quinta-feira, 23 de outubro de 2008

50 estrumpfes


Passam hoje 50 estrumpfes desde que os estrumpfes estrumpfaram na publicação belga Le Journal de Spirou, em 23 de Outubro de 1958. A criação de Peyo, estrumpfou imediatamente entre a juventude, e lembro-me de estrumpfar dedicadamente os livros quando era apenas um pequeno estrumpfe. Quem não se lembra das aventuras dos estrumpfes, na sua aldeia, sempre sob a estrumpfe do malvado Gasaganete e seu gato Mefistófeles. Uma estrumpfe a assinalar. Muitas estrumpfes para eles.

A moda dos corta-cabeças


Cabeças têm rolado no sub-continente indiano, literalmente. Depois da senhora na Índia que decapitou um "admirador", um homem no Bangladesh foi detido por cortar a cabeça a um inquilino. O homem de 34 anos, apenas identificado por Amin, saíu de casa durante três dias depois de uma discussão com a mulher. Quando regressou, utilizou uma faca para assassinar o seu inquilino, um jovem de 22 anos de nome Tuli, e andou a exibir a sua cabeça pelas ruas da capital do país, Daca, gritando "olhem, matei a minha mulher". Segundo Anwarul Islam, da polícia metropolitana de Daca, Amin estava a ser tratado no Colégio Médico da capital do Bangladesh por "perturbações mentais". É de perder a cabeça.

O rabinho da extrema-direita


A extrema-direita austríaca está chocada, como talvez todas as extremas-direitas europeias, que viam em Jörg Haider uma espécie de referência. O que se passa é que este senhor na imagem, Stefan Petzner, confessou ter mantido uma relação amorosa com Haider, com o conhecimento da mulher do último, Claudia. Haider faleceu no último dia 11 um acidente de viação, quando bateu com o carro em excesso de velocidade por conduzir embriagado. Petzner, um ex-jornalista de 27 anos e sucessor de Haider na liderança da Aliança para o Futuro da Áustria, afirmou que o seu predecessor "era o homem da sua vida". Uh la la! Ich gut!

Sarkozy vodu


O Presidente francês Nicolas Sarkozy está furioso. Tudo graças a um boneco vodu lançado pela editora K&B, juntamente com um manual com uma biografia humorística do presidente. Foram lançados no mercado 20 mil manuais e bonecos desde 9 de Outubro. Os bonecos incluiem algumas afirmações embraçosas do presidente francês, que podem ser espetadas com 12 agulhas. A K&B já se defendeu declarando que se trata de uma publicação humorística, e uma forma dos franceses libertarem as suas frustrações em Sarkozy. Quem não achou piada nenhuma foi Sarkozy, que exige a retirada do produto do mercado, e processou a editora.

Sporting leão na Ucrânia


O Sporting vence ontem na Ucrânia o Shaktor Donetsk por 1-0, com um golo de Liedson, após um passe espectacular de calcanhar de Derlei. Os leões deram um passe de gigante para o apuramento - que seria o primeiro - isolando-se no segundo lugar com mais três pontos que os seus adversários da noite passada. O Barcelona esmagou o Basel na Suíça por 5-0 e continua isolado no comando do Grupo C, só com vitórias. O Sporting qualifica-se para a segunda fase da Champions se vencer o Shaktar em Alvalade, dentro de duas semanas.

Rock'n'roll Train


Os AC/DC estão de volta com "Black Ice", o seu primeiro álbum de originais em 8 anos. Um grupo do meu imaginário juvenil, dos tempos da roupa preta, calças apertadas e cabelos compridos. Ainda estão em grande forma, apesar dos 53 anos do lendário Angus Young, e os 61 (!) do vocalista Brian Johnson. O primeiro single é este "Rock'n'Roll Train".

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Artigo 23 apresentado


O Chefe do Executivo Edmund Ho apresentou o projecto de lei para a defesa e segurança do Estado, emanada do artº 23 da Lei Básica, que prevê mão pesada para os crimes de traição, sedição, subversão à pátria e subtração de segredos de Estado, mas garantiu que nenhum dos direitos fundamentais contemplados na mini-constituição de Macau serão postos em causa, como sejam a liberdade de expressão ou de manifestação. Um diploma que contempla sobretudo os crimes relacionados com a unidade ou segurança do Estado, e que Edmund Ho considera "o preenchimento de um vazio legislativo", que tinha que seer feito antes do final desta legislatura. Numa primeira análise, nada de preocupante, depois de muito se ter especulado sobre o tema nos últimos dias. O conteúdo do projecto estará disponível para o público, a partir de amanhã, nos centros de serviços do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) e no Centro de Atendimento e Informação ao Público dos Serviços de Administração e Função Pública. Veja aqui a reportagem da TDM. Do portal do Governo, leia esta importante comunicação.

A lei, ora a lei...


Ele há pessoas que se pelam pelo cumprimento da lei. As leis são o espelho da sociedade, e quem não as cumpre é um "marginal" ou um "anarquista". O funcionamento da lei está intrínsecamente ligado ao funcionamento das próprias instituições. Os desígnios da lei pasam por sinuosos corredores, nem sempre os da maioria da vontade popular. Mas o que sabe, a populaça? Afinal não foram eleitos para escolher, para decidir. Para isso lá estão os senhores que, ironicamente, foram escolhidos pela maioria dessa mesma populaça ignorante.

Há leis bastante impopulares. Basta lembrar o que aconteceu em Hong Kong aquando da produção legislativa do artº 23 há cinco anos. Outras leis há que se tornam impossíveis de cumprir, por muito que se concorde com elas, como foi o caso do novo Código da Estrada em Macau, que em Outubro de 2007 levou a rua centenas de motociclistas que ainda estão para perceber onde podem estacionar os seus veículos sem violar a lei.

Lembro-me quando era chavalo de assistir na casa dos meus avós a um concurso televisivo chamado "Arreganha a taxa", que era um incentivo (muito fraquinho, por sinal) a que os telespectadores pagassem a ridícula taxa de televisão que vigorava na época. Perguntei à minha avó se pagava a taxa, ao que me respondeu que "não, mas não digas a ninguém". Penso que o mais difícil era encontrar quem pagasse a taxa. O que é preciso ter em conta é que o não cumprimento de uma lei, não siginifica necessariamente que esteja a ser cometido um crime.

Por esse mundo fora existem leis e interpretações das mesmas que não lembram ao diabo. Já falei aqui da polícia no Sudão que deteve aquelas meninas que usavam calças apertadas por "perturbarem a ordem pública". Há alguns anos o ex-presidente mexicano queria proibir as mulheres daquele simpático país da América Central, quente por natureza e onde se come bastante bem, usassem mini-saias, como forma de diminuir o número de violações. A velha teoria da provocação. Mas não ficam por aqui as proibições de caracter sexual. Sabia que na Suíça é proibido fazer sexo de pé depois das 10 da noite? Ou que em Bozeman, Montana, é proibido ter relações sexuais no jardim depois do pôr-do-sol?

Os americanos são especialistas em leis malucas, muitas delas feitas em cima de joelho, resultado de um incidente infeliz. Em Salt Lake City, no Utah, é proibido levar um violino dentro de um saco de papel, sabe-se lá porquê. Em Oklahoma é ilegal fazer caretas aos cães, enquanto em Wilbur, Washington, é proibido montar um cavalo feio (e quem faz este julgamento?).

A higiene é tida muito em conta em certas leis. Por exemplo no Massachusets, uma lei antiga mas ainda em vigor proíbe as pessoas de irem para a cama sem tomar banho, mas outra lei proíbe os banhos ao Domingo. Na Florida é ilegal soltar um peido (nem sei em que termos por isto...) em locais públicos às quintas-feiras depois das 6 da tarde. Em Atenas, na Grécia, uma autoridade pode retirar a carta a um condutor que se apresente "mal vestido" ou que "cheire mal".

A segurança rodoviária é também tida em conta no Tennessee, onde adormecer ao volante é ilegal, e na Califórnia é proibido a qualquer veículo sem condutor exceder a velocidade de 60 km/h. Não sei se é por causa de algum complexo de inferioridade, mas na França é ilegal vender ou comprar bonecos do simpático E.T., o extra-terrestre de Steven Spielberg. Razão? Vigora uma lei que proíbe a venda de bonecos que não tenham uma face humana.

Algumas leis chegam a ser surrealistas e desafiar a própria lógica. Em Nova Iorque é condenado à morte quem saltar de um edifício alto (isto é, se sobreviver). Na Virgínia é proibido assobiar debaixo de água, e em Dansville, na Pennsylvania, as bocas de incêndio devem ser inspecionadas "uma hora antes dos incêndios acontecerem". Na Califórnia a caça é levada mesmo a sério, e é preciso autorização para se montarem...ratoeiras.

