gosto, pois o que você fizer não faz a mais ninguém senão a si próprio, mas EU falo em nome da SOCIEDADE, da qual você está excluído. 

Pois é, parece complicado, mas eu traduzo o que está ali escrito em grunhês: "Não se abichanem, que eu fico com curiosidade e depois ainda gosto". Que chatice, pá!  Conhecem aquela história da velhota que chamou a polícia porque o vizinho tomava banho nu? Isso mesmo e ela conseguia vê-lo "do terraço, recorrendo 'apenas' a um par de binóculos".

Celtas e sãos


Terça e quarta jogou-se para os "play off" de acesso à Liga dos Campeões, com o representante português, o FC Porto, a obter um comprometedor empate em casa a uma bola perante os italianos do AS Roma - nada que não se possa rectificar no jogo da segunda mão, a realizar na próxima terça na cidade eterna, contando que os dragões puxem dos galões contra o adversário mais complicado que lhes podia ter saído no sorteio. Contudo a maior curiosidade teve a ver não tanto com o jogo jogado, mas antes com a atitude dos adeptos do Celtic de Glasgow. Os campeões escoceses defrontavam os seus congéneres israelitas do Hapoel Be'er Sheva,  que na ronda anterior surpreenderam ao afastar os super favoritos campeões gregos, o Olympiakos, e os adeptos da casa surpreenderam ainda mais ao ostentar bandeiras do estado palestiniano - uma recepção pouco calorosa aos visitantes judeus, portanto. Claro que qualquer pessoa de bom senso que não mistura alhos com bugalhos sabe perfeitamente que os atletas do Hapoel Be'er Sheva não têm nada a ver com a lamentável situação no Médio Oriente, e nem todos são israelitas, sequer mas não deixa de ser uma constatação de que nem todos os europeus - nem a maioria, felizmente - se deixa levar pela tendência Islamófoba que se espalha pontualmente pelo velho continente, e que ainda sabe discernir o certo do tragicamente errado.

Quanto ao jogo propriamente dito, os escoceses venceram por esclarecedores 5-2, o que já será mais que suficiente para os doentes islamofobos  (coitados...) os acusarem de "anti-semitismo". O avançado Liam Griffiths, autor de dois golos e uma assistência será doravante conhecido por Herr Griffiths, provavelmente, e ainda lhe arranjam um primo alemão qualquer, se for preciso. O "problema" é que o Celtic é o clube dos católicos da Grã Bretanha  (e não só) por excelência, e até conta com um jogador israelita no seu plantel: o médio Nir Button, que ainda jogou os últimos trinta minutos. Mas que grande confusão que deve ir na cabeça destes doentinhos,  com tudo isto. Será que umas quantas sessões de electro-choques ajudam?