quinta-feira, 30 de abril de 2009
Comunicação aos bairristas
Como os caros leitores devem ter percebido (ou não), estes últimos dias aqui no Bairro do Oriente têm sido uma merda. Isso deve-se ao facto de não ter tido muito tempo para actualizar o blogue, o que apenas me permite dedicar-me a ele uma hora por dia, ao contrário das habituais duas ou três. Espero no entanto conseguir fazer melhor nos próximos dias, o que será muito difícil. Com a certeza contudo de que segunda-feira tudo volta ao normal. Obrigado por terem ficado ligados, e já agora gostava de agradecer a preferência, uma vez que Abril foi o segundo melhor mês de sempre em número de visitas. Tenham um óptimo 1º de Maio, e como por aqui vou ficando, até amanhã.
Leocardo
PS: Um nome "de muito mau gosto", como referiu um leitor na secção de comentários. Coitado...
Polícias
1) O Comissariado Contra a Corrupção (CCAC) anunciou num comunicado que identificou seis polícias que obtinham atestados médicos para faltar ao turno da noite, e iam divertir-se para Zhuhai. Os polícias alegavam doença e iam tratar-se a locais de divertimento do outro lado das Portas do Cerco. Um deles fez a gracinha 37 vezes entre 2006 e 2008. Os agentes confessaram a prática de burla.
2) Noutro apontamento completamente nada a propósito, acabei há pouco de ver um filme. Era sobre um segurança de um centro comercial que queria ser polícia, mas era maluquinho, e portanto não realizou o seu sonho. Depois passou-se e começou a bater em toda a gente. O filme chama-se "Observe and Report", é com o sensacional (erm) Seth Rogen, e recomendo para fim-de-semana prolongado.
It's Late
"It's Late" é uma das músicas mais interessantes e contudo menos conhecidas dos Queen. Do álbum de 1977 "News of the World" - um dos menos apreciados pelos fãs devido à rotação por completo da banda da fase the "Bohemian Rhapsody" ou "Somebody to Love" - o sucesso da canção é meio abafado pelos singles principais, "We Will Rock You" e "We are the Champions". Em 1997 o vídeo foi refeito utilizando imagens de Las Vegas e prostitutas, e imagens da banda ao vivo. Esta é a versão editada da canção que saíu como single nos Estados Unidos em 1978. Se conseguirem ouvir o original, do álbum, vale mesmo a pena.
Greve ao sexo
Uma forma original de reivindicar direitos. As mulheres quenianas podem fazer greve ao sexo durante uma semana, como forma de chamar a atenção para as reformas constitucionais necessárias ao país, noticiou o jornal queniano The Standard. A iniciativa partiu de um grupo feminista intitulado G10. A mulher do primeiro-ministro Raila Amollo Odinga diz que apoia a iniciativa. O primeiro-ministro queniano tem um filho chamado Fidel, e uma filha chamada Winnie, como homenagem a Fidel Castro e Winnie Mandela. O Quénia é um país muito engraçado.
O olhinho do menino
A super-mãe Nadya Suleman está outra vez na berlinda. Desta vez as autoridades questionaram a jovem que deu à luz oito gémeos em Janeiro - elevando o pecúlio para 14 filhos - por causa de um dos seus filhos de quatro anos, que é autista. Aidan, assim se chama o menino, apareceu com um olho negro, e marcas de dentadas nos braços. Segundo Jeff Czech, Aidan "cai muito, coitadinho", e "salta para cima de móveis e bate nas paredes", acrescentando que as marcas das dentadas foram feitas pelas gémeas de dois anos de Nadya (que têm tendências canibais, provavelmente). Tudo acontece à pobre Nadya e à sua ninhada.
Desculpem, pá
É bom saber que apesar de tudo Portugal ainda é um país onde se leva a democracia a sério. O tio Sócrates utilizou umas imagens de uma escola primária em Castelo de Vide num tempo de antena do PS. As imagens, captadas pelo ministério da educação, mostravam os alunos todos "equipados" com o Magalhães, a elogiar a jóia da coroa da governação socialista. Os pais não gostaram e pediram explicações. Como resposta levaram um pedido de desculpas formal do próprio PM Pinto de Sousa. A estes não pisam os calos. Ai pois não.
Bom para o porco
Um porco vê o lado poositivo da gripe suína, ao som de "Descobridor dos Sete Mares", de Tim Maia. Mais uma charge de Fernando Maurício, do seu Charges Brasil.
Magra vantagem
O Manchester United bateu ontem o Arsenal por 1-0 em jogo da primeira mão das meias-finais da Liga dos Campeões. O golo foi apontado aos 17 minutos por John O'Shea, num jogo completamente dominado pelo ManU. Cristiano Ronaldo bem tentou, e Giggs viu um golo mal anulado. Os comandados de Alex Ferguson partem assim com uma magra vantagem para o jogo da segunda mão, no Emirates Stadium.
quarta-feira, 29 de abril de 2009
Vickers de alto risco
Steven Vickers está de volta. O analista de riscos da International Risk, empresa baseada em Hong Kong, diz que Macau poderá sofrer especialmente com um surto da gripe suína. “Fizemos uma avaliação de riscos para o território de Macau e chegámos à conclusão de que o principal risco para a sua economia não é o crime organizado ou algo de semelhante, mas uma pandemia de gripe das aves ou da mesma natureza”, disse Vickers à CNN. Segundo o relatório apresentado, o impacto económico de uma pandemia pode ser dividido em três fases: as perdas económicas resultantes das mortes; o absentismo ao trabalho; e comportamentos de desistência, como redução das viagens, das visitas aos centros comerciais ou da participação em eventos públicos. Esta última fase pode ser a mais prejudicial para as economias locais, representando dois terços do total de perdas. Vickers é também famoso por ter dito em 2007 que "Pequim preparava-se para deitar a mão a Macau assim que terminassem os Jogos Olímpicos de 2008". Será que se engana outra vez? Desta vez é mais sério.
