sábado, 28 de fevereiro de 2009
Kanimambo
Aí está. Fevereiro de 2009 foi o mês com mais visitas no Bairro do Oriente: 8244 visitas. Foi ultrapassada pela vez a barreira psicológica das 8 mil visitas mensais. Extraordinário considerando que Fevereiro tem apenas 28 dias. Espero que continuem a visitar, e espero continuar a ser digno da vossa preferência. A todos os leitores de Lisboa a Tóquio, da Moita a Bangalore, da Califórnia a Pequim e de Pindamonhangaba (S. Paulo, eheheh) a Kuala Lumpur, um grande abraço e muito obrigado!
Caberemos todos?
A população da Terra continua a crescer. De 2519 milhões em 1950, passámos a 6 mil milhões em 2000, teremos 7207 milhões em 2015, e mais de 9 mil milhões em 2050! A China continua a ser o país mais populoso do mundo, contando actualmente com 1321 milhões (de apenas 554 milhões em 1950), e a tendência é para o contínuo aumento da população, apesar dos esforços governamentais com vista à contenção demográfica.
Será de 1470 milhões, o número de chineses dentro de 15 anos. Mas em 2050 já não será o país do meio o mais populoso do mundo; a Índia, actualmente com 1147 milhões, terá 1572 milhões de habitantes em 2050. Os vizinhos e rivais Paquistão não se querem ficar atrás, e também daqui a 40 anos terão 344 milhões de habitantes, mais que o dobro da população em 2000 (141 milhões). Os Estados Unidos da América vão também continuar numa curva ascendente: 283 milhões em 2000, 321 milhões em 2015, 346 milhões em 2025 e 397 milhões em 2050, quando serão o terceiro país mais populoso do mundo.
O Brasil, actualmente com pouco mais de 200 milhões de habitantes, terá perto de 250 milhões em 2050. Os países asiáticos e africanos vão ter um crescimento populacional absurdo nas próximas 3 ou 4 décadas. Assim em 2050 as populações da Nigéria, Bangladesh, Moçambique ou Costa do Marfim terão duplicado em relação a 2000, e mais grave, as populações da R.D. Congo e de Angola terão quadruplicado! Países como as Filipinas, Egipto, Irão ou México, que conheceram um verdadeiro "boom" populacional durante a segunda metade do século XX, continuarão a tendência de crescimento durante a primeira metade do sec. XXI.
Nos países desenvolvidos (com a excepção já referida dos EUA) a tendência é contrária; Japão e Rússia perderão entre 20-30 milhões de habitantes nos próximos 40 anos, enquanto a Itália e Alemanha terão menos dez milhões. Curiosamente a França manter-se-á acima da fasquia dos 60 milhões durante a primeira metade deste século, provavelmente devido aos fluxos imigracionais. Portugal, actualmente o 77º país mais populoso do mundo, será 100º em 2050. A população portuguesa, actualmente ligeiramente acima dos 10 milhões, será pouco mais de nove milhões em 2050. Isto porque países como o Togo, Laos, Palestina, Jordânia, Papua Nova Guiné ou Nicarágua terão duplicado ou mesmo triplicado a sua população em 50 anos. A tendência verifica-se em outros países da Europa, com a Rep. Checa, Sérvia, Bélgica ou Grécia a sairem do "clube dos dez milhões". A população de Macau, actualmente situada nos 500 mil, vai observar um pequeno crescimento até 2025 (530 mil), e estagnará por volta de 2045 (527 mil).
Fonte: United Nations Population Fund (UNFPA).
Acordo sai caro
A Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP) está furiosa, e com razão. A editora Leya, a preferida da maioria das escolas, admitiu na quinta-feira aumentar consideravelmente o preço dos manuais escolares para o próximo ano lectivo, com a desculpa de que estes "têm que ser adaptados ao novo acordo ortográfico". Albino Pais, presidente da CONFAP, considera esta atitude "desrespeitosa", e afirma que a editora "visa apenas o lucro, numa altura de recessão, em que as famílias portuguesas passam por mais dificuldades". A CONFAP sugere às escolas que procurem outra editora.
Leixões em queda
O Benfica venceu ontem o Leixões por 2-1 no arranque da 19ª jornada da Liga Sagres. Os golos foram apontados por Elvis (na própria baliza) e Nuno Gomes, pelo Benfica, e Rodrigo Silva pelos leixonenses. Esta foi a primeira derrota do Leixões frente a um dos "grandes".
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
Vamos à tourada? Ou não?
Tourada, ai a tourada. A festa brava, o sangue na arena, sol e touros. Sendo ribatejano, é completamente impossível ignorar o assunto. Uma das minhas recordações mais queridas é a visita anual que se fazia à Monumental de Vila Franca de Xira com a família. Eram três carros, a criançada pulava de alegria, e enquanto os mais velhos preparavam o farnel, os mais novos já ensaiavam as pegas e os pasodobles. Lá chegados era um espectáculo. As luzes, a areia branquinha, a banda filarmónica que tocava aquela música sempre a subir. Era fascinante. Comiamos gelados e queijadas de Sintra, pipocas ou amedoins. Como o avô conhecia os toureiros a cavalo, cheguei a apertar o bacalhau a figuras como o mestre Baptista, e ao meu ídolo da altura, João Palha Ribeiro Telles. Chegava a sair rouco de VFX, de tanto olés. Convém mencionar que na altura tinha sete ou oito anos. Era um pequeno néscio.
Os argumentos a favor da tourada passam pela “tradição”. É um espectáculo secular e deve ser “respeitado”. Quem é contra o espectáculo fala de crueldade e tortura. Os dois têm razão. Não é preciso brigar. Os primeiros, principalmente os chamados “aficionados”, não admitem que se termine um dia a festa em nome dos recentes e tão apregoados direitos dos animais. E devem ser muitos, uma vez que ficou recentemente demonstrado através de um estudo que a maioria dos portugueses prefere assistir a uma tourada do que a um concerto de música erudita. Muito bem. Eu cá prefiro a ópera.
E não há dúvida que o espectáculo é bem animado. Tudo menos chato. Ao contrário de alguns jogos de futebol, por exemplo, e ainda com a vantagem de ninguém se queixar da arbitragem, e do comportamento do touro ser mais passivo do que o de certos profissionais do chuto na bola. O “sofrimento” do animal é relativo. Se as tais farpas conhecidas por “bandarilhas” colocadas no lombo do touro por aquele senhor vestido de menina montado num cavalo doessem mesmo, duvido que o touro continuasse a correr e a investir contra o toureiro depois do primeiro ferro. Provavelmente ficaria no chão da arena a contorcer-se em agonia. Já sei que os defensores do bicho vão pensar “e se fosse contigo?”. Certo, mas eu não peso 400 quilos. Não sei se ainda é assim, mas lembro-me de ouvir dizer que a carcaça do touro molestado era oferecida a instituições de caridade, como asilos ou orfanatos. Esses que passam fome ou raramente vêm um bife, devem ter mais em que pensar do que no sofrimento do famigerado animal.
Depois os do contra. É cruel, é primitivo, não devia ser permitido. Na Espanha (e em Barrancos, diz-se) mata-se o touro na praça, e o “torero” ainda arranca uma orelha ou duas para delírio da “afición”. Os tais forcados saem de lá todos cagados de sangue, normalmente o do touro. De facto não é um tipo de entretenimento para a toda a família, como um circo ou um filme da Disney. E depois é muito injusto. Quer dizer, e que tal darem ao touro uma oportunidade? Serram-lhe os cornos, sangram-no antes da corrida, e nunca um touro tem a oportunidade de fazer duas touradas, não lhe dando oportunidade para aprender os “truques” do ofício. E no fundo penso que existe algo de gay em tudo isto. Homens de ceroulas cor-de-rosa e lantejoulas, chapéus com penas, cintas apertadas, barretes, hmmm…se isto é um espctáculo muito “macho”, tenho muitas dúvidas. Em todo o caso é uma tradição, pois, muito respeitinho. E quem não gosta não vai. Existem mil e uma actividades mais aprazíveis que ir a uma tourada. Uma visita ao dentista por exemplo. E a propósito, o circo romano era também um espectáculo antigo e “cheio de tradição”. E que tal voltar?
Os blogues dos outros
Por estas bandas, não se celebra o Carnaval e digo que não me faz falta nenhuma!
Por norma, nunca tive pachorra para aqueles dias onde supostamente toda a gente deve estar alegre, transbordando de felicidade, mas o Carnaval bate todos os recordes.
