quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Advogados do Diabo


Decorreu ontem o julgamento daquele artista que agrediu um árbitro auxliar no desafio entre o Benfica e o FC Porto a contar para a 3º jornada da Liga Sagres (já me apetecia uma, por acaso). O meliante, de nome Carlos Santos, é um conhecido adepto do Benfica (tipo o Barbas), só que como imagem de marca é completamento calvo e usa uma longa barba branca. Naquele dia sentiu-se possuído pelas vestimentas de diabo (com chifres e tudo), entrou no campo e agrediu José Ramalho, porque não tinha gostado que o árbitro não tivesse assinalado alguns fora-de-jogo do ataque portista e quis chamar-lhe a atenção para esse facto, contou ao Tribunal de Pequena Instância Criminal de Lisboa. "Foi um flash que me passou", confessou Carlos Santos ao Expresso, que segundo as testemunhas "é um bom rapaz". Uma das testemunhas contou que a mulher e os filhos do arguido ficaram sem lhe falar duas semanas após o incidente. Eu se fosse filho do Carlos Santos não lhe falava a vida toda.

O árbitro auxiliar José Ramalho foi "surpreendido" pela agressão. Durante o julgamento, a violência do ataque foi questionada pelo juíz: "Mas foi um calduço ou um cachaço?". Na segunda-feira a seguir, Ramalho foi analisado no Instituto de Medicina Legal, onde lhe diagnosticaram um traumatismo cervical. Ficou sem trabalhar cinco dias. O seu filho de cinco anos, que assistia ao jogo pela televisão, chorou, e vociferava entre baba e ranho "porque ninguém ajuda o meu pai?". Já consigo imaginar Artur Albarran a relatar o caso: "o horror...o drama...o cachaço". As mazelas psicológicas foram piores. Ramalho continua a ser ameaçado e enxovalhado na rua, tem pesadelos à noite (?!) e está a ser acompanhado por uma psicóloga. Nunca mais teve coragem de apitar jogos em Portugal (ou no estrangeiro, para esse efeito) e tem ataques de pânico quando vê relva ou diabos (esta fui eu que inventei agora). Prevê-se que fique em casa com a cabeça escondida entre os lençois durante este Halloween, e no próximo Carnaval.

Assim vai a justiça portuguesa. Julgamentos absolutamente embaraçosos para vítimas, testemunhas e magistrados, dignos dos palhaços Croquete e Batatinha. A sentença será proferida na próxima quinta-feira. O país vai certamente parar para assistir às tigelas de caldo verde cheínhas de justiça que os srs. drs. juízes vão distribuír. Já agora, pode visionar aqui o vídeo da agressão (que seria mais que suficiente para evitar um processo tão complicado e punir o infractor), em que se percebe também a gravidade da mesma que causou um "traumatismo cervical" ao sr. árbitro assistente. Curiosamente dos responsáveis da segurança no Estádio da Luz nesse dia, que deviam ter evitado que tudo isto acontecesse, nada se sabe.

5 comentários:

Francis disse...

É Portugal carago.

Eu se tivesse um pai que fizesse aquelas figuras também não lhe falava.

Anónimo disse...

Traumatismo cervical ficou 5 dias sem trabalhar, toda a gente viu que o lampião só lhe apertou o pescoço, anedótico.
Cambada de parasitas

Anónimo disse...

mas é claro que o leo nao fala daquilo que os morcões fizeram ao carro do rodriguez.

nao é que eu ache muito mal, pois os traidores tem sempre aquilo que merecem.

Leocardo disse...

A notícia do Expresso não é sobre o carro do Rodríguez. E a posta é sobre o julgamento e os factos. Onde me vê a chamar o que seja aos adeptos deste ou daquele clube?

Anónimo disse...

Este passou-se uma vez e deu um cachaço no fiscal de linha, tem direito a julgamento mediático e tudo. Há milhares de membros de claques que já fizeram coisas bem piores repetidíssimas vezes e nunca sentaram o cu num tribunal nem foram tocados por nenhum polícia. Mas isto não passa de um "fait divers" no meio do grande circo da justiça em Portugal. Há bem pior: por exemplo o casal que adoptou uma filha rejeitada pelo pai biológico e agora são constantemente perseguidos pelo bem que fizeram. Por outro lado, há uma assassina que matou a filha e agora quem anda a ser julgado são os 5 agentes da PJ que ela acusou de a agredirem, para ver se agora se safa dizendo que foi obrigada a confessar o crime sob tortura. Isto são só apenas pequenos exemplos da palhaçada da justiça à portuguesa.