Tem medo? E dinheiro?
Os asiáticos mais abastados estão a começar a escolher os vôos privados como alternativa, face ao risco de epidemia da gripe suína. As companhias de jactos privados registaram uma súbita subida na procura dos seus serviços, em cerca de 40%. Segundo Justin Lee Firestone, da companhia de jactos privados Golfstream, em Hong Kong, "os jactos privados são uma alternativa segura e um ambiente controlado, pois todos se conhecem". Algumas companhias cobram 5900 dólares americanos (42 mil patacas) à hora. Suspeita-se que uma das formas como a epidemia de SRAS em 2003 foi espalhada foi através da via áerea. Portanto, quem tem dinheiro e medo...
Van vem
Jean Claude Van Damme vem a Macau. Os mais jovens devem estar a perguntar agora "quem?". Pois, o belga Van Damme foi uma estrela nos longíquos anos 80 e início de 90, e era conhecido pelo sotaque francês que o obrigava sempre a fazer papéis de canadiano do Quebec, pelo famoso "pontapé de helicóptero" e por conseuir fazer a espargata (que coisa tão "gay") melhor que ninguém. Entretanto começou a consumir cocaína e passou para os filmes B. Van Damme vai estar no Venetian dia 30 de Maio para apadrinhar um torneio de muay thai, ou boxe tailandês. O maior evento desde a exposição dos dinossauros em 1993.
Cão herói
Este é o Rip, um cão inglês cujo faro salvou inúmeras vidas soterradas pelo Blitz alemão da Segunda Guerra. Rip recebeu a "Dickin Medal", uma medalha que é o maior prémio que um animal pode receber na Grã-Bretanha. A medalha foi agora vendida em leilão por 24,500 libras. O cão não recebeu um centavo, claro...
Pipocas!
Agora comer pipocas pode matar. Isso mesmo, pipocas. Nesta fotografia vemos o Dr. Allen Parmet, de Kansas City, a apontar para uma lesão pulmonar de um paciente que come frequentemente pipocas de micro-ondas. A culpa é o diacetil, um químico utilizado para dar às pipocas um sabor "amanteigado". Tenham muito medo.
Não é kosher
Circo Alegria
Não são a mesma pessoas em pose diferente na mesma fotografia. Não. Estes são os gémeos do circo do Manchester United, Fábio e Rafael da Silva. E parece que compraram um passaporte português nos ciganos, e está toda a gente excitada porque podem vir a representar Portugal. Que bom, assim já podemos contar com eles, quando forem crescidinhos. Hoje vou dormir melhor e tudo.
Primeira vítima nos Estados Unidos
Um bebé de 23 meses de idade tornou-se a primeira pessoa a morrer suspeita de gripe suína fora do México. No dia em que Alemanha se juntou à lista de países com casos suspeitos, o bebé faleceu na segunda-feira à noite em Houston, no Texas. De acordo com uma responsável pelo dept. de saúde daquela cidade texana, a bebé - uma menina - tinha viajado com a família para o México. Barack Obama diz que tudo está a ser feito para parar o vírus, mas que "será melhor" fechar as escolas se a situação piorar. Canadá, Áustria, Nova Zelândia, Israel, Espanha, Grã-Bretanha são outros países onde já chegou a gripe suína. O México era o único país onde tinham sido registadas fatalidades. Até agora...
terça-feira, 28 de abril de 2009
Macau num minuto
- Os serviços de saúde têm feito um brilhante trabalho na prevenção da gripe suína. Foi levantado o sinal 3 de alerta, estão em contacto com as regiões vizinhas e até já existe uma linha verde. Em Hong Kong as autoridades também se preparam afincadamente, tentando evitar uma nova SRAS, que arruínou a economia do território em 2003.
- Em entrevista ao Ponto Final, Carlos Marreiros elogia Pereira Coutinho, mas insiste na tese de Miguel Senna Fernandes que o presidente da ATFPM não representa uma certa fatia da comunidade portuguesa/macaense. Será que os objectivos e a ideologia são assim tão díspares? Como poucos que somes, um pouco mais de união e menos elitismo não faziam mal nenhum.
- O Dr. Carlos D'Assumpção faria 80 anos este ano, se fosse vivo. Foi uma figura ímpar da sociedade e da política do território no período pós-25 de Abril, e durante a maior parte do período pré-transferência de soberania. Um homem cujo nome impõe ainda hoje um grande respeito, e alguém que merece todas as homenagens. Foi uma pena a sua partida prematura, era alguém que ainda hoje faz muita falta.
- A selecção de futebol de Macau perdeu hoje com o Cambodja por duas bolas a uma, em jogo da segunda jornada do grupo de qualificação da Challenge Cup, a decorrer no Bangladesh. Macau estrou-se no Domingo contra a Birmânia e perdeu 0-4. A selecção da lótus branca (eheh) despede-se da Challenge Cup na quinta feira contra a equipa da casa.
Tio Salazar faz anos
O tio Salazar, se fosse vivo, fazia hoje 120 anos! Ia ser óptimo! O mundo inteiro ia falar imenso! Salazar era um homem rural, e detestava Lisboa. É por isso que quis que o resto do mundo nos odiasse e cuspisse em cima. Mas enfim, um dia o tio Salazar descalçou as botifarras (usava sempre botas, com fato) e foi tirar os calos. Ou lá o que foi. Depois caíu de uma cadeira e ficou gágá. Depois morreu, e viveram todos felizes para sempre. Fim.
PS: Já experimentaram fazer search de 'Salazar' no Google Images? Recomendo imenso!
Celibato, isso come-se?
