
O que querem as mulheres? Uma pergunta que nem Freud, o pai da psicanálise, conseguiu responder. Depois de muito bater com a cabeça, lá conseguimos perceber pelo menos o que algumas mulheres querem, e só assim conseguimos quebrar a resistência e deitar abaixo o muro (isto sem qualquer conotação sexual, entenda-se). Podemos nunca encontrar a alma gémea, mas podemos ficar perto. É como não conseguir ganhar a lotaria, mas ter pelo menos a terminação.
Sem querer ser redutor ou generalista, gostava de apresentar uma pequena lista do tipo de homens que se encontram em Macau, quais as mulheres preferem, e porquê. Isto sem querer ser pretensioso, claro. Há quem case por um queca mal dada, porque não sabe o que faz, ou quem não queira casar, pura ou simplesmente. Já dizia o meu avô, nesta grande salada da vida, cabe sempre um tomate a cada um. Doutas palavras.
O obediente – É aquele tipo de homem que não percebemos como há mulheres que gostam deles. Insonsos, trabalhadores, não saem à noite, têm poucos amigos e nenhumas amigas. Dão todo o dinheiro à mulher. O carro é “o veículo familiar”. Têm dois ou mais filhos. São normalmente funcionários públicos, praticam desporto e aderem à Marcha do Milhão do fundo de leitores do jornal Ou Mun, onde marcham com uma garrafinha de água e um boné. Podem não ser o tipo de homem mais elegante ou interessante, mas são obedientes. Uma aposta segura para a mulher que quer passar pela vida despercebida.
O anafado – Já dizia Confúcio “quem não tem massa não come” (isto foi inventado mesmo agora), mas é assim com o anafado. Filho de pai rico, ultrapassou os complexos da sua abominável aparência física e odor repulsivo estudando e garantindo um emprego bem remunerado, normalmente relacionado com informática. Come desalmadamente e não chateia muito. Casa com meninas bonitas, interesseiras e com metade do seu tamanho. Garante-lhes “segurança e estabilidade”.
O pintarola – Para o pintarola o mais importante é o carro, que usa para levar as conquistas a “dar uma voltinha”. Largou os estudos e empregou-se no casino “porque a vida é curta”. Tem muitas namoradas, mas vive com os pais, pois a habitação é cara e o dinheiro é melhor empregado noutras coisas. Nas férias vai passear a Hong Kong ou a Taiwan. Segue de perto a moda, e muda de telemóvel de três em três meses. Tem centenas de nomes de meninas na lista telefónica, mas a namorada não sabe. Tenta arranjar tempo para todas, pois “nunca se sabe”. Nunca diz não e nunca fecha a porta a um relacionamento furtuito. Acaba por casar com uma infeliz qualquer, sem nada na cabeça. Depois arrepende-se.
O porreiro – É qualquer coisa entre o anafado e o pintarola. É mais dócil que estes dois. É um pinga-amor. Tem normalmente o ensino superior e um emprego sentado. Não segue tanto as modas, mas tem carro, um “utilitário” para os fins-de-semana. Conhece de cor os últimos sucessos da cena pop de Hong Kong. Frequenta karaokes, aposta no futebol (gosta dos clubes ingleses), dorme sempre tarde e por isso tem um ar cansado. Não gosta de estrangeirismos. O Japão e Taiwan são os lugares de eleição para passar férias. Casa com outra porreira como ele, e têm um ou dois filhos porreiros.
O tubarão – Um caso sério, este predador dos aquários das saunas. Ao contrário dos restantes, este é facilmente identificável. Pulseiras e colares de ouro, anéis de diamante. Vestem camisola cinzenta e casaco preto, cabelo penteado para trás, com gel. Comerciantes ou malandrecos, ou as duas coisas, não escondem as ligações com o submundo do crime. Têm uma mulher em casa que não trabalha e gasta-lhes o dinheiro. Têm filhos que poucas vezes vêem, e chegam a passar dias sem ir a casa. Têm resmas de amantes (uma na China, inevitavelmente), e para eles o sexo é um exercício de poder. São ideais para mulheres que gostam de dinheiro e não querem um marido em casa a chatear. São um exemplo da familia disfuncional.
O galifão – Quer ser tubarão mas falta-lhe a classe, o dinheiro e sobretudo as ligações. São empregados da hotelaria, ou por conta de outrém, serventes ou motoristas, com poucos estudos mas com um nível de vida ligeiramente melhor que os empregados da construção civil. Vivem maioritariamente na zona norte da cidade. Não passam sem uma ida à vizinha Zhuhai para mandar um tirinho; são os tais que vemos a tapar a cara nas reportagens da TDM feitas nas imediações das Portas do Cerco. Alguns precisam de dois ou três empregos para sustentar as amantes, e as mulheres, coitadas, são passivas ou simplesmente ignoram a vida miserável que levam.
O estrangeiro – Depois da retirada da guarnição do exército português nos anos 70, estes foram sendo cada vez menos comuns. Mas mais recentemente têm voltado a ser moda os casamentos entre chinesas e estrangeiros. Não só portugueses, mas também americanos, franceses, africanos, todos os tipos. É o grupo onde me incluo, às vezes felizmente, às vezes nem tanto. As meninas que optam por um estrangeiro querem dar um toque de modernidade, acham-se demasiado boas para as opções acima referidas, ou viram muitos filmes com o Tom Cruise ou Keanu Reeves. Ou todas estas razões. Como é? Tem os seus dias. As diferenças culturais vêm às vezes ao de cima, mas nada de alarmante, desde que haja uma língua em comum (o inglês, especialmente). É preciso paciência de chinês…