sábado, 15 de outubro de 2016

E olha se fosse em Dezembro...


Ah, que grande "vaca" que teve o Benfica na Medideira, casa do Estoril emprestada ao modesto 1º de Dezembro, colectividade sediada em S. Pedro de Sintra, que milita no Campeonato de Portugal, o terceiro escalão. Os encarnados venceram por 2-1 na partida a contar para a Taça de Portugal, com um golo no minuto "até o Benfica ganhar" dos descontos. E de facto foi mais um daqueles "mistérios", o que envolveu a primeira eliminatória da segunda competição mais importante a nível doméstico do futebol português onde entram as equipas do escalão maior. O árbitro do encontro , um Hélder qualquer-coisa, avisou que ia dar dois minutos de descontos, e depois deu seis. Tudo bem, deu seis, tudo regular, e foi em cima do sexto que o Benfica marcou o golo da vitória, pelo veterano Luisão, que ainda deve estar a tentar cair em si por não estar em Wolverhampton a jogar 90 minutos duas vezes por semana, enquanto amealha uma "reforma dourada". 

Só na segunda parte o Benfica inaugurou o marcador, por Danilo, para 12 minutos depois a equipa da linha empatar na transformação de uma grande penalidade inexistente. E quem rematou a contar? Martim Águas, e o nome não engana: é o filho de Rui Águas e neto de José Águas, duas antigas glórias da águia. O jovem Martim é um exemplo de que a hereditariedade não se aplica ao talento futebolístico; com 23 anos e a fazer a sua quinta época no terceiro escalão, é muito improvável que dê continuidade à aclamação de que o seu apelido foi objecto na "catedral" da Luz. A culpa deve ser da mãe, pronto, o Rui "enganou-se" na hora de escolher o emparelhamento genético, e as coisas não deram certo desta vez. Já o saudoso José Águas se havia equivocado nesse particular, só que com menos prejuízo, pronto, e os tempos eram outros, também. 

Voltando ao jogo propriamente dito, e quando tudo apontava para um prolongamento de 30 minutos, Luisão resolve "ir lá acima" estragar a festa aos "restauradores". Porquê "restauradores"? Ora essa, a equipa chama-se "1º Dezembro", precisam mesmo que eu explique? Frustração nos pequenos, alívio relativo para Rui Vitória, que não estaria tão preocupado quanto isso em fazer horas extraordinárias no Estoril (além disso o ar de lá é óptimo, dizem), pois nenhum dos titulares do jogo de ontem deverá ser escolha para o 11 que vai defrontar na quarta-feira defrontar na Ucrânia o Dinamo Kiev. Uma vitória tangencial dos encarnados, que deixa a modesta equipa do 1º Dezembro com um amargo de boca, e sensação que podiam ter feito uma gracinha. Mas até no sorteio o Benfica se pode dar por feliz com a sorte que teve, nomeadamente com o "timing". A defrontar o "1º Dezembro" EM OUTUBRO, fica tudo mais fácil. Fossem lá nos oitavos-de-final, que se jogam a meio  da semana de 13, 14 e 15 de, e aí sim, DEZEMBRO, e iam ver como a música era outra. Ah!


Já o Sporting foi a Famalicão vencer a equipa local pela margem mínima, com Markovic a marcar golo do encontro aos 10 minutos. Uma desilusão para quem esperava ver mais golos, e não fosse pelo facto de já ninguém estar cá para recordar o momento (ou se está dificilmente se recorda) em que há 70 anos estas duas equipas protagonizaram um festim de golos, com um placard de 9-5 favorável aos leões, seria uma desilusão maior ainda. Foi na jornada inaugural da época 1946/47, a 24 de Novembro, e na altura o eterno Fernando Peyroteo apontou 6 (seis) golos nessa vitória do Sporting  dos cinco violinos naquela cidade minhota, e ao intervalo o marcador assinalava 4-3 a favor dos locais, que marcaram o golo inaugural na primeira jogada do encontro. Outros tempos, quando a bola era quadrada e pesava 50 quilos. 