Um padre argentino madou o celibato pró c... e anunciou numa homilia que se ia casar. "São fragilidades da natureza humana, nós continuamos a defender o sacerdócio celibatário porque acreditamos que é o melhor", disse o bispo auxiliar de Mendoza (Argentina). Alberto Ortega, pároco do bairro Santa Ana, da cidade de Guaymallen, chateou-se com aquilo tudo e disse na homilia de último Domingo que ia casar, tinha uma namorada e a moça estava prenha. Depois disse ciao, 'té logo. Não sei se estavam criancinhas a ouvir, mas se estavam devem ter ficado chocadas. Até aqui em casa os meus filhos acham que os padres católicos são "estranhos" porque não se casam. E nem fui eu que lhes ensinei. Mas acho mal, realmente. Se não fosse o celibato, toda a gente queria ia para padre, que seria uma profissão mais concorrida que advogado, com a mesma hipocrisia mas com os advogados a divertirem-se muito mais. Portanto "não"! É bom saber que há uma profissão para onde os mais "estranhos" ainda possam ir.
Nuggets esmagadores
Os Denver Nuggets conseguiram ontem um resultado histórico no quarto jogo dos playoffs da NBA, ao derrotarem os New Orleans Hornets por 121-63 - quase o dobro dos pontos. Este foi o resultado mais desnivelado de sempre na NBA, apenas igualado pelos 133-75 com que os Minneapolis Lakers (agora em Los Angeles) venceram os St. Louis Hawks (agora em Atlanta) no longíquo ano de 1956. O campeão olímpico Carmelo Anthony esteve em destaque, ao marcar 26 pontos, seis ressaltos e sete assistências. Os Nuggets lideram a série de à melhor de sete jogos com 3-1.
Ainda mais talento
O concurso "Britain's Got Talent" continua a produzir cantores sensacionais todas as semanas. Depois de Susan Boyle e Shaheen Jafargholi, agora é Hollie Steel, uma bailarina cantora de apenas 10 anos. O ingrediente que faltava.
segunda-feira, 27 de abril de 2009
O fim do mundo?
O vírus H1N1 faz-me lembrar as mil e uma teorias sobre o fim do mundo. Não sei bem porquê. Talvez seja a sensação de que afinal somos mesmo muito vulnerávelzinhos, e basta qualquer coisa de microscópico ou invisível para nos ceifar da face deste planeta. O fim do mundo propriamente dito é, logicamente, inevitável. Teve um início, que ninguém sabe muito bem como foi, e vai ter um fim muito mais previsível. Mesmo os mais optimistas sabem que daqui a muitos milhões de anos o Sol vai dizer “chega”, e dar-se-á início ao processo de dilatação do astro-rei que o fará acabar como uma mera estrela anâ. Mas aí já não estamos cá. Depois do início desse processo, restam-nos alguns anos. Mil milhões no máximo. Depois acabou.
Quando era mais novo, em plena Guerra Fria, os mais velhos especulavam muito sobre o “fim do mundo”. Que “isto ia acabar”, e tinham pena de nós, os mais novos, que “não iam ver isto” ("isto", ainda estou para saber o quê). Outros vaticinavam o ano 2000 como a data do fim, como se uma data civil tivesse alguma importância cósmica, ou fosse o ano em que um dia o líder de uma qualquer potência nuclear acordasse mal disposto e resolvesse mandar tudo pelos ares. Entretanto o muro caíu, mas a paz não chegou. Ainda se fala de um elusivo botão que “pode acabar com tudo”. Pessoalmente acho difícil que alguém possa carregar num simples botão e desencadear um processo que leve ao terminus do planeta. Mas nunca se sabe. As grandes potências continuam a armar-se até aos dentes para uma guerra que “ninguém quer”. Nada disto faz sentido.
Ameaças não faltam. Tivemos a peste negra, a gripe espanhola, as duas guerras, a crise dos mísseis de Cuba, a SIDA, o Y2K, e agora as gripes. Com a sorte de hoje nos podermos precaver, com os avanços das comunicações e da medicina. Os coitados que sucumbiram à peste negra ou à gripe espanhola ainda devem estar para saber o que foi aquilo. Houvesse Tamiflu e seria tudo diferente. É mesmo uma chatice que agora em tempos de crise económica e recessão apareça um vírus novo. Quer dizer, não se faz. Podia pelo menos dar mais um tempo até se iniciar a retoma. E mais preocupado fico quando vejo a comunidade médica e científica com um ar muito grave a anunciar as possíveis consequências de uma pandemia. É aterrador.
Mas daí ao fim do mundo vai uma grande distância. Claro que tenho pena das pessoas que morreram e que muito provavelmente vão morrer de gripe suína. Claro que me preocupo que a gripe chegue a Macau, com a população em geral e com os meus em particular. Mas não será o quasi-pânico que se começa agora a sentir mais uma orquestração dos media, das catrefadas de informação que recebemos quase ao segundo? Gostava de acreditar que sim. Se calhar estou em estado de negação, por enquanto. Era irónico que o vírus pode destruír a vida humana viesse dos porcos. E logo dos porcos...
Apocalypse Now
Será a gripe suína o quarto cavaleiro do apocalipse? A revelation13.net acha que sim. Confira o vídeo (em inglês).
Guia rápido da gripe suína
Sintomas
Febres altas, superiores a 38ºc, tosse frequente e intensa, dor de cabeça, falta de apetite, congestionamento nasal, mal estar geral.
O que fazer
Se esteve numa área afectada e adoecer no prazo de 10 dias, dentro de um quadro de gripe (febre alta e súbita, tosse, dores musculares), deve telefonar para a linha de saúde pública (808 24 24 24).
Precauções
Não cumprimentar com beijo ou aperto de mão, não compartilhar alimentos ou utensílios, manter limpas toalhas de cozinha e de banho, lavar as mãos frequentemente com água e sabão, evitar alterações bruscas de temperatura.
Como tratar
Os portugueses que se vacinaram contra a gripe estão parcialmente protegidos contra o vírus H1N1. O virologista Jaime Nina acrescentou que a gripe suína pode ser tratada com antíviricos já existentes no mercado.
Conselhos
Vários governos, incluindo o português, desaconselham as deslocações à cidade do México.
