...mas mais "colocar". Sim, ele e o seu amigo e companheiro de armas Alin Lam entraram pelo Hotel Estoril adentro e colocaram ali aquela chinesice, vindo a ser posteriormente acusados de "intrusão em lugar vedado ao público" e "dano". Bem, isto tem que se lhe diga; primeiro, este lugar está "abandonado" e "condenado", que não é o mesmo que "vedado", e podem confirmar isso mesmo, se forem consultar o dicionário. O Scott Chiang alega que "algumas pessoas vão ali dar comida aos gatos". É mesmo? Ou será que aqui "dar comida aos gatos" é uma metáfora para "chutar para a veia"? É que desde que o Hotel Estoril encerrou, e se não estou em erro foi Abril de 2003 (e não estou: fui confirmar, eh eh) que o local tem sido frequentado por indivíduos que recorrem a utensílios de cozinha sem serem cozinheiros, e equipamento médico, quando são tudo menos médicos, deixando ali as provas mesmo à mão de semear. Ainda me recordo das manhãs em que levava aquele outro gajo que mora aqui na minha casa² ao Jardim de Infância D. José da Costa Nunes, e caminhava pela Av. Sidónio Pais até à Rua do Campo via Mercado da Mitra, e não raras vezes deparava com um desses indivíduos a curtir o "rock" psicadélico que só eles conseguem ouvir. Se calhar aos olhos das autoridades esses são "cidadãos exemplares", ao contrário do Scott Chiang, que tem aquela aparência repulsiva, de quem se lava, comunica de forma inteligível e pensa antes de falar - um perigo para as viúvas e orfãos, senhores! Quanto à outra acusação...
...duvido que quaisquer danos sejam identificáveis, perante este cenário que aqui apresento: o tardoz do Hotel Estoril. Quer dizer, nem os poucos minutos que lá permaneceram davam para esfrangalhar a varanda de onde penduraram a tarja com a chinesice - e que esfrangalhada está, aquela varanda! - quanto mais para deixar o um azulejo que fosse naquele estado que a imagem reporta. Quais "danos", afinal?
Danos morais, quiçá? O que está escrito naquela tarja, afinal? Qualquer coisa como "Francis Tam assassino de Património" - isto segundo noticiou o Hoje Macau no dia seguinte (só pode ser verdade, portanto). O quê??? Querem ver que estão a produzir uma acusação fraudulenta contra o Secretário para os Assuntos Sociais e Culturas, sugerindo que cometeu homicídio, e que a vítima...
Ufa, não - e que alívio! O lendário capitão e actual treinador da equipa de basquetebol filipina do Purefoods continua para as curvas, apesar dos seus quase 50 anos, portanto não, nada disso. Talvez o "timing", sei lá, e ao Scott deu-lhe para pendurar a tarja exactamente na altura em que Francis Tam ia presidir à abertura do Encontro dos Mestres de Wushu - quem não sabe o que isso é, não se preocupe, que não está a perder nada - na Praça do Tap Seac, mesmo em frente ao (mal)dito Hotel. Ora bolas, então isso faz-se, meninos? Vê-se que Scott Chiang ainda está muito "verde" nestas andanças, pois devia ter alegado que "não sabia" que Alexis Tam ia lá estar àquela hora, ou melhor, perguntava "quem é Alexis Tam?". Em Macau isto resulta muitas vezes, acreditem!
Depois de tudo isto, Alexis Tam desvalorizou o incidente, diz "que não viu a tarja", e ainda se ficou a saber através de uma fonte próxima que considerava a mensagem na tarja "incorrecta", pois o Hotel Estoril "não é património". Afinal é ou não é, pá? Querem lá ver que nunca mais vamos almoçar, enquanto aquele exemplo acabado de desprezo pelo urbanismo do território não vai abaixo, ou quê? Vamos lá então recapitular.
