quarta-feira, 29 de abril de 2015

Provedor do leitor


No artigo de ontem Encosta-te aos brancos (e serás pior que eles) recebi o seguinte comentário:



Anónimo disse...
Triste post:
"Raça Negra" ??? ao usares essa expressão estas a mostra aquilo que apregoas como errado.

Pela definição de raça não existe "Raça Negra" apenas uma unica raça Humana, com diferentes grupos etnicos.

O termo "Raça Negra" ou foi usado pelos paises coloniais, regimes nazis e apartheid como "politica" para impor uma superioridade sobre outros.

Por isso, parabens por seres mais inergume.

Se o Sr. Juvenal Brandão se referia ao defesa Preto ou atacante Africano/preto/negro (como lhe queiras chamar) é algo que só mesmo o proprio podera confirmar.
Já respondi no artigo, mas penso que este é um exemplar daquilo que tenho vindo a dizer durante todos estes anos, e acrescenta ao que escrevi no fim: as pessoas dizem o que não querem, outras ouvem o que não foi dito, e outros ainda, como este, lêem o que não está lá escrito. Tenho pena que o leitor não se tenha identificado, pois parece estar muito à vontade quando se dirige à minha pessoa. Não porque eu me importe dele me "tutuar" para a frente e para trás, mas porque se se tivesse dignado a dizer quem era, tinha o máximo gosto em discutir o assunto de forma civilizada - e vai sempre a tempo. Só que por enquanto tenho que o eleger o "idiota do ano", e ainda só estamos em Abril. Deve ser do tal "inergume", que desconfio ser algum tipo de diluente para as manchas do soalho, e que de tanto consumir já lhe provocou um curto-circuito.

Em primeiro lugar vamos lá ver se deixamos isto bem assente de uma vez por todas: quando eu digo que o "racismo" não existe, estou mesmo a falar a sério - acredito, estou convicto e tenho a certeza que aquilo que as pessoas chamam de "racismo" foi-lhes imposto por um grupo, um "lobby", se quiserem, a quem interessa que exista uma estratificação discriminatória da sociedade ou das sociedades. O conceito geral de "racismo" é algo do passado, pré-globalização, onde existia um mundo fechado onde bastava ser um pouco diferente para se ser ostracizado, ou pior, como no caso dos albinos em África, onde ainda se acredita que cozinhando partes dos seus corpos de obtêm poções mágicas. É por isto que o "racismo" hoje falha; se eu não gosto de alguém por ter uma cor de pele, etnia, origem ou traços fisionómicos que o distinguem de mim é "racismo", mas e se eu não gostar de alguém igual a mim, porque não simpatizo com ele, é parvo, esquisito, tem mau hálito, é chato, ressona, etc.? Esse conceito do "racismo" só veio dar uma razão de ser ao ódio e ao preconceito.

Hoje persegue-se os "racistas" quase tanto como no passado quando estes desempenhavam esse papel, e os que se dizem "não racistas" estão na verdade a ser velhacos - quem é que precisar de se afirmar "não racista"? Isso era como eu andar por aí a dizer que não sou seropositivo. E não sou, se fosse ninguém tinha nada a ver com isso, mas para que é que havia de andar por aí a dizer o que NÃO sou? Quem não se enquadrar nessa definição generalista e DESONESTA que foi empolada por uns tipos que se dizem a favor da "igualdade", mas logo aí estão a criar uma divisão, então não afirme nada, não precisa.  No fundo são a quem interessa que este estado de coisas se perpetue: "ah e tal, não sou racista, gosto de toda a gente [mentira, isso é impossível e eu por exemplo não gosto de quase ninguém], por isso 'respeito' e peço 'igualmente' respeito, portanto cada um na sua: vocês no barracão e eu aqui no duplex".