Compreendo que seja uma altura de festa para a pequenada, mas ver todos aqueles adultos horas a fio à espera de ver os corsos passar, é algo que não consigo encaixar.
El Comandante, Hotel Macau
Hoje começa o novo ano Tibetano chamado Losar. Há uns anos tive oportunidade de passar esta data no Tibete numa festa com músicas e cantares tibetanos.
Os anos tibetanos andam a outro ritmo que não o de Pequim que, assustado com aniversários sensíveis, mandou há já alguns dias patrulhar ainda mais as fronteiras.
Hoje noticia-se a proibição da presença de turistas na região. Só que também aqui não se trata de nada de muito novo. Apenas que este ano é mais a sério e vai ser muito difícil para um ocidental conseguir viajar por aqueles lados.
Maria João Marques, China em Reportagem
O SCP perdeu por 5-0 com o Bayern. Mas não é disso que quero falar. O resultado é desproporcionado e afecta o orgulho nacional. Enfim, a derrota é triste, mas não é vergonhosa. A bem do SLB, espero que o Sporting recupere e empate no Dragão. O que tenho por vergonhoso é a atitude do pasquim “Record” – supostamente um jornal nacional. Ontem, a capa do jornal era a que consta acima. Ora, no dia anterior a esta edição, o FCP fez um jogo notável em Madrid e recebeu os maiores elogios da imprensa espanhola. Empatou, mas poderia – e merecia! - ter vencido. Está, inclusive, com um pé nos quartos-de-final da prova. Lisandro e Hulk foram gigantes. E o que é que faz o “Record”? Faz capa com a antevisão do jogo do Sporting. Há muito que venho perdendo o respeito pelo jornal em causa. Para mim, não passa de um jornal de cariz regionalista, tal como o era “O Jogo” há 20 anos. Orientado em função das preferências dos habitantes da capital, despreza propositadamente o resto do país. O ano passado, as capas deste jornal foram 90% sobre SLB e SCP. A esmagadora maioria das vezes ocupando as parangonas com notícias mentirosas, superficiais ou populistas.
VICI, MACA(U)quices
O livreiro de Braga não tem mãos a medir. O livro 'Pornocracia' que foi apreendido pela PSP está a ter um êxito tal que não cessam os pedidos de exemplares. De momento, o livreiro anunciou que está consecutivamente a pedir mais exemplares à editora porque vão esgotando... Boa!
João Severino, Pau Para Toda a Obra
Ocorrência relatada justificou ou não a intervenção das autoridades (PSP) por violação da ordem pública e dos bons costumes. Até admito que sim. Agora, não deixa de ser estranho que em tão poucos dias e sempre a pretexto da pornografia pudéssemos assistir à rábula dos autocolantes carnavalescos do Magalhães, protagonizada pelo Ministério Público e agora a este episódio em Braga, digamos, mais artístico…. Juraria que já vi cenas análogas no “Conta-me como foi“ e, independentemente da razoabilidade (ou não) da intervenção da PSP, é isso que me deixa a pensar…
Pedro Froufe, Blasfémias
... o caso Courbet é das coisas interessantes que aconteceram nos últimos tempos em Portugal. Repito a pergunta que fiz ontem: Mas que obrigação tem a Polícia de saber que se trata de uma obra de arte? Hoje tenho mais. Há obras de arte feias? É possível amar toda a obra de Courbet ao mesmo tempo que se ignora com idêntica força o quadro em questão? Os cidadãos e as cidadãs têm a obrigação de ter uma "sexualidade resolvida" aos olhos de quem não tem nada a ver com isso? Um homem adulto que se perturbe com uma imagem daquelas é forçosamente uma pessoa esquisita? As mulheres da cidade são mais eficazes que as do campo? O Comando da PSP de Braga devia ser sujeita a um curso intensivo em História de Arte com deslocações a museus e exposições na Gulbenkian? As pessoas deixaram de confiar nas elites por causa de escolhas gananciosas como a de este editor? O desleixo das francesas já era bem conhecido no século XIX? A origem do mundo podia alguma vez aparecer depilada? Provavelmente não. No início é sempre tudo um bocado confuso.
Carla Quevedo, Bomba Inteligente
O acontecimento de Braga, em que foram apreendidos pela PSP volumes de uma obra, cuja capa correspondia ao quadro de Courbet, devido a queixas de alguns adultos que viram algo de maléfico para as crianças, parece-me mais do que excessivo, uma atitude deveras perigosa. Quanto aos adultos que fizeram a queixa não tenho nada a comentar. Têm todo o direito de mostrar a sua indignação face aquilo que consideram ser moralmente condenável. Querem proteger as crianças do mal e do vício. É certo que as crianças são muito curiosas e, desde sempre – não é só de agora -, que querem ver certas “coisas”. Mas quem é que não as quis ver? Muito poucas, decerto. E as que viram, em que é que se tornaram mais tarde? É bom não esquecer que, na altura, não tínhamos com dois clicks a oportunidade de ver o que se vê hoje e até sem clicks! Basta ver a televisão. O que está a acontecer não augura nada de bom. A justiça e a polícia já começam a proibir e a apreender obras com base em pressupostos moralistas. É certo que no dia seguinte arrepiaram caminho. Apreendem livros. Qualquer dia passam a queimá-los. A seguir prendem pessoas e depois passam a “queimá-las”, também. Primeiro os livros, a seguir os homens. Quando voltar a Paris, vou dar uma saltada ao Museu d´Orsay. Não vale a pena andar sempre a adiar...
Salvador Massano Cardoso, Quarta República
Estou a ver o Aqui e Agora, um programa de debate da SIC onde estão a participar alguns conhecidos da nossa praça. Ainda agora, o especialista em novas tecnologias da SIC, cujo nome não fixei, deu conselhos aos pais preocupados:
1. Que os computadores dos filhos estejam em lugares comuns, na sala, por exemplo;
2. Que os pais tenham hi5's e contas de e-mail;
3. Que tenham acesso às páginas que os filhos consultam;
4. Que tenham acesso às conversas dos filhos pelo messenger.
Pois este senhor, cuja intenção certamente é boa, acabou de depositar uma bomba em vários lares. Certamente que se adivinha os pais de cabelos em pé a pedir aos Joãozinhos que lhes expliquem como funciona a máquina e a perguntar-lhes onde raio andam metidos. Estes especialistas não conseguem compreender que relações como as de pais-filhos, irmãos e todo o tipo de relação próxima, familiar ou não, tem de ter uma sólida base de confiança. Os limites são estabelecidos e a confiança é a "primeira arma": eu confio em ti, por isso não queiras trair a confiança. Se a confiança é substituída pela supervisão constante, pelas câmaras de vigilância, por um serviço de informação à escala familiar, então, os laços que se pretende que se criem são certamente postos em causa e cria-se o clima de desconfiança. O acesso às conversas dos filhos pelo messenger, por exemplo, não é em nada diferente a colocar microfones na roupa para ouvir as conversas dos meninos com os amigos. A vigilância constante que a família faz a um computador num lugar comum cria o desejo de quebrar as regras e assim que ninguém estiver a olhar o risco vai ser pisado e as consequências são inimagináveis. Não sou pedo-psiquiatra, ou coisa que o valha, mas sei uma coisa: a proibição de algo é apenas uma formalização que vem depois do consenso em relação aos prejuízos dessa atitude. Se não for explicado ao jovem que os chats são perigosos, por exemplo, bem que se pode proibir, que haverá sempre o computador da escola, a biblioteca municipal, a casa do amigo. Quanto à pornografia, tenham juízo!, ou os carecas puritanos não se lembram de se masturbarem com as páginas da Gina?
Tiago Moreira Ramalho, Corta-Fitas
Quando ocorreu o caso Carolina Michaelis, não faltaram vozes ministeriais a dizer que se tratava de um caso isolado. Muitos casos de agressão e indisciplina depois, um aluno apontou uma pistola a uma professora e voltaram a ouvir-se vozes apregoando que era mais um caso isolado. Eu, habituado a frequentar escolas e a ver crianças com menos de 16 anos equipadas com facas, navalhas de ponta e mola e até armas, ficava perplexo. Cheguei a acreditar ser vítima de visões e que os casos que me foram relatados por vários professores eram fruto da sua imaginação prodigiosa.
