sábado, 9 de abril de 2011

O Islão e a democracia


Com a devida vénia, passo aqui a reproduzir na íntegra um excelente texto de Carlos Esperança, do blogue Diário Ateísta. Espero que gostem.

Nas sociedades em que a religião é obrigatória o condicionamento da opinião pública começa na infância pela manipulação e fanatização das crianças que conduz ao martírio e ao crime.

O Islão de hoje não é diferente do catolicismo medieval mas neste, graças à descoberta da cultura helénica e do direito romano, surgiram forças para usar a razão e contestar a fé, para fazer a Reforma e retirar ao Papa o poder temporal.

O direito divino, como origem do poder, foi substituído pela legitimidade democrática e a secularização tornou abertas, tolerantes e plurais as sociedades. A fé foi remetida para a esfera privada e as convulsões só surgem quando os crentes pretendem fazer proselitismo através do aparelho de Estado.

Hoje, é o protestantismo evangélico que lidera o fundamentalismo cristão nos EUA, em clara violação da Constituição e da vontade dos seus fundadores. A Igreja Ortodoxa tem dificuldade em aceitar a separação do Estado e tem uma exegese de pendor francamente reaccionário.

Mas é no Islão que os constrangimentos sociais e a violência religiosa impelem os crentes para a irracionalidade da fé e a aceitação acrítica do Corão. Como nunca questionaram as tolices do Profeta, há um permanente conflito com a modernidade e uma violência incompatível com a civilização. Foi neste clima de opressão que germinou a recente contestação espontânea que percorreu o Magrebe e alastrou aos centros urbanos dos países islâmicos.

A laicidade que libertou o Ocidente da tutela clerical é difícil onde o clero tem o poder absoluto no campo económico, político, militar, assistencial e ideológico. Tal como durante a inquisição era impossível contestar a autoridade do Papa e o seu poder, também nas teocracias islâmicas é impossível discutir a misoginia, o adultério, a poligamia, o repúdio, a guerra santa, a homofobia e o pluralismo.

As religiões são, por natureza, totalitárias e avessas à modernidade. Ao Confiarem nos livros sagrados como a vontade literal de Deus, ditada a um eleito como versão definitiva, impedem a discussão e ameaçam a vida do réprobo enquanto a separação entre a Igreja e o Estado não se afirmar. Foi esse passo que as juventudes do Magrebe tentaram e que o Islão se esforça por reverter, mantendo as teocracias que defendem a fé contra a modernidade.

Contrariamente ao que têm afirmado os bispos católicos, os árabes não temem a liberdade religiosa que, segundo sondagens, é o que mais apreciam no Ocidente. São os clérigos que se assustam com a possibilidade de verem os crentes a renunciar à fé.
A liberdade, a democracia e, sobretudo, a perda da hegemonia sobre a mulher, assusta-os. Por isso que não renunciam à sharia, não dispensam uma boa decapitação de um apóstata, a alegre lapidação da mulher adúltera ou uma divertida amputação a um ladrão.

Do Egipto chegam ecos da forma como o Islão vai neutralizando a ânsia da felicidade e o direito à liberdade.

Carlos Esperança, Diário Ateista

13 comentários:

Pedro Coimbra disse...

Gostei!!!

VICI disse...

Interessante.

Anónimo disse...

Concordando com toda a análise que faz das religiões e do islão, discordo da conclusão. O passo que as juventudes do Magrebe tentaram não parece ter nada a ver com a vontade de separar a religião do estado. Reclamam apenas o direito de votar, que é isso que eles invejam nos países democráticos. Por isso vão sempre polvilhando os protestos com gritos de "Alá é grande".

Anónimo disse...

Deixa estar, Carlos Esperança, que o ateísmo militante é igual ou pior...

Anónimo disse...

