domingo, 11 de novembro de 2012

Motivos políticos? Nein! Parvoíce...


A chanceler Angela Merkel passa amanhã por Portugal durante cinco horas para dar uns puxões de orelhas e ver como vai uma das suas lojas que mais prejuízo dá. É disso que se trata, no fundo. É pena que Merkel não faça uma visita mais demorada, pois assim via que temos uma país muito giro cheio de gente simpática. Se viesse no Verão, almoçasse numa marisqueira e fosse a banhos à Costa se calhar até nos perdoava a dívida. Existe uma grande animosidade contra a chanceler alemã, que é vista quase como um ogre. Para muitos é "aquela gaja nazi que nos quer fazer trabalhar mais e pagar mais impostos". Eu até não tenho nada contra a senhora, que se calhar preferia mil vezes não precisar de chatear com esses "portuguseich" mandriões, endividados e incumpridores. E não foi isto que nós pedimos? A integração europeia, o euro, o federalismo? Vão pedir contas ao Mário Soares, lacaio do seu "freund" Helmut Köhl.

Entretanto Marcelo Rebelo de Sousa fez um vídeo promocional para divulgar a situação do povo português junto dos alemães, e que foi recusado pelas autoridades teutónicas, noticiou o Expresso. A recusa por "motivos políticos" caíu mal para Rodrigo Moita de Deus, co-autor do vídeo, que protestou junto da embaixada alemã e tudo. Portanto um vídeo a ser exibido na Praça Sony em Berlim com o intuito de fazer os alemães terem pena de nós? (A propósito o título do vídeo é ich bin ein berliner, que falta de imaginação. Podia chamar-se antes Ich möchte Ihre Bratwürst riechen, Maria, ou "Quero cheirar o teu Bratwürst Maria"). Não sei se foi bem por motivos políticos. Cá para mim os alemães já tinham visto filmes portugueses e ainda não querem morrer de tédio, coitados. Ou pior, viram o vídeo professor Marcelo contra o aborto, mil vezes pior. Não vai ser com filmes e bolos que se enganam os tolos. E os alemães não são tolos.

sábado, 10 de novembro de 2012

Eléctricos: "Lulu"


Um novo grupo, os Eléctricos, apresentou-se na última quarta-feira no programa "Cinco para a Meia-Noite", apresentando este tema "Lulu". Um deleite para os amantes dos cachorrinhos. Um grupo que promete, que inclui o Dr. Faria, ex-Afonsinhos do Condado. Escutai.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Rua dos Ervanários


Para quem ainda não leu, aqui fica o artigo publicado na edição de ontem do Hoje Macau. Um artigo de mil palavras sobre a lindíssima Rua dos Ervanários. Pode aceder ao link aqui.

A Rua dos Ervanários é uma das mais fascinantes e típicas de Macau. É uma rua que representa o Macau antigo, aquele que queremos preservar, que não queremos que desapareça. Localizada na zona que os portugueses designaram por “tin-tins”, a menos de cinco minutos a pé do Largo do Senado, nesta rua encontramos várias lojas de ofícios que muitos pensam já extintos no território. Pelo menos quem pensa que Macau é a terra dos casinos, do comércio de luxo e das lojas de marca, a Rua dos Ervanários é uma das últimas resistentes do comércio tradicional, e um “must see” para quem quer conhecer a matriz do território.

Lá podemos encontrar, ao longo da calçada portuguesa iluminada à noite por candeeiros altos de luz alaranjada, lojas de pivetes, de algibebes, latoarias, ourivesarias onde os conhecedores podem encontrar um pouco de tudo, desde raras peças de jade, lojas de quinquilharia, numismática e outras antiguidades, passando por mobília, lençóis e até lingerie. Quem se quiser demorar mais tempo por estas lojas – e é sempre recebido com um simpático sorriso – “arrisca-se” a encontrar várias surpresas, desde livros e posters antigos, discos de vinil, calendários e outros objectos que variam entre o bom gosto e o kitsch. E tudo a um preço amigo.

Quem vem do Largo do Senado pela Rua dos Mercadores, passa pela Rua das Estalagens (outro local a visitar) e chega à Rua dos Ervanários, e encontra logo uma lojinha onde pode comprar roupa contrafeita, e que anuncia com orgulho que faz “t-shirt stamping”. Ora aí está a solução para quem procura a camisola dos seus sonhos. Existe logo à entrada da rua um restaurante que serve “ta pin-lou” (uma espécie de guisado) de carneiro, que abre apenas ao final da tarde, com três ou quatro mesas instaladas em cima do passeio, à revelia dos regulamentos municipais. É tão popular que há quem chegue a esperar horas por um lugar, e é frequentado por gente de todas as origens e estratos sociais. Basta “saber pedir”, e uma bela jantarada fica por qualquer coisa como 90 patacas por cabeça. Quem preferir o clássico “char siu” (carne de porco assada) pode andar mais alguns metros e deliciar-se no “Fu Loi Mei Sek Tong”, que exibe com um despretensioso orgulho os cadáveres de galinhas e patos na montra da loja. Com alguma sorte pode mesmo comer lá, pois existe apenas uma mesa.

Quem anda pela Rua dos Ervanários, completamente vedada ao trânsito, com a excepção de uma ou outra bicicleta mais atrevida, delicia-se a observar o dia-a-dia desta gente por quem o tempo parece não ter passado. Existe ali a “Associação Geral dos Idosos Respeitosos de Macau”, que ilustra bem o que estou a dizer. Mesmo em frente a esta encontramos o mestre de medicina chinesa Cheng Lai Keong, um conhecido “Tit ta”, massagista de quedas e pancadas. Um recurso usual a quem torceu um pé e não quer perder tempo no hospital. Ao lado da tal associação dos idosos que respeitam e se dão ao respeito encontramos a latoaria Veng Kei, que vende panelas, tachos, taças e outros objectos de latão. Um pouco mais à frente está a alfaiataria Va Seng, pequena e humilde, e com uma cabine de provas que consiste num biombo mesmo na entrada da loja tapado por uma cortina vermelha. Verdadeiramente fascinante.

A maioria do comércio desta rua decorre de forma bastante descontraída. Tratam-se essencialmente de empresas do tipo familiar, cujo espaço foi passado de pais para filhos, completamente alheios à loucura da especulação imobiliária. É pena que algumas lojas tenham já fechado, ao ponto da implacável CEM já lhes ter cortado o fornecimento de electricidade e tudo. A maior parte do dia os proprietários destes espaços jogam às cartas, ou ao mahjong, enquanto esperam por eventuais clientes. Se não aparecer nenhum tanto faz, amanhã têm novamente a porta aberta. Animais domésticos passam o dia à porta estendidos gozando da calma e do ar fresco que por ali corre livremente; é que nesta zona não existem mastodontes. Os prédios mais altos nas ruas circundantes terão no máximo cinco andares.

Continuando o passeio por esta rua, encontramos a famosa loja de pivetes Veng Heng Cheong, especializada em pauzinhos de incenso destinado ao culto aos deuses. É quem sabe a loja de pivetes mais famosa de Macau, mas a sua exiguidade não permite mais que um cliente ao mesmo tempo. O espaço deste estabelecimento é praticamente todo ocupado pelo seu proprietário e pelos milhares de pauzinhos para queimar, com um chão todo coberto de pó e cinza. Em frente ao Veng Heng Cheong existe um negócio de papéis votivos, que chama a atenção pelo enorme peixe de papelão pendurado por cima da porta. Ali perto encontramos a loja I Hap San Kei, que vende estátuas de terracota, conjuntos de chá e braceletes de jade. E por falar em jade, um dos maiores negociantes deste produto é a “Ieng Fung Five Dollar Antiquities”, onde pontifica um “dealer” que graças a um monóculo dos antigos, analisa o valor deste ouro verde.

O tratamento da língua portuguesa neste tipo de negócios chega a ser enternecedor. Temos as “Ouriversarias”, os “antiguários” ou as “lojas de virdros”. Chegando ao fim da rua, passando por lojas de algibebes (fatos feitos), lojas de espelhos que espantam os espíritos indesejados e os maus olhados, temos a Rua da Tercena, onde todos os dias ao fim da tarde, o quase todo o dia durante o fim-de-semana, temos uma espécie de Feira da Ladra, onde qualquer um pode vender objectos usados em cima de uma toalha. Ali encontramos um pouco de tudo, desde sapatos a malas usadas, vitrolas, estátuas, moedas, sapecas, facas de ponta e mola, mil e uma coisas. E tudo absolutamente negociável. É também recomendável perder-se pelas ruas apensas, como o Beco da Ostra, a Travessa dos Ovos ou o Pátio da Eterna Felicidade, tudo razões para uma visita mais demorada. Quem não conhece a Rua dos Ervanários e as suas vizinhanças, não conhece Macau.

Contas complicadas


O azar parece estar mesmo a perseguir o Sporting. Os leões empataram ontem em Alvalade a uma bola com o Genk, mas os belgas apenas conseguiram empatar nos descontos. Wolfswinkel apontou o golo do Sporting aos 64 minutos quando estavam já reduzidos a dez por expulsão de Schaars, e fez um manguito aos adeptos da casa. Se o avançado holandês aqueceu os ânimos, Glymor Plet gelou o estádio com o empate, obtido já além dos 90. O Sporting permanece no último lugar do Grupo G da Liga Europa, precisa de vencer os dois jogos que faltam e esperar que o Videoton não vença o Basel.


Em maus lençois está também o Marítimo, que perdeu por 0-1 em Bordéus, apesar da boa exibição. Os insulares estão em pior situação que o Sporting no Grupo D. Está obrigado a vencer em Newcastle na próxima ronda e ainda tem que esperar que o Club Brugges vença o Bordeaux, para continuar a sonhar com a segunda fase.


A Académica acabou por protagonizar o momento heróico da noite, ao bater em Coimbra o Atlético Madrid, detentor do troféu, por duas bolas a zero, com dois golos de Wilson Eduardo. Apesar da vitória - a primeira de equipas portuguesas na prova - os estudantes não dependem de si mesmos: precisam de vencer os restantes dois jogos e esperar que o Plzen não vença o Altético na última jornada. Contas complicadas para as equipas portuguesas.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Legalizar as drogas,e já!


O combate à droga em Macau continua a ser uma causa perdida. Estão registados menos toxicodependentes (e quantos estão presos?), mas o responsável da Comissão de Luta contra a Droga diz que "existem cada vez mais jovens a consumir em casa". O consumo de metanfetamina (vulgo "ice") entre os jovens atingiu os 42%, e o de ketamina 48%. Isto vale por dizer que há menos dependentes, mas isto não significa que o consumo tenha diminuído. Consome-se mais, mas às escondidas. Isto quer dizer também que se vende mais. E em mais sítios. Há mesmo quem cozinhe "ice" em casa, e para isso basta ter acesso a ingredientes tão básicos como Panadol, pilhas, óleo de travões (!) e fertilizante (!!!). Deve ser super-saudável. Existe ainda um risco de explosão cozinhando os ingredientes.