Agora ficou a saber-se que, só em 2008, a PGR abriu 138 processos-crime relacionados com violência escolar. Provavelmente, serão 138 casos isolados. Só assim se justifica que o ME se tenha remetido ao silêncio e tenha optado por não divulgar o relatório do observatório de segurança escolar, referente ao primeiro período deste ano lectivo.
Carlos Barbosa de Oliveira, Delito de Opinião
Americana que deu à luz 8 gémeos está a ser disputada por 2 companhias da industria porno que lhe oferecem 1 milhão de dólares para fazer um filme ou fraldas para as crianças durante 1 ano. Será que eles acham que ela tem desempenho sexual extraordinário? Ou acham eles que a malta está interessada em ver os detalhes vaginais de uma senhora que pariu 8 crianças ao mesmo tempo? Não sei. O que é que vocês acham?
Francis, O Dono da Loja
O Fripóre, o Magalhães de Torres, o pornografia de braga... vamos continuar a chamar ao verão a “silly-season”?
João Moreira de Sá, Arcebispo de Cantuária
Quem é quem
A Livraria Bloom organiza amanhã às 22 horas no Rooftop Bar, na Travessa de S. Paulo (perto das ruínas) um baile à fantasia. O Carnaval já passou, mas tal como o Natal, pode ser quando um homem quiser. Vai haver música, caipirinhas, e cada um pode vestir o que quiser (dentro do bom gosto, entenda-se). Use a sua imaginação e passe uma noite divertida entre a malta dos livros. E pode ser que eu dê lá um pulinho também...
Kong Tac-Lam está salvo
O Kong Tac-Lam é um local de culto budista na Rua de S. José, mesmo aqui ao pé de casa. Ontem foi noticiado que o local ia ser removido para dar lugar a um edifício de sete andares, que incluía um centro ecuménico. O Instituto Cultural e as Obras Públicas vieram no entanto dizer que esse projcto tinha sido vetado em Dezembro, visto que se trata de património de "interesse histórico-cultural", e que se encontra incluído no Centro Histórico. Tudo não passou de um susto, e o local onde se encontram ossadas de antepassados de muitos residentes de Macau e várias obras de arte está seguro. Pelo menos por agora.
As virtudes do alho
Muito antes da farmácia como a conhecemos nos dias de hoje, já o alho era amplamente utilizado na medicina tradicional. As propriedades do Allium sativum foram desde sempre conhecidas para prevenir doenças cardíacas, retardar o envelhecimento precoce e prevenir ou curar a gripe. Na ficção o alho era conhecido por afastar os vampiros (esta era desnecessária, mas convém mencionar). O alho cru tem um sabor e picante e um cheiro intenso, mas torna-se mais doce e de sabor menos agressivo após a fritura ou a cozedura. Mas o ideal mesmo é consumir o alho tal como saiu da sua mãe terra. Assim 100 gramas de alho cru contém (percentagens em valores de necessidades diárias num adulto):
Carbohidratos - 33.06 g
- Açucar - 1.00g
- Fibra - 2.1 g
Gordura - 0.5 g
Proteína - 6.39 g
β-caroteno - 5 μg 0%
Tiamina (Vit. B1) - 0.2 mg (15%)
Riboflavina (Vit. B2) - 0.11 mg (7%)
Niacina (Vit. B3) - 0.7 mg (5%)
Acido pantoténico (B5) - 0.596 mg (12%)
Vitamina B6 - 1.235 mg (95%)
Folato (Vit. B9) - 3 μg (1%)
Vitamina C - 31.2 mg (52%)
Cálcio - 181 mg (18%)
Ferro - 1.7 mg (14%)
Magnésio - 25 mg (7%)
Fósforo - 153 mg (22%)
Potássio - 401 mg (9%)
Sódio - 17 mg (1%)
Zinco - 1.16 mg (12%)
Manganésio - 1.672 mg
Selénio - 14.2 mcg
A American Dietetic Association sugere que se consumam entre 600 e 900 mg de alho diariamente (o equivalente a um dente de alho inteiro) como forma de prevenir doenças como a arterioesclerose, diminuir o colesterol e a tensão arterial, contribuindo para um coração mais saudável. Estudos demonstram que consumir a quantidade ideal de alho diariamente diminui as probabilidades de contrair cancro da próstata (nos homens), do colon (nas mulheres) e do estômago (em ambos). Isto porque o enxofrepresente no alho retarda o desenvolvimento de células cancerígenas.
Daí que a dieta mediterrânica e chinesa (a China é o maior produtor mundial de alho), bastante ricas em alho, sejam consideradas saudáveis. O alho cru é o ideal, mas caso não goste do sabor ou não queira descascar alho (passo a cacofonia) e ficar com as mãos a cheirar mal, existem mil e uma variedades de pílulas de alho disponíveis no mercado. Seja mais saudável, e inclua o alho diariamente na sua dieta.
Nadya makes a porno
Nadya Suleyman, a mulher de 33 anos que tem 14 filhos e não quer trabalhar, pode ver em breve os seus problemas financeiros resolvidos. A Vivid Entertainment, a maior produtora mundial de filmes porno, prepara-se para lhe oferecer um contrato de um milhão de dólares e um seguro de saúde de um ano caso ela aceite participar num filme. Escusado será dizer qual a natureza do tal filme, mas é irónico que alguém que nunca quis ter um homem na vida possa agora ter uma boa meia dúzia deles que vá directo ao assunto em alguns dias. Entretanto uma produtora concorrente oferece o dinheiro e ainda o suplemento de um ano em fraldas descartáveis. É altura de dar o corpinho ao manifesto, Nadya.
Dona
E para acabar a semana em beleza, nada como este tema dos Ena Pá 2000 dedicado à origem da vida. "Dona" é do controverso álbum "És Muita Linda", de 1995. A letra faz-me lembrar aquele outro célebe poema: "A ferramenta é: uma boa alfaia/O amor do homem está debaixo da saia/Debaixo da saia está: uma amora preta/O amor do homem é: a bela greta".
Braga nos oitavos
O Sp. Braga confirmou a passagem aos oitavos-de-final da Taça UEFA ao empatar a uma bola em Liège frente ao Standard. O golo dos bracarense foi apontado por Luís Aguiar a três minutos do fim. Nos restantes jogos destaque para a eliminação do colosso AC Milan, que empatou em casa a duas bolas com os alemães do Werder Bremen depois de um empate a um golo na Alemanha. Exactamente pelo mesmo resultado caíu o Valência, aos pés dos ucranianos do Dinamo Kiev. Destaque ainda para a forma fácil como o AaB Aalborg da Dinamarca eliminou o Deportivo da Corunha, com 3-0 e 3-1 nas duas mãos, e para a vitória do Galatasaray por 4-3 frente ao Bordéus, depois de um nulo em França.
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
Os super-miúdos (e os outros)
Foi semana de exames para os miúdos lá na escola. Foi portanto uma semana bastante ocupada, com um regime muito mais intenso e menos “democrático” cá em casa, uma espécie de lei marcial. Dormir cedo, acordar bem mais cedo, pequenos almoços ricos em fibra e refeições nocturnas leves, em que se privilegiou o peixe. Um regime semi-militar. A miúda é bem mais despachada, mas o mais novo distrai-se com bastante facilidade, sendo preciso andar “em cima” para ter a certeza que não esconde o video-game debaixo dos livros. Concentração e silêncio são essenciais, o que vale por dizer que a televisão tem gozado umas férias forçadas. E logo eu que detesto quando a televisão está desligada em casa. Faz-me lembrar o tempo em que morria alguém lá na terra. Não que eu preste realmente atenção à programação, mas o aparelho ligado sempre serve de banda sonora à vida familiar.
Perdoem-me o saudosismo, mas como é possível que estes jovens precisem de tanto apoio e motivação para estudar? Vejo os livros da escola primária e do 5o ano e não descortino nada de extraordinário. Não vou dizer que no meu tempo eram melhores ou mais completos, pois não eram. São a mesma coisa. O que era diferente era o ambiente. Não tinhamos TV 24 horas por dia ou uma variedade de programação por onde escolher. A televisão reduzia-se àquela hora entre as seis e as sete, depois de sair da escola, quando davam os desenhos, e um pouco mais ao fim-de-semana. As brincadeiras eram com a bola, na rua, com as caricas ou qualquer coisa que desse para quebrar o tédio. Não haviam playstations, e muito menos actividades de ocupação de tempos livres promovidas pela Câmara ou outra entidade qualquer.
