Eis o Windsor Arch, os dez blocos de 47 andares que estarão acabados em 2011, ali na Taipa pequena. Depois do Venetian e do primeiro hotel de seis estrelas, era natural que aparecesse um projecto assim: habitação de luxo para malta com massa, muita massa, rios de massa. Apesar de estar ainda em fase de construção, o Windsor Arch já começa a gerar uma enorme controvérsia. Com que então, 47 andares. Na Taipa pequena. Em frente a outros prédios de habitação com vista para o Rio das Pérolas. Daí que foi criada a "Comissão de Moradores Contra a Violação da Altimetria Permitida por Lei pelo Empreendimento Winsor Arch". Alvíssaras a quem conseguir decorar o nome desta comissão. A Empresa de Desenvolvimento Predial Vitória, responsável pela construção do Windsor Arch, repudia estas acusações, e deixou saber isso mesmo através de uma nota publicada na imprensa de ontem. Lança farpas e desafia os críticos (sem mencionar nomes) a explicar alguns outros empreendimentos feitos em Macau. Ou seja, não faz mal fazer mal, desde que já alguém o tenha feito antes. É complicado? Não, é muito simples.
Está portanto aberta uma guerra. Mas esperem aí, guerra? Nada disso. Aposto mesmo que o projecto do Windsor Arch vai para a frente, e sem espinhas. Brincam? Sabem quantos milhares de milhões ali estão? Quando a Empresa de Desenvolvimento Predial Vitória acusa a tal comissão de "não servir os interesses da população de Macau" com os seus "apelos demagógicos", só podem estar mesmo a brincar. Quem, da tal população de Macau, vai comprar apartamentos no Windsor Arch? E quanto vai custar cada fracção? 20 milhões? E não julguem que este vosso servo não gostava de poder adquirir ali uma moradia. Pensam que sou parvo? Sempre sonhei ter uma sala de estar que se pudesse converter em campo de futebol para brincar com os miúdos, ou uma casa onde jogar às escondidas. Limpar aquilo tudo é que deve ser uma grande chatice. Por enquanto tenho que me contentar com os míseros 60 metros quadrados, que, no fim de contas, sempre são meus e só meus.
É pois, está tudo legal. "Legal, cara", como dizem os brasileiros. Aliás hoje em dia nas OP só pode estar mesmo tudo legal, caso contrário sempre são 27 anos, que dá para contar os cabelos todos da cabeça e da barba não sei quantas vezes, e até elaborar gráficos sobre o assunto. Como "legal" nada tem a ver com moral ou estético, até gostava de sugerir aqui alguns projectos que podiam muito bem "servir os interesses da população de Macau". Ou melhor, servir
alguns interesses de Macau. Tudo para bem da nossa economia, e para que possamos usufruír de cinco mil pataquinhas anuais vindas do nada. A saber:
PENHA'S: Um casino na Ermida da Penha. Nem mais. Aquela zona anda meio deprimida e recebe alguns visitantes mais corajosos que se atrevem a subir aquilo tudo.
Slots com manivelas em forma de crucifixo, e
croupiers vestidos de frades e freiras.
SILO DE S. PAULO: Já repararam como anda tão desaproveitada aquela escadaria que dá acesso às Ruínas de S. Paulo? Podiam facilmente deitar aquilo tudo abaixo, construír um silo automóvel, resolver alguns problemas de estacionamento perto do centro da cidade, e uma escada rolante que desse acesso ao...
ST. PAUL'S: Ali por trás da fachada das ruínas, um complexo comercial onde se podiam encontrar lojas da Triumph, Prada ou Sasa (mais uma...). Chega de fachada, vamos directos ao assunto.
LIGHTHOUSE HOTEL: Basta de sentimentalismos, como disse há tempos aquele gajo presidente da associação de arquitectos. O
Lighthouse Hotel não fica em frente nem atrás do Farol da Guia. Fica
em vez do Farol da Guia, e até se pode fazer como no Edifício BNU: manter o farol e construír o hotel por cima.
ATERRO TOUR: Já que existe o Grande Prémio de Macau, no circuito citadino a Guia, que tal uma volta a Macau em bicicleta? Para tal aterrava-se a baía da Praia Grande até à Taipa, e fazia-se um circuito que no fim, até podia servir para o campeonato mundial de Super GT.
E são apenas algumas ideias, certamente que há já quem tenha pensado em coisas muito mais loucas. Afinal os nossos empresários são mesmo muito empreendedores.
10 comentários:
esqueceste de falar no metro "pesado" de superficie.
esse tb vai mesmo pra frente nem que chovam picaretas, ter massa e carris e estacoes de betao por cima da nossa cabeca mais o fumo, calor e humidade, vai ser a desgraca total. Nao existe ninguem q trave estas cavalgaduras dos GDIII's sem experiencia e governantes sem conhecimentos?!!
bangkok tem vias mais largas (imagens), imagina como macau vai ficar bonito, tudo apertadinho, sem arvores e espacos livres. áh e faltam as estacoes 60x35 metros :)
http://lh6.ggpht.com/_Lu1EAXXp3aw/RgH9sDUcg6I/AAAAAAAABBQ/DtzsFrA4mjk/IMGP2770.JPG
http://farm2.static.flickr.com/1308/1238379938_f57259d657.jpg?v=0
http://www.davestravelcorner.com/articles/bangkok/photos/Bangkok-traffic.jpg
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/62/Skytrain2.jpg
Grande "posta", leocardo!
boa ideia, o Penha's !!! abre quando ?
E um Red Light District dividido por nacionalidades? Uma rua para as russas, outra para as vietnamitas, outra para as mongóis e por aí adiante. Uma espécie de doca dos pescadores versão doca das meninas. Até podia ter uma arquitectura temática por país. E, no meio, uma discoteca para a malta conviver.
Isso é que é inspiração!
Queres conviver comigo, Maria ;-)?
É o regresso do Leocardo à sua grande forma!
Hmm, já tinha visto um "sketch" semelhante em qualquer lado...
Concordo com o que o primeiro anónimo disse. Caro Leocardo, julgo ser oportuno relançar o tema do metro.
A meu ver, a opção de se fazer um metro "aéreo" é o atentado urbanistico que maior impacto terá na fisionomia de Macau, e que mais irá afectar a qualidade de vida da população... E falo-á de forma negativa, pois, como disse, e bem, o anónimo, a poluição, a poeira, os gazes, a claustrofobia e mesmo a imposição arquitectónica que a estrutura terá em determinados espaços da cidade (imaginem só como ficará a rua do colégio militar, ou a frente do Palácio, ou mesmo o jardim requalificado em frente ao antigo tribunal) serão a contrapartida desta tentativa de "solucionar" o problema do transito. E esta opção foi escolhida pelo custo, o que é, quando se fala de uma estrutura que se quer para longo prazo, e numa terra onde não falta dinheiro, um argumento absurdo e inacreditavel. É evidente que se deveria mapostar num metro subterraneo.
E não me digam que é tecnicamente impossivel de seguir esse caminho, porque conceituados arquitectos do território (como Carlos Couto), defendem esta opção...
"Fa-lo-á", Santo Deus! "Falo-á" não existe, além de ser parecido com mangalho!
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