domingo, 16 de setembro de 2012

200 milhões de euros em campo


Estava eu ontem à noite num bar da Taipa a despachar umas cervejas e uns "minuins" com a família e amigos, enquanto ao mesmo tempo ia deitando um olhinho ao jogo entre o Stoke City e o Manchester City, da Preimier League inglesa, que passava no ecrã gigante. Tenho sempre curiosidade em assistir aos jogos do Manchester City, uma vez que tento sempre perceber como funciona isso de ter mais de 200 milhões de euros dentro de campo. Como se sabe o City foi comprado há alguns anos pelo xeque Mansour bin Zayed Al Nahyan, meio-irmão do actual presidente dos Emirados Árabes Unidos, que injectou uma dose massiva de capital no clube, que até andava pelas ruas da amrgura, estando apenas há cinco anos no Championship, a segunda divisão inglesa. O ano passado os "citizens" conquistaram a Premier League no último minuto do campeonato, batendo o QPR em casa por 3-2, com o golo da vitória a ser obtido já nos descontos. Custou mas foi...200 e tal milhões de euros depois.

Ontem o Stoke City - com um orçamento bnem mais modesto - obrigou os campeões a deixar lá dois pontos, o jogo acabou empatado a uma bola. Um verdadeiro David a bater o pé aos Golias de Manchester. Eu até gosto de futebol, como leitor sabe, apesar da componente homo-erótica da coisa (gajos de calções a caírem suados uns em cima dos outros, etc.), mas considero que isto é um verdadeiro insulto aos pobres. "Compram-se" jogadores por 30, 40 ou 50 milhões de euros, e depois estes recebem salários astronómicos - ganham mais num mês do que eu e o simpático e trabalhador leitor em anos. E não lhes chega! Alguns reclamam mais dinheiro, melhores contratos e sacrificam a (pouca) dignidade que têm e prostituem-se em campeonatos novos-ricos, como são os da China ou da Rússia, em clubes obscuros com nomes completamente impronunciáveis, como aquele tal Anzhi Makhachkala, onde alinha o camaronês Samuel Eto'o.

O Manchester City é um exemplo acabado de como os títulos são comprados. Bastou ir "ao mercado" buscar os argentinos, marfinenses, espanhóis e brasileiros da moda, aparecer-lhes com um camião de dinheiro à porta e eles vêm. Duvido que exista no plantel deste Manchester City um único jogador nascido em Manchester ou formado no clube (e não existe mesmo, fui verificar). E para gerir toda esta caldeirada, ainda foram buscar um mafiosi italiano que dá pelo nome de Roberto Mancini, que por acaso desprezo (lembram-se do golo que marcou nas Antas pela Sampdoria e que nos custoua Taça das Taças em 95? Eu também não...). Com aquele dinheiro todo até eu ganhava. Se não ganhasse, era só pedir mais.

Basta que exista um bilionário qualquer, seja ele árabe, americano ou russo para levantar a moral de um clube quase falido. Basta apenas investir. Isto desvirtua a verdade desportiva, não incentiva a formação (os bons saem para os clubes que lhes pagam mais ou são ostracizados perante jogadores mais caros, dependendo do caso), e enfim, o futebol deixa de ser o desporto das massas e passa a ser o desporto da massa. Os títulos passam a ser comprados, pura e simplesmente. No caso dos árabes, acho-lhes imensa graça. Compram clubes de futebol, constroem Disneylândias inteiras, hotéis, aeroportos e sanitas de ouro, diamantes, platina e marfim, tudo serve de desculpa para desbaratar os petro-dólares. Olha, que lhes faça bom proveito, e que não lhes venha a fazer falta.

2 comentários:

Pedro Coimbra disse...

A prova que há uma ENORME diferença entre ter bons jogadores e ter uma boa equipa.

Anónimo disse...

O Inter Milão de Mourinho ha uns anos atrás foi campeão de europa com 11 titulares estrangeiros.Nenhum adepto do Inter Milão quer saber se são estrangeiros ou italianos desde que ganhem jogos.O benfica joga com 11 titulares estrangeiros,nenhum benfiquista importa.