Não nos restava outra opção que não estudar. E raramente dava para esclarecer dúvidas com os pais, que voltavam a casa sempre mais tarde e queriam ver os trabalhos de casa feitos. Lembro-me de estudar na casa da minha avó, numa pequena sala que existia à esquerda da entrada do corredor. Porta branca, alcatifa vermelha, mesa de mármore e armários decorados com loiça da China, pequenas estátuas que o tio tinha trazido da Guiné, e naprons bordados à mão. Tudo de um bom gosto e uma elegância espectaculares. No Inverno quando anoitecia mais cedo, escorria os estores (há quanto tempo não dizia “estores”) e acendia a luz, um candeeiro digno de um palácio de Versalhes qualquer. Dava gosto estudar ali, sentia-me um príncipe.
A avó nunca usava aquela sala, nem quando tinha convidados. Os meus irmãos e irmãs preferiam o sotão, longe dos olhares dos adultos e onde podiam escapar para o terraço e brincar com os cães. A mim quem me tirava o sossego e a cândida alvura das paredes da tal sala tirava-me tudo. Nem era preciso ficar horas em casa a marrar antes dos exames. Bastava ler um pouco todos os dias e uma revisão mais demorada no dia anterior. Não que eu fosse um aluno brilhante, mas como era bom menino, mesmo as férias fazia todos os trabalhos de casa o mais rapidamente possível, para poder gozar a liberdade. Os miúdos se não forem obrigados, só se lembram de os fazer no Domingo à tarde. A partir do 5o. ano era um aluno de 3/4, com um 5 ou dois (coisa rara). Não sentia a pressão dos resultados, e os meus pais só me pediam para “não chumbar, que os livros saíam caros”. Assim cumpri.
Aqui em Macau temos pais e filhos de todas as origens e estratos sociais, e em comum têm o facto de entrar em pânico quando chegam os exames. Alguns dos meus colegas chegam a tirar férias nessa altura para “ajudar os filhos a estudar”. A competição nas escolas chinesas, onde existem quadros de honra e listas dos “tops” assim o exige. A competição é feroz. Na EPM a coisa não muda muito de figura. Alguns pais, figuras conhecidas da nossa comunidade, colocam alguma pressão nos filhos para se excederem nos resultados escolares. Alguns conseguem. Mas ao obter resultados tão fabulosos desde tenra idade, os miúdos vão encontrar mais dificuldades na idade adulta em contrariar as adversidades.
Por muito que nos custe e por muito que tentemos olhar para o mundo através de um filtro cor-de-rosa, as dificuldades existem, e os obstáculos vão aparecendo. Os miúdos não vão ter o mundo numa bandeja simplesmente porque tiraram seis "cincos" no 5º ou no 6º ano, principalmente num sistema educativo como o nosso em que se combate o insucesso fazendo passar todos, mesmo os mais mal preparados. E se os planos futuros incluem um regresso a Portugal (ou pelo menos que os filhos lá regressem para ingressar no mercado de trabalho), é bom que aprendam a dar alguns trambolhões, enquanto ainda são fresquinhos e cicatrizam mais depressa. "Espremer" o sumo dos miúdos e fazê-los competir pelos melhores resultados não os vai tornar mais hábeis ou mais inteligentes. É um pouco como começar a andar: primeiro é preciso aprender a cair.
Temos cônsul
Já está em Macau o novo cônsul geral de Portugal, Manuel Cansado de Carvalho. O diplomata, 48 anos, demonstrou uma vontade de estudar, ajudar e trabalhar em prol da comunidade portuguesa. Começou bem, e parece vir com vontade de continuar o excelente trabalho realizado pelo seu antecessor. Manuel Cansado de Carvalho chega para substituir Pedro Moitinho de Almeida, que é agora embaixador de Portugal em Ottawa, no Canadá. Veja aqui a reportagem da TDM.
Miradouro de Nossa Senhora da Penha
Dou Tei Tan
Celebra-se hoje, 2º dia do 2º mês do calendário lunar, o Dou Tei Tan, literalmente, "Deus do chão". É uma data em que os chineses agradecem aos Deuses as benesses passadas, e pedem boa sorte para as sementeiras deste ano. Venera-se o Deus da Terra, oferece-se comida e bebida, iluminam-se e enfeitam-se com flores os templos e pagodes. As celebrações incluem ainda espectáculos de ópera chinesa, e queima de papéis votivos.
O roubo e o leilão
O actor Jackie Chan apelidou de "uma autêntica vergonha" o leilão de algumas peças de bronze roubadas pela famoa leiloeira britânica Christie's. "As peças de bronze da Dinastia Qing roubadas há 150 anos são tesouros nacionais, e devem ser devolvidas", afirmou Chen. O actor acusou ainda o Ocidente de saque de outras relíquias culturais de países como a China, o Egipto e o Cambodja, assgurando que o fizeram com o intuito de preservá-las. A estrela dos filmes de kung-fu diz mesmo estar a fazer um filme sobre o roubo das relíquias, onde consegue recuperá-las e devolvê-las à sua origem. Jackie Chan disse que ele próprio compraria as peças e as devolveria à China, não fossem tão caras. As duas estátuas de bronze - uma cabeça de um rato e outra de um coelho - foram roubadas do Palácio de Verão, em Pequim, e foram compradas por 15.7 milhões de euros (160 milhões de patacas). Pequim também já condenou o leilão das peças de arte.
Tabaco mais caro
O hábito vai sair mais caro aos fumadores de Hong Kong a partir de hoje. A taxa aumentou em 50%, o que equivale a uma média de 40 cêntimos por cigarro, ou seja, mas oito dólares de Hong Kong por cada maço. O preço médio de um maço de cigarros no território vizinho custa HK$29, e caberá às companhias tabaqueiras ajustar o preço dos seus produtos. A campanha visa encorajar os fumadores a deixarem o vício, e tornar as leis anti-tabagistas mais eficazes.
Nacht der langen Messer
Foi mesmo a noite das facas longas ontem em Alvalade. O Bayern passeou a sua classe e esmagou o Sporting por cinco golos sem resposta, na primeira mão dos oitavos-de-final da Champions League. Os comandados de Paulo Bento ainda conseguiram controlar as operações na primeira parte, mas o Bayern foi para o intervalo em vantagem com um golo do francês Ribery aos 42 minutos, aproveitando um mau passe de Derlei para a defesa. Na segunda parte veio ao de cima o poderio físico dos bávaros e a gritante falta de experiência do Sporting, e Klose, Ribery, e Toni (dois golos) construíram a maior derrota de sempre dos leões em casa em provas europeias. Fica para a próxima.
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
A doença do século
O caso do pai que violou a filha menor está a chocar Macau. O homem de 44 anos vinha abusando da menina desde que esta tinha 6 anos, terá começado a violá-la aos 10 e a situação tornou-se conhecida agora, seis anos depois, depois da jovem ter confessado o caso a uma professora. Num lugar exíguo e uma sociedade conservadora como esta, este tipo de notícia fica muito melhor bem longe daqui, numa Bélgica ou numa Holanda qualquer, ou noutra paragem mais pobre da Ásia Oriental, onde a dignidade humana tem menos valor que o dinheiro que turistas ocidentais que procuram o sexo pagam às vítimas, tantas vezes com o consentimento ou a indiferença de suas próprias famílias.
A pedofilia é um monstro que sempre existiu, e que a novel modernidade e celeridade dos meios de informação veio trazer a debate no seio da opinião pública. Médicos, psicólogos, sociólogos e criminólogos desdobram-se em teorias e explicações para aquilo que para a maioria de nós é simplesmente inexplicável: o porquê da pedofilia. E ainda bem que se sabe, que se fala, que se discute. O silêncio ou a ignorância não vão resolver o problema, e quanto mais se enterra a cabeça na areia, mais os predadores sexuais agradecem. Uma violação em si é já algo de inaceitável. Quando se trata de uma criança é chocante e dramático. Quando se trata do próprio filho ou filha é nojento, doentio.
Alguns comentários que ouvi hoje a respeito desta notícia incluíam o habitual “mas com tantas putas por aí…”. Para o pedófilo, um doente, não existe esta lógica, este raciocínio. Há quem formule hipóteses, arrisque um diagnóstico. Uma das quais explica que as crianças são alvos mais fáceis porque têm medo de falar, o que ficou bem patente no processo Casa Pia, que envolveu pessoas do mundo da política, diplomacia e espectáculo. É muito mais difícil e menos credível que uma criança faça chantagem e consiga manipular o prevaricador, em vez de uma prostituta, por exemplo. As crianças são mais vulneráveis às ameaças, têm vergonha e muito mais dificuldade em medir as consequências dos seus actos.
