quinta-feira, 31 de março de 2011

As mães dos filhos e os filhos das mães


Pelo meio dos meus afazeres diários, passei pelo Largo do Senado esta tarde, e foi com este cenário que deparei. Não tive tempo para tirar uma fotografia melhor ou sequer filmar o espectáculo, mas quem por lá passou durante o dia durante as últimas semanas sabe bem do que falo. De um lado estão aqueles gajos liderados por aquele indivíduo que se veste de roupão vermelho e longa barba preta, que protesta contra uma agência de seguros da China ou lá ou que é (já ninguém quer saber bem porquê...). Do outro lado está um grupo de galinhas cacarejantes, quiçá poedeiras, que reclamam a reunificação com os seus filhos da China. Falemos destas.

Entenda-se aqui por “reunificação” o Governo de Macau atribuir residência permanente a indivíduos da China continental sem qualquer tipo de formação académica ou profissional, e que normalmente engrossa o contingente de operários desempregados, ou que não querem trabalhar. Ninguém impede às senhoras que visitem ou que se “reúnam” com os filhos no continente. Podem lá ir e voltar todos os dias, se quiserem. Por isso não dá para entender muito bem algumas atitudes de desespero, como chorarem, atirarem-se para o chão ou dizerem que “preferem morrer a não ter aqui os filhos com elas”. Mais uma vez, por “filhos” entenda-se matulões já com mais de 30 anos e que praticamente não vêm contribuir com nada para a RAEM.

Confesso que a primeira vez que ouvi falar deste problema da “reunificação das famílias” pensei: coitadinhas das crianças. Não se deixem iludir, como eu. Antes as mães cujos filhos lhes foram arrancados do ventre (ena, boa!) protestavam em frente ao Palácio do Governo, na Praia Grande, mas mudaram-se (por causa do frio?) para o Largo do Senado, ao lado dos Correios, mesmo no centro da cidade. Primeiro foram roubar o lugar onde normalmente os filipinos bebem umas jolas e engatam-se uns aos outros (coitados dos filipinos), e depois estão a proporcionar um espectáculo lamentável aos turistas e residentes, com lamentações e ganidos constantes que fazem Macau parecer uma cidade em estado de sítio.

Nem sei como é que o Governo impede que manifestações passem durante alguns minutos pelo Largo do Senado mas não se incomodem com horas deste circo. E isto não é mau para o comércio? Pelo menos alguns estrangeiros vão pensar que sim senhor, Macau é uma cidade muito democrática, porque na China já tinha sido todos corridos à paulada e internados em asilos de malucos. Para ajudar à festa só faltava lá aquela associação dos operários e os Homens da Luta em versão macaense.

7 comentários:

Anónimo disse...

Em Macau há manifestantes profissionais, essa é que é essa. Eu, depois de ver autênticas desgraças familiares, como a separação de famílias divididas entre a Coreia do Norte e Coreia do Sul, tal como acontecia antes entre Berlim Oriental e Berlim Ocidental e, para não ir mais longe, o drama de alguns filipinos e outros asiáticos que estão cá em Macau a trabalhar há mais de uma dezena de anos, que aqui tiveram filhos, e que continuam a não ter direito a residência, apetecia-me ser eu a dar umas pauladas a esta gente que não tem mais nada que fazer, já que a polícia não o faz.

Hugo disse...

Também passei por lá de tarde e me deparei com este ridículo espectaculo.
Que tristeza.

Anónimo disse...

Isto e daqueles folhetins endemicos de Macau.
Outro exemplo: as instalacoes da Escola Portuguesa.
Anda obcecados em ganhar uns dinheirinhos com a negociata da troca de instalacoes, e nao descansam enquanto nao empandeirarem com a escola para as ruinas do Estoril.

Pedro Coimbra disse...

Tiveram foi que mudar de poiso.
Chorar à frente do Palácio já não pode ser.
Vão lá chorar para o meio dos turistas que até é pitoresco, modernaço e assim.

Anónimo disse...

e' inacreditavel como e' que os banasnas da policia e o governo nao tomam nenhuma atitude
nem os turistas conseguem passsar mais no leal senado e ainda andam a rebentar com o jardim do Leal senado
se os velhos tem saudade dos filhos peguem na trouxa e vao pra china.

Anónimo disse...

Ora aí está, anónimo das 07:02! Não gostam de cá estar sem os filhos quarentões, a fronteira é já ali e ninguém as impede de ir. (o problema é que do lado de lá não as deixam protestar)

Anónimo disse...

Quando a coisa está para começar os manifestantes profissionais aproximam-se de uma senhora, entregam-lhe o BIR e esta regista os dados. De certeza que é para lhes pagar um bom min numa casa de pasto. Podiam era ir manifestar-se para aquele largo junto ao Grand Emperor ou Golden Dragon.