Parece que os métodos dissuasivos também não têm dado resultado. A rigidez da lei ou o aumento de penas também não. É impossível controlar toda a gente que vai todos os dias comprar drogas sintéticas em Zhuhai, e no fundo isto trata-se de uma batalha perdida. É possível deter um pindérico qualquer que vende ecstasy ou cocaína numa discoteca, ou cannabis à porta de uma escola, mas não há maneira de apanhar o indivíduo que lhe vendeu essas substâncias. O tal pindérico não tem um laboratório em casa, ou uma plantação de cannabis ou coca no quintal. Mandar pequenos traficantes ou consumidores para a prisão também não os reabilita; torna-os marginais. Um consumidor de drogas recreativas não é em norma um marginal. Muitos têm empregos, são indivíduos funcionais e uma pena de prisão transforma-os em cadastrados marginalizados da sociedade, e só os leva a encarrilhar por uma vida de crime depois disso.

Este é um problema que vai além do espaço reduzido de Macau. É um problema mundial. Para muitos as drogas substituem aquilo que a sociedade é suposto providenciar: o conforto, a estabilidade, a prosperidade e mesmo a felicidade. No outro dia no programa "5 para a meia-noite" foi convidado João Goulão, Presidente Conselho Directivo na Instituto da Droga e da Toxicodependência, em Portugal, que alertou para o recente aumento de substâncias que estavam em recessão, como a heroína. Um sinal de desespero. Falou-se ainda das ditas "drogas legais", as tais que são vendidas nas "smart shops". A necessidade de contornar a lei nestes casos só se pode justificar pela maior procura de estupefacientes, pela necessidade de inebriação e de fuga. Isto são seres humanos de que estamos a falar, e não de criminosos ou marginais.

E qual a solução para reverter esta batalha a favor de quem sofre e contra quem lucra com a desgraça alheia? Legalizar todas as drogas. Isso mesmo, todas. O leitor vai pensar agora que perdi o juízo, mas esta é uma solução que deu frutos a outros níveis em alguns países. Atentemos ao exemplo da Holanda. Quem já lá foi sabe que pode adquirir substâncias de forma completamente legal por 9 ou 10 euros. Substâncias essas que noutros países onde são ilegais são compradas no mercado negro por 500 ou 1000 patacas, pela mesma quantidade e sem a mesma qualidade. O farmacêutico maroto que produz ecstasy ao custo de uma ou duas patacas e depois vende cada comprimido a 100 ou 200 é recompensado pela sua desonestidade. E para quem vai essa diferença? Não se pense que vai para orfanatos ou para a pesquisa do combate contra o cancro. Vai para o bolso de traficantes, empresários desonestos e políticos corruptos. E depois é convertida muitas vezes em mansões, carros e amantes de luxo, barcos de recreio e contas bancárias chorudas em paraísos fiscais. E estes vão cantando e rindo, e ninguém os apanha.

Legalizando as drogas o dinheiro reverte para o estado que o pode assim investir em programas de prevenção e combate à toxicodependência, que se pagam a si próprios sem prejuízo para o cidadão comum em forma de impostos, e ainda arrecadar receita que actualmente existe apenas num mercado paralelo, e resultando em lucros criminosos para alguns. Não se pense que legalizando as drogas acaba-se com a prevenção e o tratamento, nem que se perdem empregos nessa área. Os psicólogos, assistentes sociais e afins que dependem dos toxicodependentes para viver não vão ficar sem emprego. O tratamento fica muito mais acessível, uma vez que é muito mais fácil identificar os consumidores, e tratá-los sem prejuízo para o sistema e para a sociedade. É no fundo o que acontece actualmente com o alcoolismo ou o tabagismo. E ninguém vai preso por beber ou por fumar, e estes produtos igualmente aditivos e completamente legais estão ao alcance de qualquer maior de 18 anos (e às vezes menos). Isto significa ainda uma diminuição da incidência de doenças contagiosas como o HIV ou a Hepatite B e C, uma vez que num ambiente legalizado e controlado, deixa de existir partilha de seringas e toda essa promiscuidade.

Mas estará o leitor a pensar: "Legalizar todas as drogas? Mesmo as pesadas?" E porque não? Por "pesadas" entendem-se a heroína e a cocaína por exemplo. A legalização seria também a garantia de um produto de qualidade, em vez das drogas misturadas com vidro partido, pó de talco, bicarbonato de soda, cianeto e sabe-se lá o que mais, que tantas vezes causam a morte do consumidor, mesmo que acidental. Como disse João Goulão, "a droga sozinha não faz mal a ninguém". É uma questão de educação e prevenção, não uma questão de "crime e castigo". São mais os casos de morte por consumo de drogas adulteradas do que o consumo por drogas em elevado estado de pureza. Além disso, qualquer maior de idade é responsável pelos seus actos, e se isto inclui "destruir a sua saúde" (um conceito muito subjectivo, mas já lá vamos), isso é lá consigo, e ninguém tem a autoridade para interferir. Aconselhar e orientar sim, a quem de direito, mas de interferir, nunca.

Mas a heroína e outros opiácios são adictivos e viciantes, dirào alguns. E o álcool? A droga socialmente aceite? À semelhança do álcool, que é acessível a qualquer um, o acesso às drogas não significará automaticamente um aumento do seu consumo. Assim como existe muita gente que não bebe por saber que é prejuicial à saúde, existirão outros que não consumirão heroína, pela mesma razão. Um adulto pode entrar num supermercado e adquirir dez garrafas de whiskey e apanhar uma bezana de morte, sem que ninguém chame a polícia ou o oriente para uma cura de desintoxicação. E não me digam que é diferente. Os alcoolicos são também disfuncionais e improdutivos, impotentes, desgraçados que vomitam na rua e fazem figuras tristes, que não fazem mais que beber o dia todo. Que diferença existe entre estes e os toxicodependentes? Só porque a droga "é feia"? E menos aceite socialmente? Alguns discordarão de mim apenas por ingenuidade. Outros porque legalizar a droga seria perder um negócio milionário. De que lado você está?

Benfica ganha mas perde, Braga perde mas ganha


Ontem foi dia de Benfica e Braga entrarem em acção na Liga dos Campeões. No grupo G o Benfica bateu o Spartak de Moscovo por duas bolas a zero, na Luz, com dois golos de Oscar Cardozo, que ainda falhou um penalty, mas ficou mais longe da qualificação. Isto porque o Celtic bateu o Barcelona na Escócia por 2-1, e os encarnados vêem-se quase obrigados a vencer os restantes dois jogos - que incluêm uma deslocação ao Camp Nou, para não dependerem de uma eventual vitória do Spartak em Glasgow. Contas complicadas para o Benfica.


O Braga voltou a perder para o Manchester United por 1-3 no Estádio AXA, depois de ter estado novamente em vantagem até 10 minutos do fim, mas depende apenas de si para seguir em frente. Os bracarenses são últimos do grupo com 3 pontos, mas estão apenas a um ponto do Cluj e do Galatasaray, pelo que 9 pontos serão mais que suficientes para garantir a passagem. Os bracarenses jogam dia 21 em Cluj-Napoca, na Roménia, e só a vitória interessa. O Manchester United já é o virtual vencedor do Grupo, e a única equipa da Champions que conta todos os jogos por vitórias. Curiosamente os ingleses tê mais pontos (12) que todos os seus adversários juntos.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Toca a assinar


Aí está a petição "Por um renda justa", em inglês "For Fair Rent", ou ainda em chinês 爭取合理之租金調整措施, que conta apenas com menos de 800 assinaturas. É uma pena esta fraca adesão, pois é preciso fazer chegar a quem de direito o nosso descontentamento por uma situação lastimável. Como é sabido a especulação imobiliária tomou conta de Macau, e quem depende de uma renda para ter um tecto onde viver encontra situções como rendas que são o dobro de outros apartamentos no mesmo edifício, ou de aumentos anuais que por vezes chegam aos 100%. Mesmo quem é proprietário devia assinar, pois o que está em causa é a qualidade de vida da população, que é um assunto que a todos diz respeito. Pode assinar a petição aqui. Do que está à espera?

Four more years!


Barack Obama foi reeleito presidente dos estados Unidos, conseguindo mais de 300 votos do colégio eleitoral, quando eram necessários apenas 270. Tal como se preia, o vencedor no estado do Ohio foi o vencedor final, e a única surpresa foi talvez a vitória de Romney no estado do Massachusets. Mais quatro ans de Obama, portanto, e só me deixa triste que os americanos tenham considerado eleger mais uma espécie de Bush, esse tal Romney, e que tenh existido "um empate" até ao último dia. O mundo civilizado respira de alívio.

Porto segue em frente na Champions


O FC Porto qualificou-se para o oitavos-de-final da Liga dos Campeões ao empatar ontem à noite em Kiev, num encontro sem golos. Os dragões têm seis pontos de vantagem sobre os ucranianos e com vantagem no confronto directo, quando faltam apenas duas rondas para o fim da fase de grupos. O Paris SG deu também um passo importante rumo ao apuramento, ao golear os croatas do Dinamo Zagreb por 4-0 no Parque dos Príncipes. Basta aos franceses um empate em Kiev na próxima ronda para garantir pelo menos o segundo lugar do grupo A.

Noutros grupos destaque para os espanhóis do Málaga, no Grupo C, que na sua primeira participação na prova estão praticamente qualificados, e lideram com mais cinco pontos que o AC Milan. Destaque pela negativa para o Manchester City, a tal equipa que custou 200 milhões de euros, e ocupa o último lugar do Grupo D com dois pontos em quatro jogos. Os ingleses precisam de vencer os dois jogos que faltam e dependem ainda de uma conjugação bizarra de resultados para seguir em frente. Ficam imagens do jogo de manchester que terminou com um empate a dois golos entre os da casa e os holandeses do Ajax.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

De volta à vaca fria


1) Depois de um fim-de-semana prolongado, nada como passar uma vista pelos jornais e restante imprensa, e regressar a esse doce veneno que é a actualidade de Macau. Uma notícia que me chamou a atenção foi a definição de "classe média" pelo Gabinete para s estudos das Políticas, dirigido por Chui Sai Peng, primo do nosso chefe (ora, ora). Segundo este gabinete é da classe média "quem ganha entre 12 mil e 78 mil patacas mensais". Assim, sem mais nem menos. Isto quer dizer que quem ganha 12 mil rufas por mês está incluído no mesmo estrato social de quem ganha mais de 50 mil. Um absoluto disparate. Chega mesmo a existir uma diferença significativa entre quem ganha 12 e 20 mil. Quem ganha vinte mil paga as suas contas e ainda tem os 12 mil que o outro desgraçado precisa de gerir o mês inteiro para gastar como muito bem entender. Isto significa que existe "classe média" que vive num T2 num prédio de 30 anos na Barra, e outra "classe média" que vive na Penha ou no Ocean Gardens. Esta discrepância parece até uma anedota. Parece a história do indivíduo que marca uma consulta e dizem-lhe para aparecer por lá "por volta das duas...oito da tarde, mais coisa menos coisa". Ou daquele que vai comprar "dois ou vinte quilos de batatas". Ou como dizer que o famigerado Metro Ligeiro estará pronto "em 2015 ou 2040, por essa altura". Devem ser muito inteligentes, os senhores deste gabinete.