Outra hipótese fala da crise da meia-idade, da necessidade de afirmação ou até de uma certa “curiosidade”. Seja o que for, é difícil explicar. Nabokov na sua “Lolita” abordou o tema de uma forma muito interessante (do ponto de vista da jovem, que correspondia ao interesse de um homem mais velho), o que valeu ao russo o epíteto de “escritor maldito”. Tivesse Nabokov escrito Lolita nos dias de hoje e não em 1955, e era imediatamente etiquetado de pedófilo. Ninguém no pleno exercício das suas faculdades mentais acredita no amor físico entre uma criança e um adulto.
Por muito que os desprezemos, e que expressemos o nosso ódio com mais ou menos intensidade, é um doente. A pedófilia é a doença mental do século, um pouco como o stress elevado à milésima potência. Todos queremos os pedófilos bem longe de nós, dos nossos filhos, das escolas onde eles andam, da rua ou do bairro onde eles brincam. A pedofilia levou a desconfiar de tudo e de todos, mesmo de profissões outrora respeitáveis, como professores e padres. Mesmo alguns hipócritas que condenam a pedofilia em voz alta têm culpas no cartório.
O pedófilo tipo não é necessariamente pálido, com ar esgazeado, gabardina comprida, sorriso malandreco e rebuçados na algibeira. Pode ser um familiar, um vizinho, o dono do café da esquina, o tio Augusto da mercearia. Assim como o Diabo, pode ser quem menos se suspeita. Os tempos não estão para se mostrar carinho ou afeição pelas crianças dos outros, e aparentemente mesmo com as nossas. Cuidado com as aparências.
A petição é um sucesso!
A petição online lançada na noite de segunda-feira pela Casa de Portugal é um enorme sucesso! 1853 assinaturas, na sua maioria de Macau e de Portugal mas também de outros países dos quatro cantos do mundo (Brasil, Canadá, Tailândia, India, África do Sul, Pequim!) em apenas dois dias! Vamos esperar que pelo menos esta acção faça os responsáveis pela alienação do património da Livraria Portuguesa de Macau pensar duas vezes, e que o Governo Português se lembre (pelo menos uma vez...) da malta aqui deste lado. A petição vai continuar online enquanto o ritmo das assinaturas se justicar, e ainda pode assiná-la aqui. Vamos todos para parecermos muitos!
Aprovado
A Lei de Segurança do Estado, emanada pelo artº 23, foi votada na especialidade hoje na AL, e aprovada. A manhã na AL foi diferente do habitual: fortes medidas de segurança e uma manifestação de cerca de 50 pessoas a favor do artigo. Ontem à noite o Novo Macau Democrático (NMD) organizou uma vigília à porta do hemiciclo protestando contra a legislação. Dentro da AL o habitual debate, as habituais reservas, os esclarecimentos, e no fim passou a lei. Veja aqui a reportagem da TDM.
Ide aos ovos, mas com cuidado
Afinal tudo não passou de um susto. Os ovos em Macau não são falsificados, e podem ser consumidos. Isto apesar dos ovos suspeitos analizados pelo IACM poderem ter sido previamente congelados, ou acomodados em condições deficientes de transporte. Algumas das gemas eram "borrachudas", e isso pode ter-se devido a "cozedura prolongada". Nada a temer, portanto, e as vendas dos ovos que tinham baixado em 50% depois do alarme, voltaram a ser positivas para os comerciantes.
Mas serão os ovos uma opção realmente saudável? Sendo baratos, apetitosos e com um elevado teor proteico, são consumidos frequentemente principalmente pelas famílias com menos posses. É difícil determinar quantos ovos se consomem diariamente, uma vez que estão presentes também nos bolos, nas massas ou confecção de outros pratos. Os ovos mais consumidos em Macau são os mais baratos, os processados, onde se encontram grandes quantidades de corantes e conservantes.
E quanto ao colesterol? Estudos revelam que um adulto saudável pode comer um ovo diariamente sem se sujeitar a doenças cardíacas. A Universidade de Harvard conduziu um estudo elaborado que determina que não existe uma relação entre o consumo de ovos e o nível de colesterol em adultos saudáveis. Contudo, se os seus níveis de colesterol forem altos, não se recomenda o consumo de mais de duas gemas de ovo por semana. Pode comer as claras que quiser.
Os ovos são, além de deliciosos, bastante nutritivos; ricos em ácido fólico, vitamina B12, omega 3 e 6, e luteína, um tipo de anti-oxidante. O valor nutricional de um ovo depende da alimentação das galinhas. Os ovos mais saudáveis - e mais caros - são os orgânicos, ou os "cage-free" (produzidos fora dos aviários). Convém evitar o consumo excessivo de omoletes ou ovos mexidos (além de fritos, contêm várias gemas), ou bolos com creme de ovo (os letais ovos moles de Aveiro, fios de ovos e alguns bolos de aniversário), que além de um alto valor calórico e de gorduras saturadas, contêm ainda quantidades letais de açucar.
Aprecie o alimento que sai do cu da galinha (o ovo, entenda-se, não o outro...) com prazer, mas também com moderação. Mais uma vez vamos apreciar os frutos da vida, e sair da experiência com vida e saúde.
Coldplay vs. Joe Satriani
A música "Viva la vida" dos Coldplay, grande vencedora dos grammys deste ano, é um decalcamento de uma música de Joe Satriani, o famoso guitarrista que ensinou Steve Vai, Kirk Hammet (Metallica) ou Marty Friedman, entre outros, a tocar guitarra. A parte de violinos de "Viva la vida" é copiadinha (como se pode verificar no vídeo) de "If I Could Fly" do álbum de Satriani "Is There Love in Space?", de 2004. Os habituais defensores do "e depois?" nestes casos de plágio vêm dizer que Satriani "é um desconhecido". O que esta malta sabe de música. Satriani é um génio, que já foi nomeado quinze vezes para os Grammys, a primeira das quais em 1989 como artista a solo, e ainda os Coldplay andavam nos bancos da primária e já tocava com os Deep Purple. Satriani já processou os Coldplay por plágio em Dezembro, o que não impediu a banda de levar para casa o Grammy.
Tragédia em Amesterdão
Nove mortos e mais de cinquenta feridos é o balanço de um acidente aéreo de um avião da Turkish Airlines que se despenhou perto do aeroporto de Schiphol, em Amesterdão, nos Países Baixos. O avião com 135 passageiros e oito tripulantes a bordo saíu de Istambul às 8h22m (hora local) e chegaria ao aeroporto internacional de Amesterdão às 10h00. Depois de receber ordem de aterragem, algo correu mal, o piloto aterrou a poucos quilómetros do aeroporto e perto de uma estrada, e o avião partiu-se em três partes. O tráfego aéreo foi bloqueado durante toda a manhã.
Crise na indústria
A indústria do sexo não escapa à recessão mundial e à crise. Uma reportagem do Expresso indica que o número de pessoas que procura prostitutas está a diminuir significativamente. Em busca de clientes, as prostitutas têm baixado os preços, e os clientes têm uma margem de manobra maior para "negociar". As prostitutas consideram que isto leva a uma "deterioração da qualidade do serviço", mas pior que isso, algumas aceitam ter relações sem o uso do preservativo. Existem mesmo prostitutas seropositivas que continuam a trabalhar, e muitas temem que se insitirem no uso de proteção, perdem clientela. As famosas casas de alterne sentem também a crise, com uma diminuição da procura, e um consequente despedimento de funcionários. Muitas têm encerrado, deixando muitas alternadeiras desempregadas, ou nas ruas.
Milionária por um dia
Uma sueca foi milionária por um dia durante o último fim-de-semana. Ao verificar a sua conta bancária, a jovem Cornelia Johansson constatou que lhe tinham sido depositadas 10 mil milhões de coroas (9 mil milhões de patacas). Segundo o porta-voz do banco Nordea, responsável por este insólito, tratou-se apenas de um erro informático, aquando da rectificação de um débito feito por uma compra com cartão multibanco. Assim como apareceu, o dinheiro já desapareceu da conta de Cornelia. E está tudo como antes...
