terça-feira, 20 de março de 2012

Vai haver sangue (verde)


A minha ausência prolongada da blogosfera quase coincidiu com o início das operações da companhia de autocarros francesa Reolian, que se tornou a partir de 1 de Agosto de 2011 a terceira concessionária de transportes públicos do território. Ao contrário da suas concorrentes mais experientes TCM e Transmac, a Reolian tem tido sérios problemas em se adaptar ao mercado, e têm-se sucedido vários acidentes, alguns deles inéditos no território, e que fazem mesmo temer pela segurança da população.

O mais grave deu-se no último dia 5 de Março, quando um motorista dos autocarros verdes arrancou antes que uma idosa pudesse descer do veículo, o que causou o atropelamento pelas rodas traseiras e lhe custou a amputação das duas pernas. Um caso de negligência criminosa, que custou ao tal motorista a suspensão. E agora pergunto eu: só suspensão? Fosse eu familiar da vítima e exigia a prisão deste criminoso.

A semana passada li na coluna de opinião daquele/a individuo/a que assina nas páginas do Hoje Macau pelo pseudónimo de Pu Yi (aparentemente o gato da redacção do jornal) qualquer coisa sobre "os sentimentos do motorista". No dia seguinte ao acidente, a nora da vítima ligou ao programa "Ou Mun Kwong Cheong" (Praça de Macau) do canal chinês da Rádio Macau, dizendo que o motorista esteve no hospital, e depois de saber que a idosa "não morreu" virou as costas, mesmo sem pedir desculpa! Quais sentimentos?

A Reolian, essa, desculpou-se, prometeu que não voltava a acontecer, que iam reforçar a segurança e trinta por uma linha. O Governo, demasiado passivo, repreendeu a companhia, sem que no entanto tivesse tomado medidas sérias, como a suspensão do serviço, mesmo que fosse apenas durante o período de averiguação das causas do infeliz acidente. Nem que fosse para garantir a segurança dos passageiros. Sabe-se lá se esta é afinal uma prática comum?

Hoje leio nas páginas de outro diário que a Reolian adoptou "novas medidas de segurança" a título experimental, que passam por fiscalizar a tomada e chegada de passageiros, e a instalação de epuipamentos nos autocarros, tais como um mecanismo que impede que o veículo arranque com as portas abertas. Sim senhor, isto é que é tecnologia. E já agora que tal uma escolta policial? Com duas motas à frente e duas atrás? Penso que a primeira medida passaria por reeducar estes tansos dos motoristas dos autocarros - e refiro-me a todos, não apenas os da Reolian. Ensinar-lhes o mínimo de civismo, pelo menos. Assim:

1) Respeitar as paragens dos autocarros; não é toda a gente que vai "buscar" o autocarro atrás de outros dois ou três que se acumulam nas paragens, e que depois não param na paragem propriamente dita.

2) O autocarro não é um carrossel nem um brinquedo; alguns autocarros são autênticas batedeiras eléctricas, com um tal de trava e arranca que dá a volta ao estômago e permite que se pratique uma nova modalidade: surf de autocarro, com guinadas para a frente e para trás, e não há corrimão que resista.

3) Responder às perguntas dos passageiros com cortesia e clareza, em vez de fazer cara de anormal e ficar calado quando alguém pergunta se tal autocarro passa por tal sítio.

4) Respeitar o limite de passageiros no autocarro, e não permitir que que os passageiros se "enfiem" dentro do veículo sem rei nem roque, mesmo quando alguns já têm a cara esborrachada contra o vidro da porta traseira.

5) E last but not least: APRENDAM A CONDUZIR, C...! São pessoas que vão ali dentro, não gado.

E assim pode ser que tenhamos o serviço de transportes públcos que Macau merece, em vez de andarmos aí a brincar aos autocarros.

3 comentários:

Hugo disse...

A Reolian tem vindo a ser sabotada desde o princípio das suas operações. Por ser estrangeira?

Irene Fernandes Abreu disse...

Talvez porque tenha muitas coisas que não abonem positivamente esta companhia. Eu própria tenho várias razões de queixa, desde os motoristas fazerem "vista grossa", quando estou a chegar em cima da paragem e eles já fecharam a porta, a não pararem nas paragens, mesmo fazendo sinal. Actualmete, ponho-me no meio da rua e faço sinal para me verem bem...
Este tipo de problemas com outra companhia nunca tive!

Anónimo disse...

Quando lhe passarem por cima,diga que é um azar do caralho. Beijinhos!
Antes que me esqueça, para o meu amigo Leozito vai para o caralho monte de merda, aquele abraço