A violência contra o sexo fraco está contemplado em algumas leis curiosas. Na Carolina do Sul é contra a lei espancar uma mulher nas escadas de um tribunal, mas só aos Domingos. Na Virgínia é proibido aos bombeiros mandar piropos às senhoras que vêem na rua. A melhor de todas veio da longínqua Samoa, onde é um crime esquecer a data de aniversário da esposa. Se a moda pega, é melhor marcar o dia no calendário...

Microsoft contra-ataca


Os utilizadores de internet chineses estão furiosos com a Microsoft. Tudo graças ao lançamento de um novo programa, o "Windows Genuine Advantage", que torna o ecrã do utilizador preto, caso este esteja a usar software pirateado. Esta é a nova arma da Microsoft contra a pirataria na China, onde se acredita que mais de 200 milhões de computadores estejam equipados com software pirata, voluntária ou involutariamente. Os cibernauta chineses já se manifestaram, alegando que "o computador é seu" e que a Microsoft "não tem o direito de espiar o que é seu". Um advogado de Pequim já considerou esta intromissão "o maior caso de hacking do mundo". Acrescentou ainda que esta verdadeira invasão "é contrária às leis da República Popular da China". A Miocrosoft defende-se alegando que este novo programa "é parte de um compromisso para a protecção da propriedade intelectual".

MST foi roubado


Os amigos do alheio visitaram a residência de Miguel Sousa Tavares, e roubaram-lhe o computador. O jornalista/escritor vem apelar ao ladrão (ou ladrões) que lhe devolvam a máquina, pois está lá um esboço do seu último livro, em adiantado estado de composição (eh, eh). Eu se estivesse a escrever um livro (e nunca se sabe...) guardava-o numa pen, que pudesse andar comigo, sempre no bolso. Opções...

Boa sorte (e precisam)


A equipa masculina de hóquei em patins do território partiu hoje para a África do Sul onde vai disputar mais uma edição do mundial "B". Alberto Lisboa não entra em euforias, uma vez que a equipa não pode contar, por razões diversas, com 4 dos jogadores que disputaram o mundial há dois anos no Uruguai, em que terminaram na 4ª posição, tendo ficado muito perto da subida. Os grandes favoritos são os Estados Unidos, a Colômbia e a Holanda, tendo a selecção de Macau de encontrar pela frente também a equipa da casa, bastante motivada. Como se sabe, a equipa não encontrou condições para treinar nos últimos dois meses, devido às obras no Colégio D. Bosco. Boa sorte para eles, e que consigam ser uma agradável surpresa.

Corda na garganta


Enquanto lidera no campeonato nacional, o FC Porto continua a desiludir na Europa. Depois da goleada sofrida em Londres, nova derrota, desta feita em casa frente ao Dinamo Kiev, adversário directo dos Dragões. O FC Porto compromete assim a qualificação, pois tem apenas três pontos, resultantes de uma vitória em três jogos, e tem agora deslocações difíceis a Kiev e Istambul. No outro jogo do Grupo o Arsenal foi à Turquia golear o Fenerbahçe por cinco bolas a duas. Fica aquio livre de Aliyev que deu a vitória ao Dinamo no Dragão.

Trains and Winter Rains


A cantora irlandesa Enya, rainha da "new age music", está de volta com um novo disco, "And Winter Came", completamente dedicado ao frio e ao inverno. O disco sai a 10 de Novembro mas já se sabe que se pode esperar mais do mesmo (o que é muito bom), como prova este "Trains and Winter Rains".

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Parabéns, João Severino!


Hoje gostava de dedicar algumas linhas ao jornalista João Severino, um homem que conheci em Macau, que passou aqui quase duas décadas e cujo currículo precede. João Severino ficou mais conhecido como o último director do Macau Hoje e um dos fundadores do seu sucessor, o Hoje Macau, que ainda existe. Severino é um homem com que é fácil conversar, trocar ideias, fazer amizade.

Falei com ele em algumas ocasiões, ele não sabe o meu nome e provavelmente não se lembra da minha cara. Mas não o censuro, as impressões fazem-se assim mesmo, e com a facilidade com que Severino comunica e traz pessoas ao seu mundo, seria muita soberba minha esperar que ele se lembrasse de mim.

É um homem gentil, educado, com um refinado sentido de humor. Amante do desporto motorizado, era uma figura ímpar no GP de Macau, dando-lhe uma vida e um significado ao ponto de ainda hoje se sentir que há ali um espaço que ficou por preencher. Amado por miúdos e graúdos, lembro-me bem dos seus últimos tempos na Rádio Macau, ou nos tempos em que era director do MH, em que abrir aquele diário era uma verdadeira caixinha de surpresas.

Muitos não gostaram (ou perceberam) o seu estilo directo, polémico no bom sentido, de quem está sempre pronto a ajudar quem precisa ou a dar a cara pelas mais variadas causas. Um marido sempre apaixonado e fiel, um pai dedicado e amigo dos mais novos, que tinham sempre um largo sorriso para lhe oferecer. Um homem que apesar do seu status soube sempre escutar os mais fracos e comportar-se entre os maiores. Um homem simples, no fundo.

As razões que levaram Severino a deixar Macau são por demais conhecidas, e não interessam para nada. A sério, não dão mais nem menos valor à pessoa, são um fait-divers, e pessoalmente estou-me nas tintas. Atire a primeira pedra quem nunca errou. A imagem que guardo do João Severino é a do homem com o gravador ou microfone na mão, sempre em busca da notícia, ar sério decorado por um bigode farfalhudo, a sua imagem de marca. Um jornalista "à antiga".

Severino voltou há um ano com Pau Para Toda a Obra, um blogue que imediatamente se tornou uma referência (o único que tem presença a 100% na rubrica "Os blogues dos outros"), e que sigo atentamente, como já fazia com o seu trabalho no território. O regresso de Severino foi uma óptima notícia. Quase 5 mil posts, mais de 75 mil visitas, numa cobertura exaustiva da actualidade. Não lhe quis deixar uma mensagem de "parabéns" no seu blogue, pois isso não chega. O que lhe desejo através desta pequena e singela homenagem é a continuação de um bom trabalho, e que nos continue a fazer companhia por muitos e bons anos. Um abraço.

Eis o Legendale








Foi ontem a inauguração do Hotel Legendale em Pequim. O novo projecto do empresário de Macau, David Chow, inclui 390 quartos de luxo, 81 suites, 79 apartamentos e 126 residenciais privadas. A decoração é inspirada no estilo francês e europeu do século XIX, decoração de luxo e tectos altos. No Legendale pode encontrar as mais variadas lojas, serviços, e até um Restaurante português, o Camões. Um verdadeiro exercício de opulência. A inauguração foi ontem, e contou com a presença de várias personalidades de Macau, entre as quais o Chefe do Executivo, Edmund Ho. Parabéns e muito sucesso!

Faça-se luz


Por falar em Coreia do Norte, uma imagem curiosa. Uma fotografia tirada por satélite, à noite, que demonstra bem as diferenças entre os dois regimes da península coreana. Um sul bem iluminado, e o norte...bem, ninguém os pode acusar de não poupar energia.

Então o anúncio?


O mundo ficou ontem especado à espera do "importante anúncio" que alguma inteligência japonesa a sul-coreana garantiram que seria esperado para ontem. Falava-se da possibilidade do anúncio do agravamento da saúde ou mesmo da morte de Kim Jong-Il, líder norte-coreano que se suspeita ter sofrido uma trombose e não aparece em público desde Agosto último, tendo mesmo faltado às comemorações do 60º aniversário da fundação do país, o mês passado. Muito se especula sobre o estado de saúde de Kim, e do seu possível sucessor, com ondas de preocupação na região que teme uma mudança súbia de atitude por parte do país mais isolado do mundo. Mas a montanha pariu um rato. Nem sinal de anúncio de espécie nenhuma. Será a surpresa um factor preponderante?

O fantasma de Scolari


Ainda a propósito do empate caseiro de Portugal contra a Albênia a semana passada, os Gato Fedorento lembraram-se de fazer o que toda a gente já fez: comparar Carlos Queirós com Luiz Filipe Scolari. Não perder.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Sexo! Agora que tenho a vossa atenção...


Quando estava no final do 9º ano a psicóloga da nossa escola, a Dra. Isabel, teve a ingrata tarefa de dar uma aula tipo conferência sobre “Educação Sexual”. Não sei o que passou pela cabeça do Prof. Mendes, o nosso director, que também lá estava presente, bem como alguns alunos do ensino complementar e outros professores. A Dra. Isabel fez uma apresentação bastante sucinta da matéria, que passava por explicar, da forma menos elaborada possível, de que o sexo era uma coisa normal, e a explicação para muitas das hormonas que saltam como pipocas naquela idade, da importância do uso do preservativo, das doenças sexualmente transmissíveis, da contracepção.

