1) A questão das ilhas Daoyu é deveras preocupante para nós, que vivemos mesmo aqui no perímetro do problema. As ilhas cuja soberania é exercida pelo Japão e são disputadas pela China e por Taiwan foram "esquecidas de devolver" depois da derrota do Japão imperialista na segunda guerra, e agora tanto a República Popular como a ilha nacionalista as querem de volta, estes últimos com o argumento de que pertenciam à China nacionalista antes da ocupação nipónica, e ainda antes da fundação da República Popular, lá está. É claro que estas ilhas são ricas em recursos naturais, senão ninguém queria saber delas para nada, até porque nem sequer são habitadas. A detenção dos catorze activistas na semana passada terá sido um acender de um rastilho de um imenso barril de pólvora. A animosidade ficou ao rubro - principalmente do lado da China - que considera isto um "insulto". Apenas um pequeno aparte: os manifestantes foram detidos pela polícia japonesa, algemados, é certo, e depois repatriados com uma enorme rapidez. Não há notícias de terem sido maltratados, humilhados ou abusados mesmo que verbalmente por alguém. Gostava de saber o que teria acontecido numa situação homóloga. E se fosse a China a exercer a soberania das ilhas e estas fossem invadidas por manifestantes japoneses? Mas adiante. As manifestações de nacionalismo exacerbado sucederam-se um pouco por toda a China, com uma forte compnente anti-nipónica. Em Shenzhen uma fábrica de automóveis japonesa foi atacada, a até uma viatura da polícia foi virada ao contrário simplesmente por ser da marca Toyota. Foram vários os jovens entrevistados (mesmo em Macau!) a dizerem que "detestam o Japão" - apesar de muitos deles adorarem sushi e comprarem produtos japoneses. Isto não é patriotismo, daquele que se vê nos jogos de voleibol feminino ou de pingue-pongue entre os dois gigantes asiáticos. Isto é nacionalismo da pior espécie, que não augura nada de bom. Recordo-me de ver uma gorda em Pequim nas notícias na última quinta-feira a "exigir que a China declare guerra ao Japão". Isto é gente que não faz a mínima ideia do que é uma guerra, e que consequências uma guerra entre estas duas potências militares significaria. Não acredito num conflito armado entre a China e o Japão por causa das ilhass Diaoyu, mas este é um assunto que tem que ser deixado nas mãos da diplomacia. Nunca nas mãos destes meninos.
2) Terminou hoje o prazo de entrega de inscrições para o concurso centralizado para a ocupação de vagas de técnico-adjunto na Administração Pública de Macau. Desde o último dia 2 que cerca de 20 mil (!) aspirantes concorrem a cento e poucas vagas, e entregam as suas candidaturas no Edif. Administração Pública, na Rua do Campo. Como hoje era o último dia, foi uma grande azáfama naquele edifício onde, como muitos leitores sabem, este vosso servo trabalha. É interessante como apesar do maná de empregos que são os casinos, os jovens da RAEM ainda preferem um lugar à sombra da grande Lótus. Sem dúvida, porque como diz uma expressão aqui da terra "não é preciso falar mentira". Os empregos na Administração são isso mesmo: empregos. O resto é simplesmente "trabalho". Na Administração não há turnos, não se trabalha aos Sábados e Domingos, gozam-se todos os feriados na sua plenitude, ganha-se bem sem precisar de ficar muito tempo de pé, e mais importante que isso, não é preciso aturar (muita) gente parva. O "governo" não é um patrão parvo de quem depende um emprego, e além disso não se fica sujeito às oscilações da economia. Pois é, e assim foi nos últimos 19 dias: milhares de jovens a fazer fila para arranjar um emprego onde "não é preciso trabalhar".
Ai mei ah?
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