domingo, 23 de março de 2008

Um pouco de civismo?


Agora que se procura uma panaceia para resolver os problemas de trânsito e da crescente procura dos transportes públicos, cuja ditadura das duas únicas companhias operadoras levou a uma situação de desespero em que se torna comum ver os cidadãos apinhados nos autocarros quais sardinhas em lata, proponho também que se proceda à reeducação dos cidadãos, motorizados e outros. E não estivessemos na China – como tanta gente gosta de lembrar – quiçá a tal reeducação passasse por uns “campos”, à moda antiga. A saber:

- Ensinar os cidadãos a respeitar a lei que concede aos passageiros inválidos, idosos, grávidas ou com crianças ao colo lugares sentados nos transportes públicos. Não se trata de nenhum acto de cortesia ou de cavalheirismo, mas de um regulamento, a que cabe também ao sr. motorista garantir que se cumpre.

- E por falar o motorista, o seu trabalho não se cinge a conduzir o autocarro ao seu destino e a horas. É também responsável pela segurança dos passageiros e tem o dever de não deixar a lotação de pé ser ultrapassada, ao ponto de chegarem a haver passageiros espremidos contra as portas.

- Investir em campanhas de sensibilização para que se respeite as passadeiras de peões. Proponho que a zebra, esse simpatico equídeo, sirva de símbolo dessa campanha. Zebras por todo o lado, zebras em cartazes, de dedo em riste, lembrando os srs. automobilistas que aquelas riscas no meio da estrada querem dizer qualquer coisa, e não foram postas ali ao acaso por um qualquer pintor de estradas louco.

- Parar com as “discotecas itinerantes” que por aí andam. Todos sabemos quem eles são: indivíduos cheios de “pinta”, em carros do tipo desportivo ou adaptado para que assim se pareça, com um gosto musical de bradar aos céus mas que mesmo assim fazem questão de partilhar com todo o mundo, colocando o som ao máximo, e deixando a janela aberta, não vá alguém a seis quarteirões de distância não se aperceber da qualidade musical que para ali vai.

- Acabar com a praga dos telemóveis de uma vez por todas; são os automobilistas que conduzem com uma mão enquanto tagarelam como se estivessem nos carrinhos de choque, os motociclistas que param no meio da ponte para atender aquela porcaria e os peões que vão pelas ruas a ler e a mandar mensagens indiferentes aos encontrões e às cabeçadas que arriscam a levar.

E sabe-se lá que outros vícios se podem enumerar, até porque vem aí o metro ligeiro, mais uma forma do povão demonstrar o seu lado selvagem. Não é preciso chamar um génio ou um perito em tráfego para que se perceba que um pouco de civismo resolve muitos problemas. Não adianta que se lancem mais táxis, mais autocarros ou metros. E se não houver FISCALIZAÇÃO não vale a pena fazer mais leis. Importa que se cumpram as que existem.

8 comentários:

C disse...

...problemas de desculturização ou mesmo de contra-cultura. Para quando o regresso da China sofisticada e refinada em termos de cultura e tradições?

Guimaraes disse...

Quando cheguei a Macau, e Hong Kong, em 1991, uma das coisas que me chocaram foi a total inexistência de filas para os transportes - assistia-se a verdadeiros esmagamentos nas portas de entrada - e a falta de respeito pelas "zebras, bem como pelos restantes passantes nos passeios. Parecia que os "kwai lous" eram transparentes!
Quando deixei Macau em 1997, já ia havendo filas para os transportes, mas quanto a respeito pelas passadeiras.....

Leocardo disse...

Ainda não há filas para os transportes e ainda não se respeitam as passadeiras.

Anónimo disse...

e todos os fumadores automobilistas que nao querem sujar os cinzeiros do carro e enquanto conduzem vao deitando janela fora as cinzas e beatas pra quem vem atras, infelizmente acho qua nao existe regulamentos pra isso...(em todo o caso uma bastonada pra lhes partir o braco resolvia)

Anónimo disse...

Eu bem sei o que isso é!
Ai, aqueles tempos em que eu andava na EPM (leia-se Escola Portuguesa de Macau) e que logo após as aulas ia a correr até à paragem mais próxima à espera do autocarro número 11, o único que ia à Taipa sem dar grandes voltas. O que mais me incomodava nao era o facto de o pessoal nao formar filas, mas sim o facto de os motoristas permitirem "encher" os autocarros quando estavam MAIS QUE SOBRELOTADOS! Houve alturas em que me apetecia desmaiar, até porque centenas de sardinhas numa só pequena lata provoca um cheiro insuportável.
Por isso, algumas vezes optava por ir de táxi para casa, mesmo que isso implicasse gastar mais dinheiro. "Belos" tempos...

Anónimo disse...

Belos tempos em que se conseguia apanhar taxi.

Anónimo disse...

Os taxistas de hoje ESCOLHEM os clientes...

Anónimo disse...

Belos tempos os da crise asiática em que bastava levantar um dedo e apareciam três ou quatro táxis.