2) Macau, ou melhor o empresário da restauração Chan Chak Mo e os seus amiguinhos (da classe média?) querem criar um mercado nocturno em Macau. Uma ideia divertida e interessante, acho eu. A primeira sugestão para o local foi o Lago Sai Van, onde chegou a existir alguma animação em forma de bares, mas sem resultado. Chegou mesmo a existir ali um bazar aos fins-de-semana, outra ideia que foi abandonada. Pesno que aquela área seria ideal, uma fez que fica perto do mar, e beneficiaria de alguma animação além da única altura do ano em que vão lá mais de dez pessoas por noite: durante o Festivalde Fogo de Artifício, quando os indígenas vã o lá olhar para o céu de boca aberta e gritar "uuuaaahhh....". Mas claro que os residentes da Praia Grande estão contra. Como em todo o resto do que se passa em Macau, eles até gostavam que existisse um mercado nocturno e tal, mas desde que seja longe da sua porta. Agora pensa-se na Praça Ferreira do Amaral, em frente ao Hotel Lisboa, onde passam mais autocarros e não sei o quê. Pensando bem, a ideia de um mercado nocturno, que é um verdadeiro sucesso noutras cidades asiáticas, deverá ser um fiasco em Macau. Das duas uma: ou acaba por ser mais um entreposto de chau-min e bolas de carne e peixe a nadar em caril, ou consegue uma grande adesão durante os primeiros dias e depois fica completamente às moscas, como a Doca dos Pescadores.

3) Virando a bússola mais a ocidente, a chanceler Angela Merkel (zieg heil, mein führer!) pede mais cinco anos de austeridade para os países da zona euro que se portarammal. E isto inclui Portugal, obviamente. Lá se vai a esperança da retoma antes dos próximos jogos Olímpicos. Mas epá, estes gajos alemães são dotados de um pragmatismo sem limites. O Deustche Bank, a maior instituição bancária alemã, teve perdas de 40%, e basta pegar na calculadora e despedir 2000 funcionários. Assim, pim-pam-pum, é quanto custa 40% de prejuízo: 2000 empregos. Os alemães até devem achar isto normal, e os coitados que ficaram sem emprego se calhar encolheram apenas os ombros, arrumaram a tralha na caixinha e foram tentar a sorte noutro lado. Não que isto signifique que os seus executivos vão meter menos dinheiro ao bolso. Vão meter a diferença dos salários que pagavam a estes gajos que vão agora para o olho da rua. São assim as regras do capitalismo. E não é esse o sistema do mercado livre a que tantos tecem loas?

O peso da camisola


O Sporting vai de mal a pior. Ontem os leões foram derrotados em Setúbal por duas bolas auma na estreia do técnico belga Frank Vercauteren, num jogo em que não evidenciaram uma atitude muito diferentee dos últimos jogos. É certo que faltou uma pontinha de sorte ao Sporting, mas os verde e brancos ficaram longe de justificar qualquer outro resultado que não a derrota. Esta foi a sétima partida sem ganhar, a última vitória foi a 24 de Setembro e o Sporting ocupa o 13º lugar da Liga, apenas um ponto acima da linha de água e com mais dois pontos que o lanterna-vermelha, o Nacional. Parece que começam a pesar, estas camisolas.

Videorama


Primeiro este cão tão "kido", de seu nome Jackson, que sabe a diferença entre tomar um banho"(que ele odeia, não fosse isto um cão), e "ir à rua", que é uma ideia quelhe agreada, naturalmente.


O furacão Sandy, que assolou a costa Leste dos Estados Unidos na semana passada deu para de tudo um pouco, desde uma modelo brasileira que posou entre os destroços, até este indivíduo que quis reclamar os seus 15 minutos de fama saíndo à rua de roupa interior e com uma cabeça de cavalo.


As eleições na América são amanhã, mas para esta menina de quatro anos bem podiam ter sido ontem. Talvez cansada da campanha que se clahar rouba tempo televisivo aos seus desenhos animados, a pequena diz-se cansada de "Bronco Bamma (lol) e Mitt Romney". Nós também, querida. Mas vá lá, amanhã já passa.


E finalmente, sabe como interessar os seus filhos em música clássica? Fácil, é só pegar nos temas pop e rock da moda e juntar-lhes a música de Beethoven, Verdi oU Mozart. Bem, na verdade não é assim tão fácil...

Espero que tenham gostado dos vídeos, e tenham uma óptima semana!

sábado, 3 de novembro de 2012

San Miu rima com a ...que pariu


Festa num Sábado à noite em casa, quem nunca fez? Não faltam os petiscos, a boa música - sempre uma questão de gosto - o vodka, o gelo....mas domage, faltam os Red Bulls para misturar o tal vodka e o gelo para dar aquele speed sem que ninguém caia para o lado e para que a orgia aconteça. Os leitores sabem bem do que falo. E o que faço? Faltavam 15 minutos para a meia-noite, e decido ir a correr ao supermercado San Miu mais próximo de casa, na Rua dos Mercadores. Quando lá chego são 11:52, e o tal supermercado fecha às 12:00, pelo menos em teoria. Mas o que lá encontro? As escadas rolantes paradas, o portão fechado ao cadeado. Tento as escadas, mas no topo está um palerma qualquer que se auto-intitula de "segurança" que me diz que não posso entrar. Insisto que ainda não é meia-noite, e que o spuermercado devia receber-me, enfim, debalde. O gajo mantinha a palma da mão estendida e erecta, com uma autoridadezinha de merda, reiterando que eu não podia entrar, e pronto, é isto que se chama "profissionalismo". Eu sou funcionário público e o meu serviço fecha às 18:00. Se alguém chegar às 17:59 com resmas de trabalho, temos que efectuá-lo, nem que isso signifique ficar no serviço até à noitinha. E ainda falam mal dos funcionários públicos. Conclusão, tive que me deslocar ao Veng Kei da Rua do Campo para comprar as porras dos Red Bulls, sem os quais a festa nunca se faria. San Miu rima com a puta que os pariu!

A água (um poema de Bocage)


"A Água"

Meus senhores eu sou a água
que lava a cara, que lava os olhos
que lava a rata e os entrefolhos
que lava a nabiça e os agriões
que lava a piça e os colhões
que lava as damas e o que está vago
pois lava as mamas e por onde cago.

Meus senhores aqui está a água
que rega a salsa e o rabanete
que lava a língua a quem faz minete
que lava o chibo mesmo da raspa
tira o cheiro a bacalhau rasca
que bebe o homem, que bebe o cão
que lava a cona e o berbigão.

Meus senhores aqui está a água
que lava os olhos e os grelinhos
que lava a cona e os paninhos
que lava o sangue das grandes lutas
que lava sérias e lava putas
apaga o lume e o borralho
e que lava as guelras ao caralho

Meus senhores aqui está a água
que rega rosas e manjericos
que lava o bidé, que lava penicos
tira mau cheiro das algibeiras
dá de beber ás fressureiras
lava a tromba a qualquer fantoche e
lava a boca depois de um broche.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Ich bin ein macaense


Fotografia: Crónicas macaenses.

Artigo publicado na edição do Hoje Macau de 01/11/2012.

Decorreu no passado fim-de-semana um colóquio organizado pela Associação dos Macaenses (ADM) subordinado ao tema da identidade macaense: “Um olhar sobre a comunidade”; o que é o macaense? Qual o lugar do macaense hoje, na política, na economia, na sociedade de Macau? É interessante como Macau deve ser o único local do mundo onde se dicute o lugar…do macaense. Passo a comparação descabida, mas seria como debater o lugar dos portugueses em Portugal, ou o lugar dos americanos na América. Mas como sempre, Macau é um local cheio deste tipo de vicissitudes, ou como se diz no linguajar local, “Macau sã assi”. O colóquio foi notícia, excedeu expectativas, mas ao mesmo tempo ficou a saber a pouco. Pelo menos para mim. Interessa-me este tipo de coisas, temas sobre Macau, sobre a preservação desta cidade maravilhosa inaugurada há séculos, da sua cultura, das suas tradições. Não me interessa que Macau seja, como é para muitos, um local para “fazer dinheiro”. E depois partir, virar-lhe as costas, como se de uma amante agredida e envelhecida se tratasse.
Em primeiro lugar a adesão poderia ter sido maior, não em número, mas em tipo. Os participantes do colóquio foram na sua maioria membros do fórum “Conversas entre a malta” (vulgo, “a malta”), do Facebook, um grupo que alia o amor ao amadorismo, a paixão e a descontração e que esmiuça temas correntes da RAEM de hoje, e os próprios membros da ADM, organizadora do colóquio. Faltou ali um grosso da comunidade macaense, dos “filhos da terra”, que provavelmente tinham mais que fazer num fim-de-semana do que participar num debate que talvez muitos consideram – erroneamente – ser “apenas falatório”. Tinham que passar tempo com a família, tinham que ajudar os filhos com os trabalhos de casa da escola chinesa, enfim, são os “adaptados à nova realidade” a quem este tipo de discussão não interessa muito. E é pena. Não há nada mais triste que renegar o próprio passado, as origens. Talvez isto seja efeito de algum elitismo que é comum neste tipo de eventos. Quando fala a comunidade macaense, falam “sempre os mesmos”. Não por culpa própria, certamente, uma vez que todos têm o direito de participar. O que existe mesmo é desinteresse, um leve encolher de ombros. E enquanto isso a terra que os viu nascer, onde cresceram e que tanto amam vai desaparecendo e dando lugar a um misto de concreto inconcreto, edifícios obtusos e o mais profundo desprezo pela História e pelas tradições. Com o fim anunciado do restaurante Riquexó, por exemplo, fica mais fácil encontrar a riquíssima culinária macaense nas casas de Macau no Canadá, Brasil ou Austrália. Pelo menos a diáspora vai cuidando dessa sensibilidade, dessa coisa do ser macaense.
E faltaram os portugueses. Com a excepção de alguma imprensa, alguns académicos e uma mão cheia de carolas, incluíndo eu próprio, não se viram “reinóis” – vulgo portugueses originários de Portugal – no colóquio. Apesar de este ter sido realizado inteiramente na língua de Camões. Este era um debate que encheria o Grande Auditório do Centro Cultural, pelo menos. Era também altura dos portugueses de origem, alguns deles aqui há décadas, interessarem-se pelo futuro desta terra que os acolheu, onde muitos deles viram os filhos e os netos nascerem. Chega de continuar a pensar a prazo, e achar que isto é uma coisa “deles”, da “tribo dos macaenses”. É altura de beber mais da Fonte do Lilau e abanar menos a árvore das patacas, arregaçar as mangas e tratar do que interessa realmente.
Isto do “ser macaense” tem muito que se lhe diga. Em termos leigos, um macaense seria um indivíduo nascido em Macau, mestiço de portugueses e chineses. Balelas. A teoria da consanguinidade é perfeitamente descartável. Há macaenses de famílias antigas e respeitáveis que não têm sangue português. O macaense é no fundo o produto de uma louca aventura onde participaram navegadores, pescadores, tancareiras, piratas, aventureiros, goeses (os chamados “canarins”, macaenses de origem indiana), missionários, condes e barões, todo o tipo de burgueses e pelintras. É difícil ir buscar a verdadeira origem do macaense. Séculos antes da já por si vetusta América, este pequeno pedaço de terra à beira-China plantado era um “melting pot” por excelência.
A questão da origem é também bastante discutível .Claro que ajuda bastante ter nascido em Macau para que se seja considerado macaense, mas será essa uma exigência? Eu próprio nasci em Portugal, passei a maior parte da minha vida em Macau e não tenho praticamente nada que me ligue ao meu país de origem. Em suma: sinto-me macaense. Adoptivo, por certo, mas macaense. É um estado de espírito, algo que primeiro se estranha, e depois se entranha, citando o poeta. Interessa-me o dia-a-dia desta terra, o que me rodeia, e não me interessa o que passa a milhares de quilómetros de distância. Não sou mercenário nem estou aqui a prazo. Tenho um filho macaense por inerência e não desejo integrá-lo num país como Portugal, com um futuro eternamente adiado, que nos leva mesmo a interrogar-nos se esse futuro existe mesmo. Se queremos o melhor para os nossos filhos, esse passa por onde eles se sentem melhor, e não pelo que é convencionado como sendo o “mais natural”. Passados já vinte anos de Macau, olho para o passado que me fez apaixonar por esta terra com saudade, e tenho esperança que esta nova tomada de consciência seja um primeiro passo para que se mantenha viva a chama macaense. Adaptando as palavras do presidente JFK: “Ich bin ein macaense”.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Dois aniversários