Porto seguro
O FC Porto empatou ontem a duas bolas no estádio Vicente Calderon contra o Atlético de Madrid no jogo da primeira mão dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões. Os dragões dominaram o adversário, mas estiveram sempre em desvantagem, até este golo de Lisandro Lopez a quinze minutos do fim. Destaque para o enorme frango de Helton no segundo golo dos "colchoneros", apontado por Diego Forlan. O Porto parte assim em vantagem para a segunda mão em 11 de Março na invicta, bastando-lhe um empate 0-0 ou 1-1 para passar aos quartos-de-final.
terça-feira, 24 de fevereiro de 2009
Comam tomates, meninos
O licopeno, um poderoso anti-oxidante, é encontrado nos tomates e nos seus derivados. Alguns estudos comprovam que o licopeno previne doenças cardíacas e certos tipo de cancro. O mais relevante indica que o licopeno tem uma forte influência na prevenção do cancro da próstata.
Num estudo realizado pela conceituada Universidade de Harvard, homens que comem mais de 10 porções de comida ou bebida com tomate por dia têm menos 35% de hipótese de contrair cancro da próstata do que homens que não comem tomate. Os níveis elevados de licopeno na corrente sanguínea fazem diminuir os riscos de cancro e doenças cardíacas. Consumindo 50 mg de licopeno diariamente, consegue-se atingir o nível desejado. O licopeno no sangue está associado a um nível reduzido de antigénio específico da próstata. Níveis elevados do antigénio estão normalmente associados com esse tipo de cancro.
Comendo mais tomate ou produtos derivado do tomate reduz significativamente os riscos de cancro da próstata. Os estudos revelam que o licopeno é mais facilmente absorvido pelo organismo quando os tomates são processados, ora em molho, pasta, sopa ou sumo de tomate. Isto deve-se ao facto do licopeno ser libertado da estrutura celular do tomate durante o processamento. Portanto coma tomates, pizza, guisados e caldeiradas. Caso não goste mesmo nada de tomate, existem pílulas naturais que contêm licopeno.
O licopeno pode ser encontrado nestes produtos nas seguintes proporções:
Pasta de Tomate 42.2 mg
Molho de Tomate 21.9 mg
Molho de chili 19.5 mg
Ketchup 15.9 mg
Melancia 5 - 11.1 mg
Sumo de Tomate 9.5 mg
Toranja 4.0 mg
Tomate Crú 3.0 mg
Salvem a Livraria Portuguesa
A Casa de Portugal de Macau lançou ontem uma petição online com vista a sensibilizar o Governo Português quanto às intenções da Fundação Oriente de alienar as instalações da Livraria Portuguesa de Macau. A petição é dirigida à Presidência da República, ao Primeiro Ministro, ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, ao Ministério da Cultura e aos grupo partidários representados na Assembleia da República. A petição foi notícia na imprensa portuguesa, e consta do seguinte:
Pretende o IPOR, instituição detida em 51% pelo Estado Português através do Instituto Camões, vender a fracção autónoma constituída por cave, loja e sobreloja, sita numa das ruas mais centrais e de maior movimento da cidade, na continuação do Largo do Senado, que adquiriu à Administração Portuguesa de Macau pela irrisória quantia de cerca de 900,000.00 patacas para nela instalar a Livraria Portuguesa bem como uma Galeria que ao longo dos anos foi utilizada para exposições, conferências, colóquios, apresentações de livros, etc.
A venda preconizada e defendida pela Fundação Oriente permite uma receita de uns cinquenta e tal milhões de patacas, mas priva a comunidade de língua portuguesa, e não somente os portugueses, de um espaço essencial, único, cuja propriedade ainda é de uma instituição portuguesa e, maioritariamente, do Estado Português.
Em troca, o IPOR pretende entregar, novamente sem concurso, a exploração da Livraria a outro particular, instalando-a, eventualmente, num prédio estreito sem condições nem dignidade e distribuída por quatro andares sem elevador, numa zona menor da cidade, e servindo-se disso para argumentar que não está em causa a continuidade da Livraria Portuguesa. O que não é verdade!
Há ainda a considerar que ao deixar de dispor de instalações próprias para passar a operar em instalações arrendadas, fica assim sujeita à incerteza das flutuações do mercado imobiliário, nomeadamente ao aumento de rendas e eventual cessão do contrato.
As entidades que tinham a seu cargo a dinamização da presença cultural portuguesa - o IPOR e a Fundação Oriente - foram deixando de promover quaisquer actividades em Macau, justificando tal com dificuldades de índole financeira.
A Casa de Portugal em Macau, que tem vindo a desdobrar-se em iniciativas que vão desde a organização de exposições, debates, ciclos de cinema, abertura de oficinas para o ensino de artes, informática, audiovisual, etc, procurando preencher o vazio deixado por essas instituições e manter a presença da nossa cultura, parte indissociável da identidade de Macau que a República Popular da China tem mostrado prezar, não pode assistir sem uma profunda revolta a esta visão redutora e economicista das entidades que mais obrigação tinham de zelar pela nossa cultura e pela nossa língua.
Assim, apelamos a todos os amigos de Macau, da Cultura e da Língua Portuguesa que juntem a sua à nossa voz, para que um protesto sonoro chegue a Lisboa a tempo de travar este atentado à presença e cultura lusófona em Macau!
A petição conta já com mais de 700 assinaturas, e você pode assinar também, aqui. Vá lá, não custa nada.
Senhora do quê?
Um programazeco daqueles que a RTP arranjou para encher chouriços, apresentado por Sílvia Alberto, resolveu eleger a melhor música de sempre dos festivais da canção. A música eleita foi a vencedora do ano passado, “Senhora do Mar”, interpretada por Vânia Fernandes. Mas será a memória assim tão curta??? Então “E depois do adeus”, de Paulo de Carvalho? E o excelente mas incompreendido “Silêncio e tanta gente”, de Maria Guinot? Ou para quem gosta de qualquer coisa mais mexida, “Um grande, grande amor”, de José Cid? Essa não…
Slumdog segundo Perray
Conversas com o meu filho (XV)
À hora de jantar, depois de um anúncio da TDM sobre a protecção de dados pessoais.
- Pai, porque é que temos de proteger os dados pessoais?
- É assim: se alguém que não conheces te pedir o número de telefone ou a tua morada, tu não dás.
- Porquê?
- Porque eles podem vir atrás de ti, ou querer vender-te qualquer coisa...
- E se me encostarem uma faca ao pescoço?
- Bem, nesse caso dás, e depois logo se vê...
- Mas depois eles podem vir à nossa casa!
- Sim, mas tu continuas vivo, e depois a gente espera por eles e depois resolve o problema.
- Também temos facas, na cozinha...
- Uff...pois é.
Morreu Ida Gomes
A actriz Ida Gomes era mais conhecida do público português pelo papel de Dorotéa Cajazeira (irmã de Dulcinéia e Judicéa) na telenovela da Globo "O Bem Amado". Participou até há dois anos em várias telenovelas e séries televisivas, e faleceu no Domingo de pneumonia, aos 85 anos. Nascida Ida Szafran em Krasnik, na Polónia, e era conhecida nos anos 60 como "a Bette Davis brasileira".
É Carnaval!
Hoje é terça-feira de Carnaval, tolerância de ponto em Portugal e festa de arromba desde o último Sábado no Brasil. E por falar em Brasil, aqui fica um pequeno vídeo do maior carnaval do mundo: o do Rio de Janeiro.
segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009
Carnificina é frescura
Um dos aspectos da nossa vivência em terras do Oriente que torna a experiência realmente memorável é a frescura dos produtos que se podem encontrar nos vários mercados municipais espalhados pela cidade. Não falo propriamente dos vegetais, vindos da China e muitas vezes num estado de conservação duvidoso, mas sim da carne e do peixe, que tornam os mercados abastecedores em autênticos oceanários em ponto pequeno, ou aulas de anatomia das aves, da vaca e do porco.
Os chineses preferem sempre comprar um peixinho que ainda mexa. Vida é sinal de frescura, lógico, e é bastante comum encontrar os carapaus, as trutas ou as douradas a pular alegremente nos aquários improvisados. Nas horas de maior azáfama é possível apanhar um banho de um peixinho mais rebelde, ou assistir à luta entre o peixeiro e um espécime mais esguio, que ainda luta pela vida. Os camarões e os caranguejos, por exemplo, vão quase sempre vivos para a panela, o que aqui em casa desperta sempre uma curiosidade especial nos miúdos. É sempre uma festa.