Foram duas horas bem passadas. O pior foram os inergúmenos que riam a bandeiras despregadas cada vez que se ouvia as palavras testículos, orgasmo, vagina ou espermatozóide. A Educação Sexual não devia estar ao alcance de todos, sinceramente. Devia ser feita uma selecção, baseada num simples teste de QI, outro de equilíbrio e ainda outro do balão. Os que passassem iam ter a oportunidade de aprender de uma forma científica aspectos do funcionamento dessa maravilhosa máquina que é o corpo humano. Os outros ficavam com um daqueles livros intitulados “O meu primeiro livro de sexo”, destinado a jovens dos 8 aos 12 anos, que fala dos passarinhos e chama aos orgãos sexuais “pilinha” e “pipi”. Os casos mais graves podiam ficar na lezíria a observar os bois e os cavalos, e podia ser que aprendessem alguma coisa, assim como assim, estão perdidos e para eles não se pode augurar nada de bom.

Já chamei aqui a atenção mais que uma vez para a necessidade do ensino da Educação Sexual em Macau. Os nossos jovens estão cada vez mais espertos, crescem cada vez mais depressa e são cada vez mais curiosos. Claro que quando uma criança de 7 ou 8 anos pergunta “de onde vêm os bebés”, a resposta não pode ser dada de forma científica e pragmática. Eu por exemplo optei pela rábula da semente na barriga da mamã, que é tosca, confesso, mas não fica muito longe da verdade. Menos sorte tive quando fiz essa mesma pergunta, e a minha avó se deu ao trabalho de me levar ao sotão e mostrar a alcofa donde eu tinha chegado de Paris, trazido pela cegonha.

Mas num lugar exíguo como Macau, onde as escolas convivem a paredes meias com casinos, casas de penhores e bordéis, onde se encontra alguma da mais variada fauna de prostituição de rua do mundo, a educação sexual é uma prioridade. Já falei disto antes, sim, já sei. E não, não estou a concorrer a um lugar de professor ou qualquer outra forma de piadola tosca que se possa fazer a respeito da minha insistência. É que ao contrário do que muito boa gente pensa, a Educação Sexual não ensina as crianças a ter relações sexuais.

Curiosamente há coisas que, aprendendo a tempo e horas, os inibirá de iniciarem a sua vida sexual tão cedo (blergh, que nojo). E não é “a função dos pais”. Que lógica tem pais que não tiveram essa educação, que cresceram num ambiente ainda mais conservador, ministrarem esses ensinamentos? Podem falar do básico, até devem, mas faltam-lhes conhecimentos técnicos. Em Macau os jovens vão para a escola, são massacrados com caracteres chineses desde tenra idade, aprendem as continhas, que é o mais importante, e a versão recalcada da História que ensinam esses estabelecimentos. A pouca cultura geral que têm adquirem na televisão (os poucos que não vêm só novelas e concursos), e falar de sexo, nem pensar. E quem fale nisso é imediatamente considerado um pervertido ou um marginal.

Os adultos dão o mau exemplo, tratam o sexo fora do casamento como um objecto de luxúria, um exercício de poder, ou uma necessidade fisiológica. Ensinam que os homens procuram o sexo e as mulheres dão o sexo, na maioria das vezes “por algo em troca”. Nunca o contrário, ou desinteressadamente. Alguns entram na idade adulta sem saber o que vai com o quê, têm profundos problemas de relacionamento com o sexo oposto, e depois são entregues à bicharada. Isto é, quando a bicharada não chega lá primeira, na forma daquelas revistinhas asquerosas da cultura manga e hentai japonesa, ou na forma de escândalos do tipo Edison Chen e as suas meninas “naif”. E depois há pais irresponsáveis que falam como se a culpa fosse da internet, que no fundo só está a fazer mal aquilo que eles deviam ter feito bem.

Depois admiram-se que aumentem os casos de gravidez precoce (e respectivos abortos, de que em Macau não existem números precisos), as agressões sexuais e outras barbaridades. Quando se fala de Educação Sexual, deve-se dar enfâse à palavra Educação, que é isso que se trata, e a Educação nunca é demais. Mas fica apenas a esperança, que com escolas monossexuais geridas pelo clero, e as outras da nomenklatura, não há meio da Educação Sexual arrancar. E se lhes perguntam se acham se “sexo é tabu”, eles respondem com outra pergunta: “porque diz que essa coisa é isso?”

Melamina na vagina


A crise da melamina chegou às sex-shops. O ingrediente maldito que gerou uma crise sem precedentes no consumo de leite e outros produtos foi detectado numa espécie de creme com sabor a chocolate e morango que se espalha no corpo da pessoa amada e depois...lambe-se. As autoridades alimentares britânicas encontraram a melamina num produto de nome "I Love You", fabricado na China, e vendido nas lojas Ann Summers. Estes produtos são normalmente utilizados nos genitais e nos mamilos, e a quantidade de melamina encontrada representa "um risco menor" para os consumidores.

Eu uso o laço azul


O silêncio é amigo da ignorância e inimigo da liberdade. Apoie a campanha da Electronic Frontier Foundation. Apoie a liberdade dos bloggers.

Tivemos Taça


Disputou-se este fim-de-semana a 3ª eliminatória da Taça de Portugal, que contou com a participação dos clubes da Superliga. Ontem na Luz aconteceu meia-surpresa, com o Benfica a bater o Penafiel, da IIB, só nos pontapés da marca de grande penalidade, por 5-3, depois de um empate a zero no final do prolongamento. O Arouca foi o único tomba gigantes, ao bater o Marítimo por 3-1 também nas penalidades, depois de ambas as equipas terem ficado em branco durante 120 minutos. Destaque ainda para o Gil Vicente, da Liga de Honra, que venceu os primodivisionários do Rio Ave por 3-2 após prolongamento. De resto os grandes tiveram a vida mais ou menos facilitada. Mais para o Belenenses e o P. Ferreira, que bateram o Amares e o Rebordosa, respectivamente. Mais difícil para V. Setúbal e Sp. Braga, que levaram de vencida o Ribeirão e o Chaves pela margem mínima de 1-0. No Sábado o Porto goleou o Sertanense 4-0, na Sertã, mesmo resultado para o Nacional em casa contra o Angrense. O Trofense obteve a primeira vitória da época ao vencer o Aliados do Lordelo, fora, por 1-0. Também por um golo sem resposta foi a vitória do Sporting em Leiria, com um golo de Liedson, regressado à titularidade.

Da cintura para cima


Um vídeo hilariante dos Gato Fedorento do novo show Zé Carlos. Os Semi, bem ao estilo dos Scissor Sisters, interpretam "Quem me dera ser só da cintura para cima". Genial.

A arte de roubar


A minha alma está parva. Vejam só que está aí um filme português que parece ser bom. Realizado por Leonel Vieira (Zona J, A Bomba), conta com as participações de Enrique Arce, FLora Martínez, Ivo Canelas, Nicolau Breyner e Aldo Lima, entre outros. É falado em inglês, e estreia a 6 de Novembro. Promete.

domingo, 19 de outubro de 2008

Confissões de um chato


Tenho recebido alguns comentários de pessoas (ou pessoa) que acha que esta ou aquela posta não são interessantes, que algumas se tornam repetitivas, que os vídeos não sei quê. Já disse no passado que não ia fazer mais artigos sobre os objectivos ou o propósito do blogue, mas aqui vai mais uma vez.

Como já expliquei, o Bairro do Oriente é um espaço livre onde qualquer um pode deixar comentários e opiniões, e nos dez meses e meio de existência deste espaço, só eliminei um comentário, de alguém que se fazia passar por mim. Só que enquanto o blogue é de todos, a linha editorial e alinhamento das postas é da minha responsabilidade apenas. Existe um e-mail nos links à direita onde o leitor pode apresentar sugestões, e algumas já foram publicadas.

Já disse e não me canso de repetir que não tenho ambições a ser jornalista ou colunista, não ganho um avo que seja com o blogue. Não recebo uma pataca por visita ou por comentário (e até dava jeito...) e não vivo de publicidade. Só faço publicidade (restaurantes, lojas, discos, filmes, outros blogues, etc)desinteressadamente, de sítios e coisas que gosto. Já falei de coisas que não gosto, mas dentro dos limites da razão e com conhecimento de causa, e na maioria dos casos sem referir locais ou pessoas.