O Jornal Tribuna de Macau comemora hoje a passagem do seu 30º aniversário. Tecnicamente o diário mais antigo de Macau (uma fusão entre o diário Jornal de Macau e o semanário Tribuna de Macau), uma "brainchild" do advogado Jorge Neto Valente, que trouxe de Portugal os jornalistas João Fernandes e José Rocha Dinis em 1982, para fazer oposição ao governador Almeida e Costa, odiado pela elite macaense, numa altura em que em Macau ter um jornal era "ter poder". Passado esse período conturbado da história da imprensa macaense, o JTM manteve-se, e apesar de não reunir consenso no que toca à indepensência jornalística, tendo sido mesmo apelidado de "Boletim oficial", tal era a sua anuência às decisões do poder instituído. Nunca tanta graxa se soltou em forma de letra tanto no consulado do último governador, o General Rocha Vieira, ora na actual administração dos mandarins. Mas pronto, cada um sabe de si, e parabéns ao JTM, e que viva muito e longo tempo. É um jornal útil e informativo, importante no panorama de Macau, e os seus responsáveis estão de parabéns pela quarta década em que entram a partir de hoje. Apenas isso.

De parabéns está também o grupo do Facebook "Conversas Entre a Malta" (CEAM), formado por um grupo de convivas macaenses que no dia 1 de Novembro do ano passado resolveu, depois de uma jantarada entre amigos, formar um fórum em que se debatem temas sobre Macau. Erroneamente designado por "blogue", o grupo tem mais de 800 seguidores e vai produzindo comentários sobre a actualidade do território a um ritmo diário. O grupo tem dado que falar na imprensa local, e foi um dos grandes catalizadores do último debate sobre a identidade macaense, realizado no fim-de-semana passado no auditório da Escola Portuguesa. Para eles também uma longa vida cheia de sucesso. O que faz falta é animar a malta, e que se fale, fale e fale muito sobre o que se passa nesta terra que é de todos nós.

Hóquei nove em dezasseis


A selecção de hóquei em patins de Macau sagrou-se novemente campeã asiática, pela quinta vez consecutiva, e pela nona vez em 16 edições. É um domínio inquestionável. A equipa orientada por Alberto Lisboa teve apenas a aoposição da Índia e de Taiwan (e disputou um jogo com a Asutrália, equipa convidada), e foi vencedora em todas as partidas. Isto vale o que vale, mas trocado em miúdos, esta é a única modalidade em que Macau é cronicamente campeão no panorama asiáitco. Contudo é curioso que as selecções de futebol (uma desgraça), wushu (quem mal chega a ser um desporto), basquetebol (ahahahah) ou outras em que Macau sai goleado e humilhado usufruem de melhores condições que o hóquei em patins, o que só nos leva a pensar que existe algum tipo de birra com a patinagem. Talvez porque para "patinagem" já chegou o que chegou em termos de orçamentos para as infra-estruturas desportivas de que a RAEM usufrui hoje. Talvez se isto fosse "hóquei em derrapagem orçamental" fosse mais respeitado e apoiado. Macau seria um dos sérios candidatos ao título mundial. Mesmo assim, a selecção de hóquei em patins vai voltar a representar a RAEM no mundial "B" da modalidade no Uruguai no final do mês, com uma secreta esperança de subir ao mundial "A". Mas da maneira que as coisas estão, a única ambição é uma "participação digna". Pelo menos haja alguém que tenha dignidade, no meio de tanta inveja e desprezo.

Michel, my belle


As minhas memórias de infância andam destroçadas por estes dias. Fiquei a saber que Michel da Costa, ou simplesmente Michel, foi detido por suspeitas de evasão fiscal e branqueamento de capitais. Um mandato de captura europeu emitido na França levou o Michel aos calabouços, mas este recusa-se a ser extraditado, pelo que por enquanto vai batendo com os queixos na prisão em Portugal. Michel, para quem ainda se lembra, era um chefe de cozinha muito popular na TV portuguesa nos anos 80. Apresentou juntamente ccom António Sala e Carlos Paião o programa de entretenimento dos Sábados à noite "O Foguete", e mantinha alguns programas de culinária. Foi o primeiro chefe português a receber uma estrela da Michelin (um insulto ao imbatível chefe Silva), e na verdade andava desaparecido há algum tempo. Precisei de um nanosegundo para me lembrar quem era o Michel. Pois é assim mesmo, o homem por detrás da imagem é provavelmente um corrupto, um pedófilo ou um facínora. Foi assim com Carlos Cruz e com Paco Bandeira, outros dos icones meus e do querido leitor. Ídolos com pés de barro...

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Monster Mash



Feliz Halloween! Fiquem com "Monster Mash".

万圣夜 (ou apenas Halloween)


Hoje é dia 31 de Outubro, vésperas do Dia de Todo os Santos, e noite de Halloween, ou em português, "Noite das Bruxas". Este é o nosso equivalente àquele dia de Agosto em que no calendário chinês se abrem as portas do Inferno e os fantasmas andam por aí à solta. Ers giro se isto fosse mesmo verdade, e podiamos ir beber uns copos com os nossos antepassados, e eles sempre nos podiam ir prepraranso para o inevitável. Cruzes canhoto, que eu não sou supersticioso, mas como dizem nuestros hermanos, não acredito em bruxas, pero que las hay, hay.

Neste dia em Portugal juntava-me aos amigos e iamos jogar ao prego, que para quem não sabe consistia em ir tocar às campainhas das casas dos outros e fugir. Ou seja, iamos chatear as pessoas. A única diferença em relação aos outros dias em que brincávamos ao prego era que faziamos barulhos fantasmagóricos quando alguém respondia no inter-comunicador (sim, já exisitiam), e riamos imenso. Quando éramos mais velhos saltávamos o muro do cemitério e iamos beber umas jolas e fumar em cima das campas. Coisas que davam direito a um grande raspanete caso os pais soubesem. Era divertido, em retrospectiva. Infelizmente não existe em Portugal a tradição americana do "trick or treating", quando os jovens visitam os vizinhos mascadarados de monstros e recolhem guloseimas - ou partem-lhes os vidros com uma pedra.

Em Macau o Halloween é celebrado, sobretudo pela gente mais jovem. Pasme-se, que os chineses são maluquinhos pelo Halloween. Desconhecem por completo o significado da data, mas é "giro" andar por aí vestido de morto-vivo e ir a festas (gastar dinheiro, enfim...) e apanhar umas bebedeiras. Pode-se dizer que o Halloween foi aqui bem comercializado, um pouco como aconteceu com o Oktoberfest. Não passa pela cabeça de ninguém que os chineses festejem o fim das colheitas (!) à boa maneira bávara. Imaginem que em tsingtao, na China, se celebravam as colheitas com uma festa da cerveja. Os decotes iam ser uma desilusão. Pelo menos no Halloween as moças parecem muito mais sexy - o preto fica-lhes sempre bem.

É contudo curioso que os chineses não aceitem tão bem o Carnaval, uma festa muito mais castiça e caliente que esta chanchada anglo-saxónica do Halloween. O melhor de tudo isto é que na sexta-feira é feriado, e temos um fim-de-semana de três dias. Vem mesmo a calhar, pois estou morto de tanto trabalhar estes dias, que nem tenho tido tempo para actualizar aqui a tasca. Ah mas hoje vou andar outra vez por aí, regressado dos mortos. Afinal, é Halloween. E já agora um feliz Dia das Bruxas, para quem gosta.

domingo, 28 de outubro de 2012

Vídeo da semana


Uma jovem loira alcoolizada na Austrália foi expulsa de uma carruagem do metro em Sydney depois de ter agredido, insultado e cuspido noutros pasageiros da composição. Como os australianaos ainda são semi-desenvolvidos e meio selvagens - apesar de se considerarem o pináculo da civilização - é um bocado difícil perceber todos os "Oi! Oi!" a que eles chamam "inglês", mas percebe-se que a moça bebeu uns copos a mais. No fim foi expulsa da carruagem (tarde demais, na minha humilde opinião) por um grupo de jovens, e ficou deitada no chão a bradar profanidades. Lindo.

sábado, 27 de outubro de 2012

Notas de fim-de-semana


1) Já foi inaugurada a exposição “Human Bodies”, no Venetian, e pela módica (?) quantia de 120 patacas por cabeça, o visitante pode ver (e tocar) nos cadáveres plastinados, provavelmente de pobres diabos da China que foram condenados à morte e não tinham uma família que reclamasse o cadáver. Acontece, num país onde existem 200 milhões de trabalhadores migrantes (ouviram bem? 20 vezes a população de Portugal), e dos quais a única prova de vida é o dinheiro que mandam para a família lá na santa terrinha. Assim sendo, a exposição tem “um grande interesse científico”, como disse um artista ex-soviete residente em Macau no Telejornal de ontem. Epá é uma loucura de facto, desde que não seja alguém da nossa família que esteja ali exibido com as tripas de fora. Aliás eu só queria lá ir se me mostrassem em detalhe as trompas de falópio, o meu detalhe preferido da anatomia humana. É que eu só as conheço da parte de fora. O meu zarolho é que as conhece por dentro, mas como o nome indica, é ceguinho e não consegue ver.