Usemos este árbitro como exemplo da escravatura do politicamente correcto emanada por essa força invisível que é o racismo. Só alguém com macaquinhos no sótão para ver "racismo" em toda a parte, e começar logo a desmarcar-se de uma situação que só ele é que viu. E o jogador preto de cor, não o Preto de nome, como é que se terá sentido? Se calhar sabendo de antemão que era o único jogador de cor em campo já esperava que acontecesse uma coisa destas, pois os brancos quando não são "racistas" assumem um papel paternalista que ainda consegue ter um efeito pior do que o insulto que é dirigido com base na diferença de etnia. Só faltava o caramelo do árbitro ir lá confortar o jogador René Yougbare, dar-lhe uma festinha e dizer-lhe que "já passou", e para ele "não chorar mais". Já agora chamava uma ambulância, para ver se o "racismo" com que foi agredido lhe provocou traumatismo craniano.

São tipos como este árbitro, que deve ter levado uma boa lavagem cerebral da FIFA (desconfio que até devem exigir cotas de detecção de situações "racistas" e tudo) que continuam a deixar isto num "apertheid" subliminar, com pessoas a desconfiar umas das outras. Num bar ou num café onde estejam dois grupos, um só de brancos e outro de pretos, mesmo bem intencionados, têm que cuidar que não se detêm a olhar muito tempo uns para os outros senão é, ahem, "racismo visual". Melhor: "racismo hipnótico"! O racismo cria condicionalismos que não deviam nunca existir; por um lado leva a que brancos desconfiem de pretos e eventualmente os remetam aos que se chama de "guettos", e estes aproveitam-se disso, porque não? Vejam bem que merda de lógica parva é esta: um bloco  de apartamentos onde vivem famílias de brancos, é um "bairro", a mesma coisa mas com pretos, é um "guetto".

Vou contar um episódio que se passou comigo no Verão de 1991 ou 92, não sei precisar bem. Apanhei o autocarro de manhã dos arredores de Lisboa para o centro, e vim sentado em frente a duas senhoras, e julgo que a totalidade dos passageiros eram brancos. Pelo menos não detectei ninguém preto entre aqueles que vinham de pé, até que finalmente entra um, que foi o único passageiro a entrar nessa paragem em particular. O rapaz, ainda novo, devia ter andado uns dias metido na carochiche, pois mal ele entra, entra com ele um facilmente detectável odor a vício e saco escrotal fermentado que vai para lá do evidente. As tais senhoras, sentadas de costas para a entrada, começam a comentar a mudança de ambiente, e depois de se virarem por dois segundos para trás uma delas remata "deve ser o preto...", e de seguida as duas mandam uma risadinha cúmplice, como se tivessem andado a escorregar sem cuequinhas pelo corrimão da sacristia. E para quê? De facto o indivíduo emanava um odor desagradável, e de facto era também preto, e julgo que não era por esta última razão que cheirava mal. O "racismo" leva a que não se possam produzir afirmações categoricamente verídicas porque...é "racismo". Mas quem disse que é?

Aqueles que precisam dele para viver, e ao mesmo tempo dizem que "é mau", e que "o combatem", lógico. Claro que falo do SOS racismo, que nas duas situações que descrevi anteriormente metiam os habitantes dos dois bairros a viver juntos, mesmo contra a vontade destes, e obrigavam toda a gente no autocarro a tirar a roupa e iam snifar as zonas privadas de cada um, e se não morressem de "overdose" quando chegassem ao tal preto que era o óbvio causador do ar nauseabundo, arranjavam maneira de dizer que um ou dois dos outros passageiros brancos também tinham o tomatal fedorento, e por isso "somos todos iguais" - o chavão favorito destes patetas. No jogo de Sábado que gerou toda esta confusão, obrigavam o René Yougbare a apresentar queixa, e se ele dissesse que não queria davam-lhe uma carga de porrada tão grande que ia parar ao hospital, e depois diziam que tinha sido o treinador da equipa adversária.

