Pereira Coutinho está aí, Pereira Coutinho vai a todas, Pereira Coutinho sabe o que quer. E que Pereira Coutinho quer agora depois de já não existir eleição em Macau que ele já não tenha ganho? A Assembleia da República, instituição do "parlapié" nacional, à qual o deputado de Macau concorre agora pelo partido “Nós, Cidadãos!”. Confesso que desconhecia a existência de tal partido, mas deve ser um daqueles "contra-partidos", que no fim acabam por querer a mesma coisa. O quê?
Exacto. Nem fui pesquisar sobre este tal partido que vai ter Pereira Coutinho como nº 1 e Gilberto Camacho como nº 2 para o Círculo de fora da Europa, pois tudo indica que os dois lugares em disputa vão parar ao PS ou ao PSD, e muitos serão os expatriados que votarão numa dessas cores políticas por filiação ou simplesmente por simpatia, sem conhecer sequer qualquer um dos candidatos. Eu pessoalmente penso que seria interessante ver como Pereira Coutinho encararia mais esse desafio, e no que diz respeito ao que isso poderia representar para Macau, socorro-me de uma velha máxima muitas vezes aplicável a estas circunstâncias: pior não iamos ficar.
Quem não pensa dessa forma é Arnaldo Gonçalves, aqui já muitas vezes referenciado pela sua enorme soberba e aquele ar de quem sabe alguma coisa que mais ninguém sabe (porque não interessa a ninguém, normalmente) que na edição de quinta-feira do Ponto Final diz cobras e lagartos de Coutinho, vá-se lá saber porque carga de água. Deve ser "feitio", pronto. Com o mote "Pereira Coutinho tem uma visão deturpada da política portuguesa" (o quê? pensa que é composta por gente séria e honesta?), Arnaldo Gonçalves dispara em todas as direcções, e repare-se como se refere ao eleitorado-base do presidente da ATFPM:
“é confrangedora a forma como [Pereira Coutinho] se utiliza dos sindicalizados da ATFPM para a sua agenda política em Macau e fora de Macau, como se fossem soldadinhos de chumbo”.
"Confrangedora" é a meu ver a forma como o dr. Arnaldo Gonçalves se dirige ao eleitorado de José Pereira Coutinho, e entre o qual estará muita gente das suas relações. Por esta lógica, todos os eleitores são "soldadinhos de chumbo", com a grande diferença de que estes pelo menos não ganham nem perdem nada votando em Coutinho - pelo menos este não lhes vai mais tarde ao bolso, enquanto em Portugal, é o que se vê. Mas no que da sua análise podemos tirar de nuclear, eis o que nos diz Arnaldo Gonçalves:
“O deputado tem uma enorme dificuldade em perceber que Portugal com 40 anos de democracia já evoluiu para outro tipo de intervenção política que não tem nada a ver com a postura de chefe de grupelho que o doutor Pereira Coutinho assume com os filiados da sua associação”
Aqui é que eu me ri à brava. Portugal com 40 anos de quê teve o quê? Repita, s.f.f.? Nada tem a ver com o quê? Pois olhe que para mim Portugal "evoluiu" para um sistema bipolar de fartar vilanagem, com um dos dois pólos a necessitar de um terceiro partido como "muleta", e curiosamente é a direita que anda "manca". Faz-lhes falta a douta sabedoria de Arnaldo Gonçalves, que ganharia esta eleição e qualquer outra que lhe surgisse pela frente. Isto é, se lhe apetecesse, lá está. Eu não sei é como é que em "40 anos de democracia" ainda sobram estes da escola do "respeitinho é bonito e eu gosto"...
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