2) Francisco Manhão, presidente de uma associação de velhotes de Macau (a APOMAC), quer sentar-se na Assembleia Legislativa, essa grande ambição de quem, erm, “faz trabalho em prol da comunidade” blah blah blah. Pois, lérias. Só que o senhor que ir lá parar pela via indirecta, aquela tal que ninguém percebe muito bem como funciona. Pela via directa, ou seja, eleito pela população, é que não, pois eles são “uma equipa”, e para isso já lá está Melinda Chan, mulher de David Chow, o “padrinho” dos reformados, enfermeiros e afins, inimigos fidagais de Pereira Coutinho, representante dos Funcionários Públicos. Correr ao lado de Melinda Chan e ser eleito como nº 2 da lista está for a de questão, portanto, porque os eleitores não são parvos e não há assim tantos reformados e enfermeiros que cheguem aos mais de 10 mil votos necessários. Pois sim, pela via indirecta talvez, caso reste alguma das vagas já garantidas pelos restantes parasitas da sociedade de Macau, ora eleitos pelos “interesses sociais, religiosos, comerciais e desportivos”, mais coisa menos coisa.

3) Uma circular que foi posta a circular (passo o pleonasmo) em alguns serviços na Função Pública foi mal recebido por alguns funcionários e noticiada na edição do Hoje. Na circular em questão apela-se (ameaça-se?) aos funcionários públicos que não divulgem documentos a que tenham acesso no exercício das suas funções. Como sou FP, tive acesso a esta circular, que se contradiz em termos: ora diz que não se devem divulgar documentos confidenciais, e mais à frente anuncia que “viola o segredo profissional o funcionário que fotocopia ou fotografa documentos do serviço, ainda que não confidenciais”. Quer dizer, no que ficamos? Já sabemos muito bem a quem se dirige esta circular, e quem atingiu directamente. A polémica é conhecida e tem sido bastante publicitada. Só é pena que não tenha uma conclusão em que se faça realmente justiça. Hmmm…”justiça”…”administração”. Palavra puxa palavra. What’s the password?

Vieira forever


Luís Filipe Vieira, também conhecido por "Orelhas", foi ontem reeleito para mais um mandato de três anos à frente dos destinos do Benfica, uma notícia que fez respirar de alívio os adversários mais directos do clube encornado, perdão, encarnado. Vieira obteve 83% dos votos nas eleições mais concorridas de sempre. O adversário, o juíz Rui Rangel, fica a ver navios, e os benfiquistas mostram mais uma vez que são uns demagogos. Este é o quarto mandato consecutivo do Khadaffi dos pneus (outro epíteto de Vieira), sócio do FC Porto, e em dez anos a lista de títulos conquistados pelo senhor é realmente espectacular: no futebol 8 títulos - metade deles na Taça da Liga. Nas "outras modalidades", 71 titulos, a maioria deles obtidos no Futsal, também conhecido por "futebol a fingir" e no Râguebi feminino...e nos matraquilhos...ah sim, e conquistaram há dois anos a Taça das CERCI no hóquei em patins, e o primeiro título nacioal em 12 anos. Viva o Vieira! Hic!

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Gato por lebre


Para quem ainda não leu, aqui fica o artigo de ontem publicado no Hoje Macau. Bom fim-de-semana.

I

Um amigo contou-me um episódio que se passou há alguns meses num restaurante “português” em Macau (digo “português” entre aspas e já explico porquê), onde um turista da China continental pediu um prato de sardinhas assadas. Chegado o prato à mesa, o senhor chamou a empregada e explicou-lhe num tom paternalista que “a pele das sardinhas tinha que ser retirada antes de serem assadas”. E aparentemente estava mesmo a falar a sério. Desconheço o resultado da reclamação deste ‘sardinhólogo’ de trazer por casa, mas é bem demonstrativo o que a maior parte dos turistas e mesmo alguns residentes sabem da típica comida portuguesa: nada. A culpa também não é deles, pois afinal contam-se pelos dedos de uma mão os restaurantes em Macau que servem a genuína comida portuguesa. É verdade que não é fácil fazer igual ou parecido com o que se faz em Portugal; faltam-nos alguns ingredientes, a qualidade dos legumes é outra, e sobretudo falta o nosso mar, que é único. Mas em muitos casos existe uma grande dose de laxismo por parte de alguns empresários da restauração, que podiam fazer bem melhor. Muitos restaurantes ditos “portugueses” oferecem uma interpretação local e mesmo pessoal da comida portuguesa, especialmente alguns na Taipa bastante frequentados por turistas de Hong Kong e do continente. Por mais de cem patacas por dose servem 1 (um) camarão-tigre assado, ou uma casca de caranguejo sem nada que se coma mergulhada num molho inexplicável, pastéis de bacalhau com vestígios do fiel amigo, ou nem isso, filetes de um peixe anónimo encharcados de óleo, pratos cheios de arroz ou de batatas fritas congeladas com o único intuito de encher a barriga ao freguês. E como é isto comida portuguesa? Simples: juntam-se umas azeitonas, umas lascas de chouriço e umas rodelas de pimento e ‘voilá’, comida portuguesa. Era urgente que existisse uma certificação, como já alguém sugeriu, que indicasse os restaurantes onde se serve a autêntica comida portuguesa. Com o que temos por aí, a nossa cozinha, uma das mais ricas e originais do mundo, fica muito mal representada. Era importante que se deixasse de vender gato por lebre. E eu adoro lebre!

II

Estava eu no último sábado no Festival da Lusofonia, que mais uma vez foi um espectáculo, quando ouvi uma conversa entre dois jovens casais portugueses que me chamou a atenção. Um deles tinha encontrado um T2 espaçoso num dos edifícios novos da zona norte da cidade pela “módica” quantia de 8500 patacas por mês. O outro casal decidiu depressa, e todos concordaram em alugar o apartamento e dividir a renda, antes que esta magnífica oportunidade fosse aproveitada por outros. Fiquei a pensar da primeira vez que aluguei uma casa em Macau, um T2 em frente ao Hospital Kiang Wu, por 2500 patacas, num prédio antigo. Depois mudei-me para outro T2 num famoso edifício na Areia Preta por apenas 3300 patacas mensais. É verdade que os tempos eram outros, mas fico sem perceber muito bem porque é que os preços dos alugueres mais que duplicaram, e em alguns casos triplicaram, em menos de vinte anos, sem que nada o justifique. A qualidade da construção é a mesma, o espaço é reduzido e as localizações são irrelevantes. E por falar em qualidade, o caso do Edifício Sin Fong fez soar o alarme: algumas das construções que por aí andam não valem metade daquilo que se pede por elas. O que aconteceu com o Sin Fong até teria alguma piada, não fosse pelo facto de centenas de famílias terem ficado do dia para a noite sem um sítio para morar. Para piorar a situação, os edifícios circundantes naquela área aumentaram as rendas em 10% quase imediatamente. Que gente sem escrúpulos é esta que se aproveita da desgraça alheia para meter mais alguns patacos ao bolso? Na realidade muitos dos proprietários até não são más pessoas de todo, mas são puxados pelas agências de fomento imobiliário – muitas vindas de fora de Macau – a praticar verdadeiros assaltos a quem procura casa. E isto sem que ninguém ponha um travão ou meta uma mão. É triste que existam pessoas que tenham que pagar mais de 300 patacas por dia para ter um tecto, que não tenham a sua privacidade porque precisam de dividir a renda com outros, às vezes estranhos, ou que em Macau, onde há dinheiro para tudo e mais alguma coisa, a despesa com a habitação pese no bolso dos residentes e que lhes dê dores de cabeça. A famosa afirmação do nosso Chefe de que “o mercado é livre e não se pode interferir” arrisca-se a fazer parte do já largo anedotário dos responsáveis do Executivo da RAEM, que deviam antes zelar pelo bem-estar e pela qualidade de vida da população. Será mesmo preciso uma interferência e um puxar de orelhas vindo lá de cima?

O pior Sporting de sempre?


A crise no Sporting não parece ter fim, e nem o anúncio da contratação de um novo treinador motivou os jogadores ontem em Genk, na Bélgica, onde a continuação na Liga Europa ficou seriamente comprometida. O Sporting até não começou mal, marcando o primeiro golo na prova logo aos sete minutos, graças a um golo de Schaars, beneficiando de um desvio de um defesa belga. O Genk empataria pouco depois, por Ceulaer , e completaria a reviravolta a três minutos do fim por Barda. O Sporting soma apenas um ponto em três jogos, ocupa o último lugar do seu grupo e está obrigado a vencer os três jogos remanescentes para passar à segunda fase. Mais uma vez foi uma jornada negativa para as equipas portuguesas; a Académica perdeu no Vicente Calderón por 2-1 frente a um Atlético de Madrid desfalcado de Falcão, e o Marítimo não foi além de um empate caseiro frente aos franceses do Bodeaux, a uma bola. Nenhuma das equipas portuguesas na Liga Europa venceu ainda qualquer jogo.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

To the bar!


E assim, meus meninos, chegámos à última quinta-feira do mês, e é dia de ir ao bar paralizar os neurónios. Vemo-nos no Irish Bar, junto do Nam San, na Taipa. Até logo!