O Carlos Esperança, tal como os fundamentalistas, tem também uma visão muito redutora da religião... já Confúcio dizia que a virtude está no meio (ou seja, que o equilíbrio é a virtude)... chamar as crenças e fé dos outros de tolices e retrógadas também é um acto de intolerância que ele próprio repudia... na sociedade ocidental, a separação da Igreja e do Estado (que é bom) veio dar também origem a uma espécie de intolerância à religião. Ex: pq é que tanta gente critica as viagens que o Papa faz aos países ocidentais, se mt vezes as viagens custam menos do que mega-concertos de rock e mega-cimeiras de G20 e da NATO?? eu concordo que as mulheres muçulmanas têm todo o direito de escolher se querem usar a burka ou não, mas pq proibir o uso da burka antes de elas pronunciarem se querem ou não?? pq na recente agenda da UE sobre religiões, mencionarem todas as religiões menos o cristianismo (não será injusto??)? pq é que a religião tem que ser remetido para uma esfera privada?? entao, eu nao posso exprimir na praça pública a minha religião, tal como os manifestantes exprimem a sua raiva e pedidos na rua?? pq a religião há-de ser inferior a estas manifestações??
e os jovens árabes querem é melhor condições de vida, mais democracia e menos corrupção... eu não vejo nas manifestações pedidos de laicismo... até rezam e gritam por todos os lados "Alá é grande"!! O Carlos Esperança, com o seu ateísmo militante, deve ter confundido alguns factos...

Anónimo disse...

Na Europa a burka deve ser proibida, sim senhor! Por questões de segurança, não deve ser permitido a ninguém andar de cara tapada. Isto é simples de perceber, mas os idiotas politicamente correctos têm sempre muitos melindres em relação a isto. Como se nos países muçulmanos não se impusesse regras a quem vem de fora! Porque é que só a Europa é que não pode fazer o mesmo? Querem mostrar que são muçulmanas, andem de véu com a cara descoberta, que chega perfeitamente! Ou, se não se quiserem adaptar, voltem para o sítio donde vieram.

Anónimo disse...

Exactamente, Anónimo das 12:32. A Europa é dos europeus. Se não querem integrar-se nem respeitar as nossas leis então não venham para cá, que não fazem falta nenhuma. Vão praticar a ditadura das minorias para o raio que os parta e levem também daqui todo o esquerdume multiculturalista assassina e suicida.

Anónimo disse...

Se a europa é dos europeus porque há pessoas que emigram para Europa?Fiquem na terra deles que assim acaba a emigração.A América também é dos americanos?E a china é dos chineses?Se querem usar burka ou o crlh que se f### que usem e não me chateiem,cada um faz o que bem entender,ninguém tem nada a ver com isso.Tanta merda por causa de um pano de merda na cara.As gajas ocidentais também usam decote e mino saias a mostrarem o corpo sexy.

Anónimo disse...

"As gajas ocidentais também usam decote e mino saias a mostrarem o corpo sexy" (sic). Pois usam... na sua terra e em terras similares. Nos países muçulmanos estão proibidas de o fazer. Aja-se em conformidade, portanto, na Europa. A Muçulmânia obriga as ocidentais a taparem-se, obrigue a Europa também as muçulmanas a destaparem-se. Ou uns têm de viver como querem em todo o lado, enquanto outros só o podem fazer na sua terra?

Anónimo disse...

Sinceramente estou me a cagar para todos os costumes dos outros,cada uma usa a roupa que quer,desde que não andem nuas na rua

Anónimo disse...

Nos países islâmicos também há liberdade: a burka pode ser branca, preta, cinzenta ou azul. Quatro cores à escolha, portanto.

Anónimo disse...

O anónimo das 03h46 é mesmo estranho: se os muçulmanos obrigam as europeias no Médio Oriente a taparem-se, os europeus também têm por isso que obrigar as muçulmanas a destaparem-se... então, o anónimo quer tornar a Europa igual ao Médio Oriente?? então quer também tornar a Europa um lugar com falta de liberdade, tal como no Médio Oriente... então, o anónimo não será igual aos muçulmanos do Médio Oriente que tanto repudia??
para quê criar leis pra antagonizar mais ainda os muçulmanos, em vez de criar leis e medidas para os integrarem mais?? eu sei que a integração é difícil, mas nao é impossível!!

Anónimo disse...

Maior esforço do que já tem sido feito, é impossível. Vai sonhando, palerma...