Combate mundial
Vários países accionaram células de crise, indo da França a Espanha e à Nova Zelândia, passando pelo Reino Unido e Israel. Muitos países reforçaram o stock de Tamiflu, o medicamento utilizado contra a gripe das aves e que é igualmente eficaz contra a gripe suína.
Quem policia a polícia?
Um polícia de Moscovo matou ontem à noite três pessoas e feriu seis, abrindo fogo num supermercado de um bairro do sul da capital russa, informou o porta-voz do Comité de Investigação de Moscovo, Vladimir Markin. Denis Evsiukov matou primeiro um condutor de um automóvel, e depois entrou no supermercado "Ostrov" disparando indiscriminadamente, matando uma das mulheres que trabalhava na caixa e um homem, e ferindo mais seis pessoas. Evsiukov utilizou uma pistola Makarov, que era procurada pela polícia desde 2000. Suspeita-se que o polícia tenho tido uma forte discussão com a mulher antes do incidente, e que tinha estado a beber. Evsiukov encontra-se agora internado numa clínica psiquiátrica, onde vai aguardar julgamento.
Uma igreja muito sexy
Os habitantes de Melbourne não estão nada contentes com uma igreja que tem conduzido sermões sobre...sexo. A New Hope Church, que opera na escola pública de Brevard, está a dar uma série de lições sobre "Como ter óptimo sexo". Para tal a igreja já distribuíu 25 mil panfeltos onde se pode ler "A sua vida sexual é aborrecida?", e onde anuncia o programa de três semanas. O pastor Bruce Cadle, responsável pela igreja, salienta o aspecto "educativo" do programa, e afirma que a igreja se tem mantido "vergonhosamente silenciosa" em matérias relacionadas com sexo. Mark Langdorf, assessor de risco da escola, diz que estes "não são temas" para ser debatidos numa escola pública, e diz que o contrato com a New Hope Church, que lhes permite a utilização do auditório da escola, "está a ser revisto". Mas quem melhor que uma igreja para ensinar sobre sexo, ainda por cima divertido? Disso percebem eles...
Sheena Easton - 50 anos
Depois de Madonna, Michael Jackson e Prince, mais uma figura emblemática dos anos 80 completa 50 anos. Sheena Shirley Orr, conhecida apenas por Sheena Easton, nasceu na Escócia faz hoje meio século. A cantora tornou-se popular com temas como este "Morning Train", do filme "9 to 5", "For Your Eyes Only", do filme da série James Bond com o mesmo nome, e "We've Got Tonight", um dueto com Kenny Rogers. O último disco de originais gravado por Sheena Easton foi em 2000.
domingo, 26 de abril de 2009
Leituras
- Saúda-se o regresso do Ponto Final, finalmente com uma página actualizada na wordpress. Destaque para a notícia de sexta-feira: Rocha Vieira ainda não decidiu se vem às comemorações do 10º aniversário da RAEM.
- Ainda no Ponto Final, leia a reportagem de Isabel Castro sobre um livro de um historiador chinês que se decbruça sobre os tempos da China pré-Mao, em Os dias em que a China brilhou no mundo.
- No Hoje Macau, Severo Portela está preocupado com a falta de fumo branco quanto aos nomes dos candidatos a futuro Chefe do Executivo, em A longa espera.
- Também no HM, Hélder Fernando dedica a sua crónica habitual das terças-feiras ao aniversário da Revolução de Abril, em A história do cravo vermelho.
- Sabe se sofre de insónias? E porquê? Nuno Lino explica nas suas Psicotropias, esta dedicada à Insónia.
- Ainda no HM, Carlos Picassinos fala da internacionalização da Escola Portuguesa de Macau, em Lição de Português.
-No JTM, Nuno Lima Bastos volta ao assunto da eventual "lista portuguesa" às eleições para a AL em Setembro, em Em que ficamos?. Um artigo mordaz e cheio de acutilância, como nós gostamos.
- Leonel Barros traz mais um pouco de cultura chinesa, desta vez um artigo dedicado ao Templo Flor Dourada em Coloane.
- N'O Clarim, semanário da Igreja Católica em Macau, os e-mails da quinta dimensão falam-nos de ética jornalística e da visita de José Lello a Macau, em Uma questão deontológica.
Boa semana de trabalho!
O novo terror
A gripe suína já causou mais de 80 mortes no México, e já foram confirmados casos também nos Estados Unidos. Existem ainda casos não confirmados na Europa, e dez casos suspeitos na Nova Zelândia, em estudantes que tinham passado férias na América Central. O Japão já aconselhou aos seus cidadãos que não viajem até ao México, e o caso é já considerado "bastante grave" em termos de saúde pública.
No México, onde tudo começou, a vida está praticamente suspensa. Mais de mil pessoas já estão infectadas, e este é apenas um número referente ao dia de ontem. As escolas, museus e outros locais onde habitualmente se juntam muitas pessoas, estão fechados. Os jogos de futebol foram cancelados. Passageiros com sintomas de gripe são convidados a sair do metro e dos autocarros, e quase toda a gente não sai de casa sem a máscara. Teme-se que o México seja o "ground zero" de mais uma epidemia mundial de uma nova mutação do vírus da gripe.
Em França há a probabilidade de duas pessoas que voltaram do México estarem infectadas com o vírus da Gripe Suína, segundo informou o director geral de Saúde francês, Didier Houssin, em entrevista ao Le Parisien. Estes dois casos foram detectados nas regiões de Bordéus e Marselha. Em Marselha as autoridades sanitárias revelaram que se trata de uma mulher que voltou esta semana do México e que se encontra desde sábado em isolamento no hospital Nord, no centro de referenciamento para as doenças altamente contagiosas na região de Paca (Provença, Alpes e Côte d’Azur). Em Espanha, a ministra da Sáude, Trinidad Jiménez, referiu a possibilidade de existirem três pessoas, acabadas de chegar do México, infectadas com o vírus, informa o jornal El País. Essas três pessoas são de Almansa, Valência e Bilbao.