Um dia chegamos ao ponto em que a acusação de "racismo" tem o mesmo valor que o crime de lesa-majestade na Tailândia, e vai ser quanto baste para no mínimo desacreditar alguém, que era o que este espertalhão estava a tentar fazer, mas que ao não ler (ou entender) o que estava ali escrito, espalhou-se ao comprido. Obrigado pela definição de  "raça", que não foi usada por mim mas sim pela imprensa (olha aqui o link outra vez, ó tótó). E além de fazer figura triste chega tarde, pois a sua moralzinha de esquina de beco da fábrica do bagaço foi elaborada neste artigo de 5 de Março, um dos muitos em que prego no deserto tentando demonstrar que esta parvoíce do racismo não é mais que uma potencialmente perigosa arma de arremesso - só que escrito em português escorreito e vernáculo, e argumentos com pés e cabeça. Modéstia à parte, claro. Se se dar ao trabalho de ler o artigo (duvido, mas a minha missão está cumprida), vai ver que a certo ponto escrevo "raça" têm os cães e os restantes quadrúpedes, onde se incluem as bestas. Agora é só escolher aquela com que mais se identifica.




O artigo A tragédia destes animais , da última segunda-feira, foi uma alívio para mim. Ufa. Não, não estou maluco, e muito menos feliz com a quantidade de ódio destilado que aquela gente atira contra as pessoas do Nepal nesta hora em que tanto precisam de ajuda. Fico no entanto mais descansado por ter recebido somente reacções no sentido de condenar o comportamento daqueles cibernautas. Mas parece que nem toda a gente retirou o sentido desse artigo, caso do meu camarada Hugo Gaspar, que no seu blogue  começa a dar uma missa sobre como nem todas as religiões sacrificam animais, e que a dele não, blá, blá, blá, o costume. Isto deve ser por culpa daquela imagem que reproduzo aqui em cima, e que o leva a dizer que "gente confusa insinua que os sacrifícios dos animais é comum a todas as religiões". Primeiro não insinuo nada: afirmo. Só que não é nada disso que está para aí a desbobinar, e não o chamo de confuso porque sei que o seu julgamento está turvo pelo veneno da religião. Quanto a isso só lhe posso desejar as melhoras, e quanto ao resto vamos ver a seguir.

Mais uma vez o ilustre interpreta tudo mal. Eu não disse que os sacrifícios são comuns a todas as religiões; como observou, e bem, as senhoras do grupo do Facebook referem-se àquela tradição hindu como produto da "religião do demónio", ou da "religião dos infernos", e uma delas chega mesmo ao ponto de escrever isto:


Está a ver? Já não é o único que pensa que entende as coisas mas não entende nada. O que eu quis foi estabelecer um paralelo entre os sacrifícios ao Deus a que a senhora se refere, e o estereótipo dos sacrifícios naquelas que se designam por "religiões do demónio e dos infernos". Nas primeiras sacrificavam-se animais, enquanto nas últimas reza a lenda que se sacrificavam humanos, nomeadamente virgens. A minha única intenção, e penso que a maioria entendeu desse modo, foi demonstrar o ridículo dos argumentos das senhoras, que produzem aquele tipo de comentários sem pensar uma vez, quanto mais duas, e na passada acabo por fazer o mesmo consigo. 

Pouco me importa que a Igreja Católica sacrifica animais ou não, mas bem podiam era pagar impostos como toda a gente, pois usam as valências pagas pelos impostos daqueles malvados dos não-católicos - porque é que em vez de atravessarem as pontes construídas com o dinheiro dos outros não vão sempre em frente num "passo de fé"? Ou separam as águas, como Moisés. Ah mas espera lá, Moisés não, que é a parte do bolo que você não come. Eu às vezes não entendo: na hora de "cascar nos muslos", Israel é uma maravilha, o estado judaico não-sei-que-mais, e o cocó é tão kosher que até cheira bem, mas na hora de estripar bodes e afins, são todos a mesma canalhada, não é assim? 

Mas olhe, o Deus que a senhora Maria Guilma Macedo se refere é exactamente aquele a que eu me refiro na imagem, portanto pode contactá-la aqui pelo Facebook e com toda a certeza que vão ter muito para conversar, uma vez que a senhora é Evangélica. Já agora se quiser ir lá pessoalmente até  Tobias Barreto, no Sergipe, o estado mais pequeno do Brasil, pode marcar uma sessão de hidratação, cauteração (seja lá o que isso for) ou um "bottox capilar" (!) no salão Espaço Beleza Pura, de que a senhora é proprietária,  enquanto os dois falam, falam, falam e não dizem nada. Valeu?



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