Se há temas que ficam por discutir, ou é porque não tenho interesse ou conhecimento suficiente para discuti-los. Isto é um blogue, não tenho a obrigação de informar, falar de tudo ou sequer ser imparcial. O tal código deontológico não se aplica aqui. Ninguém é obrigado a ler, a ver os vídeos ou a comentar. Se uma posta sobre o aumento do preço do feijão tiver 20 comentários, e outra sobre o sentido da vida não tiver nenhum, isso é apenas resultante da vontade dos estimados leitores, o que não vai alterar minimamente o sentido do blogue ou fazer-me falar mais do feijão do que da vida.

Costumo dizer em tom de brincadeira que quando há poucos comentários, é porque toda a gente concorda. Todos os artigos são saídos directamente da minha cabecinha, excepto quando devidamente indicado. Às vezes falo de notícias de média estrangeiros que passo para português quase como tradução, mas não invento nada. Há por aí um senhor que já expressou publicamente que não gosta de mim, que eu incomodo a sua senão perfeita existência, que me acusou de “plágios”. Isto sem concretizar, sem se referir exactamente ao quê e de quem ando eu a roubar.

Agredecia que caso alguém detectasse um plágio neste blogue, que indique imediatamente qual a proveniência original, para que eu seja imediatamente desmascarado como uma fraude e aí algumas pessoas vão finalmente respirar de alívio, pois podem assim continuar a ser os donos da verdade absoluta, sem interferências externas. Posto isto, obrigado a todos por terem a paciência para ler estes chatérrimos e repetitivos artigos. Um abraço.

PS: O artigo chato e repetitivo de hoje, sobre a Educação Sexual, sai amanhã. Obrigado pela compreensão.

Hamilton da China


O Grande Prémio da China, realizado em Xangai, foi dominado pelo britânico Lewis Hamilton, em McLaren. Depois de ter conquistado a pole-position, Hamilton só largou a liderança da primeira vez que faz paragem para abastecimento. Uma corrida sem incidências de maior: Trulli abandonou na primeira volta devido a despiste, Sutil imitou-o algumas voltas maiss tarde e Kovalainen abandonou a dez voltas de fim devido a problemas mecânicos, quando se encontrava em 15º lugar. A sete voltas do fim Raikkonen deixou Massa passar, cedendo-lhe o segundo lugar. Alonso foi quarto, Heidfeld quinto, Kubica sexto, Glock sétimo e Piquet oitavo.

Hamilton lidera o mundial com 94 pontos, mais sete que Massa, o que vale por dizer que basta ao piloto inglês um sexto lugar no GP do Brasil daqui a quinze dias, onde Massa corre "em casa". Kubica tem 75 pontos, Raikkonen 71, Heidfeld 60 e Alonso 53. Se nos condutores parece que Hamilton tem tudo para ser campeão, já nos construtores a Ferrari leva uma vantagem segura, com 156 pontos, mais onze que a McLaren e 21 que a BMW.

Conversas com o meu filho (IX)


Ao intervalo do jogo entre o Middlesbrough e o Chelsea, peço ao miúdo para mudar de canal, para assistir ao Telejornal da TDM.

- Pai, porque gostas de ver as notícias e não o jogo?
- Olha filho, quando eu tinha a tua idade, o meu pai mudava de canal para ver a notícias, e às vezes eu ficava triste porque estava a ver os desenhos animados ou qualquer coisa que eu gostava. Mas hoje eu percebi porquê, é importante saber o que se passa no mundo. Quando tiveres a minha idade vais perceber.
- E o teu pai? Quando ele tinha a minha idade o pai dele também mudava de canal?
- Bem, quando o meu pai tinha a tua idade, não havia televisão.
- O quê??? Então viam o quê?
- Nada, ouviam rádio, acho eu.
- Aposto que nem havia computadores!
- Tens razão...

Quem és tu Zé Gato


José Henrique Rodrigues Marques nasceu na Arrentela, Seixal, em 18 de Maio de 1943. Iniciou a sua carreira desportiva no clube da terra, tendo chamado a atenção de Otto Glória que o trouxe para o Benfica, vindo do Atlético, em 1967. Nas dez épocas seguintes defendeu as balizas do clube da Luz e conquistou 8 títulos de campeão nacional, e foi internacional 15 vezes. Conhecido por Zé Gato, devido aos seus reflexos rápidos e agilidade, jogou a final da Taça dos Campeões em 1968, quando o Benfica perdeu em Manchester 1-4 após prolongamento, contra a equipa da casa. Jogou ao lado de grandes nomes como Eusébio, Nené, Humberto Coelho ou Jordão. Terminou a sua carreira aos 38 anos no Nacional, tendo depois prosseguido a carreira de treinador em escalões inferiores e na formação do clube do seu coração, o Benfica. Foi ontem homenageado no Seixal, no Campo do Bravo, numa partida em que participaram José Augusto, Mozer, Veloso, Carlos Manuel e Hernâni, entre outros. Parabéns ao Zé Gato, que como se vê pela foto, ainda se encontra em grande forma.

Simão, o artista


Um magnifíco livre de Simão, no último minuto, deu o empate ao Atletico de Madrid no derby contra o Real. Só que já seis minutos depois da hora, Higuaín transformava uma grande penalidade que dava os três pontos aos merengues. Azares à parte, fica aqui esta bela peça de arte do internacional português.

Em terras de Sua Majestade


Os adeptos do futebol inglês tiraram ontem a barriga de misérias com a realização de mais uma jornada da Premier League, depois de uma semana de pausa para compromissos internacionais de selecções. Os "big four", o ManU, Chelsea, Liverpool e Arsenal ganharam todos, com mais ou menos dificuldade.

O Chelsea de Luiz Filipe Scolari goleou com facilidade o Middlesbrough, fora, por cinco golos sem resposta. Bosingwa foi titular e Deco regressou depois de uma lesão, entrando na segunda parte. Mais tarde o Arsenal bateu o Everton por 3-1, depois de se encontrar em desvatagem ao intervalo. Nasri, van Persie e Walcott marcaram para os "Gunners". O Liverpool voltou a fazer os seus adeptos sofrer até ao fim, e venceu em Anfield o Wigan por 3-2, depois de ter estado duas vezes em desvantagem. O holandês Dick Kuyt marcou dois golos para os "reds", e o outro foi apontado pelo espanhol Albert Riera, enquanto o egípcio Zaki, melhor marcador da Premier, marcou os golos dos visitantes. Já de madrugada, o ManU goleou o West Bromwich por quatro bolas a zero, com os portugueses em grande destaque; Cristiano Ronaldo marcou o segundo, a passe de Wayne Rooney, e Nani, que entrou na segunda parte, fez a assistência para o terceiro e marcou o quarto.

A classificação é liderada por Chelsea e Liverpool, com 20 pontos, mais quatro que o Arsenal e mais seis que o ManU, que tem menos um jogo. Escolhi este magnífico golo do brasileiro Belletti, do Chelsea, o segundo dos "Blues" contra o Middlesbrough. De encher a vista.

sábado, 18 de outubro de 2008

Leituras


- Leia no Hoje Macau a reportagem de Sónia Nunes sobre a polémica revisão do Código de Processo Penal, em Aqui como na China?

- Também no HM, Pinto Fernandes fala de crescimentos na sua habitual crónica das quintas-feiras, em Crescimento negativo.

- No JTM, e ainda sobre a revisão do CPP, saiba o que pensa o presidente da Associação dos Advogados de Macau, Jorge Neto Valente.

- Nuno Lima Bastos está preocupado com as últimas incidências no que toca à produção legislativa na RAEM, e acha que Muita atenção, pede-se! Não perca mais este excelente artigo de opinião deste conhecido jurista nas páginas do JTM.

- Leonel Barros continua a trazer mais estórias do Macau antigo, aos Sábados no JTM. Desta vez sobre o Teatro de Sombras.

- N'O Clarim, José Miguel Encarnação fala do desaparecimento do líder da extrema-direita austríaca, Jörg Haider, em Cachorros.

- Finalmente uma pequena novidade. Duas postas de um blogue de que gosto muito e sigo com muita atenção, O Mal Está Feito (outra vez). Chamo a atenção para Entrevista com Deus I - Omindinho oponível e APCM. Brilhantemente escrito.

- Por falar em blogues, O dono da loja foi adicionado aos links, à direita. Vale a pena visitar.

Bom fim-de-semana!

Bacalhau à Leocardo



Ingredientes: 100 gramas de manteiga, duas postas médias (ou uma grande) de bacalhau, cozida e partida em lascas, uma cebola picada, dois dentes de alho picados, duas fatias de presunto, um ramo de coentros, um limão.

Preparação: Refugar a cebola e os alhos picados na manteiga, sem aloirar. Juntar o bacalhau e o presunto, e deixar ligar à manteiga. Juntar o sumo do limão e os coentros e deixar em lume mais dois dois minutos. Servir com batatas em rodelas, fritas em azeite.

