Em Macau pode escolher

Ontem foi dia de Portugal-Alemanha, e depois do jantar fui dormir algumas horas, que isto já não é o que era, e hoje era dia de trabalho. Acordei pouco depois da meia-noite, e sabendo que a TDM ia apresentar o jurássico "A Aldeia da Roupa Branca", resolvi sair a pé e comprar uma canja naquele vendedor ambulante junto ao Edifício BCM.

Quando passo pelo Largo do Senado, não é para meu espanto que vejo este rapaz filipino na imagem (e peço desde já desculpa pela qualidade da fotografia, tirada com telemóvel) a trocar trompete (!) mesmo em frente da leitaria. Era uma da manhã. Quase me deu vontade de dar razão aos moradores da Av. Almeida Ribeiro que se queixam dos "imigrantes do Sudeste Asiático" que ali "sujam e fazem barulho". E quase porquê? Porque um caso de polícia é um caso de polícia, independente da nacionalidade do infractor. Se o barulho do instrumento incomoda os moradores, têm não só o direito mas também o dever de chamar as autoridades.

Adiante. Fiquei estupefacto com a quantidade de travestis, aparentemente filipinos, que se prostitui na rua áquela hora, mesmo junta da Escola Portuguesa. Não contei nem contactei, mas devem ser dezenas deles. Um olhar mais atento dá para perceber que "atacam" desde junto da EPM até ao Hotel Lisboa. Perguntei hoje ao meu amigo filipino R. "what's the deal with the ladyboys", ao que ele, depois de uma risada, explicou que chegam das Filipinas em grupos, alugam apartamentos na zona norte da cidade e angariam a clientela ali perto do casino. Há gostos para tudo, aparentemente.

Sem dúvida que Macau começa a ficar cada vez mais parecida com Las Vegas. Não sei se felizmente, se infelizmente, mas da variedade da fruta o freguês não se pode queixar. Desde espectáculos musicais nocturnos ao ar livre até prostitutas de pila. Será que este afluxo de "ladyboys" tem alguma coisa a ver com a cada vez maior presença dos nossos amigos americanos?