Realiza-se esta noite (segunda de manhã em Macau) a 85ª cerimónia da entrega dos Óscares, que mais uma vez distinguem o melhor que se fez no cinema do último ano. Como é hábito, com excepção apenas do ano passado, vou deixar aqui as previsões quanto aos vencedores nas principais categorias.
Melhor filme: “Argo” é o grande favorito, e dos filmes que já vi é de longe aquele que mais gostei. A história baseada em acontecimentos reais decorridos durante a crise dos reféns da embaixada norte-americana no Irão e realizada por Ben Affleck (quem diria…) já recebeu inúmeros prémios, e seria uma surpresa se não levar também este. Dos restantes candidatos destacam-se “Lincoln” de Steven Spielberg, um filme histórico que venceria certamente num ano menos concorrido, e “Life of Pi”, e Ang Lee, que antes de “Argo” era tido como um sério favorito. Quentin Tarantino terá que esperar pela sua vez, pois o seu “Django Unchained” está longe de ser material para número um – pessoalmente gostei muito mais de “Inglorious Bastards”. O filme austríaco “Amour” é a grande surpresa do ano, mas está nomeado para Melhor Filme Estrangeiro e provavelmente vencerá nesta categoria. Outra boa surpresa é o refrescante “Silver Linings Playbook”, sobre o fenómeno do síndroma de personalidade dupla, o filme mais “cool” da lista, mas que peca por ser uma comédia. “Les Miserables” beneficiou do alargamento para dez candidatos, fazendo aparecer na lista de dez candidatos alguns musicais e filmes de animação, e seria incrível que vencesse. Portanto, o grande vencedor da noite será
Argo.
Melhor realizador: Ben Affleck não foi nomeado por “Argo”, o que causou alguma estranheza, e isto deixa caminho aberto para Spielberg obter reconhecimento com o seu biópico “Lincoln”. A maior ameaça será Ang Lee com “Life of Pi”, que teve o azar de encontrar concorrência de peso, e Michael Haneke corre por fora com “Amour”, o que seria uma grande surpresa. Previsão:
Steven Spielberg.
Melhor actor: aqui parece quase certo que Daniel Day Lewis levará o óscar pela sua interpretação do presidente Lincoln. Será a terceira estatueta para o actor que se revelou há mais de 20 anos com “My Left Foot”, um “tri” inédito, uma vez que Jack Nicholson obteve três óscares, mas um deles como actor secundário. Bradley Cooper foi sensacional em “Silver Linings Playbook” no papel de um doente com personalidade dupla, mas o reconhecimento fica-se pela nomeação. Os restantes candidatos são Joaquin Phoenix e Denzel Washington, que apesar do “pedigree” são nomeados por papéis pouco memoráveis, e a maior ameaça para Lewis parte curiosamente de Hugh Jackman, que foi bastante elogiado pelo seu papel em “Les Miserables” (não fazia ideia que ele cantava…), mas sendo esta a maior ameaça…
Daniel Day-Lewis.
Melhor actriz: se Bradley Cooper contenta-se com a nomeação, a sua co-estrela em “Silver Linings Playbook, Jennifer Lawrence, é a grande favorita nesta categoria – é justo que o filme leve pelo menos um dos grandes prémios. Emannuelle Riva em “Amour” é talvez a única concorrente de peso, enquanto Jessica Chastain, Naomi Watts e Quvenzhane Wallis limitar-se-ão a bater palmas à vencedora. Prevejo com muita convicção que será
Jennifer Lawrence.
Melhor actor secundário: este será sem dúvida o prémio mais renhido, com dois actores que já venceram por uma vez a aparecerem como grandes favoritos. De um lado Tommy Lee Jones em “Lincoln”, do outro lado Christopher Waltz em “Django Unchained”. Aqui poderá entrar alguma “política”, mas mesmo nesse caso a escolha é complicada. Waltz ganhou há apenas dois anos com “Inglorious Bastards”, enquanto Tommy Lee Jones venceu em 1995 com “Blown Away”, o que joga a favor de Jones. Por outro lado “Lincoln” poderá ganhar outros prémios, e um óscar para Waltz poderia ser um prémio de consolação para “Django Unchained”. Perante este dilema, Robert de Niro (“Silver Linings Playbook”, a primeira nomeação do grande De Niro neste século), Philip Seymour-Hoffman (“The Master”) e Alan Arkin (“Argo”) terão poucas hipóteses. Mesmo arriscando a errar, escolho
Tommy Lee Jones.
Melhor actriz secundária: vai ser aqui que a Academia vai dar um doce a “Les Miserables”, mais um remake da história que já todos conhecem. Anne Hathaway canta e encanta, e será desta que leva para casa o Óscar, em deterimento da veteran Sally Field, que regressou em grande com “Lincoln”. Outro regresso ao top-5 é de Helen Hunt, com “The Sessions”, com poucas probabilidades de sair vencedora, tal como Amy Adams em “The Master”. De notar que mesmo não sendo favorita, a nomeação de Jacki Weaver faz com que “Silver Linings Playbook” apareça nomeado em todas as principais categorias: melhor filme, realizador, actor e actriz principais e secundários e argumento (adaptado). Um pleno difícil de conseguir. Sendo assim, aposto em
Anne Hathaway.
Outras categorias:
Melhor argumento original:
“Django Unchained”
Melhor argumento adaptado:
“Argo”
Melhor filme de animação:
“Wreck-It Ralph”
Melhor filme estrangeiro: “Amour”
Melhor documentário:
“Searching for sugar man”
Melhor canção original:
“Skyfall”
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