Bon appetit!

Sex drive


Aquele que promete ser um dos filmes mais divertidos do ano. Um jovem de 18 anos, frustrado por ser ainda virgem, o seu melhor amigo e a namorada deste viajam do Wisconson até ao Tennesee para encontrar uma bombástica mulher que o primeiro conheceu na internet, e que lhe promete "acção". Veja a "traila".

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Saudades do futuro


Quando cheguei a Macau tinha uma amiga que vivia com os pais, um casal respeitável oriundo da Margem Sul. Na minha primeira visita à sua casa, perto do Colégio D. Bosco, elogiei-lhes a decoração. Disseram-me que sim, mas aquilo dava muito trabalho, que “tinham que encaixotar tudo”, porque “para o ano iam embora”. Estávamos em 1992, e só foram mesmo embora em 2000. Nós os portugueses, somo um povo que não faz planos para o futuro – vai “ficando”. Ir ficando é aquele sentimento puramente lusitano do “vou ficando enquanto não me chateiam”.

Repare-se como a própria conjugação do Futuro dos nossos verbos é absolutamente atroz. Ninguém diz, em linguagem corrente, “eu ficarei”, ou “tu farás”, ou “ele comprará”. O mais que se pode arranjar é o futuro do verbo “ser”, e quando se diz que alguém “será” qualquer coisa, quer normalmente dizer que está feito ao bife. No fundo penso que se trata de alguma chantagem emocional. Enquanto um estrangeiro diz com a maior das facilidades “em Agosto vou-me embora”, para nós a partida ou a permanência é um místico bailinho, um autêntico mistério. Hoje estou aqui a comer um chau min contigo, amanhã posso estar em Sesimbra às voltas com um lavagante.

Nos tempos pré-transição, perguntava-se aos responsáveis da administração portuguesa que conselho dariam aos portugueses que faziam planos de ficar. Franzia-se sempre o sobrolho, dizia-se sempre qualquer coisa vaga (aprendam Mandarim), mas a mensagem implícita era “epá se eu fosse vocês ia-me embora”. O que os portugueses que ficaram fizeram foi “apostar no futuro”, e isso não se faz. Quando alguém nos diz “olha para o ano volto para Portugal” e perguntamos porquê, levamos sempre com um ar agoniado e um encolher de ombros como quem diz “olha, tem que ser…”. Mas tem que ser porquê? Vai acontecer alguma coisa? Sabes de algo que não sei? Se alguém tem mesmo vontade de ir embora, devia fazer um ar feliz da vida, satisfeito, deslumbrado. Dizer com um sorriso “olha a minha casinha já está pronta e a conta está cheia de patacas, portanto lá vou eu, adeus e até ao meu regresso”. Em vez disso ficamos com um taciturno “olha…já chega”, com um “se fosse a ti pensava em arrumar os trapinhos também…”.

Uma das expressões que mais se usa é “o amanhã nunca se sabe”, derivada da velha máxima de que o Boletim Metereológico está sempre errado. Pior ainda é “o futuro a Deus pertence”, como se ficasse Deus encarregado de todos os nossos planos e projectos, e que é inútil mexer um dedo ou planear o que seja. Basta atentar àquele “até amanhã, se Deus quiser!”, não vá o criador ficar mal disposto e mandar-nos um tsunami ou um terramoto de 8 pontos na escala de Richter, e já não nos vermos amanhã. Uma forma muito curiosa de responder quando não se quer assumir um compromisso é o “sei lá se estou vivo”. A esposa pergunta ao marido “querido, e se pintássemos a casa em Janeiro?” ao que o manganão responde “ó filha sei lá se amanhã ainda estou vivo, quanto mais em Janeiro?”. É o faduncho do pessimismo. De todos, os portugueses devem ser os que menos falam dos planos para depois de se aposentarem. Quer dizer, alguns falam, os que estão a um ou dois anos de consegui-lo.

Mas voltando a Macau. Ficámos cá mais de quatro séculos e por incrível que pareça, em vez de qualidades que davam um jeito enorme aos novos senhorios, transmitimos também este pessimismo, esta hesitação. Em vez de passarmos sabedoria, passámos “nuncasesabedoria”. Como vai ser o artigo 23, afinal? Bem, nunca se sabe, em princípio não sei quê. Vai-se candidatar a um cargo no próximo Executivo? Não sei, é possível, mas tal. Quem vai ser o próximo Chefe do Executivo? É cedo, faltam meses (meses, vejam só), não se deve especular. Nunca se viu tanta gente com tanto medo de falar para não dizer asneira. É o medo patológico da mundança. É o receio que chegue aí um maluco qualquer e – esta expressão é curiosa e muito utilizada entre os pessimistas – “acabe com Macau”. Se for tudo como no pré-99, então estou optimista. Lá vai a montanha parir mais um rato. E só contam mesmo os que ficam, não é assim mesmo?

Os blogues dos outros


... não há legislação de substituição ainda mas hoje acaba o período especial dado aos jornalistas estrangeiros durante os JO. Não se sabe ainda o que vai acontecer. Apenas que agora ninguém pode alegar que viajou até ao interior para fazer uma entrevista porque a regra assim o permite. Ou seja, agora viajamos na mesma... mas sem a "protecção" que antes havia... Enfim, vai ficar tudo na mesma. Pelo menos aqui na minha redacção de dois por dois metros.

Maria João Belchior, China em Reportagem

A Tailândia e o Camboja disputam militarmente uma pequena faixa de terra onde se situa o templo khmer de Phra Vihar (em khmer Preah Vihear). Lendo os jornais portugueses acessíveis em linha, espanto-me a cada passo pela tremenda falta de balizamento conceptual com que os senhores jornalistas, muito afeitos a um "Direito Internacional" feito à imagem das ideias ocidentais de fronteira e soberania, encaram esta luta fronteiriça. Sei que em Portugal os estudos orientais são coisa para meia dúzia de sábios, que estes jamais são consultados pelos governantes para exprimir, educando, como funcionam as relações entre Estados tributários da doutrina budista e que há muito menino armado de mestrados em Rel. Int. que, nada sabendo nem querendo saber, dispara as mais absurdas análises.

Miguel Castelo-Branco, Combustões

O Orçamento de Estado, e o governo deste país, estão nas mãos de uns sinistros e de uns pascácios que ontem andaram a falar ao povo pela televisão e pela rádio em horário nobre, sobre uma pen que não abria, ou que ainda não se podia abrir, ou o raio que os parta a todos com o Magalhães enfiado pelas cabeças deles abaixo. E abstenho-me de dizer o que podem fazer com a pen.

Victor Abreu, Jantar das Quartas

Nos distritos de Lisboa, Porto, Aveiro, Braga, Setúbal e Leiria os comerciantes dos centros históricos já podem começar a arrumar a trouxa e pensar em fechar a porta dos seus estabelecimentos tradicionais. A Direcção-Geral de Actividades Económicas, na continuação de uma política de destruição de tudo o que é tradicional, acaba de autorizar a construção de 10, não, 20, não, 30, também não, 40 centros comerciais, não! Autorizou vergonhosamente a construção de 57 centros comerciais...

João Severino, Pau Para Toda a Obra

Uma lástima a prestação nacional ontem em Braga contra a Albânia. O problema é que tratando-se de uma selecção de jogadores, esta está longe de ser uma equipa, não possui um sistema de jogo. Do que eu estou certo é de que o futebol não se joga de fato e gravata, e que por mais que se deseje, um treinador “de bola” não é um “gestor”. O que é mais trágico, é que com a saída de jogadores como Figo ou Rui Costa a selecção perdeu liderança dentro do campo.... e com a chegada de Queiroz perdeu-a no banco.

João Távora, Corta-Fitas

No empate com a Albânia, ganhou o demónio. O rosto de Carlos Queiroz, na segunda parte da segunda parte, vendo o azar a encher o campo, era o de um autêntico possuído – ou encavado, é escolher que o coitado não está em condições de se importar. Depois do jogo nem apareceu para as declarações da praxe à TV, nem ninguém por ele, um técnico ou anjo. Também não apareceu jogador. Apareceu o demónio, sempre pronto a ocupar os espaços donde a palavra está ausente.

Valupi, Aspirina B

Toda a operação Magalhães é um colossal processo de team building que visa minimizar críticas, maximizar consensos e unir alunos, pais, professores e governantes numa mesma equipa. Para o ano há eleições. Nós portugueses temos uma grande tradição de team building. Quando a coisa envolve crianças e funcionários públicos há duas instituições que vêm logo à memória: a União Nacional e a Mocidade Portuguesa.