Jorge Jesus preferiu jogar pelo seguro, e apresentou um misto de habituais titulares e outros jogadores menos utilizados - afinal  o adversário é da Liga de Honra, um degrau abaixo dos grandes, e jogava perante o seu público. Juntando a isso a pouca sorte que o Sporting tem encontrado nas viagens ao norte esta época, e o "manes" da Amadora optou por não cometer mais uma das suas parolices, que em retrospectiva já lhe custaram tantos títulos, que de outra forma o deixariam muito próximo de sir Alex Ferguson em termos de currículo (passo o exagero). O jogo de terça-feira em Alvalade para a Champions ficou para depois, e aí o adversário é o Borussia Dortmund, um (Famali)CÃO de muito maior porte, e muito mais ameaçador.


Hoje é a vez do Porto entrar em campo na "festa da Taça", que vai ter por palco o glamoroso Estádio de Aveiro, o tal que custou 62 milhões de euros, e vai agora acolher o 13º jogo de futebol desde com foi inaugurado em 2003, a pensar no Europeu de futebol que Portugal organizou no ano seguinte. Portanto "casam-se os anos": 13 jogos desde 2003, que foi há 13 anos. Ora bem, o adversário que vai ter a honra de partilhar tão dispendioso anfiteatro com o FC Porto é o Grupo Desportivo da Gafanha da Nazaré, do terceiro escalão (CDP). O nome sugere varinas entoando a cantiga "não vás ó mar, Toino", e sempre de tamancas preparadas para atingir a mona de algum jogador da equipa adversária que lhes calque os joanetes, mas não se deixem enganar pelo nome (nem pelo barquinho de pesca que aparece no símbolo do clube): esta Gafanha da Nazaré fica no concelho de Ílhavo (ou "ílha-bu", no dialecto local), e o estádio de Aveiro fica a uma hora a pé de distância - uma ideia para o treino de aquecimento a ter em conta, esta. 

Com o Porto a 45 minutos de carro do local do encontro, e num rectângulo de jogo com dimensões a que os seus atletas estão mais habituados, prevê-se que os dragões façam valer o seu (largo) favoritismo, até porque jogam praticamente "em casa". Em teoria assim é, mas quem se atrever a apostar um eurozito no Gafanha, vê a sua audácia trazer-lhe um retorno 22 vezes maior. E depois dá para uma petiscada, ou como diz o Pepe Rapazote "pode comprar...olhe, droga, por exemplo!". Depois do Gafanha, o Porto viaja até à Bélgica, onde tem um compromisso a contar para a Champions, com o Club Brugge como adversário. É mais ou menos a mesma coisa - não é em Brugges que têm um porto de pesca fluvial, também? Nem dão pela diferença, pois o cheiro a peixe é o mesmo, quer ali, quer na China.

Vamos lá ver então se "temos taça", neste ou noutro dos encontros agendados para a eliminatória deste fim-de-semana, que determinou que o detentor do troféu, o Sp. Braga, realize um segundo jogo com o Estádio Municipal de Famalicão como palco, agora como casa emprestada à modesta AD Oliveirense, da freguesia de Santa Maria de Oliveira, desse mesmo concelho. Há ainda o U. Leiria-Boavista, dois clubes que suspiram por um passado que já lá vai, antes das tormentas que os relegaram para longe dos convívio dos grandes, e onde ainda permanecem os leirienses. O cardápio inclui também uns apetecíveis "queijos das ilhas", com o Santa Clara a receber o Rio Ave nos Açores, e o Chaves a ir até ao Funchal para defrontar o União da Madeira, enquanto as outras equipas mais conceituadas da pérola do Atlântico deslocam-se ao "cuntenente"; o Nacional viaja até Estarreja, enquanto na Figueira da Foz se realiza - e olhem só que giro - o Naval-Marítimo! Ah ah ah! O local (Figueira da FOZ) também não fica mal no retrato, mas era muito mais engraçado que o jogo se disputasse no...OCEANÁRIO! Ah!




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