O novo vírus é uma variante animal do H1N1, uma mistura das variantes humana, suína e aviária de três continentes: América, Europa e Ásia. Em Hong Kong ainda está bem presente na memória dos residentes a epidemia de SRAS em 2003. Lo Wing Lok, perito em doenças infecto-contagiosas, considera o novo vírus "altamente contagioso", e avisa que as pessoas infectadas podem não revelar sintomas da doença. Yuen Kwok Yung, microbiologista da Universidade de HK, diz que caso haja uma pandemia na Europa e na Ásia, as consequências serão "inimagináveis".
Button regressa às vitórias
O GP do Bahrein, disputado num circutio construído para o efeito no meio do deserto, foi plano, aborrecido e sem grandes motivo de interesse. Só para que se tenha uma ideia, antes de Nakajima abandonar a oito voltas do fim, ainda estavam todos os carros em prova. Button comprovou que ainda não tem adversário à altura, e levou o seu Brawn ao topo do pódio. Sebastian Vettel foi segundo, graças a um excelente jogo de boxes, e Jarno Trulli, que largou da pole-position, terminou em terceiro. O actual campeão do mundo, o britânico Lewis Hamilton, conseguiu a sua melhor classificação esta temporada, ao acabar em quarto, à frente de Barrichello e Raikkonen, que assim consegue os primeiros pontos para a Ferrari. Timo Glock e Fernando Alonso fecharam o grupo dos pontos, conquistando dois e um, respectivamente. O mundial de pilotos é liderado por Button, agora mais destacado com 31 pontos, seguido de Barrichello com 19, Vettel com 18, Trulli com 14,5 e Glock com 12. Nos construtores a Brawn tem 50 pontos, seguida da Red Bull com 27,5 e da Toyota com 26,5. A próxima prova do mundial de F1 disputa-se a 10 de Maio na Catalunha, Espanha.
À beira do abismo
O britânico Niall Ferguson, nascido em Glasgow há 45 anos, é professor de História, em Harvard, e de Gestão de Empresas na Harvard Business School. Em sua opinião, o mundo está a entrar numa "era de agitação" causada por um novo "eixo de instabilidade" de países que se confrontam com o colapso político. Entre aqueles que ele considera mais vulneráveis estão o Afeganistão, a Bulgária, o Congo, o Egipto, a Indonésia, o Irão, o Iraque, a Letónia, o México, o Paquistão, a Roménia, a Rússia, a Somália, o Sudão, a Tailândia, a Turquia, a Ucrânia e o Zimbabwe. E diz que muitos outros se poderão juntar a esta lista.
Estaremos muito perto do seu cenário de colapso?
Estamos perto do completo desastre da década de 1930, que conduziu à guerra mundial. Mas temos uma grande vantagem em relação a essa época: os governos democráticos que parecem ter uma estratégia para lidar com a situação. As políticas keynesianas e políticas monetárias, extraordinariamente flexíveis, podem não funcionar, mas os políticos não estão tão paralisados como os seus homólogos do século passado. Outra vantagem é que, desta vez, não há tantas ideologias antidemocráticas. Tanto o fascismo como o comunismo estão desacreditados, o islamismo radical é a única ideologia existente e só atrai uma audiência geograficamente limitada. Mas o potencial da instabilidade política gerada pelo desastre económico é enorme.
Onde é que o perigo é maior?
Comecemos pela Europa do Leste. A dimensão da crise é enorme: desemprego crescente, exportações em colapso, níveis de vida em rápido declínio. A Letónia e a Ucrânia estão em pior forma, a Roménia e a Bulgária não estão muito melhor. A Ucrânia é a mais preocupante.
Porquê?
A Ucrânia está dividida entre o Leste e o Ocidente, entre ucranianos que se inclinam para a Europa e russos que se inclinam para a Rússia, e a sua economia está descontrolada. A hipótese de desastre depende da actuação de Moscovo. A Rússia tem interesse em desestabilizar a transição da Ucrânia para um futuro político pró-ocidental, para já não falar no interesse estratégico da Crimeia. É de esperar que [o primeiro-ministro russo] Putin crie problemas. Talvez não como na Geórgia - não irá enviar os tanques para lá.
O contágio político propaga-se? Como é que a instabilidade política da Ucrânia pode desestabilizar a União Europeia ou os Estados Unidos?
O contágio no domínio financeiro é muito provável. Será o contágio político igualmente provável? Não é tão certo. A Ucrânia tem uma situação bastante peculiar com o desacerto de poder entre o Presidente Yushchenko e a primeira-ministra Tymoshenko. Não há nada que se compare na Rússia, nenhum centro de poder em competição, mas Putin pode aproveitar a situação para fortalecer a sua posição. Também o exemplo dos motins na Grécia pode espalhar-se para a Bulgária e a Roménia, e enfraquecer os seus governos. A quase independência do Kosovo é um espinho cravado no flanco da Sérvia e da Rússia e os problemas económicos podem ter consequências políticas.
Diz que o risco da crise económica poder desencadear um colapso político é maior quando uma potência militar imperial se retira. Como é que esse cenário se aplica à Turquia ou à Indonésia, onde não há uma presença imperial há muito tempo?
Não é necessário tomar à letra o termo império, podemos usar a expressão potência hegemónica ou superpotência. É na periferia das grandes potências que é mais provável haver perturbação, quando são abaladas e afligidas por uma crise económica interna. Portanto, voltando à Europa de Leste, aí o poder hegemónico foi a Rússia e a queda desse império provocou uma crise no Cáucaso e na Ásia Central na década de 1980 que ainda não terminou. Pode ser ainda avivada pelo facto de Putin ter tornado claro que adoraria restaurar o império russo no "estrangeiro próximo" (antigos territórios soviéticos). O Extremo Oriente é também uma periferia imperial. A ambição da China em se afirmar é evidente. Os perigos relacionados com Taiwan continuam, embora mais discretos nos últimos anos. De momento, o regime chinês parece muito empenhado em manter boas relações com os Estados Unidos, mas não devemos subestimar a capacidade das relações para se deteriorarem entre alguma combinação da China, Japão, Coreia, Taiwan, Vietname.
