O "Diário de Todos" volta a atacar.
Foi-me gentilmente enviada pelo correio há mais de uma semana a segunda edição do "Diário de Todos", a primeira publicação bilingue em Português e Chinês em Portugal (se não é a primeira, é a primeira que interessa), que só agora tive a oportunidade de ler com mais atenção. Este é o nº 2 do jornal lançado no início deste mês com toda a pompa e circunstância, como fiz referência neste artigo, e a primeira impressão que tive foi a seguinte: é grande. Enorme. Só recebi a versão em língua portuguesa, e são 64 páginas. Tudo bem, algumas são ocupadas apenas por publicidade ou/e imagens, mas diria que em páginas "úteis", que requereram escrita, revisão, edição e paginação são à vontade umas trinta. Ou quarenta. Seja como for, vê-se que há ali muito empenho, muito trabalho, e vontade de levar o projecto a sério - não que alguma vez eu tenho pensado que estavam a brincar, nada disso. Pelo menos deu para entender porque é que não é "diário", pois seria impossível sair todos os dias com aquele volume. Além disso é preciso dar o braço a torcer e reconhecer que em Portugal, apesar do nítido desenvolvimento das relações bilaterais nos últimos anos, não há mercado (ou necessidade...) de publicar um diário luso-chinês. Mas passemos ao conteúdo propriamente dito.
Paulo Portas acha natural a Criação. Ah, e a criação do "Diário de Todos", também...
Começamos com um editorial assinado pela directora do jornal, Helena de Cruz Mouro, a quem mando desde já um grande bem haja e endereço os parabéns, que deseja aos leitores um Bom Ano Lunar da Cabra, que como se sabe entrou na passada semana. A directora fala ainda do 10º aniversário da assinatura do Acordo de Parceria Estratégica Global entre Portugal e a China, assinado pelo próprio presidente chinês, na altura Hu Jintao, que para tal se deslocou ao nosso país, e conjectura sobre a eventualidade, ou a necessidade, do PM português "retribuir a visita", e assim "fazer o balanço" do que foi feito no sentido de estimular essa mesma parceria - e parece que foi bastante. Em todo o caso, Helena Cruz Mouro lembra que Pedro Passos Coelho "ainda não visitou a China". Pensando bem, e nos tempos que correm, essa é uma falta que não se perdoa a qualquer chefe de Estado de qualquer nação. Bem visto. E mais à frente vemos o próprio vice-PM, Paulo Portas, a recordar essa efeméride por altura do lançamento do "Diário de Todos", logo depois de duas páginas com fotografias da festa que foi o nascimento do primeiro projecto do género em Portugal. Depois mais algumas páginas com mais fotografias, muito ao estilo "TV 7 Dias" - sem ofensa, claro.
Um raro momento em público, de pé e bem disposto.
Depois temos a reportagem referida na capa, sobre a presença da China em África, mais exactamente nos países lusófonos, neste caso em Angola. Penso que esta será uma contribuição do lado de Macau, que colabora com o "Diário de Todos" através do Macau Hub, e esta peça em particular vem assinada (julgo eu) pelo Guilherme Dias. Mais à frente deparamos com um artigo dedicado a um tema a que já estamos mais que habituados, o de Macau como "plataforma para os países lusófonos". Sabemos que esta é uma possibilidade meio remota, pois existe mais vontade do que exactamente meios para que isso seja possível, pois sabemos que Macau não está propriamente a pulsar com Lusofonia ou luso-outra-coisa-qualquer, e quem tem a percepção de que aqui há um angolano, um moçmbicano, um brasileiro ou um timorense porta-sim, porta-não, está enganado, lamento muito. . Esta pode ser uma utilidade para Macau no contexto da própria China, e olhando para o que se tem passado com a queda das receitas do jogo, bem que se podia ver isto como um sinal para fazer...qualquer coisa? Lusofonia, pois, há terreno, há História, apesar de não existir vontade por aí além, mas "qualquer coisa" urge fazer, sim.
E esta, ó Euro? Chupa lá renminbis!
E pronto, sem querer fazer uma análise muito exaustiva deste número do "Diário de Todos", pode-se depreender pelo pouco que aqui deixei ver que se trata de uma ideia com o objectivo de fazer a ligação entre os dois países, ou tentar contribuir para tal, e os assuntos tratados são sobretudo relacionados com as áreas económicas, comerciais e industriais, piscando o olho à cultura, ao convívio de duas delas que tão bem se conhecem, mas que estranhamente andam um bocado "a leste" uma da outra. Os temas são tratados de forma directa e acessível, e convém dizê-lo, convidativa também, pois faz-se o balanço ideal entre o texto e as ilustrações. Espero que continuem com toda essa pujança e entusiasmo, e melhorem - não porque está mal, mas porque há sempre lugar para fazer mulher. Força, e já agora muito obrigado pela atenção que foi se terem lembrado aqui do "velho". Xie xie, zai jian.
Kesafoda!
Há 14 anos
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