João Miranda, Blasfémias

Esta malta “contemporânea” levou porrada pra caraças. Alguma alguma porrada era justificada: boa parte das cenas não funcionava. Mas, vamos lá ver, metade das cenas dos Gatos também não funciona. E, na maioria dos casos, os “Contemporâneos” levaram porrada porque eram “aqueles que ousaram pensar que podiam substituir os Gatos”. Em Portugal, é sempre assim: só há uma Amália, só há um Eusébio. Toda a gente idolatra os “Eusébios” do humor, e depois esquece o “resto”. E esse "resto" merecia respeito, logo à partida, por ter a coragem de entrar naquele horário na Era pós-gato na RTP. Mais: neste momento, é o "resto" é melhor do que os Gatos.

Henrique Raposo, Atlântico

naquela manhã de outono acordou com o telefone a tocar. do outro lado, uma voz rouca anunciava-lhe a contratação para um novo emprego na maior empresa do mundo. as suas funções seriam ler livros, ver filmes e ouvir música. horário livre à escolha e quatro folgas por semana. um milhão de euros por mês de ordenado base, mais bonificações se também lesse blogues. livres de impostos e sem descontos para a segurança social. reforma aos quarenta com uma pensão de outro milhão de euros por mês. naquela manhã de outono acordou com o telefone a tocar. mas como era um número privado não atendeu.

João Gaspar, Last Breath

"Boca ao lado... Dificuldade em falar...", será um AVC?
Não, é a Mariza a cantar.


João Moreira de Sá, Arcebispo de Cantuária

Perder a cabeça


Uma mulher cortou a cabeça a um homem que a terá alegadamente atacado, e exibiu-a num mercado no norte da Índia, de acordo com as autoridades. A polícia prendeu a mulher ontem, depois de receber queixas de testemunhas aterrorizadas.

A mulher de 35 anos contou que foi a uma floresta perto de casa cortar mato para alimentar o seu gado, quando um homem a atacou por trás. Numa tentativa de "salvar a sua honra", cortou-lhe a cabeça com uma foice. A mulher tinha marcas de dentadas no pescoço e na face, e segundo a própria, o homem vinha seguindo-a há alguns meses. A autora deste hediondo acto não mostrou qualquer arrependimento.

Momento da verdade


O controverso programa da SIC, apresentado por Teresa Guilherme, e aqui satirizado pelos Contemporâneos.

Never miss a beat


O novo single dos Kaiser Chiefs, uma das poucas bandas novas (entenda-se, deste século) que ainda gosto. "Never Miss a Beat" entrou directamente para o quinto lugar do top britânico de vendas.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Diz-me com quem casas


O que querem as mulheres? Uma pergunta que nem Freud, o pai da psicanálise, conseguiu responder. Depois de muito bater com a cabeça, lá conseguimos perceber pelo menos o que algumas mulheres querem, e só assim conseguimos quebrar a resistência e deitar abaixo o muro (isto sem qualquer conotação sexual, entenda-se). Podemos nunca encontrar a alma gémea, mas podemos ficar perto. É como não conseguir ganhar a lotaria, mas ter pelo menos a terminação.

Sem querer ser redutor ou generalista, gostava de apresentar uma pequena lista do tipo de homens que se encontram em Macau, quais as mulheres preferem, e porquê. Isto sem querer ser pretensioso, claro. Há quem case por um queca mal dada, porque não sabe o que faz, ou quem não queira casar, pura ou simplesmente. Já dizia o meu avô, nesta grande salada da vida, cabe sempre um tomate a cada um. Doutas palavras.

O obediente – É aquele tipo de homem que não percebemos como há mulheres que gostam deles. Insonsos, trabalhadores, não saem à noite, têm poucos amigos e nenhumas amigas. Dão todo o dinheiro à mulher. O carro é “o veículo familiar”. Têm dois ou mais filhos. São normalmente funcionários públicos, praticam desporto e aderem à Marcha do Milhão do fundo de leitores do jornal Ou Mun, onde marcham com uma garrafinha de água e um boné. Podem não ser o tipo de homem mais elegante ou interessante, mas são obedientes. Uma aposta segura para a mulher que quer passar pela vida despercebida.

O anafado – Já dizia Confúcio “quem não tem massa não come” (isto foi inventado mesmo agora), mas é assim com o anafado. Filho de pai rico, ultrapassou os complexos da sua abominável aparência física e odor repulsivo estudando e garantindo um emprego bem remunerado, normalmente relacionado com informática. Come desalmadamente e não chateia muito. Casa com meninas bonitas, interesseiras e com metade do seu tamanho. Garante-lhes “segurança e estabilidade”.

O pintarola – Para o pintarola o mais importante é o carro, que usa para levar as conquistas a “dar uma voltinha”. Largou os estudos e empregou-se no casino “porque a vida é curta”. Tem muitas namoradas, mas vive com os pais, pois a habitação é cara e o dinheiro é melhor empregado noutras coisas. Nas férias vai passear a Hong Kong ou a Taiwan. Segue de perto a moda, e muda de telemóvel de três em três meses. Tem centenas de nomes de meninas na lista telefónica, mas a namorada não sabe. Tenta arranjar tempo para todas, pois “nunca se sabe”. Nunca diz não e nunca fecha a porta a um relacionamento furtuito. Acaba por casar com uma infeliz qualquer, sem nada na cabeça. Depois arrepende-se.

O porreiro – É qualquer coisa entre o anafado e o pintarola. É mais dócil que estes dois. É um pinga-amor. Tem normalmente o ensino superior e um emprego sentado. Não segue tanto as modas, mas tem carro, um “utilitário” para os fins-de-semana. Conhece de cor os últimos sucessos da cena pop de Hong Kong. Frequenta karaokes, aposta no futebol (gosta dos clubes ingleses), dorme sempre tarde e por isso tem um ar cansado. Não gosta de estrangeirismos. O Japão e Taiwan são os lugares de eleição para passar férias. Casa com outra porreira como ele, e têm um ou dois filhos porreiros.

O tubarão – Um caso sério, este predador dos aquários das saunas. Ao contrário dos restantes, este é facilmente identificável. Pulseiras e colares de ouro, anéis de diamante. Vestem camisola cinzenta e casaco preto, cabelo penteado para trás, com gel. Comerciantes ou malandrecos, ou as duas coisas, não escondem as ligações com o submundo do crime. Têm uma mulher em casa que não trabalha e gasta-lhes o dinheiro. Têm filhos que poucas vezes vêem, e chegam a passar dias sem ir a casa. Têm resmas de amantes (uma na China, inevitavelmente), e para eles o sexo é um exercício de poder. São ideais para mulheres que gostam de dinheiro e não querem um marido em casa a chatear. São um exemplo da familia disfuncional.

O galifão – Quer ser tubarão mas falta-lhe a classe, o dinheiro e sobretudo as ligações. São empregados da hotelaria, ou por conta de outrém, serventes ou motoristas, com poucos estudos mas com um nível de vida ligeiramente melhor que os empregados da construção civil. Vivem maioritariamente na zona norte da cidade. Não passam sem uma ida à vizinha Zhuhai para mandar um tirinho; são os tais que vemos a tapar a cara nas reportagens da TDM feitas nas imediações das Portas do Cerco. Alguns precisam de dois ou três empregos para sustentar as amantes, e as mulheres, coitadas, são passivas ou simplesmente ignoram a vida miserável que levam.

O estrangeiro – Depois da retirada da guarnição do exército português nos anos 70, estes foram sendo cada vez menos comuns. Mas mais recentemente têm voltado a ser moda os casamentos entre chinesas e estrangeiros. Não só portugueses, mas também americanos, franceses, africanos, todos os tipos. É o grupo onde me incluo, às vezes felizmente, às vezes nem tanto. As meninas que optam por um estrangeiro querem dar um toque de modernidade, acham-se demasiado boas para as opções acima referidas, ou viram muitos filmes com o Tom Cruise ou Keanu Reeves. Ou todas estas razões. Como é? Tem os seus dias. As diferenças culturais vêm às vezes ao de cima, mas nada de alarmante, desde que haja uma língua em comum (o inglês, especialmente). É preciso paciência de chinês…

Volta Marx, estás perdoado


Duas décadas depois da queda do muro de Berlim, o filósofo Karl Marx voltou a estar na moda, tudo graças à crise económica mundial. A sua crítica ao capitalismo datada de 1867, "O Capital", renasceu das cinzas, e arrisca-se a tornar-se novamente num best seller. O livro foi agora reeditado pela conceituada editora Karl-Dietz-Verlag.

O director da Karl-Dietz-Verlag, Joern Schuetrumpf, afirmou que o livro vendeu 1500 cópias este anos, o triplo das cópias vendidas o ano passado, e cem vezes mais que em 1990. "Mesmo os banqueiros e dirigentes estão agora a ler "O Capital", para tentar perceber o mal que nos têm feito. Marx está mesmo na moda", acrescentou Schuetrumpf.

