quinta-feira, 17 de julho de 2008

Crime! Numa cidade perto de si


Em Portugal fala-se novamente da criminalidade. A imprensa está de mãos atadas pelo politicamente correcto que não os deixa que digam que o "preto é ladrão", a opinião pública, nomeadamante a classe média branca e desprotegida, espuma de raiva e deixa sair bocas racistas e "onde é que tudo isto vai parar" - em privado, claro. O PNR está nas suas sete quintas e Paulo Portas pula de contente. Ele houve ali para os lados de Loures uma batalha entre pretos e ciganos (perdão, africanos e indivíduos de etnia roma) e logo surgiu o efeito dominó tão típico nestes casos: depois de Loures, aparecem mais bairros, vilas, aldeias e becos onde a criminalidade é exercida por...sim, pretos e ciganos, adivinharam.

Ora eu já fui assaltado duas vezes na minha vida, e vejam lá o meu azar, nunca por um preto ou por um cigano. Uma vez tinha treze anos e ao sair da Estação de Sta. Apolónia um branco roubou-me uma pulseira de prata e desatou a correr, quando tinha 15 anos passava férias em Almada com os tios e fui com os meus primos à Cova da Piedade, às piscinas da Sociedade Filarmónica União Piedense (SFUAP, já agora um grande abraço para essa gloriosa agremiação). A meio da piscinada resolvemos sair para comprar bolos na padaria em frente da SFUAP, e sorte a nossa, saímos com o dinheirinho contado. No regresso, já depois de ter mamado as bolas de berlim, fomos abordado por um grupo de adolescentes brancos que nos queriam assaltar (penso que um era de tez escura, mas podia ser do sol), mas debalde.

Uma vez ia num comboio da linha de Sintra, e entra um indivíduo com mau aspecto segurando o que aparentava ser um atestado médico e alegando que "tinha SIDA", e que precisava da ajuda dos passageiros e tal. E toda a gente deu uns trocados ao gajo. Toda a gente menos eu a mais um ou outro que não está para se chatear (ou no meu caso particular, é um teso). O que podia o indivíduo fazer? Enrabar-me a sangue frio ali no meio do comboio? Outra vez ia a sair da estação do Rossio (malditos comboios) e fui abordado por um maltrapilho que me dizia qualquer coisa como "epá tens que me ajudar...epá...ouve..." seguido de mais uns grunhos imperceptíveis. Disse-lhe com muita calma que não falava mirandês, e que tivesse paciência. Chiça!

De resto já estive em locais bastante problemáticos, habitados por emigrantes africanos de primeira, segunda e enésima geração, mas tive sempre a preocupação de deixar o ouro e a platina em casa, e usar roupas de cores neutrais para os gangues. A solução era um policiamento mais rigoroso. Bater primeiro e fazer perguntas depois. Caso o meliante seja branco, é enchê-lo de porrada até aos ossos para que pareça cigano, ou em casos extremos, impingir-lhe uma nódoas negras (perdão, "africanas"). Se em Portugal existe este tipo de criminalidade é porque a polícia se acobarda. É célebre o caso em que um grupo de jovens do Lavradio praticou uma onda de assaltos que ia quase culminando na violação da actriz Lídia Franco, e depois foi ver um deles a ameaçar as autoridades, ao vivo e em directo, que "ai deles se pusessem lá os pés"!

Em Macau, como se sabe, não há ciganos. E os pretos são todos doutores, engenheiros, advogados e afins. Gente de bem, portanto. Mas não se pense que a criminalidade não existe. Existe sim, e basta abrir os jornais para perceber isso mesmo. São assaltos à mão armada cada vez mais frequentes, casas arrombadas sem trancas à porta, a já tão tradicional agiotagem e os tais contos do vigário. Longe vão os tempos em que se podia caminhar na rua sem se correr o risco de ser assaltado/enganado/intrujado. Violações é que graças a Deus continuam na ordem dos 0%. Bendita seja a prostituição de rua, ao alcance de qualquer bolsa.

E a população? Não está preparada para isto. Porque é muito tímida, muito acanhada, e estava habituada a viver no marasmo do oásis da segurança. A solução para combater a pequena criminalidade - e isso já é um bom começo - é a audácia e a sinceridade: se um indivíduo com mau aspecto chegar perto de si e lhe disser "pode-me arranjar dez patacas para eu comer?", responda simplesmente "não, porque provavelmente vais gastar o dinheiro em droga ou em vinho chinês". Se alguém lhe disse que "o seu filho/a corre grande perigo e é preciso dinheiro para fazer rezas", diga-lhe que vai ligar ao seu contabilista para disponibilizar o montante, e contacte a polícia. Não é tão simples? Ah sim, e cuidado com os carteiristas. Pelo sim, pelo não, uso sempre a carteira no bolso da frente. As meninas costumam perguntar: "isso é a tua carteira ou estás contente por me ver?".

8 comentários:

Anónimo disse...

Por muito que a criminalidade tenha aumentado em Macau, ainda tem de aumentar muito mais para chegar aos calcanhares da de Portugal. Aliás, as duas vezes que foi assaltado foi lá, não foi? E note que ainda foi em bom tempo. Se lá morasse agora já tinha sido assaltado mais vezes, a não ser que fosse alguém cheio de sorte.

Anónimo disse...

Há por lá muitos brancos no gamanço e também muitos pretos honestos.
Não esperava ler isto do leocardo.

Anónimo disse...

Acho que o anónimo anterior não percebeu a ironia da posta...

Anónimo disse...

De facto, só tinha lido as primeiras linhas e, como estava a dar-lhe um entendimento diferente do pretendido, fiquei indeignado, parei de ler e "disparei" (ou "disparatei").
As minhas desculpas ao Leocardo.

Anónimo disse...

leocardo fala como eu gosto,
um espectaculo.
se fossem todos como tu isto andaria de outra maneira

Leocardo disse...

Anónimo das 22:41: não tem importância. Mas tenha mais cuidado quando lê, por exemplo, um contrato. Esses têm que ser lidos até ao fim antes de serem assinados, quer se goste ou não do início.

Anónimo das 2:49: obrigado. Um abraço.

Anónimo disse...

A última frase é de um filme de Mae West, anos trinta, e ficou célebre na história do cinema.

Leocardo disse...

Do filme "She Done Him Wrong": Is that a gun in your pocket, or are you just happy to see me?

Bem observado, caro anónimo.