Pequim poderá utilizar um chauvinismo antiestrangeiro para desviar as atenções dos problemas económicos internos?
Exactamente. O nacionalismo tornou-se a ideologia do comunismo chinês e, na China, existe agora um nacionalismo exacerbado.
Portanto, se a economia se deteriorar e mais umas dezenas de milhões de chineses perderem o emprego, o regime poderá iniciar um conflito com Taiwan para desviar as atenções?
Não me surpreenderia. A crise económica agravará os problemas existentes e criará novos problemas de que nem suspeitávamos.
Não haverá situações em que o colapso seria bom? Se o actual caos económico no Irão levasse ao fim do regime dos ayatollahs?
Seria uma maravilha se Ahmadinejad desaparecesse e tivéssemos um novo governo que fosse pró-ocidental. Mas trata-se apenas de um cenário. Ahmadinejad poderá reforçar o apoio ao Hamas e ao Hezbollah, arranjar problemas no Iraque para desviar as atenções dos problemas económicos caseiros. Há provas indesmentíveis de que os iranianos estão cada vez mais próximos de desenvolver a sua capacidade nuclear. Mas Israel não o permitirá, portanto estamos em contagem decrescente para uma guerra entre Israel e o Irão. O que fará a Administração? O que me preocupa é que toda esta agitação está em formação e que os sinais dados por Washington DC são demasiado conciliatórios, tal como em relação aos russos, ao dizer-lhes que abandonaremos o sistema de defesa antimísseis em troca da cooperação russa em relação ao Irão. Ou ao Médio Oriente: se os Estados Unidos não tiverem cuidado, perderemos o controlo das principais forças ali presentes.
Que forças controlam os EUA neste momento?
Se acabarmos por assistir ao ataque de Israel contra o Irão, será por falta de acção americana e os EUA poderão perder a sua autoridade e poder sobre Israel. Também temos influência sobre outras forças regionais como a Arábia Saudita e o Egipto, que sempre confiaram no papel medianeiro de Washington na região. Poderão concluir que já não podem confiar em nós.
Estes regimes não estariam a actuar motivados pela fraqueza?
É quando os países se sentem fracos que em geral fazem as suas maiores apostas.
Qual é o seu maior medo?
É extremamente importante para os Estados Unidos e a Europa reconhecerem os perigos. São muito maiores do que em 2001. Temos de nos certificar que não caímos na divisão que caracterizou a década de 1930. Temos de evitar o apaziguamento. Temos de evitar uma configuração por defeito da paz e da conciliação no estrangeiro pelo facto de os nossos problemas económicos serem tão graves internamente. Se não estivermos preparados para lidar com esses problemas, eles vão entrar-nos porta dentro e rebentar-nos na cara.
In Expresso, 25/4/2009
A verdade
Facebook custa emprego
Uma mulher suiça foi despedida por ter usado o Facebook enquanto estava em casa doente. A mulher, que trabalhava para a agência de seguros National Suisse, alegou que "não podia trabalhar em frente a um computador,e precisava de ficar deitada no escuro". Um porta-voz da National Suisse diz que a funcionária "abusou da confiança" do seu empregador. A mulher, cujo nome não foi divulgado, diz que estava deitada e acedeu o Facebook através do seu iPhone, e acusa o seu patrão de "espionagem". Segundo a mulher, o patrão mandou-lhe um pedido para juntá-la à sua lista, e passou a monitorizar a sua actividade. A empresa nega as acusações, e diz que o website do Facebook foi bloqueado pela seguradora em Novembro.
Morreu Beatrice Arthur
Morreu ontem aos 86 anos vítima de cancro Beatrice Arthur, que ficou célebre no papel de Maude na sitcom americana dos anos 70 com o mesmo nome, e a série "Golden Girls" nos anos 80. Beatrice nasceu em Nova Iorque a 13 de Maio de 1922, e muduou-se ainda nova para a Virgínia, onde começou a fazer teatro nos anos 40. Participou em mais de 50 peças de teatro e 80 séries de televisão, a primeira em 1951, com o famoso Kraft Television Theatre, onde trabalhou até 1958.
A máquina de Old Trafford
O Manchester United goleou ontem o Tottenham por 5-2 em jogo a contar para a Premier League inglesa. Os "red devils" encontravam-se em desvantagem ao intervalo por 0-2, mas uma segunda parte fabulosa arrasou por completo os Spurs, com Cristiano Ronaldo em grande destaque ao apontar dois golos. Os comandados de Alex Ferguson conseguiram marcar três golos em cinco minutos, e conservam a liderança da Premiership com mais três pontos que o Liverpool, e menos um jogo disputado.
sábado, 25 de abril de 2009
Os críticos de Abril
O dia 25 de Abril era o meu feriado preferido quando era chavalinho. Os tios e os vizinhos eram todos do partido (era moda), a mãe acho que hoje ainda é, e o pai simpatizava. Então lá iamos todos para o piquenique onde não faltavam as febras e os coiratos, a vinhaça para os mais velhos e o Frisumo para os mais novos. Ocorriam senhores de barba e as esposas, de calças e cabelos curtos, e "curtia-se" ao som do Zeca. O "Venham mais cinco" era sempre o mais popular. Era uma coisa saudável, nada de políticas, nada de demagogia. Era comes e bebes, canções e poesia. Era o verdadeiro espírito do 25 de Abril.
Algumas pessoas são alérgicas ao vermelho (não ao "encarnado", cor do Benfica, contudo), aos cravos e às canções do Zeca. Para alguns portugueses, uns saudosistas e outros nascidos depois ou pouco antes do 25 de Abril, acham que Portugal "estaria melhor" sem a revolução. Todos os anos na televisão vemos uns menos bafejados pela sorte a dizer que no tempo da outra senhora é que era bom, que agora lhes falta isto, não têm aquilo, enfim, queriam que a revolução lhes trouxesse o Euromilhões. Algures na secção de comentários do blogue li que "em Portugal vivia-se bem, desde que não se falasse mal do regime".