Domage!


Os franceses, esses europeus por excelência, sempre prontos a resolver todos os problemas da Europa e sempre com uma palavra a dizer quanto aos problemas do mundo, estão aflitos. Em causa está um jogo particular que realizaram na última terça-feira no Stade de France, em Paris, contra a ex-colónia da Tunísia. Ora os franco-tunisinos, alguns nascidos em França e com os mesmo direitos que qualquer outro cidadão francês, não gostam da Marselhesa, e assobiaram o hino francês antes do jogo. Os franceses gritaram "Domage!" e acham que a França não devia disputar mais particulares com ex-colónias. Uns 20 países na África e na América Central que os franceses dominaram e escravizaram durante séculos. Se calhar o melhor que faziam era mesmo ter ficado em casa durante as descobertas.

Tirana é uma menina


Não me atrevo a comentar o jogo de ontem entre Portugal e a Albânia, até porque não vi. Mas a secção de comentários do Jornal Record diz tudo. Eis algumas pérolas:

Desta vez as bandeiras a colocar nas varandas, deverão ser negras!

Pois agora......um selecionador que tira dois criativos (Moutinho e Danny) e deixa 4 defesas contra uma equipe de bairro, está mesmo a dormir ou então de futebol percebe pouco. Assim nem contra a selecção de Timor.

Sempre me afirmei contra Queiroz! Confesso que Portugal viveu uma década de sonho, na sua maioria com Scolari. Ainda me lembro de ver este senhor a dizer que Scolari tinha de ser campeão com estes jogadores. Que vergonha!!!

Nossa senhora.... Por favor senhor Queiroz ganhe vergonha na cara !!!! Demita-se ainda hoje !!! Não vamos a porra de lado nenhum.... Queixavam-se de Scolari... O melhor treinador que Portugal já teve em muito, muito tempo.... Para quê? Para esta tristeza???? Madail e Queiroz vão-se embora !!!!!

De resto, havia um clima de grande tensão à volta deste jogo, como se se desejasse que algo deste género acontecesse, algo assim de "histórico", como disseram os comentadores da televisão.

Vamos assinar a Petição Para Mudança de Selecionador Nacional q u e i r o z n a r u a . b l o g s . s a p o . p t

Está tudo dito. Rua Carlos Queirós? Não! Carlos Queirós rua!

W.


Aí está o filme do ano. "W.", do realizador Oliver Stone, que conta a história dos 8 anos de administração Bush nos Estados Unidos. O filme conta com as interpretações de Josh Brolin, no papel de Presidente Bush, Elizabeth Banks como Laura Bush, Richard Dreyfuss como Dick Cheeney e Thandie Newton como Condoleeza Rice, entre outros. A julgar pelo thriller, o filme promete...

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Liberdades


1) O professor de 40 anos suspeito de ter começado os rumores sobre a falência de algumas instituições bancárias em Macau foi ilibado pelo Ministério Público. De acordo com o docente, este limitou-se a comentar a actual situação da economia mundial, o que foi (mal) interpretado pelas autoridades como um comentário inflamatório. Aí está outra vez o dedo do "big brother", que faz o que vai além da sua competência, ler nas entrelinhas. Da forma como se caçam ameaças de bomba, roubos de tochas ou falências bancárias, qualquer dia não se pode dar um peido. A internet continua a ser tratada como uma coisa nova, que apareceu ontem e é um mal a abater. Entretanto há um programa do canal chinês da Rádio Macau onde todos os dias cidadãos quase anónimos (identificam-se pelo apelido na maior parte dos casos) destilam puro veneno, acusam tudo e todos: instituições, organismos e até as próprias autoridades. São um autêntico urinol dos maus espíritos, a praça onde se pode falar mal do Governo à vontade. E lá vão eles cantando e rindo, enquanto a culpa de todos os males é da internet.

2) O deputado Fong Chi Keong tem "sérias dúvidas" quanto à nova lei da droga. Segundo o deputado, que é conhecido por cometer algumas gaffes, a lei penaliza demasiado o consumidor, coloca Macau na rota do tráfico de droga sem que se justifique e não promove a reabilitação. Tem toda a razão. Esta lei, que é conhecida em alguns círculos por "oito anos a grama", é desadequada e infeliz para Macau. Quer dizer, a qualquer hora posso jogar um milhão de patacas de origem duvidosa nos casinos, e até sou encorajado a fazê-lo, ou requerer os serviços de uma prostituta em pleno dia, mas se fumar um charro sou um criminoso? Às vezes penso que este povo está tão habituado a ser tratado ao empurrão, ao pontapé e à chapada, que só conhece a lei do chicote. É pena.

3) A notícia de que foram roubados os holofotes e alguns cabos debaixo das três pontes de Macau é estranha, surrealista até. Então esta forma curiosa de pirataria dedica-se a roubar lâmpadas? E a Polícia Marítima, não viu nada? Imaginem só o impacto desta notícia nos media estrangeiros. A imagem de Macau fica irremediavelmente afectada. Até parece uma anedota.

RAE das bananas


Sessão agitada, a de hoje no LEGCO de Hong Kong . O chefe do executivo Donald Tsang veio apresentar a situação económica da RAEHK face à crise económica mundial, considerando-a um "tsunami financeiro", e "pior que a crise asiática de 1997". Três deputados foram retirados depois de criticarem a política do executivo com os mais pobres, e um deles, Raymond Wong Yuk Man (黃毓民), mandou o presidente do LEGCO calar-se, e atirou bananas a Donald Tsang. Não perca o vídeo.

Dia mundial da lavagem de mãos


Sempre fui um grande apologista de que as mãos devem andar sempre bem lavadas. Quando era mais novo lavava as mãos sempre antes e depois de fazer qualquer coisa. Chegava a lavar as mãos várias vezes enquanto lia um livro, e chego a lavar as mãos vezes sem conta enquanto cozinho. A minha mãe dizia-me "um dia gastas as mãos, de tanto lavá-las". A minha mulher é muito mais radical; se me vê a apanhar um papel do chão ou a coçar um ouvido, manda-me logo lavar as mãos. Encontrei a mulher perfeita, a que não pensa na conta da água antes fa higiene. Hoje é dia mundial da lavagem de mãos (não, não estou a brincar), uma campanha que recorda que lavar regularmente as mãos com sabão reduz em 50% a possibilidade de contraír doenças, como a diarreia. Pois sendo esta uma campanha dirigida principalmente aos países do terceiro mundo (os que têm água para gastar, os outros, coitados...), nunca é demais recordar a importância de lavar as mãozinhas. Valeu?

Conversas com o meu filho (VIII)


- Pai, o Senegal tem mais pessoas que Portugal?
- Sim, claro.
- E a Estónia?
- Bem, a Estónia tem pouco mais de um milhão de pessoas, acho que é menos.
- Também acho. E o Vaticano?
- Olha, eu acho que aqui neste prédio vivem mais pessoas que no Vaticano.
- Mas aqui no prédio não vivem mais pessoas que em Portugal!
- Pois não, e ainda bem.

Parabéns, Sandra!


Lembram-se de Sandra Kim? Aquela gaiata belga que venceu o Festival da Eurovisão quando tinha 14 anos com uma música "fellgood" assaz deprimente e que nos feria os ouvidos? Ora bem, o tempo encarrega-se de todos, e Sandra faz hoje 36 anos. É bem mais gordita, diz que a música que a catapultou para o estrelato "foi uma coisa do momento" e ignora a Eurovisão. Para a Sandra, que cospe no prato que comeu, muitos parabéns!

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Sobre o casamento de pessoas do mesmo sexo (vulgo "gay")


Abomino histerias. E o casamento "gay" é histeria. Segundo dizem, recusar o casamento a pessoas do mesmo sexo é uma "discriminação". As pessoas dizem a palavra - "discriminação" - e esperam que eu me comova. Não me comovo. Claro que é uma discriminação. E daí? Todos os dias, a todas as horas, sobre as mais variadas personagens, a sociedade exerce as suas "discriminações". Se, por mera hipótese, eu pretendesse casar com duas mulheres, estaria impedido pela força da lei. Não será isto uma "discriminação"? Por que motivo o Estado impede que três adultos que se amam possam construir uma família em conjunto?

Arrisco hipótese: porque a sociedade estabeleceu os seus códigos de conduta, os seus símbolos, as suas "instituições". São estes códigos, estes símbolos, estas "instituições" que sustentam a vida em sociedade e não vale a pena questioná-los por cálculo racionalista. Acabamos por chegar a conclusões francamente lunáticas. Se o casamento passasse a ser um mero contrato baseado no afecto (a visão sentimental da tribo), não haveria nenhuma razão substancial para impedir todas as formas possíveis de casamento: entre pais e filhos; entre irmãos; entre duas mulheres e um homem; entre uma mulher e vários homens; etc.