Talvez o que mais nos impressiona é a facilidade com que a malta chinesa ceifa a vida aos peixinhos. Armados sempre de um cutelo ou uma faca afiada e comprida, esfolam, estripam e escamam o peixe sem pensar duas vezes na eventual dor que os animais possam sentir. A prova do crime está na bata, normalmente toda cagada de tripas e sangue, ou mesmo nas notas e moedas do troco, muitas vezes molhadas e cheias de escamas. Não sei se já alguém assistiu ao espectáculo único que é o amanhar das rãs. Cortam-se as cabeças num estilo que faria Pedro, o Grande corar de inveja, e arrancam-se as peles e as vísceras, ao ponto que o batráquio é entregue num saco branco cheio de sangue e ainda a mexer.
Tudo isto nos impressiona talvez porque estamos habituados ao peixe lá da praça, já mortinho da silva, já todo estripado e amanhado, pronto a ser consumido e com o olho vermelhusco (com excepção da extraordinária enguia, que ainda mexe mesmo cortada em pedacinhos), e chega a ser preciso levantar a guelra para atestar a frescura do produto. E muitas vezes apanha-se uma enorme decepção. Aqui é mesmo assim, não existem dúvidas quanto a frescura quando o mercado é um autêntico matadouro de peixes.
Depois as carnes. Nas bancas onde se vende a carne de porco ficamos a aprender a anatomia do suíno: temos o nariz, as orelhas, os fígados, os rins, os chispes, os lombos e mesmo as tripas ali penduradas, à espera de um apreciador mais audaz. Por entre a carne de vaca, delicadamente espetada nos ganchos metálicos, podemos encontrar a dobrada, ainda cheia de cabelos, a mioleira, ou a língua que parece ter sido arrancada do animal a sangue frio. As aves são as únicas chacinadas dentro do próprio mercado (pois...), e a frieza da execução é impressionante: corta-se o pescoço e deixa-se a galinha, pombo ou codorniz a espernear dentro de um balde azul de plástico, devidamente tapado.
Mas tudo isto é um espctáculo dentro do espectáculo. Para quem ainda não se habituou, é possível que perca o apetite ou sinta o estômago às voltas depois de uma visita ao mercado, mas para quem está habituado é a garantia de um bicho no prato que ainda há poucas horas fazia parte do mundo dos vivos. Como calculam o preço, o peso, ou ainda o que é um kat, é o que ainda estou para perceber. E não se pense que é fácil acordar todos os dias de manhã (de madrugada) com uma enorme vontade de cometer carnificina. E vivam os comerciantes de peixe e carne de Macau!
Fire in Cairo
Uma explosão num bazar do centro do Cairo matou um turista e feriu 22 outras pessoas, a maioria deles também turistas, naquele que é o primeiro ataque envolvendo turistas desde 2006. A explosão deu-se na noite de ontem, quando duas granadas foram atiradas de um terraço, tendo uma deles explodido no mercado de Khan al-Khalili, muito procurado por turistas. A vítima mortal é uma francesa de 17 anos, e entre os feridos contam-se 15 outros franceses - todos estudantes entre os 14 e os 17 anos - , um alemão, três sauditas e três egípcios.
Bispo rua
Richard Williamson, o bispo inglês que está no centro de uma polémica que chegou a azedar as relações entre a Alemanha e o Vaticano quando negou o Holocausto, tem 10 dias para deixar a Argentina, onde vive há seis anos. O Departamento de Imigração daquele país sul-americano deu um prazo até dia 5 de Março para Williamson deixar o país, depois do qual será decretada a sua expulsão. Negar o Holocausto não é um um delito na Argentina, mas o governo argentino encontrou um argumento legal. A resolução oficial sustenta que Williamson forjou a sua declaração de ingresso temporário à Argentina em Setembro de 2003, insistiu na irregularidade na renovação em Fevereiro de 2004 e na concessão de residência permanente em Fevereiro de 2008. É caso para dizer que as suas afirmações fizeram dele persona non grata. As associações judaicas e de direitos civis na Argentina congratulam-se com a medida, enquanto o Vaticano abstem-se de comentar.
Parece impossível, diz Rushdie
Salmon Rushdie, o escritor indo-britânico "maldito" para o Islão, apontou uma série de defeitos em "Slumdog Millionaire", o que ele chama "impossibilidade atrás de impossibilidade". Falando para uma plateia de 1000 pessoas na Universidade Emory, em Atlanta, Salmon Rushdie deu o exemplo da cena em que os adolescentes Jamal e Salim chegam ao Taj Mahal, "a 1600 quilómetros da cena anterior". Não sei se Rushdie viu o filme, mas eu vi. A cena, aliás, as cenas anteriores a essa decorrem num comboio, que em andamento, dificilmente está a 1600 quilómetros de qualquer sítio. Agora não sei se Rushdie viu o filme. É uma possibilidade...
Jai Ho
Pela primeira vez a música indiana é contemplada com um óscar para melhor canção original nos óscares. O mérito vai para Allah Rakkha Rahman (música) e Gulzar (letra). A interpretação é de Sukhwinder Singh, Tanvi Shah e Mahalakshmi Iyer. As Pussycat Dolls já têm uma versão completamente em inglês.
Slam Dog
E aí está, "Slumdog Millionaire", o melhor filme do milénio e provavelmente um dos melhores de todos os tempos "limpou" os óscares da Academia ontem à noite (esta manhã em Macau), com oito estatuetas em dez nomeações (uma foi simultânea): melhor filme, melhor realizador, melhor fotografia, melhor edição, melhor argumento adaptado, melhor som, melhor música e melhor canção original.
Como já disse neste espaço, o filme fala a todos nós, toca-nos no coração, e passou de um simples filme a um documento que as futuras gerações poderão também apreciar um dia. Não é um filme político, não é a história de ninguém, é a história de todos nós. Nem as críticas que consideram o filme "um exercício de pena" ou como também li "uma exploração" tiram o mérito a Boyle e os jovens hindus que tornaram o filme numa peça de arte.
A história passa-se em Bombaim, onde provavelmente existem mil histórias como esta, mas podia ser noutro sítio qualquer, e "Slumdog Millionaire" consegue ser arrebatante exactamente porque não tem a ambição de nos ensinar qualquer moral. O jovem ganha o concurso por acaso, a violência (que como se sabe, vende) fica reduzida ao realismo das favelas indianas e acima de tudo, acaba bem. O som, a música, a cor, a beleza do filme fazem-no destacar-se entre os demais. E ignorem-se os críticos indianos que consideram que o filme mostra uma imagem deprimente da Índia moderna. Querem é aparecer, e é só normal que um filme desta qualidade traga os habituais oportunistas.
Em relação aos outros óscares da noite, o Bairro do Oriente acertou em quase todas as categorias principais, menos no melhor actor. Sean Penn ganhou. Fiquei com pena que não tenha sido Mickey Rourke, mas a sua nomeação serviu pelo menos para trazer o actor de filmes como "Nove semanas e meia", "Barfly" ou "Angel Heart" de volta à ribalta. Assim podemos contar com Rourke de volta ao grande ecrã no lugar que merece: o papel principal. E Sean Penn mereceu, apesar de tudo...
Chinezinha linda
Um vídeo fresquinho do YouTube. Mais uma vez o génio de Manuel João Vieira e os seus Ena Pá 2000, com um tema com que nos podemos identificar: "Chinezinha Linda", do álbum "Ena Pá 2001: Odisseia no Chaço". E atentem ao vídeo, que a chinezinha é mesmo linda!
domingo, 22 de fevereiro de 2009
E o oscar vai para...
Esta é a grande noite em Hollywood, com a realização da 81ª edição dos óscares da Academia de Artes e Ciências. Ficam aqui as humildes previsões do Bairro do Oriente, que se confirmarão (ou não) amanhã perto da hora de almoço, hora de Macau.
Melhor filme: O vencedor terá de ser Slumdog Millionaire. Toda a gente adorou o filme, que é um daqueles que aparece uma vez em cada vinte anos. Os principais adversários são "Milk", que conta a história de um activista dos direitos homossexuais, e "The Curious Case of Benjamin Button", que conta com 13 nomeações. Quanto a "Milk", diria que o argumento dos homossexuais conheceu a sua glória há 3 anos com "Brokeback Mountain", e "Benjamin Button" é um filme que teve uma recepção mista, sem estofo para a principal estatueta. "The Reader" e "Frost/Nixon" deverão estar felizes com a nomeação.
Melhor realizador: Danny Boyle deverá fazer aqui o duplo, se bem que se recuarmos outra vez até 2005 quando Ang Lee venceu para melhor realizador mas não para melhor filme ("Crash" foi o melhor filme), é possível que David Fincher e o seu "Benjamin Button" ou Gus Van Sant (que é "gay") com "Milk" tenham algumas hipóteses. Mas duvido.