Apanhando esta última deixa. Quer dizer, que não se falasse mal do regime ponto e vírgula. Que não se falasse de todo. Desde que não se pensasse alto, fosse à igreja todos os Domingos, baptizasse os filhos e depois não colocasse objecções em mandá-los para o Ultramar, tudo bem. Ah sim, e que não se usassem cabelos compridos, roupa da moda, ou que não se tivesse em casa música ou leitura "subversiva". Desde que se batesse a pala aos srs. comandantes e se fechasse os olhos ao nepotismo que grassava entre os "sôtores" do regime. Já sei que muitos estão agora a pensar em exemplos actuais, mas é diferente. E vocês sabem que é diferente. Senão nem estávamos aqui a discutir isto.
Uma revolução como aquela deu trabalho a fazer. Não é assim do pé para a mão que se derruba um regime, que se acaba com uma guerra, que se libertam os presos políticos e de repente se diz às pessoas: "agora são livres, podem falar!". E tudo sem derramamento de sangue. Já sei que vão dizer que o regime estava enfraquecido, que estava a implementar "reformas importantes", que se caminhava para uma "abertura", etcetera e tal. Mas nada disso interessa. Portugal acordou de um pesadelo de 48 anos, e o país que a revolução pariu (perdoem-me o linguajar) até é um rapaz jeitoso, na graça dos seus 35 anos, com muito melhor aspecto que as múmias enfatiadas que hoje temos o desprazer de ver em fotos e arquivos da RTP.
Claro que foram cometidos erros. A descolonização foi um deles, e não há que o negar. Mas foi o que foi, e o que deu para fazer na altura. Às vezes penso o que seria se tivesse sido feita qualquer coisa como se fez em Macau, mas os tempos eram outros, assim como os intérpretes. E é também verdade que Portugal ia caindo na penumbra do socialismo de Moscovo, e que se arriscava a tornar numa Albânia qualquer. Mas demos a volta por cima, mais uma vez pacificamente, e não aconteceu. E no fim ficámos todos amigos. Temos eleições de quatro em quatro anos, e quem não está contente com quem lá está agora, pode sempre mudar. Só não escolha mal e depois ande por aí a lamentar-se.
É preciso não esquecer as duas maiores conquistas desta data: a liberdade e a democracia. Hoje somos um país com a mesma dimensão e os mesmos problemas estruturais de sempre. Não se iludam, nunca foi muito melhor do que isto desde o terramoto. Somos no entanto uns gajos porreiros, não arranjamos brigas com ninguém, não temos bombas atómicas, submarinos nucleares nem um exército de um milhão de gajos. Não temos separatistas, grupos terroristas ou condicionantes de cariz religioso. Somos amigos de todos, e vivemos em paz. O 25 de Abril ensinou-nos uma lição muito importante. Pode estar tudo mal, a malta pode andar tesa, mas se nos tiram a liberdade tiram-nos tudo. E faz hoje 35 anos que isso mudou. E pode mudar outra vez...
O 25 de Abril, por Vasco Pulido Valente
A "revolução" do 25 de Abril foi um sinal de atraso, o fim anacrónico de um regime anacrónico. Na Europa civilizada e "desenvolvida" ou "semidesenvolvida" - em França, na Alemanha, no Império Austro-Húngaro - as revoluções, se a palavra é justa, acabaram em 1848. Mas continuaram na periferia: na Rússia, em Espanha e em Portugal; e, depois da II Grande Guerra, só houve algumas tentativas, logo sufocadas, nos países que a URSS ocupava. Foi por isso que o 25 de Abril teve tanto de teatral.
Consciente ou inconscientemente, as figuras do drama, ou do melodrama, copiavam uma tradição. A chegada de Álvaro Cunhal com o discurso em cima da Chaimite copiava a chegada de Lenine à estação da Finlândia. O cerco da Assembleia copiava o cerco à Convenção. E os grupúsculos de esquerda e de extrema-esquerda copiavam os clubes de Paris. O PREC não trouxe nada de verdadeiramente original.
De resto, não se pode em rigor chamar ao 25 de Abril uma "revolução". Em sentido técnico o 25 de Abril não passou de um pronunciamento militar; de um "contar de espingardas", como se dizia à época, esperando que o exercício bastasse, como em geral bastou, para excluir a violência. O povo veio depois festejar para a rua e proclamar a sua liberdade, correndo ou maltratando os milhares de tiranetes que o oprimiam. Era a "festa", uma encenação que não tocou na realidade: no pessoal do regime, na diplomacia e até na PIDE, que se escapuliu para reaparecer mais tarde e receber uma pensão do contribuinte. Tirando as leis que instituíram a democracia, o PREC não deixou uma única reforma necessária e durável. E, como as suas pretensões socializantes, que persistiram até hoje, tornou uma sociedade já fraca mais submissa e dependente do Estado.
Em contrapartida, o 25 de Abril serviu para cortar Portugal do insustentável passado da colonização e para o empurrar para a Europa, como a maioria dos portugueses queria. O abandono de África não provocou nenhuma resistência interna, provando a artificialidade (e a fragilidade) do imperialismo indígena. A "Europa" de Bruxelas criou, sobretudo durante o "cavaquismo", uma compreensível euforia. Por um tempo o país pensou que seria um país "normal", próspero, organizado, moderno. Como era inevitável, a ilusão durou pouco. O velho Portugal reemergiu sob novas formas, mas reemergiu. Voltámos, como de costume, a uma "inferioridade", que desta vez não é atribuível a qualquer demónio externo ou azar histórico. E não existe no saco dos milagres outro 25 de Abril para nos "salvar".