Porto salva a honra do convento



O Porto bateu ontem à noite no Dragão o Dinamo Kiev por 3-2 e segue vitorioso no Grupo A da Liga dos Campeões, O colombiano Jackson Martínez esteve em grande destaque ao apontar dois dos golos da equipa de Vítor Pereira, que soma agora nove pontos em três jogos - mais três que os franceses do PSG, que venceram em Zagreb por 2-0. Ao Porto basta agora um empate em Kiev para carimbar a paasagem aos oitavos-de-final. Além do Porto, apenas o Barcelona, o Man. United e o seurpreendente Málaga somam apenas por vitórias todos os jogos disputados na Liga milionária.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Anda comigo ver a plastinação


Passados 10 anos desde a sua visita a Hong Kong, eis que chega a Macau a exposição das múmias plastinadas, a "Human Bodies", criação do Dr. Frankenstein, perdão, do Dr. Gunther von Hagens, curiosamente um alemão. O Dr. Josef Mengele também era alemão. Os alemães são uns gajos muito pragmáticos, que até experimentaram com cadáveres verdadeiros em testes de segurança rodoviária nos anos 80. Uns tipos porreiros, de facto. A exposição vai estar, portanto, a partir de amanhã no Venetian - o que vale por dizer que pouco menos de uma semana antes do Halloween o Venetian vai estar repleto de cadáveres. Buhhhh! A tal exposição é disfarçada de uuma causa muito nobre: aprender sobre a anatomia do corpo humano. Para isso nada melhor que ver uns tipos mortos e mumificados e escalpelados com as tripas de fora. Chamem-me antiquado, mas eu ainda prefiro aprender dos livros. Não penso ir ver a exposição, e quem vai só o fará por curiosidade mórbida, com toda a certeza.

Além da questão ética e moral, esta exibição vem carregada de uma fortíssima componente política; a maioria dos cadáveres são provenientes da China, de homens e mulheres condenados à pena capital. Nunca foi segredo, e isso até é fácil de depreender das fotografias dos corpos publicados nas edições de hoje do Hoje Macau e do Ponto Final (o JTM abordou timidamente o assunto e o Jornal Ou Mun ignorou-o completamente, óbvio). O próprio Dr. Hagens sempre assumiu que a China era o melhor local para obter cadáveres fresquinhos. E como esta exposição corre mundo e é assaz lucrativa, quanto mais cadáveres chegarem à fábrica em Dalian (onde se faz a tal plastinação), mais dinheiro entra nos bolsos de...bem, sabe-se lá quem, mas de alguém, é claro. Quanto mais prisioneiros executados, mais dinheiro, ora em orgãos para transplantes, ora para corpos plastinados, ora para fábricas de salsichas ou carne enlatada. E isto não é novidade para ninguém.

A exposição é contestada por um grupo de activistas ligados à Associação Novo Macau Democrático, a "Consciência de Macau", e liderada pelo seu presidente Jason Chao, e que exige que se comprove a origem dos cadáveres. Eles estão fartos de saber que a origem é tudo menos transparente. Quem trafica cadáveres é tudo menos um santinho. As ramificações chegam a Bo Xilai, político chinês caído em desgraça, do tempo em que era "mayor" de Dalian, e terá aproveitado a sua posição para providenciar a fábrica com mortos fresquinhos. Especula-se mesmo que o corpo de uma mulher com um feto no útero presente na exposição seria uma amante do ex-dirigente chinês. Isto vale o que vale; para quem quer acreditar em teorias da conspiração, isto é claro como água. Seja como for, onde há fumo, há fogo. Digo eu sem me querer alongar muito sobre o assunto que envolve essa complicada coisa que é a política e a corrupção inerente a ela na China.

O que me deixa triste é a forma como a vida humana continua a ser tratada no continente. Continua a valer menos que um saco de pevides de melancia. A pena de morte é de uma forma geral bem aceite, pois caso contrário "seria o caös", com "imensos crimes" a serem cometidos "a toda a hora", caso não existisse esta "medida intimidatória". Isto parece-me bem discutível, pois mesmo com a pena capital em vigor, o que não falta são condenados, e nem por isso o número de crimes parece estar a diminuir, antes pelo contrário. Quanto às pobres criaturas que trabalham na tal fábrica de plastinação de Dalian, o que me resta dizer? É um emprego como qualquer outro, pronto, e é preciso trabalhar para viver. Seja a coser calças, a fazer sapatos e brinquedos, ou a mumificar os mortos.

Benfica perde na Rússia, Braga infeliz em Manchester


Zero pontos, é o balanço das equipas portuguesas nos jogos de ontem da 3ª ronda da fase de grupos da Liga dos Campeões. O Benfica perdeu em Moscovo por 2-1 contra o Spartak, e o Braga foi a Manhester perder por 3-2 - depois de ter estado com uma vatagem de dois golos aos 20 minutos. Os encarnados caíram para o último lugar do Grupo G, com um ponto em 3 jogos. Rafael Carioca abriu o marcador aos 3 minutos, Lima emapataria aos 33, mas um lance infeliz do defesa brasileiro Jardel ainda nates do intervalo deitou tudo o perder. O Benfica precisa obrigatoriamente de vencer os próximos dois jogos em casa, frente ao Sprtak e ao Celtic, para acalentar esperanças de passar à segunda fase. O Braga adiantou-se em Manchester com dois golos de Alan nos primeiros vinte minutos, mas o poderoso Manchester United foi calmamente recuperando a desvantagemm, eo mexicano Javi Hernandez foi o carrasco dos minhotos, apontanodo dois golos. O Braga ocupa o 3º lugar do Grupo H com três pontos, menos um que o 2º classificado, o CFR Cluj.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Banho Maria



Aí está um novo grupo, O Martim, que apresentou no programa "Cinco para a meia-noite" o seu novo single, "Banho Maria". Um espectáculo, do melhor que se vai fazendo na múscia portuguesa.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Lusofonia, até para o ano meu amor


Terminou mais um Festival da Lusofonia, que decorreu entre a última sexta-feira e ontem, e que mais uma vez soube a pouco. Um amigo meu que não foi (nunca vai, o palerma) ao festival quis saber se foi bom, eu disse-lhe que sim, e então perguntou-me se devia ser assim uma coisa permanente, se devia acontecer todas as semanas. Acho que não, todas as semanas seria enjoativo, mas pelo menos mais que uma vez por ano era perfeitamnente justificável. Aliás penso que se alguns locais de Macau que têm capacidade para acolher este tipo de festa (a Doca dos Pescadores, por exemplo) e estão completamente às moscas (Doca, outra vez), tinham a ganhar com a animação que decorreu este fim-de-semana na zona do Carmo, na Taipa. Foi um Festival lindo, e até o tempo ajudou, ameno, sem chuva, fresquinho, uma delícia.

Claro que será um pouco dom-quixotesco pensar numa edição deste tipo uma vez por mês.. Vá lá, durante os 4 ou 5 meses que o tempo em Macau não é uma autêntica merda, quando faz um calor do caraças, ou quando se rapa um briol do c... (desculpem a linguagem, isto sou eu a voltar às minhas raízes marialvas, fruto da frequência do festival). O Festival dá trabalho, montar as barracas, pagar aos artistas, o som, a paparoca, a certa altura a malta ia desinteresar-se por isto. Ia falir. Quem sabe uma vez por ano é o ideal. Mais uma vez a parte da tarde contou com os turistas chineses e os residentes locais, sempre prontos a satisfazer a sua curiosidade "under the sun", e a parte da noite foi reservada à malta lusófona propriamente dita. Isto de cantar e dançar, e beber, e amar, não está ao alcance de qualquer um. A Lusofonia é uma festa nocturna. O dia seguinte é para dormir, e depois voltar e curtir um pouco mais, já depois da tardinha.

As estrelas da companhia voltaram a ser os matraquilhos, sempre ocupados pelos mais novos, as caipirinhas brasileiras, e o palco da lusofonia, sempre cheio, onde a malta se sentou, cantou, dançou, e os fedelhos brincaram em frente ao palco. O costume, para não ser diferente. Jorge Vale, sempre muito cool cat, voltou a animar a rádio da lusofonia, com a a jjuda da incomparável Isa Manhão, que é uma natural, nasceu para comunicar, a moça. O palco foi animado pelos artistas da Lusofonia e não menos pelos locais, desde Fabrizio Croce até à Tuna Macaense, e Rudy Souza, o Elvis de Macau, ainda em grande forma. Que Deus lhe dê muitos e bons anos, que ele merece isso e muito mais. O artesananto e a boa comezaina esteve também no seu melhor, com os países da Lusofonia a dar o litro e a mostrar o melhor que se faz nos PALOP, no Brasil, Timor-Leste e Índia portuguesa. Estão todos de parabéns, mais uma vez.

E o que tenho a apontar de negativo no meio disto tudo, que é quase impossível de dizer mal? Os preços! Quer dizer, não quero falar sem saber como funcionam os trâmites do aluguer do espaço e tudo mais, mas considero que os preços foram exagerados em alguns casos. Quer dizer, 30 patacas por uma bifana? Vinte lecas por uma Super Bock geladinha? Setenta patacas por três sardinhas e uma salada? Outras 70 patacas pelos "sabores lusófonos" - é verdade que não se encontram em mais lado nenhum, mas um pouco de conduto e um prato cheio de arroz não deviam ser assim tào caros. E as caipirinhas estão a 30 patacas a "dose", apesar de se venderem ao milhar. E não me venham dizer agora que "nunca foi 20 patacas". Vai aumentando paulatinamente sem que ninguém se importe muito com isso. Mas olhem, esqueçam lá isso. É só uma vez por ano, afinal. E viva a Lusofonia!

Odeio-te, Messi


Deportivo La Coruna - Barcelona Highlights HD 20... 发布人 iNfRaS0NiC
Voltei a casa no Sábado depois de mais uma noitada na Lusofonia, e aproveitei para assistir ao jogo entre o Deportivo e o Barcelona, no Riazor, confronto entre entre as maiores equipas de duas províncias separatistas da Espanha, que anda toda remendada, coitada. O Barça entrou "a matar", e aos 20 minutos já vencia por 3-0. Pensei ir dormir, mas eis que um penalty mal assinalado e um frango de Valdés deixam o resultado em 2-3 - tinhamos jogo, e afinal não ia dar o meu sono por perdido. Só que os catalães contam nas suas fileiras com um gajo muito chato (não surpreende que o apelidem de "pulga") que dá pelo nome de Lionel Messi, que ainda antes do intervalo colocou o resultado em 4-2, o seu segundo golo no jogo, ainda por cima. Começa a segunda parte e o português Pizzi reduz para 3-4 na marcação de um livre. Um golo espectacular! O Depor voltava a entrar na discussão do resultado. Ainda houve incerteza quanto ao vencedor durante uma boa meia-hora, mais eis que Messi volta a fazer das suas, vai por ali fora sem que ninguém lhe dê um tiro ou lhe parta uma perna (as únicas formas de pará-lo), e pimba!, 5-3, e completa mais um "hat-trick". O Depor ainda reduziu pouco depois com um autogolo de Jordi Alba (o jogo teve de tudo), mas a situação estava controlada. O Barcelona de Messi e mais dez ganhava mais uma vez. Assim isto começa a perder a piada. E é melhor não ter ilusões; a Bola de Ouro 2012 está entregue. Como te odeio, Messi...