Se forem ler este documento elaborado pelo Instituto Cultural (em formato .pdf, não vão os mais incautos abrir o link com o smartphone e levarem com um "download" imprevisto) com vista à classificação do Hotel Estoril, e ao qual eu dou o subtítulo "Deitem abaixo aquela m..., e já!", vão encontrar lá isto:
O edifício do antigo Hotel Estoril foi projectado e construído pelo Governo em 1952 como construção pública, constituída apenas por rés-do-chão, que compreendia um restaurante e salão de dança, destinada a lazer e entretenimento do público.E mais à frente, isto:
Por falta de terreno adequado e de tempo, a STDM foi autorizada a abrir temporariamente um casino, denominado Estoril, nesta construção pública, o qual foi inaugurado no dia 1 de Janeiro de 1962.Confesso: assinalei as partes a negrito onde se lê que o Hotel Estoril é um lugar público, destinado ao público. E porque fui eu fazer tal coisa? Nem eu próprio sei, pois com toda a certeza que ninguém me explica no que consiste a tal acusação fundamentada no pressuposto de que o local é vedado ao público - até o próprio IC diz que é público, com a breca!
Já se sabe que Scott Chiang, que é um vivaço e demonstra nestas situações uma atitude confrontatória e destemida, é um "habitué" destes jogos do gato e do rato com as autoridades, e sobre ele pendem outras acusações de bradar aos céus. E porque me queixo eu? Porque não? Devia estar contente por ser com ele e não comigo? A lei é igual para todos, ou no fundo a letras miudinhas está escrito "...menos para o Scott Chiang"? Tudo bem, a gente entende o porquê do porquê deste estado de coisas, e pode ser quem ache que esta tropa fandanga até se insere no contexto mais alargado de "harmonia", e "manutenção da paz social", e não sei quê, mas até quando? Até "embirrarem" connosco, e a partir daí "que se lixe" o estado de Direito? Mas para terminar, voltemos à questão do Hotel Estoril propriamente dita.
No tal documento onde se fica a saber que o Hotel Estoril "não interessa", que "é falso" que o primeiro casino licenciado de Macau tenha ali funcionado, e que a única coisa boa que tem é "não tapar a Colina da Guia", há ainda este pormenor:
Após a abertura do hotel, a STDM contratou, em 1964, o arquitecto italiano Oseo Acconci para edificar um mural no centro da fachada do edifício.E só isto, bem ilustrativo da pouca vontade de se abordar este detalhe, que não é assim tão pequeno quanto isso. Este arquitecto italiano deixou descendência em Macau, certo? São até uma família assaz conhecida, não são? Alguns de nós já lá foi aos Tagliatellis, aos Linguinis, Profi Teroles e afins, correcto? E então, não são tidos nem achados no que toca a uma obra da autoria do seu decano? E essa obra, não vale um centavo, contagiada que foi pela decadência do resto da estrutura, onde inclusivamente o casino encerrou em 1975 para dar local a uma pecaminosa sauna, como consta da análise do IC? E que análise mesmo nada tendenciosa, aquela ³, que vai ao ponto de mencionar que a piscina municipal situada na traseira do Hotel é muito jeitosa, sim senhor, foi a primeira infra-estrutura pública do género no território, tem as medidas olímpicas, mas o design "não é nada de especial", e para além do mais "foi significativamente alterado" da sua concepção original devido a "exigências de modernização". Será que não era mais fácil mandarem ali um "bulldozer" e deitar aquilo abaixo, nos que nos amaciarem com parvoíces, e inventar pretextos pífios?
Isto do Hotel Estoril já fez correr muita tinta, e não dá para outra coisa senão desconfiar das reais intenções de sabe-se lá quem quanto ao que fazer com o espaço. Já esteve para ser um local cheio de cultura pró povo, depois já não, e a seguir foi para "recolha da opinião pública", e até deu para Siza Vieira, o mais prestigiado arquitecto português, fazer figura triste, dando o dito por não dito em relação ao valor patrimonial do imóvel, acabando por não pegar no projecto, depois de lhe ter sido endereçado o convite. Entretanto o tempo passa, e quem se parece realmente interessar com o fim que o Hotel Estoril terá após esta morte lenta, é detido, presente ao Ministério Público, e obrigado a apresentar-se às autoridades uma vez por mês, como um vulgar criminoso. Até parece que foi o Scott Chiang mais o seu compincha que plantaram ali o Hotel, provocaram a sua ruína, e agora andam a "empatar" a solução. E já vos disse que Scott Chiang e Alin Lam são membros fundadores de uma associação que se dedica à protecção do património de Macau, vai para anos? Outro "pormenor", se calhar...
² O meu filho. Sim, afinal aquelas criaturas crescem e ficam quase iguais a nós!
³ Sarcasmo. Nota-se muito?
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