Melhor actor: Este seria o ano de Brad Pitt, que já foi nomeado em 1996 para melhor actor secundário com "Twelve Monkeys". Isto não fosse o desempenho de Sean Penn em "Milk", e especialmente o de Mickey Rourke em "The Wrestler". para o papel Rourke ganhou 12 quilos só de massa muscular, comendo sete refeições diárias, dormindo 10 horas por dia e correndo o resto do tempo. O oscar simpatiza com este tipo de esforço, e como já aconteceu com Robert de Niro em "Raging Bull" e Adrien Brody em "The Pianist" (que ganharam e perderam peso para os seus papéis), a estatueta não deve fugir ao actor que foi bastante popular nos anos 80, fez uma travessia do deserto e agora aos 52 anos aparece no papel de um lutador que procura "uma última oportunidade". Frank Langella foi bastante elogiado pelo seu papel em "Frost/Nixon", mas será ao lado de Richard Jenkins ("The Reader"), o outsider deste prémio.
Melhor actriz: Nesta categoria os Globos de Ouro não devem enganar, e Kate Winslet deve levar para casa o oscar. Dos filmes que vi gostei especialmente de Anne Hathaway em "Rachel Getting Married", e Meryl Streep é a actriz com o maior pedigree. Mas 15 nomeações, dois oscares e o facto de desempenhar um papel nada simpático em "Doubt" devem afastar a diva da corrida. Em "The Reader" Winslet vai finalmente ver reconhecido o seu talento, que já lhe valeu cinco nomeações. Pode não ser a melhor das interpretações (esteve melhor em "Eternal Sunshine of the Spotless Mind", por exemplo), mas chegou a hora.
Melhor actor secundário: Heath Ledger, com 100% de certeza. O seu Joker, uma alma demente e atormentada em "Dark Knight", que ainda causa pesadelos a muita gente já era razão suficiente para vencer o oscar, e isto a juntar-se ao facto que Ledger morreu em Janeiro de 2008, torna tudo mais simples. Ledger será o primeiro actor a receber um oscar póstumo depois de Peter Finch em 1977, com "Network". Não fosse o factor Ledger, e Robert Downey Jr. em "Tropic Thunder" seria o grande favorito. Posto isto...
Melhor actriz secundária: A escolha mais difícil. Nesta categoria "Doubt" tem duas candidatas de peso: Amy Adams e Viola Davis, principalmente a última no sofrido papel de mãe da única criança negra de um liceu católico conservador do Bronx nos anos 60. Mas não sei porquê, inclino-me para Penelope Cruz. Já passaram 14 anos desde que Mira Sorvino venceu com "Mighty Aphrodite", e talvez tenha chegado a altura da Academia agraciar mais uma das "divas" de Woody Allen.
Melhor filme de animação: WALL*E
Melhor filme estrangeiro: Gostei muito de "Waltz with Bashir", de Israel. Mas por razões políticas e de "coerência", o cinema japonês poderá sair vencedor pela primeira vez com Departures.
Poderá assistir à cerimónia de entrega dos Oscares amanhã em diferido na TVB Pearl, a partir das 20 horas.
Os piores do ano
Os Razzie Awards, ou simplesmente "Razzies" foram criados em 1981 para distinguir os piores do ano da indústria cinematográfica. A 29ª cerimónia decorreu ontem no Barnsdall Gallery Theatre, em Hollywood, como sempre um dia antes da entrega dos óscares.
O grande vencedor deste ano foi Mike Myers (Wayne's World, Austin Powers) que conquistou os prémios de pior filme, actor e argumento com The Love Guru, uma comédia muito mal recebida pela generalidade da crítica e pelos fãs de Myers.
Paris Hilton foi também uma das "vencedoras" da noite, com dois "Razzies" para má interpretação: pior actriz em The Hottie and the Nottie, e pior actriz secundária em Repo! The Genetic Opera. A socialite herdeira da família Hilton recebeu ainda um terceiro "Razzie" em conjunto com Christine Lakin e Joel David Moore por The Hottie and the Nottie, uma comédia que conta a história de uma bela menina (Hilton) e a sua melhor amiga (Lakin), que é tão feia que faz os rapazes pensarem duas vezes antes de sair com a beldade.
Pierce Brosnan cantou mas não encantou em Mamma Mia!, o musical inspirado nas canções dos ABBA, e como recompensa ganhou o "Razzie" para pior actor secundário.
O pior realizador foi o alemão Uwe Boll que conseguiu o feito de realizar três filmes maus em 2008, e ainda foi distinguido com o prémio de carreira.
Indiana Jones and the Kingdom of the Crystal Skull, o quarto filme da série Indiana Jones, venceu o "Razzie" para pior sequela, adaptação ou remake.
Uma família disfuncional
Um caso que dá que pensar. Jordan Brown, um rapaz de 11 anos matou a namorada de seu pai, enquanto esta dormia, e depois foi para a escola. A vítima, Kenzie Marie Houk, 26 anos estava grávida de oito meses, e tinha já uma filha de 4 anos de outro relacionamento. Tudo aconteceu em Wampum, uma zona rural da Pensilvânia a 50 km de Pittsburgh. Os vizinhos só se aperceberam do sucedido quando a filha da vítima lhes disse que a mãe estaria morta. O relacionamento entre Jordan e Kenzie não era o melhor, e diz-se que o primeiro teria ciúmes. Jordan vai ser julgado como adulto, pelo homicídio da mulher e do bebé.
Cristiano Ronaldo decisivo
Não foi fácil a vitória do ManU sobre o Blackburn ontem à noite em Old Trafford. Os red devils adiantaram-se no marcador por intermédio de Wayne Rooney, mas o Blackburn empatou ainda na primeira parte por Roque Santa Cruz - o primeiro golo que o ManU concedeu para a Premier League em treze jogos. Aos sessenta minutos C. Ronaldo teve um momento de inspiração e apontou este livre que deu a vitória ao ManU, e os deixa com oito (!) pontos de vantagem sobre o Liverpool, que só joga hoje.
Liedson (ainda) resolve
O Sporting venceu ontem o Benfica em Alvalade por três bolas a duas, igualando os encarnados no segundo lugar do campeonato. Liedson voltou a ser decisivo, ao apontar dois dos golos do leões. O avaçado brasileiro leva já 10 golos em 12 "clássicos" que disputou. Fica aqui o primeiro golo, uma verdadeira obra de arte.
sábado, 21 de fevereiro de 2009
Leituras
- No Hoje Macau, Pinto Fernandes (obrigado pelo último e-mail, bastante estimulante) apresenta as melhores (e as piores) Oportunidades de negócio para 2009.
- Leia também no Hoje Macau mais um desenvolvimento do caso do jovem Luís Amorim, um estudante português que foi encontrado morto em Setembro de 2007, em circunstâncias ainda por esclarecer. Um trabalho de Sónia Nunes.
- No JTM, o seu director José Rocha Dinis pronuncia-se sobre a polémica do jornalista do South China Morning Post que foi impedido de entrar em Macau, em Qualquer interferência é negativa.
- Também no JTM, Nuno Lima Bastos está preocupado com a eventual lei do combate à criminalidade informática, em, exactamente Criminalidade Informática.
- N'O Clarim, o jornal da Igreja Católica, os e-mails da quinta dimensão levam-nos à batalha dos casineiros e ao caso BPN. Assalto ao poder.
- Leia ainda no Expresso uma entrevista com Diogo Infante, o director artístico do Teatro D. Maria.
Bom fim-de-semana.
Adeus, Socks
O querido gato do presidente Clinton, o ternurento Socks faleceu ontem aos 19 anos. Socks saltou para os braços de Chelsea Clinton, filha do presidente, quando esta saía de uma aula de piano em 1991. Com a eleição de Bill Clinton, Socks mudou-se para a Casa Branca, onde foi durante oito anos primeiro-gato, e secretário para os carapaus (isto fui eu que inventei). Desde a saída dos Clinton da Casa Branca, o gato vivia com a ex-secretária Betty Currie e o seu marido. Sofria de cancro das mandíbulas desde Dezembro, e foi abatido. O senador republicano Dan Burton questionou uma vez o uso de papel, selos e pessoal para responder à correspondência que chegava para o gato. Adeus, Socks. Este mundo era demasiado mau para ti...