Sporting bate no fundo


Não há maneira do Sporting entrar nos eixos. Os leões foram ontem eliminados da Taça de Portugal por 3-2 (após prolongamento) pelo Moreirense, e ainda só venceram dois dos 11 jogos oficiais esta época. Oceano não está a conseguir motivar a equipa, e com a procissão ainda no adro, o Sporting já foi eliminado da Taça, corre o risco de não passar a fase de grupos da Liga Europa, e está a oito pontos dos líderes Porto e Benfica no campeonato - à 6ª jornada. O que mais irá acontecer aos leões?

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Sylvia Kristel (1952-2012)


Morreu a Emmanuelle, ídolo e mulher do sonho dos homens dos anos 70. Batamos hoje uma em sua homenagem.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Isolados do mundo


Hoje foi a Hutchinson, uma das concessionárias da rede móvel em Macau, a fazer das suas. Entre pouco antes das as 12:00 e até às 18:30 os clientes daquela companhia ficaram sem serviço, ficaram sem rede, ficaram isolados do mundo, coitadinhos. Foi um apagão do estilo CTM, só que desta vez com uma das suas parceiras de vigarice. Como sou um rapaz muito ocupado e não tenho tempo a perder com parvoíces, fiquei sem perceber porque é que uma das minhas colegas me perguntou por volta da hora de almoço se eu usava Hutchinson ou CTM, bem como a outros dos meus colegas. Mais tarde fiquei a saber a razão do seu pranto: queria alguém com quem partilhar a sua miséria. Apesar de tudo, a CTM continua a ser o servidor preferencial dos pobres escravos das telecomunicações da RAEM. Desta feita quem ficou fornicado e mal pago foram os clientes da Hutchinson. Vi mais tarde nas notícias um grupo de clientes que se apinhou nas lojas da Hutchinson queixando-se da vida, e a querer saber o porquê da sua desgraça. Quase que choravam, os miseráveis. Alguns ficaram com menos cabelos, os que foram arrancados em desespero.

No Telejornal foram entrevistados alguns clientes da Hutchinson, e achei sobretudo graça a um chico-esperto que disse que "ficou à espera por chamadas toda a manhã", que não chegaram, obviamente, e agora queria saber "quem o vai indemnizar". Ah ah ah. Um indivíduo esquisito de camisola de alças e cara de parvo, daqueles que alega que "perde milhões" cada vez que fica sem telemóvel. Faz lembrar um bêbado famoso que certamente muitos leitores conhecem, que só faz merda e depois pede para ser indemnizado cada vez que leva porrada ou é corrido ao pontapé dos sítios que frequenta. Os restantes clientes da Hutchinson foram pedir explicações - mais por despeito do que por outra coisa - e os pobres funcionários da companhia lá foram explicando que foi uma avaria, e tal, e o que mais podem fazer? O Governo que pague, como costume. Não faz mal, que isto das concessionárias e dos monopólios faz dinheiro que chegue para compensar meia dúzia de parvalhões por uma ocasional falha. Amanhã voltam a facturar milhões.

Ainda me lemnbro do tempo em que as pessoas viviam sem telemóvel e sem internet. Eu próprio só tive o meu primeiro telemóvel quando tinha quase 30 anos, e nunca fiquei incomunicável por causa disso. Pode ser que muita gente não saiba, mas ainda existem redes fixas, campainhas de portas, ou aquela coisa muito arcaica chamada "e-mail", lembram-se? Hoje em dia alguém fica sem rede de telemóvel durante cinco minutos sente-se sozinho, abandonado, quase suicida. E berra a viva voz: "O que se passa! É uma injustiça!". É que no fim de contas andam a pagar centenas! (mais que milhares, centenas!) de patacas por um serviço que depois, uma ou duas vezes por ano, não funciona! É de fartar vilanagaem! Meus amigos, tenham calma. Façam os vossos aparelhos trabalhar para vocês, e não o contrário.

Idade não é documento


Ramajit Raghav, um agricultor de 96 anos da Índia foi notícia ao tornar-se no pai mais velho do mundo. Mas não é tudo. A sua mulher, Shakuntala Devi, de 52 anos, alega que o senhor "tem relações com ela até 4 vezes por noite". Ramajit, apesar de estar cada vez mais magro à medida que se aproxima do centenário, atribui a sua longevidade e saúde a uma dieta de leite, amêndoas e manteiga. Garante que não toma qualquer medicação que lhe estimule o líbido e que o ajude no seu (mais que) regular desempenho, e diz apenas que "ama a sua mulher", e que "é importante que um casal faça amor com regularidade". Ora vejam e aprendam, meninos.

Portugal compromete mundial


Portugal 1-1 Irlanda do Norte 发布人 Ricardo109x
Portugal hipotecou ontem as hipóteses de qualificação para o mundial do Brasil em 2014 ao empatar a uma bola com a modesta Irlanda do Norte, no Estádo do Dragão.Foi pena, uma vez que o ambiente era de festa; estádio cheio, C. Ronaldo fazia o 100º jogo pela selecção e até Rui Reininho foi convidado para cantar A Portuguesa. Debaixo de chuva, um clima mais propício aos irlandeses, Portugal não conseguiu furar a muralha defensiva dos unionistas traidores vendidos aos ingleses, essa gente sem pátria, e chegou mesmo a ser surpreendido aos 30 minutos com um golo de McGinn. Portugal só viria a despertar na segunda parte, e élder Poatiga - muito desinspirado - obteve o golo da igualdade a dez minutos do fim. Os últimos dez minutos foram os melhores para os comandados de Paulo Bento, mas não foi suficiente para impedir que se perdessem dois pontos que podem ser cruciais na decisão do primeiro lugar do grupo F. A Rússia bateu o Azerbaijão por 1-0 e lidera já com cinco pontos de vantagem sobre a selecção lusa.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Uns abanam, outros caem


1) Foram entregues os prémios Nobel, e mais uma vez o "melhor" foi deixado para o fim. Depois dos prémios de mérito científico, sempre mais objectivos e por isso menos passíveis de discussão, foram entregues os nobéis da Literatura e da Paz, sempre com o seu quê de polémico. O da Literatura foi para a China, pela primeira vez (Gao Xingjian é tecnicamente cidadão francês), e para Mo Yan, um escritor alinhado com o regime, o que foi visto por muitos como uma tentativa de reconcialiação da Academia sueca com o regime chinês. O artista dissidente Ai Weiwei foi uma das vozes mais críticas, alegando que Mo Yan é uma pobre escolha, e que em nada ajuda o combate à censura na China, entre outros argumentos altamente politizados. Não sei porque é preciso politizar o Nobel da Literatura, nem acho que exista uma regra de que os laureados chineses tenham que ser obrigatoriamente dissidentes. O Nobel da Paz, esse, foi para a União Europeia. Curioso, logo numa altura em que a UE vive uma das suas maiores crises de sempre, e o ano foi tudo menos pacífico em países como Portugal, Espanha, Grécia ou Itália, onde a contestação subiu de tom devido às medidas de austeridade impostas por quem realmente dita as regras do jogo: a Alemanha e a França. Terá sido mais uma "private joke" da Academia, como quando em 2009 atribuiram o Nobel ao presidente norte-americano Barack Obama. Henri Dunant, La Fontaine e Martin Luther King devem estar a dar voltas na cova.

2) Mais um prédio a "abanar" em Macau, desta vez o Edif. Koi Fu, situado na Estrada do Repouso, perto do cinema Alegria, e não muito longe do tal Sin Fong, que tanta tinta fez correr na passada semana. Aparentemente a zona do Patane anda mesmo aos caídos, decadente e abandonada, a pobrezinha. Desconhece-se se algum empresário "pato bravo" ou deputado vivam nessa zona. O exemplo do Sin Fong parece ter sido mesmo o grito de alerta que há muito fazia falta em Macau. Antigamente ninguém se importava com os maus acabamentos, com as infiltrações ou com as rachas nas paredes, mas isto agora pode mesmo significar a ruína, e em casos extremos pode mesmo significar a tragédia e a perda de vidas humanas. "Ai se ele cai", pensam agora os residentes dos prédios antigos de Macau que antes não se importavam de viver em edifícios condenados com escadas sempre húmidas e sujas e caixas de contadores de electricidade arcaicos com fios suspeitos a sair de fora, Para mim este aviso do Sin Fong é sinal de evolução. Talvez assim se repense na foram como se constrói em Macau, que tem sido completamente alheia à estética e à segurança, tudo em nome de encaixar mais milhões nas contas bancárias de alguns enfiando os pobres residentes em verdadeiras caixas de fósforos.

3) Uma notícia que me deixou triste foi o fim aunciado do restaurante Riquexó, situado na Av. Sidónio Pais, para o final deste ano. O restaurante serve há 35 anos a típica comida macaense, desde o minchi ao porco Bafassá, passando pela capela e o Porco tamarinho balichão, tudo quitutes que só de pensar fazem-me crescer água na boca. Vou ter imensas saudades do meu favorito, o Chai di Bonzo, o melhor prato vegetariano do mundo. Mas tudo que tem um início tem obrigatoriamente um fim, e os responsáveis daquele espaço "já não têm a mesma genica", e parece que o espaço já foi vendido, e as rendas dos espaços comerciais - aí está - não dão para pensar em novas aventuras. Assim termina mais um aspecto cultural importante do Macau antigo, que se vai dissipando sem que as novas gerações tenham vontade de carregar esta herança, que nem é assim tão pesada quanto isso. Os segredos da culinária macaense e algumas especificidades da sua cultura vão-se perdendo, porque parece que os jovens macaenses de hoje têm mais vontade de se "adaptar", e optam por caminhos mais diversos dos seus pais e avós, e alguns de cariz bastane duvidoso. Mas sim, vou ter saudades do Riquexó, e de certeza que não vou ser o único.

