quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

A doença do século


O caso do pai que violou a filha menor está a chocar Macau. O homem de 44 anos vinha abusando da menina desde que esta tinha 6 anos, terá começado a violá-la aos 10 e a situação tornou-se conhecida agora, seis anos depois, depois da jovem ter confessado o caso a uma professora. Num lugar exíguo e uma sociedade conservadora como esta, este tipo de notícia fica muito melhor bem longe daqui, numa Bélgica ou numa Holanda qualquer, ou noutra paragem mais pobre da Ásia Oriental, onde a dignidade humana tem menos valor que o dinheiro que turistas ocidentais que procuram o sexo pagam às vítimas, tantas vezes com o consentimento ou a indiferença de suas próprias famílias.

A pedofilia é um monstro que sempre existiu, e que a novel modernidade e celeridade dos meios de informação veio trazer a debate no seio da opinião pública. Médicos, psicólogos, sociólogos e criminólogos desdobram-se em teorias e explicações para aquilo que para a maioria de nós é simplesmente inexplicável: o porquê da pedofilia. E ainda bem que se sabe, que se fala, que se discute. O silêncio ou a ignorância não vão resolver o problema, e quanto mais se enterra a cabeça na areia, mais os predadores sexuais agradecem. Uma violação em si é já algo de inaceitável. Quando se trata de uma criança é chocante e dramático. Quando se trata do próprio filho ou filha é nojento, doentio.

Alguns comentários que ouvi hoje a respeito desta notícia incluíam o habitual “mas com tantas putas por aí…”. Para o pedófilo, um doente, não existe esta lógica, este raciocínio. Há quem formule hipóteses, arrisque um diagnóstico. Uma das quais explica que as crianças são alvos mais fáceis porque têm medo de falar, o que ficou bem patente no processo Casa Pia, que envolveu pessoas do mundo da política, diplomacia e espectáculo. É muito mais difícil e menos credível que uma criança faça chantagem e consiga manipular o prevaricador, em vez de uma prostituta, por exemplo. As crianças são mais vulneráveis às ameaças, têm vergonha e muito mais dificuldade em medir as consequências dos seus actos.

Outra hipótese fala da crise da meia-idade, da necessidade de afirmação ou até de uma certa “curiosidade”. Seja o que for, é difícil explicar. Nabokov na sua “Lolita” abordou o tema de uma forma muito interessante (do ponto de vista da jovem, que correspondia ao interesse de um homem mais velho), o que valeu ao russo o epíteto de “escritor maldito”. Tivesse Nabokov escrito Lolita nos dias de hoje e não em 1955, e era imediatamente etiquetado de pedófilo. Ninguém no pleno exercício das suas faculdades mentais acredita no amor físico entre uma criança e um adulto.

Por muito que os desprezemos, e que expressemos o nosso ódio com mais ou menos intensidade, é um doente. A pedófilia é a doença mental do século, um pouco como o stress elevado à milésima potência. Todos queremos os pedófilos bem longe de nós, dos nossos filhos, das escolas onde eles andam, da rua ou do bairro onde eles brincam. A pedofilia levou a desconfiar de tudo e de todos, mesmo de profissões outrora respeitáveis, como professores e padres. Mesmo alguns hipócritas que condenam a pedofilia em voz alta têm culpas no cartório.

O pedófilo tipo não é necessariamente pálido, com ar esgazeado, gabardina comprida, sorriso malandreco e rebuçados na algibeira. Pode ser um familiar, um vizinho, o dono do café da esquina, o tio Augusto da mercearia. Assim como o Diabo, pode ser quem menos se suspeita. Os tempos não estão para se mostrar carinho ou afeição pelas crianças dos outros, e aparentemente mesmo com as nossas. Cuidado com as aparências.

3 comentários:

  1. vasotomia meu caro

    esta socieadade hipocrita de merda nao quer resolver o problema meu caro Leocardo, e'conversa e debates parvos, e depois dizem que a vasotomia e' condenavel para um ser humano.

    Sabe enquanto isso nao acontece a nós, somos sempre muito brandinhos, enquanto nao lhes cortarem a piça isto nunca ira' acabar e o resto e' treta, mais post menos post Leocardo

    fala-se muito e faz-se pouco

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  2. Na idade média os ladrões tinham as mãos decepadas, será que o mesmo com os orgãos genitais desses monstros não resolverai ???
    Abaixo direitos humanos para esses monstros

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