quarta-feira, 5 de novembro de 2014

O homem da broca (e dos sete instrumentos)



O empresário da construção civil Liu Chak Wan tem sido notícia nos últimos dois dias por uma série de motivos, digamos, assaz infelizes. O dono da empresa Tin Wai arrematou em hasta publica um lote de terreno situado na zona do Patane por 1400 milhões de patacas depois de um diferendo, ou melhor, vários diferendos com o Governo por causa de mil e uma parvoíces, entre a democção das máquinas, a mudança do plano urbanístico, exigindo que se eliminasse um arruamento, e até a limpeza do lixo, anunciou ontem que vai finalmente construir blocos habitacionais com 90 metros de altura, o que equivale a qualquer coisa como 50 andares. Uau! Isto é, como se diz na minha terra, "foda da grossa". E qual é a finalidade de tamanho colosso, que se elevara qual falo erecto e prepotente ali no triângulo não das Bermudas, mas das Lamúrias, entre o Fai Chi Kei, o Lam Mau e o Patane? Habitação pública? Dava jeito...atendendo ao preço que está o metro quadrado, longe do alcance das bolsas mais modestas, que serão todas menos a dos espertalhões cá do burgo mais as suas odaliscas e odaliscos. Imaginem que o cavalheiro até cometeu o desplante de vir dizer que o Executivo devia "reconsiderar se é mesmo necessário construir mais habitação pública" - lá é isso é coisa que dê dinheiro a alguém, ou melhor dizendo, a ele e aos seus "pangyaos"? Isto é o que se chama "sinceridade" senhoras e senhores. Podia ter reduzido o sermão a duas simples palavrinhas: "estao f...dos" que a gente entendia na mesma, só que em vez disso preferiu gabar-se da sua "capacidade de penetração", que atinge os 150 metros de profundidade. Bolas, bolas, bolas! Quantas úlceras estomacais e gargantas inflamadas provocam uma broca desta envergadura?



Aí está o arquivo do Bairro do Oriente em acção, e vejam só como a notícia é de 10 de Janeiro de 2008, quase tão antiga quanto este bloque, que arrancou 41 dias antes. Mas há mais: no Hoje Macau, em Agosto de 2012, o patrão da Tin Wai queixava-se que ainda não lhe tinham sido entregues os terrenos, coitado, que os adquiriu com o suor do seu rosto. Lá um ano depois (talvez cansados de o aturar) lá lhe entregaram o chupa-chupa, que os milhares de milhões não caem do céu. de nada adiantou que a revista Macau Business denunciasse a marosca. Sim, porque o tipo está em todas, e até à pedreira de Coloane queria deitar as unhas, em inícios de 2012. Epá mas este tipo não tem qualquer espécie de escrúpulos de ordem alguma, e em muitos países teria que responder pela justiça, pendurado por uma orelha. Mas esperem lá...afinal este não é uma "toupeira" que anda por aí a atrapalhar o bem social. É delegado de Macau à Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, e ainda membro do Conselho Executivo, sempre em contacto com o continente, além de curador da Fundação Macau como presidente da MUST - Universidade de Ciência e Tecnologia, "chairman" da Trasnmac, cônsul-honorário da República da Estónia em Macau (um passaporte diplomático dá sempre jeito) e em 2006 foi apontado director não-executido da sucursal do Banco da América em Macau. Impressionante!



É isso mesmo, tudo isso, o homem farta-se de trabalhar! E têm dúvidas? Olhem que bem que se expressa em Mandarim. E o que faz a massa crítica? Nada. Entretém-se a brincar com a pilinha, que com "vergas" destas o melhor mesmo é ficar a rir feito um patetinha, como quem diz: "sou um espertalhão e sei de tudo isto, mas tenho o cu encolhido e ui, ui, medo, medo, portanto encolho os ombros e dou uma risadinha tonta, de espertalhão das dúzias". Entendo,entendo muito bem. É que se vocês chateiam o tipo, ele ainda vai fazer queixinhas ao tio, e três horas depois, quando este entender o que ele disse, 'tão tramados, ó pázinhos. Portanto aguentem aí com a broca do "man", que aquilo no início até aleija um bocadinho, mas depois habituam-se. Como é que se diz? Kkkkkk... Ah, isso deve querer dizer qualquer coisa, não é. Não trouxe foi o meu dicionário de grunhês. Eu dia eu ensino-vos como se faz uma coisa séria, que as pessoas entendam. Agora não tenho paciência para pedantes.

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