O homem que caíu do espaço


Felix Baumgartner saltou de uma altura de 38600 metros, da estratoesfera terrestre, e sobreviveu! O austríaco de 43 anos bateu todos os recordes possíveis e imaginários, tendo saltado da maior altura e à maior velocidade que alguém alguma vez saltou. E não sofreu um arranhão! Não foi preciso muito para atingir o feito, apenas 5 anos de preparação física e o patrocínio da Red Bull. Eu até era capaz, mas não me apetece. Mais palavras para quê? Vejamos o vídeo.

domingo, 14 de outubro de 2012

Cabo Verde faz história


A selecção de Cabo Verde fez esta noite (tarde em África) história, ao qualificar-se pela primeira vez para a Taça das Nações Africanas, que se realiza no próximo ano na África do Sul. Os caboverdeanos não fizeram a coisa por menos, e eliminaram a super-favorita selecção dos Camarões, com uma vitória 2-0 na Cidade da Praia no último dia de Setembro, e uma derrota por 1-2 em Yaoundé hoje. Cabo Verde começou a fazer a festa logo aos 13 minutos quando Nhuck inaugurou o marcador na marcação de um livre, de forrma espectacular - os camaroneses precisavam agora de 4 golos para garantir a passagem. Emana empatou logo dez minutos depois, mas os camaroneses só garantiram a vitória no período de descontos, aravés de Idrissou. Nem Eto'o, nem Alexandre Song nem as restantes estrelas dos Camarões bateram a força e a humildade da equipa dos PALOP, que participa assim em Janeiro pela primeira vez na maior competição de selecções do futebol africano.

Também Angola conseguiu a qualificação para o África do Sul 2013, ao bater há instantes a selecção do Zimbabwe no Estádio 11 de Novembro, em Luanda, depois de derrota em Harare por 1-3. Manucho resolveu cedo o jogo para os palancas negras, com dois golos de rajada, aos 6 e 7 minutos. Os angolanos participam pela 7ª vez no CAN. Menos sorte teve Moçambique, que foi goleado em Marraquexe por 4-0 pela selecção de Marrocos, depois de ter ganho em Maputo há pouco mais de um mês por 2-0. Quanto aos restantes países da Lusofonia, S. Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau, tinham já sido eliminados na primeira ronda por Serra Leoa e Camarões, respectivamente.

Em contacto com Timor

Uma paisagem "urbanizada" em Timor-Leste.

Tive a oportunidade de ver esta manhã o programa "Timor Contacto", da RTPi. Mais uma vez fiquei desiludido, pois voltei a ver muito pouco de Timor-Leste propriamente dito. O programa devia chamar-se antes "O que andam alguns portugueses a fazer por Timor-Leste". Apresentado pelo incomparável Fernando Sávio - e digo "incomparável" porque ele na verdade é único - contra paisagens de deserto, pedras e muros de latão, hoje ficámos a conhecer uma senhora que vende artesanato, um produtor de vinhos e um centro de dia para a terceira idade. Na realidade vemos poucos timorenses neste "Contacto"; ficamos a saber como há portugueses que gostam muito de lá estar, como é tudo muito "giro", e como continuamos a tratar os timorenses como se fossem uns coitadinhos abandonados na borda do mundo.

O caso do asilo, um tal "Centro de dia S. José" ("centro de dia" é um eufemismo para "depósito de velhos abandonados"), é o primeiro em Timor-Leste! Inaugurado em 2010 por, adivinharam, missionários, e dirigido por freiras. Se Sobral de Monte Agraço já tem um parque infantil, como se dizia naquele bordão dos anos 90, agora Timor-Leste já tem um Centro de Dia. E fica localizado em Baucau. Curiosamente em Timor-Leste fica tudo ora em Díli, ora em Baucau. O resto do país não existe, ou é apenas selva. Foi deprimente ver como os velhos timorenses passam o resto dos seus dias a jogar à sueca, a dançar ou a aprender a eacrever. Chamou-me a atenção um deles que não conseguia desenhar a letra "b". A responsável daquele centro é uma freira enjoada, que não sorriu uma única vez. Também para quê? Aquilo é uma coisa muito séria, não é para brincadeiras. No exterior do centro vemos pneus usados com inanidades pintadas, tais como "Deus é nosso pai" ou "Deus é o maior, altíssimo". É para que saibam o que (não) lhes espera quando sairem dali na posição horizontal.

E mais uma vez foi assim, fiquei sem saber nada sobre Timor-Leste, a não ser que continua pouco recomendável. Pelo menos agora tem um centro de dia, pronto, e que também vai começar a "produzir vinho". Deve ser tão bom quanto o café. Foram 30 minutos bem passados, de boca aberta em incredulidade.

sábado, 13 de outubro de 2012

Portugal perdeu na Rússia...e nós não vimos!


Portugal perdeu ontem na Rússia em Moscovo por uma bola a zero, em jogo de qualificação para o mundial de 2014 no Brasil. O único golo d encontro foi marcado logo aos 6 minutos por Kerzhakov - uma das tais estrelas do Zenit que está desavinda com o clube por causa dos vencimentos de Hulk e Witsel. O golo nasceu da um passe errado do médio português Ruben Micael, que deixou a bola na posse dos jogadores russo, que numa jogada rápida deixram o avançado d Zenit isolado na cara de Rui Patrício, que não teve qualquer hipótese. Com esta vitória a Rússia isola-se na liderança do Grupo F com 9 pontos, mais 3 que a selecção das quinas.

Em Macau o jogo não foi transmitido pela TDM, como tinha sido anunciado na grelha de programação, e ainda por cima sem qualquer justificação. Era perto das 11 horas quando terminou a enfadonha série "Febre do Ouro Negro", e quando todos esperavam que fosse feita ligação ao Olimpiyskiy stadion Luzhniki, eis que surge o TDM News. Oh yes. Eu até gosto da Mia Villanueva, mas ontem não gostei nada de ver a cara dela enquanto C. Ronaldo e seus pares evoluíam em terras russas. E nem uma notinha de rodapé a dizer qualquer coisa como "desculpem lá, mas os russos queriam um milhão pelos direitos" ou algo que nos valha. Foi mau, e ainda por cima o jogo era transmitido a horas decentes. Portugal perdeu pois, mas nós não vimos. Assim não valeu.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Negócios da China


Mas uma vez aqui fica o artigo de ontem no Hoje Macau, para quem ainda não leu.

A Rua dos Ervanários, situada aqui perto de casa, é uma das mais antigas e típicas de Macau, um dos pilares da identidade da cidade velha, não muito longe do centro histórico. Lá encontramos lojas de ofícios cada vez mais raros nos dias que correm. Desde lojas de quinquilharia, a latoarias ou papelarias e mobília chinesas, passando por lojas de selos e numismática, e até uma famosa loja de cocos conhecida por vender os “cocos da felicidade conjugal”, usados em casamentos, e que serve um gelado de coco famoso na região, e procurado por turistas de Hong Kong e da China continental. Foi com grande tristeza que constatei que pelo menos quatro lojas nesta rua encerraram recentemente. Foram completamente abandonadas. Ao ponto de já terem afixado um aviso de interrupção do fornecimento de energia por falta de pagamento. Falta pouco para que se comece a acumular lá a correspondência, o pó e o lixo, o abandono completo, aquilo que se pode esperar de um cenário pós-guerra nuclear.
Infelizmente vai sendo cada vez mais assim em Macau. Os negócios tradicionais não conseguem competir com negócios milionários ou com o crescente aumento das rendas para os espaços comerciais. Quando se aluga um espaço comercial perto do centro da cidade ou na Taipa nova por 50 mil patacas ou mais, não se pode pensar em fazer algo de criativo ou interessante. Precisa de ser algo lucrativo. Suponhamos que alguém quer abrir um café no centro da cidade. Com 50 mil – para ser simpático – de renda, mais o salário dos empregados e a despesa com os fornecedores, é quase preciso cobrar 200 patacas por uma bica para ter algum lucro. E além do mais, quem é que quer saber de bicas por estes lados, a não ser os “tugas” e um ou outro turista ocidental e acidental? Quem quer apostar em espaços comerciais onde venda qualquer coisa de diferente ou original, pode tirar o cavalinho da chuva. O que dá lucro é o que os turistas da China continental compram: jóias, relógios, roupas de marca ou aquelas souvenirs de Macau muito “foleirotas”, tipo carne seca, bolos de amêndoa ou a imitação plástica dos pastéis de nata, que alguém ousou chamar de “portuguese egg tarts”. Um insulto aos nossos pastéis de Belém, que digam o que disserem, são mil vezes melhores que aquela porcaria.
O que não falta mesmo em cada esquina são lojas de “chau min”. Esqueçam a cozinha ocidental ou a restante cozinha asiática, demasiado “estranha” para o gosto local, e para os turistas do continente, que no fundo são o combustível da nossa economia. O que dá mesmo dinheiro é abrir uma loja de massas chinesas, e aparentemente o mau cheiro, as panelas sujas e a falta de higiene são sinónimo de “bom sabor”. Eu que o diga, que cada vez que entro no escritório pelas nove da manhã os meus sentidos são assaltados por um misto de caril de lulas e massas com costeleta de porco. Um deleite para os indígenas, que ainda não atingiram o padrão ocidental de comer o pequeno-almoço em casa – uma opção muito mais saudável – em vez de optar por fazer “ta pao” em lojas, e ainda por cima para isso param o carro no meio da rua para ir buscar a merenda nas lojas da especialidade, originando uma orquestra de buzinas dos restantes motoristas que têm pressa para chegar ao trabalho. Sabem o que é um negócio que não falha em Macau de certeza? Caixas de esferovite, rectangulares e redondas, para comportar as massas, os mins e o diabo a sete. Isto se a renda não for muito cara, mas qualquer vão de escada povoado de ratos e baratas serve para vender massas, “chu pa pao” ou caixas de esferovite, passo o desabafo.
Provavelmente o leitor fica fascinado, como eu fico, cada vez que vai a Hong Kong e encontra diversidade de lojas que apresentam uma variedade de produtos que não encontramos em Macau. Mas esperem, não serão as rendas em Hong Kong muito mais caras que em Macau, mesmo para os espaços comerciais? Talvez seja porque a população da região vizinha tenha um gosto mais eclético, e não sofre do síndrome de invasão de turistas da China continental por dá cá aquela palha. Aqui são recebidos por empresários de olhos esgazeados, língua de fora e a esfregarem as mãos de contentes. Talvez por uma questão de educação, de cultura, de preservação da sua qualidade de vida. São tudo questões que importa reflectir. Que hipótese estamos a dar ao artesanato, à cultura, ao tal “entretenimento e lazer”, de que tanto se fala? Porque será que qualquer boa ideia é imediatamente aniquilada por causa da falta de interesse ou das rendas elevadas? Com rendas a 100 ou 200 mil patacas por mês em alguns espaços no centro de Macau, qualquer dia temos lojas de transplante de órgãos vivos – algo que “justifique” o investimento.
É tudo uma questão do que queremos para Macau no futuro; uma cidade onde os turistas da China continental, abençoados sejam os meninos que vêm aqui lavar o dinheirinho que depois se transforma em cheques para andarmos todos caladinhos, ditam as regras do comércio, ou uma cidade onde as pessoas pensam pela própria cabeça e investem em coisas originais? O cenário é assustador, mas qualquer dia a bolha rebenta. Depende tudo de nós, acho. Já tive mais esperança, e hoje vou esperando sentado.