Os blogues dos outros

Hoje é dia da manifestação, não só da geração à rasca" como nos têm tentado convencer, mas de todo um povo à rasca. Não serão só jovens precários e desempregados que irão encher a Avenida da Liberdade e muitas outras praças de cidades deste país. Todos os que sabem que a culpa de todo o mal deste país são os poucos direitos sociais que ainda restam e laborais mas sim a ganancia de alguns para quem o lucro nunca é suficiente, também lá terão de estar. Todos os que não compreendem que uns possam ter salários e prémios de milhões enquanto outros têm de trabalhar precáriamente para ganhar salários de miséria, que os grandes especuladores responsáveis pela crise sejam os que mais beneficiem em vez de serem penalizados. Todos os que sabem que este não é o caminho para uma vida com menos pobreza e mais dignidade. Eu vou.

Wehavekaosinthegarden

Um post de ontem, e os comentários a que deu origem, levam-me a este desabafo - a publicidade (institucional, que outra virtualmente não existe) em Macau, é miserável em termos de imaginação e miserabilista nos meios que emprega. A publicidade é uma arte que muito admiro. Numa época em que em Macau tanto se fala em criatividade, em apoio aos criativos, até dói ouvir o mosquito que provoca a febre de Dengue a falar com o dono (quê???!!!), a menina com ar de dondoca a dizer que vai tomar um "cházinho" (sic) só para não desperdiçar água (que ideia mais estúpida!!), o marido a dizer à mulher que tem que ter cuidado com a higiene pessoal (prevenção da gripe). Tudo acompanhado de uma bonecada patética, feito a martelo, por pessoas sem o mínimo de preparação para sobreviver nm meio cada vez mais competitivo e profissionalizado. Acreditem que tenho pena de o afirmar - nunca vi publicidade tão pobre como aquela que é feita em Macau. E é inevitável perguntar - com tanto dinheiro disponível, não é possível contratar bons profissionais também nesta área?
Não é possível fazer contracenar actores profissionais em vez de colocar em frente das câmaras amigos com ar de palerminhas? As campanhas publicitárias, ainda para mais de cunho institucional, provocam o efeito oposto ao pretendido. Dão uma enorme vontade de fazer exactamente o oposto daquilo que nos sugerem. Poupar água com aquele paleio idiota da menina tontinha dirigindo-se ao "maridinho"(sic)? Apetece ir a correr abrir todas as torneiras que há em casa e, de caminho, fazer um "cházinho"(sic) só para o atirar fora. Que raiva!!!

Pedro Coimbra, Devaneios a Oriente

Vamo-nos habituando a novas regras e proibições, ataques aos emails, telefonemas da polícia, qual novo dia a dia de ser jornalista em Pequim. Ninguém percebe bem até que ponto os emails são espiados ou redireccionados sem que a Google explique porquê. Mas o que tem piada é que alguém da polícia da internet anda a brincar com o botão da censura e agora, de vez em quando e por um período curto, o youtube e o blogspot deixam de estar censurados. Na sexta à noite foi quando aconteceu a primeira vez. Hoje à tarde a segunda que se dê por isso. "Alguém tocou no botão errado" como me disseram. Parece mentira mas deve ser mesmo assim. Bloquear ou Desbloquear.

Maria João Belchior, China em Reportagem

A manifestação de hoje foi um êxito estrondoso em termos de mobilização. Quem desvalorizar a manifestação alegando que a mesma tem o dedo do BE e do PCP está a cometer um erro político e de análise. Isto dito, o êxito da mobilização -- infelizmente? -- não assegura nenhuma consequência prática. Aliás, a ambiguidade é a chave do seu êxito. Ser contra os políticos é um factor de agregação, mas infelizmente não resolve o problema. E o problema é que, sem se conseguir aumentar a dimensão do bolo, a solução passa por redefinir a dimensão das fatias. Se os organizadores clarificassem quem seriam os vencedores e os vencidos na redefinição do bolo, muitos dos que estiveram presentes muito provavelmente não teriam marcado presença. Ou seja, a razão do êxito de mobilização é ao mesmo tempo o motivo do seu fracasso em termos de substância.

P.S. -- Constato, como sempre, que das dezenas de entrevistados pelas televisões não há um único que reivindique melhores condições para abrir o seu próprio negócio. A malta, pá, o povo, pá, apesar de ser "a geração melhor qualificada de sempre", na verdade ambiciona apenas a trabalhar por conta de outrém. Pelos vistos, o empreendedorismo não agrada aos quinhentoseuristas reciboverdistas como opção para escapar à precariedade.

Paulo Gorjão, Delito de Opinião

Lamentavelmente Portugal tem um Presidente da República que apenas se dirige a alguns portugueses, aos que interpretam o que ele diz de forma a não lhe causar incómodos e que por isso os considera portugueses de boa-fé, os outros não contam. Quais são os portugueses de boa fé, os que como Paulo Portas que ficaram eufóricos com os ataques que fez ao governo ou os que como Ramalho Eanes repararam que Cavaco ignorou premeditadamente a maior crise económica internacional para de forma menos honesta culpar Sócrates por todos os males. Este presidente é um homem sem grande dimensão político, foi assim enquanto primeiro-ministro, foi-o durante o primeiro mandato presidencial e já não restam dúvidas de que continuará a sê-lo.

Jumento, O Jumento

Nem queria acreditar. Como é possível que a RTP permita que a sua programação (aprovada sabe-se lá por quem) provoque que os seus espectadores mudem de canal. Como assim? Já existe um modelo de programa sério-humorístico, que é do Bruno Nogueira. Já existe um outro programa sério-humorístico, que é do Herman José. E esta noite, nem queria acreditar ao ver pela primeira vez o programa do Nicolau Breyner que é uma cópia (má) dos outros dois...

João Severino, Pau Para Toda a Obra

Estranhamente, parecem ter desaparecido da blogosfera lusitana os entusiastas das «revoluções democráticas» islâmicas, que andavam tão entusiasmados, há umas semanas, com os «resultados» da retórica não-intervencionista do seu guru Barack Obama. Agora que Kadhafi parece voltar a controlar a situação e que se prepara para massacrar impunemente mais umas centenas de revoltosos, ficam à vista os magníficos resultados das «ameaças» de sanções diplomáticas e económicas feitas pelo Ocidente. Kadhafi, lívido de medo pela proibição de passear na Europa e certamente aterrorizado com as exigências de demissão de Obama e do inefável Amado, parece, contudo, ainda não ter percebido bem o peso das ameaças que sobre si impendem. Não poderá, tão cedo, voltar a fazer compras nas Galerias Lafayette, em Paris, ou passear no Hyde Park, de Londres, com o seu amigo Tony. Tragédia! Mas, pior que tudo isso foi o que fizeram na LSE ao seu rebento Saif al-Islam, injustamente acusado de ter copiado 428 páginas de um esforçado doutoramento com 429. Tratou-se seguramente de mais uma inteligente e subtil pressão de Obama, que deixou a Kadhafi o drama de ter como sucessor um plagiador. O regime certamente que não resistirá a tamanho enxovalho e a democracia líbia não espera pela demora.

Rui A., Blasfémias

Uma solução para o país
Um louco abordou-me ontem na 5 de Outubro a dizer que tinha “uma solução para o país”.
Como é que eu sei que ele era louco?
Ele tinha uma solução para o país…

Rui Zink, Rui Zink versos livro