Quanto mais me aproximo dos 40, mais interessante se torna pensar como será a velhice. Quando somos jovens a última coisa que nos passa pela cabeça são os problemas dos velhos. Viver muito parece ser sempre uma boa ideia, e ninguém imagina o que são o reumático, a artrose, os diabetes e todas essas maleitas. Só quando olho para os meus filhos, e penso como estão a ficar grandes, sinto o que provavelmente os meus pais sentiram quando viram o mesmo. Para nós não era nada.
Para nós os pais eram como os generais do quartel da vida, que não nos deixavam fazer disparates, e nos davam conselhos que não pedíamos. Quando me lembro do tempo em que era um puto que esfolava os joelhos quando jogava à bola (arrancar as crostas era sempre uma delícia) e penso que não foi assim há tanto tempo, sinto que daqui a uns vinte anos ainda vai parecer que foi ontem que tinha trinta-e-tal.
Os derrames nas pernas que já não saem, aquele cansaço a subir escadas ou a trazer os sacos das compras, os cabelos brancos (que são a melhor parte), aquelas frases feitas que tanto se ouvem do tipo “já não tenho 20 anos”, ou a queca (no máximo duas, e não é todos os dias) que se dá quando aos 20 se davam umas cinco ou seis. O mais patético são as convicções que se vão adquirindo à medida que se vai ficando velho.
Primeiro exige-se que os novos “nos respeitem”, não que tenhamos feito qualquer coisa por eles, mas simplesmente porque sim. Porque somos velhos, porque trabalhámos, porque somos mais sábios. Nem por isso. Depois a fé. Quanto mais velhos vamos ficamos mais vamos acreditando na vida para além da morte, como se os 70 ou 80 anos que nada são quando comparados com o tempo cósmico que passamos nesta Terra tivessem feito uma grande diferença, e merecemos algum tipo de prémio, ou consolação.
Como bom agnóstico que sou, não tenho qualquer expectativa ou anseio para depois de fechar os olhos pela última vez. São conceitos imensos estes, do Céu ou do Inferno, ou pior ainda, da reencarnação. Apesar de não ser grande coisa, até acho que a carcaça que ocupo agora é bastante fofa e gira, e não me consigo imaginar noutra qualquer. Não me interessa muito o que acontece depois de morrer, basta que morra satisfeito. A forma não interessa. Só não gostava de morrer queimado ou comido. Na minha lápide – se ainda houver espaço – quero que se leia “Comeu e bebeu bem”.
Mas é preciso encarar a velhice com graça, envelhecer graciosamente. Mal posso esperar para usar aquelas roupas fantásticas que os velhos usam. Os casacos de xadrez, os cachecóis, os lenços castiços. Quero irritar as pessoas fingindo que sou surdo, acenar a bengala aos mais novos que correm à minha frente, ir aos bailes e engatar as velhotas viúvas em busca de algum sexo geriártrico. E depois vêm os outros, o mesmo triste fado, a mesma coisa. E o que são 70 anos? Nada.
8 comentários:
Ei Leocardo... diga lá outra vez.
5 ou 6 quecas por dia?... Porra, deixa-me fugir!
Foi assim, foi. Belos tempos ;) Um abraço...inocente.
5 ou 6? Pois é, também eu!
Eu sou como o Leocardo... um grande mentiroso.
Leocardo não exagere no Viagra.
Bem sei que os ares do Oriente podem ser altamente propícios e também é claro que as meninas do Lisboa fazem crescer água na boca...
Mas francamente 5 ou 6 por dia, só voltas na cama...
as 5 ou 6 quecas "foderam" a posta que até podia ser boa... e eu é que sou o que minto menos!!!
Meus amigos, se não conseguiam dar 5 ou 6 num dia quando tinham 20 anos (pensem bem, não era assim tão difícil), então isso andava muito mal. Deve ser da poluição. Cumprimentos.
Podes crer ó Leocardo eu cheguei as 7 mas se não for da poluição e da bola...Os cotasquando eram chavalos ja estavam agarrados a bola e não praticavam os outros prazeres....
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