Sabem o que significa este "Arnaldo Concalves", que aparece num artigo de opinião da semana passada no jornal Ou Mun? Eu também não. Será que se come? Ou fuma-se? Não deve ser nome de gente, pois no contexto em que o autor o insere, trata-se de algo que tem a autoridade para se pronunciar sobre a legitimidade de uma candidatura ao cargo de deputado da Assembleia da República Portuguesa, o ramo legislativo dos orgãos de soberania. Se calhar enganaram-se e queriam dizer "Tribunal Constitucional", ou algo do género. Deve ser isso, um engano, e desculpa-se - é o que dá quando se fala do que não se sabe. Só que vem (mal) acompanhado, o autor do artigo: traz com ele o "Concalves". Haja fel para se deitar cá para fora sem parar durante semanas a fio, e ele é Coutinho práqui, Coutinho pracolá, chiça! Interessante contudo como o alvo de toda esta dor do corno - o próprio Coutinho - continua por aí, imaculado e sorridente, a fazer pela vida, indiferente aos invejosos. Fosse ele assim também tão reles e baixo e se calhar até "cantava" as verdadeiras razões porque algumas pessoas não o podem ver pintado. Ia ser um arraso, era só rir. Mas não, e louve-se a sua rectidão neste aspecto, pelo menos.
Chego a ficar estonteado com a falta de imaginação e de arte na hora de demonstrar o enorme ressabiamento que certas pessoas sentem pelo "senhor eleição". Sabem do que estou a falar, não é? Há por aí uns patetas-alegres que se dizem muito democráticos, mas que passam a vida a minar a democracia na sua essência, colocando em causa procedimentos e chegando mesmo a questionar a competência do eleitorado, que tem essa mania irritante de meter a cruz "no quadrado errado", segundo estes laudos guardiões da democracia, adeptos ferrenhos do pluralismo, "hooligans" da liberdade. O autor de mais esta diatribe assina pelo nome de Dong Chang, e sob o título "Part-time ou aliança dupla" faz comparações entre a candidatura do já deputado da RAEM à AR portuguesa com a instituição do casamento: "ninguém pode casar duas vezes, jurando fidelidade a duas mulheres ao mesmo tempo". Olha que analogia tão original, que aposto que nunca passou pela cabeça de ninguém. Não me surpreende que este tipo escreva para este jornal. Espera lá, aquilo é "escrever"? E a folha de couve em questão é um "jornal"? Aquilo é uma "opinião"? Podia até ser notícia, pois ninguém ia ler na mesma na mesma. Sugiro que para a próxima juntem a meio do texto a oferta de um vale de dez patacas de desconto em qualquer coisa e aí alguém é capaz de querer que leiam para ele, e que depois lhe expliquem.
As razões pelas quais o Ou Mun, publicação que nem se digna a disfarçar a linha editorial pró-Governo e pró-Pequim (redundância) não gosta do deputado são exactamente essas: trata-se de um "desalinhado" - isto para eles, é claro, que devido à pala da bajulação que levam colada nas orelhas nem se apercebem que Coutinho "alinha em qualquer coisa", desde que dê votos, lá está. A urna é o pote onde o homem mata a sede, por assim dizer. Gostos, outros há que preferem edifícios inteiros oferecidos pelo Governo com o pretexto de se instalarem, ocupam parte dele e sub-alugam o resto, metendo ao bolso o dinheiro da renda. Essa gente super-honesta vai depois publicar insinuações torpes e ameaças veladas disfarçadas de opinião, falando de incompatibilidades que afirmam existir, mas que não justificam com nada de nada que esteja na lei, limitando-se a fazer mais uma tórrida declaração de amor à Pátria, insistindo que o deputado Coutinho é uma espécie de "traidor" ou "agente duplo". Para dar a tudo isto um revestimento de credibilidade, citam "um académico da área do Direito", e aqui entra o tal Concalves. Esqueceram-se foi de acrescentar "...e semideus", à frente de
"Direito".
Para o "Concalves" e outros compatriotas seus, o que incomoda em Coutinho é a sua "máquina eleitoral", os seus "soldadinhos de chumbo", e isto sou e eu apenas a citar. É daquelas coisas que não se explicam, pronto, Coutinho arranja meia dúzia de milhar de pessoas de carne e osso para meter numa urna um voto em si, enquanto outros nem meia dúzia de braços numa reunião de condóminos conseguem levantar a apoiar uma ideia sua. Para o Ou Mun, a quem as únicas eleições que contam são as que têm um candidato apenas e quem se atreve a fazer oposição é "mau patriota", os "Concalves" desta vida servem para usar e deitar fora. Sinceramente, até parecem as crianças da Escola Primária: "olha, o gajo tá tramado pá, e foi o Concalves, que sabe tudo e manda naquele coiso lá de Portugal que disse". As pessoas até acreditariam, se lessem, e os eleitores de Coutinho até eram capazes de exclamar qualquer coisa como "ai é? ohh...coitado, que chatice". Depois na próxima eleição a que o presidente da ATFPM concorrer, eles vão lá e votam nele, na mesma, e lembram-se lá deste nada - um nada de nada, e recordo que Coutinho NÃO foi eleito para a AR, e entre o tempo que se soube que ia ser candidato até sair o resultado, andou tudo caladinho, caladinho. Se calhar estavam na expectativa, e no caso dele ser eleito mudavam de casaca para uma onde se lesse "Coutinho 4ever", e iam "colar-se" ao "senhor deputado da nação", ui ui. Não me surpreenderia, de todo.
O que têm estes dois em comum, o Ou Mun e o "Concalves"? - A boca seca, de tanto paleio. Ai o deputado Coutinho está metido num sarilho por ter sido candidato a um orgão de soberania de uma potência estrangeira? Então suponho que estará suspenso do seu cargo na AL, pelo menos até à conclusão do inquérito, certo? Não há inquérito? Ah sim, esqueci-me que a tal "incompatibilidade" de que falam, a haver alguma, não vão essas cabecinhas larocas que vai detectar, e vai ser um parto difícil para se encontrar algo que previsse uma situação desta natureza. Mas alguém pensa que o dr. Pereira Coutinho, também um jurista, tinha enlouquecido e ia fazer suicídio político? Farto de saber que não lhe acontecia nada estava ele, e até deve ter previsto que algo deste tipo ia acontecer, mas e depois? Estrebuchem, filhos. Ai não gostam? Comam só as batatas. Parecem velhas relhas a tagarelar a janela, bruxas, a dizer mal de tudo e todos, consumidas pela inveja e pela demência.
A este ponto gostaria de reafirmar que não nutro pelo deputado Pereira Coutinho qualquer tipo de simpatia política (nem por nenhum outro) nem tenho procuração passada por ele para me indignar perante este tipo de ataques à sua "persona política" - ele que se defenda, e se não o faz é porque se calhar anda muito ocupado com os cargos para que insiste em ser eleito no lugar dos "Concalves" desta vida. O que eu não aceito é que tomem por tontinho, a mim e a toda a gente com dois palmos de testa, e que já percebeu que aqui é mais uma vez o despeito e a cagança de mãos dadas a poluir o prado, com o desespero a chegar ao ponto de se afirmar, como cita o autor do artigo, que "Coutinho não percebe nada do sistema político em Portugal, nem de democracia". E isso agora é crime onde? Nem um político em Portugal andava à solta, fosse essa uma falta grave. Eu ainda entendo os tipos do Ou Mun, que fazem aquilo porque precisam de comer, tem contas para pagar e tudo mais, mas…o "Concalves"? E que tal demonstrar um pouco de desportivismo, de rectidão, e de dignidade? Que vergonha.
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