sábado, 6 de maio de 2017

A imposição do imposto


Mais uma vez, não podia estar menos de acordo com mais este delírio do partido hilariante. Desta feita faz-se um ataque ao habitual conjunto de iniciativas culturais realizado pela Câmara Municipal de Lisboa, e que são "contra" o "ideário nacionalista" (?), por conterem referências "multiculturais e esquerdistas", dando-se como exemplo os "arrais" (deve ser "arraiais") gay. Como já vem sendo habitual nestes casos, o PNR faz um truque infantil de prestigiditação, fazendo mira ao "bolso dos portugueses", que assim "pagam com os seus impostos" por coisas que eventualmente não lhes dizem respeito, ou que não gostam. Ora ainda bem que isto aconteceu, pois assim posso finalmente dizer o que penso disto dos "nossos impostos", e do que é ou não é pago "com o dinheiro de todos".

Esta propaganda (triste, nunca é demais referir), "paga pelo dinheiro de todos blá blá blá" (não interessa...), insere-se na campanha do presidente do PNR, José Pinto-Coelho...


Pois, eu não sei se há mais alguém a quem esta imagem recorre quando pensa no nome do senhor em questão, mas acontece comigo. Portanto, se este poço de sabedoria e coerência fosse eleito presidente da Câmara Municipal de Lisboa - como pretende agora, depois de ter concorrido ao Parlamento Europeu, sendo anti-europeista, e à Presidência da República, sendo monárquico - acabava-se a palhaçada: não havia mais chinesices nem paneleirices para ninguém. E o dinheiro? E o orçamento? Entrava direitinho no bolso dos portugueses? Hmmm...


Esta é a Estrada Nacional A24, que como podem ver é linda - e custou uma fortuna! Um balúrdio, os olhos da cara, e ui que rica festa que a gente fazia com esse dinheiro todo, ah? "Mas ó Leocardo, esta é a estrada que liga Viseu a Vila Verde da Raia, junto à fronteira espanhola" - ...em Feces de Cima, na província de Ourense na Galiza, acrescento eu (juro que é verdade). Ora, isso para mim são "peanuts", e estou-me nas tintas se os Viriatos vão ou não comprar caramelos à Badajoz deles: foi construída com o dinheiro dos meus impostos, e eu não preciso daquela m... para nada! Outro exemplo: o ti Zé Couves de Carrazeda de Ansiães meteu-se no carrascão com os amigos, apanhou uma comatose e precisou de ser assistido no INEM mais próximo, onde esteve a recuperar dois dias, com o dinheiro de todos nós. Eu também não sou obrigado a pagar as pielas do ti Zé Couves, pois não? Sou pois, e ele pelas minhas, porque não?

Pois aí está a falácia dessa ideia de que os impostos estão a ser "mal geridos", ou desperdiçados. Estão a ser aplicados em cada um de nós, também, indiferente àquilo que os outros pensam ou deixam de pensar. Era o que faltava se agora que cada vez que alguém apanhasse uma gripe, o fossem acusar de dormir destapado, e assim "esbanjar os nossos recursos". Bardamerda, pá. O truque mais baixo de todos passa por tentar iludir os contribuintes de que o 1 (um) euro ou menos com que cada português contribui "dos seus impostos" para a requalificação da zona da Mouraria, lhes ficava no bolso caso a tal mesquita não fosse construída, e assim é menos uma bica que bebem. Mas dali o que seria de esperar, para além de desonestidade?


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