quarta-feira, 20 de abril de 2011

4+3=7, as contas da realpolitik em Macau


O Chefe do Executivo foi hoje à Assembleia Legislativa anunciar mais um cheque para a população, desta vez de três mil patacas. Três mil rufas completamente de graça para cada um que tenha residência permanente em Macau, o que significa que para um agregado familiar de cinco pessoas, são quinze mil patacas que entram na conta bancária vindos do nada.

Chui Sai On acalmou as hostes em vésperas de mais 1 de Maio, que este ano se adivinha problemático. O CE regressou à AL três semanas depois de ter anunciado um pacote de medidas que são nitidamente insuficientes para fazer face directamente ao problema da inflação. Nem toda a gente gasta mais porque tem mais para gastar, mas também porque as coisas estão realmente mais caras. Uma nota de quinhentos paus mal serve para encher dois sacos de compras de coisas banais como comida, leite, fruta, queijo, pão, bebidas não-álcoolicas (como foi muito bem referido pelo próprio CE). Isto porque estamos dependentes das importações da China, o yuan está alto, as coisas ficam mais caras.

Quanto a isto, meus amigos, não há medidas a médio ou longo prazo que nos valham. Está bem que o Governo continue a subsidiar os idosos, os estudantes, os desempregados, os cuidados de saúde (cujos problemas passam por outros que não apenas o acesso gratuito), tudo isso. Só que nem todos são estudantes, idosos ou estão doentes, e isto são problemas distantes para muitos. Custa muito mais quando chega à hora de encher a barriga e ficar a fazer contas. Por falar em contas, já ouvi as habituais críticas à medida do CE, e a dar sugestões do que devia ser feito com mais estes mil e tal milhões que vão ser distribuídos, todos génios de pacotilha. Alguns deles mal sabem gerir dez mil patacas, quanto mais mil milhões.

Mas contas bem feitas, com os quatro mil do início do ano e mais estes três mil acabamos com um total de sete mil patacas da tal comparticipação pecuniária, a maior desde que a iniciativa foi inaugurada por Edmund Ho em 2008. Acabamos por receber mais mil patacas (mais câmbio menos câmbio) que a malta de Hong Kong, cujo Executivo já deve ter levado as mãos à cabeça com mais esta medida da malta da RAEM.

Se existiu chantagem por parte das associações de operários e quejandos, sinceramente não sei, mas uma destas associações entrengou ontem no Palácio do Governo uma petição em que pedia “medidas urgentes” contra a inflação, senão... Este "senão", aliado à proximidade do Dia do Trabalhador, pode ser entendido como uma forma de pressão sobre o Executivo, que quer evitar estabilidade, e manter a tal de "harmonia". Os manifestantes profissionais estarão lá, certamente, mas este cheque é um autêntico dedo enfiado no dique da contestação. Vamos ver quantas mãos terá o Executivo para tantos dedos que serão ainda precisos no futuro.

5 comentários:

Anónimo disse...

O meu amigo é sócio de uma empresa que dá dinheiro. Só tem que aplaudir o cheque. O povo agradece.

AA

Anónimo disse...

Vai haver a altura em que resolver as coisas com dinheiro não vai chegar...

Anónimo disse...

Quando o dinheiro não chegar, é porrada para cima deles, como na China. Não há outra maneira.

Anónimo disse...

Não percebo esta gente,se dão cheques criticam,se não dão cheques criticam.Se fosse eu o chefe de executivo mandava todos a merda.

Anónimo disse...

É a democracia entranhada nos cornos. Têm de criticar sempre tudo, porque assim é mais democrático.