É justo que duas pessoas do mesmo sexo que partilham uma vida em comum possam assegurar certos direitos sucessórios ou fiscais. Não é justo desmontar o casamento tradicional para acomodar o capricho de uns quantos. Pior: o gesto apenas abriria uma nova forma de "discriminação" sobre todos os outros - pais e filhos; irmãos; duas mulheres e um homem; uma mulher e vários homens - que são deixados injustamente à porta do matrimónio. Tenham juízo e, já agora, portem-se como homenzinhos.


João Pereira Coutinho, Expresso

Assino por baixo. Não concordo com os casamentos "gay", mas sou um democrata e aceito a vontade da maioria, de metade mais um. O problema é que nem isso têm. Aceito que queiram casar, que queiram usufruír dos mesmo direitos que qualquer outro cidadão. Mas o que parece ser o problema, é ao mesmo tempo a solução! Já usufruem exactamente do todos os direitos, e não perderam nenhum pelo facto de terem preferências sexuais diferentes. Aliás isto de mudar leis, instituições e conceitos com base nas preferências sexuais ou vida privada de cada um parece-me pérfido.

Na sexta-feira Fernanda Câncio escrevia que o casamento era "a última conquista" dos homossexuais. Assim como foi o fim da discriminação, e depois as uniões de facto, e agora o casamento. E não vai ficar por aqui. Depois vão ser as adopções e depois sabe-se lá mais o quê. Isto até ficarmos completamente convencidos que sim senhor, têm toda a razão, e quais mordomos de serventia fidalga, devemos voltar sempre para ter a certeza se não lhes falta nada.

Mas devo aqui reiterar que o que se passou na sexta-feira no Parlamento foi uma vergonha. Ver a lei do casamento dos homossexuais reprovada pelo governo socialista que fez do apoio a essa mesma lei uma das suas bandeiras, e logo com o apoio da direita. Mesmo sendo contra a lei, pela questão de princípio que referi acima, incomodam-me estas maquinações, estas jogadas de bastidores, e sobretudo toda esta hipocrisia.

Olhemos para o exemplo de Macau. O que não falta são homossexuais (entenda-se homens e mulheres) que assumem abertamente a sua opção. Sabemos quem são, conhecemos alguns casos, e basta caminhar todos os dias pelo Largo do Senado para saber que existem. Mas lobbies, há? Alguém fala nisso? Existe discriminação? Já veio alguma associação ou deputado dizer que os direitos dos homossexuais não são respeitados? Falar de casamento nem passa pela cabeça de ninguém. E curiosamente nem em Hong Kong. E não são felizes assim?

Na era do politicamente correcto, é difícil abordar este tema sem ser considerado "homofóbico", mesmo que seja para apoiar. Aceitam mal se alguém diz que aprova, pois consideram discriminação. Aceitam ainda pior quem reprova, pela mesma razão. Querem ser tratados como cidadãos normais, mas especiais. Não querem ser especiais, mas querem privilégios. Estão a perceber? Eu também não...

Leave the kids alone


Um professor de Pequim foi despedido por agredir os seus alunos do terceiro ano. Gao Xiaopeng agrediu 11 alunos numa escola no Sudoeste de Pequim, por não terem completado os trabalhos de casa. Segundo o testemunho de um aluno, o professor esbofateou-os primeiro, tendo depois utilizado um leque e uma vassoura para continuar as agressões. Um dos alunos foi agarrado pela cabeça e atirado contra o quadro. O professor foi condenado a 14 dias de prisão e ao pagamento de uma multa de 500 RMB (mais ou menos 50€).

Grandes sucessos da Bolsa


Uma trilha sonora bem original, sobre as recentes quedas da bolsa. O timing não é o melhor, uma vez que hoje subiram, mas amanhã nunca se sabe...É Fernando Maurício no seu Charges Brasil.

A morte de Haider


Segundo a pena e o enorme talento de Stephh, cartoonista do Hoje Macau.

Magalhães e gajas


Para que querem realmente as criancinhas o Magalhães? Sãos os Gato Fedorento.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Pela vossa rica saúde!


1) A crise dos alimentos, ou da falta de qualidade dos mesmos, começa a espalhar as suas ramificações por toda a parte. Este fim-de-semana um consumidor devolveu uma lata de carne em conserva que tinha passado do prazo em mais de 2 anos, mas que tinha colada uma etiqueta que perpetuava a longevidade do produto até Junho de 2009. É preciso mais cuidado que nunca com estes comerciantes sem escrúpulos, que ignoram o valor da vida humana em troca de mais algumas pataquinhas. Enquanto isso foram detectados vestígios de um insectida prejudicial à saúde na popular Pitaia, muito consumida nesta altura do ano.

2) Começam também a surgir as primeiras gripes e viroses, devido ao arrefecimento súbito do clima. Exerça as precauções necessárias; agasalhe-se, fortaleça as suas resistências fazendo uma dieta equilibrada e praticando exercício físico, e evite locais onde pode apanhar a gripe. Como o hospital, por exemplo.

O horror, a tragédia, o pesadelo


As meninas da selecção de hóquei em patins de Macau voltaram a noite passada do Japão com um resultado desastrosos: só derrotas, nenhum golo marcado, e noventa e sete golos sofridos. Se tivessem trazido tantos ovos quanto golos sofridos, dava para fazer uma tortilha para entrar para o Guiness. Isto realmente é mau, uma tragédia, uma desgraça. Houve mesmo quem lhe chamasse "mundial de pesadelo". Eis que o nome de Macau fica "indelevelmente manchado" em campeonatos do mundo.

Mas esperem? Campeonatos do mundo? Macau? Mas que raio estamos aqui a falar? Pois é, o hóquei em patins foi o único desporto em que Macau participou num campeonato do mundo propriamente dito. Isso mesmo, com os rapazes em 2005 nos Estados Unidos, e com as meninas em 2006 no Chile e agora, no Japão. Isto para não falar dos mundiais "B" em que Macau defronta países como a Áustria, a Holanda, os Estados Unidos ou o Japão, impensável noutros desportos.

As meninas, que só começaram a patinar há menos de meia dúzia de anos, contam com já dois mundiais no bornal. Isto é, algumas. Outras mais talentosas foram estudar, casaram, desistiram, enfim, foi difícil manter a mesma equipa durante o tempo em que a selecção de hóquei existe. E a média de idades? Não conheço bem a equipa, mas quase posso garantir que será na ordem dos 20 anos, ou menos.

E depois o que fizeram as autoridades competentes quanto a uma equipa que representa o território num campeonato do mundo? Absolutamente nada. Até lhes tiraram o único recinto onde podiam treinar, no Colégio D. Bosco, que se encontra actualmente em obras. Foram obrigadas a preparar o mundial ao ar livre, em Coloane, num ringue destinado ao futebol de salão.

O IDM, COM, ACOLOP, BOSTEX e afins preferem acarinhar os atletas que participam nas provas em que Macau não tem qualquer expressão, como o atletismo, por exemplo. São tantos e tão conhecidos os atletas de Macau que se excedem no atletismo que nem preciso mencioná-los aqui. Foram tantas as medalhas que Macau ganhou nos Jogos da Ásia Oriental, ou em Recinto Coberto, que está perfeitamente justificado o investimento. E que ninguém ouse sequer questionar isso.

Voleibol? Não existe. Basquetebol? Fiquei surpreendido que Macau tenha apresentado uma equipa nos Jogos da Lusofonia, e tenha ficado em 4º lugar à frente da Guiné-Bissau e Timor-Leste, visto que não tinha conhecimento de um campeonato em Macau. Mesmo o hóquei em campo, desporto com alguma expressão e tradição em Macau, limita-se a jogar um Interport com Hong Kong, que sempre perde. Torneios internacionais nem vê-los.

As artes marciais como o judo ou o karate têm catrefadas de praticantes (e há quem considere o hóquei em patins um "desporto violento"), mas nenhuma expressão internacional. Só se pode mesmo justificar o peito cheio de orgulho por estes resultados com base no contexto regional em que inserem. A estes, apoios e homenagens "pelo esforço realizado" nunca faltam.

Enfim, mas ride do hóquei sobre rodas. Ride destes resultados. Eu acho que ria muito mais se Macau jogasse jogos competitivos de futebol contra as selecções da Argentina ou da Alemanha, como fizeram as meninas. Perder por 32 ou 31, respectivamente, seria uma estimativa bastante conservadora, até. Ah, sim, mas para o futebol não faltam recintos. E apoios, podem não ser muitos, só que qualquer coisa vezes nada...é nada.