In Público, 26/4/2008
Otelo Saraiva de Carvalho
Otelo Nuno Romão Saraiva de Carvalho nasceu em Lourenço Marques (actual Maputo), Moçambique a 31 de Agosto de 1936. Ficou conhecido como o chefe operacional do golpe de Estado de 25 de Abril de 1974. Foi determinante para o fim da ditadura, no posto de comando clandestino instalado no Quartel da Pontinha. O sonho materializava-se. Nunca será esquecido devido à sua coragem e astúcia.
Otelo esteve em Angola de 1961 a 1963 e na Guiné de 1970 a 1973. Na fase final da guerra, foi um dos principais impulsionadores do movimento de contestação ao Decreto-Lei n.º 353/73, que dava a possibilidade aos milicianos do quadro especial de oficiais de ultrapassarem os capitães do quadro permanente nas suas promoções. Isto deu início ao movimento dos capitães e ao movimento das forças armadas (MFA). Foi precisamente como responsável pelo sector operacional da comissão coordenadora do MFA que dirigiu os acontecimentos do 25 de Abril. O desejo de liberdade e o descontentamento em relação à política seguida pelo governo na guerra colonial foram as motivações de Otelo Saraiva de Carvalho. “Um actor político com imensa coragem física”, diz o cineasta Fernando Lopes.
Após a queda do I Governo Provisório, ficou à frente do Comando Operacional do Continente (COPCON). Mas, pouco tempo depois, o governo substituiu-o no comando do organismo, o que levou Saraiva de Carvalho a intentar um golpe em 25 de Novembro de 1975. Saiu derrotado e foi preso.
Três meses depois de ser solto, e de reabilitar a sua imagem, chega outro dos momentos fundamentais da sua vida: a candidatura às eleições presidenciais de 1976, e de novo em 1980, como candidato apoiado pela extrema-esquerda; nas primeiras eleições conseguiu metade dos votos dos comunistas. Em 1984 voltou a ser preso, desta vez sob a acusação de envolvimento com as Forças Populares 25 de Abril (FP-25), grupo revolucionário responsável por mortes, atentados e confrontos com a polícia. Foi libertado cinco anos mais tarde, ficando a aguardar julgamento em liberdade provisória, tendo sido amnistiado em 1996. Otelo Saraiva de Carvalho é, ainda hoje, uma referência para os activistas de esquerda em Portugal.
A semana passada o Governo aprovou a promoção do tenente-coronel Otelo Saraiva de Carvalho a coronel ao abrigo da lei que estipula a reconstituição de carreiras.
Salgueiro Maia
Destacado capitão de Abril, membro do Movimento das Forças Armadas (MFA), Salgueiro Maia comandou a coluna militar que, saindo da Escola Prática de Cavalaria de Santarém na madrugada de 25 de abril de 1974, marchou sobre Lisboa. Foi protagonista da decisiva vitória dos militares revoltosos, tornando-se o símbolo da revolução. Ocupou o Terreiro do Paço e comandou o cerco ao quartel do Carmo, onde estavam as principais figuras do regime ditatorial, incluindo Marcelo Caetano. Militar de mérito, nele foi reconhecida, após sua morte, integridade e coragem. Nasceu em Castelo de Vide, em 1 de Julho de 1944. Muito novo, fica órfão de mãe. Faz os estudos primários em São Torcato, Coruche, e os secundários no Colégio Nun'Álvares de Tomar e no Liceu Nacional de Leiria. Em 1964, ingressa na Academia Militar, e em 1966, entrou para a Escola Prática de Cavalaria de Santarém. Como tantos homens de sua geração, combateu na África, em território guineense e moçambicano. Graduado capitão, integrou o MFA na preparação e execução da operação Fim de Regime, sendo membro activo da Assembleia do movimento após o 25 de Abril. Não aceitou cargos políticos. Morreu de cancro a 4 de Abril de 1992, sem obter reconhecimento das instâncias oficiais durante a vida.
sexta-feira, 24 de abril de 2009
Bairro dos cravos
O primeiro milho
O jornal Clarim adianta na sua edição de hoje que o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura Fernando Chui Sai On poderá em breve renunciar a todos os cargos no Governo e avançar com uma candidatura a Chefe do Executivo. O semanário da Igreja Católica adianta mesmo que Chui terá escolhido o director dos Serviços de Educação e Juventude Sou Chio Fai para seu director de campanha, e aposta em Lee Peng Hong, actual presidente do IPIM para futuro secretário da Economia num eventual executivo liderado por Chui.
Este é provavelmente o primeiro sinal de que Chui Sai On, apontado há vários meses como sucessor natural de Edmund Ho, poderá mesmo avançar com a candidatura, depois de se ter especulado que não o faria por estar encarregado da organização das comemorações do 10º aniversário da transferência de soberania. O anúncio desta candidatura nos próximos dias ou semanas quebra um impasse: ninguém se assume como candidato sem o apoio expresso de Pequim. O apoio de Pequim tem sido visto como uma condição sine qua non que faz muitos opinion makers encolher os ombros quando perguntados sobre quem acham que será o próximo Chefe. Mas é preciso ter em conta que o CE terá de ser alguém que tenha boas relações com o poder central, e só assim se podem resolver as questões relacionadas com Macau.
Segundo o Clarim, Chui Sai On terá mantido encontros ao mais alto nível com personalidades do núcleo do PCC de Xangai, e a saída de Chui do Governo "poderá colocar pressão" no PCC para apoiar uma candidatura eventualmente vencedora. O outro possível candidato, o Procurador Ho Chio Meng, conseguiu recentemente angariar o apoio da Liga da Juventude Comunista. Caso Chui resigne ao cargo de Secretário, Edmund Ho acumula até ao final do seu mandato a secretaria dos Assuntos Sociais e Cultura. A ser verdade, fica bem vincado quem é o candidato predilecto do próprio Chefe do Executivo: o próprio Chui Sai On. Não é certo que o candidato que avançe primeiro ou que consiga primeiro o apoio de Pequim será o vencedor. Esse continua no segredo dos Deuses.
Curiosamente tenho perguntado nos últimos dias a colegas, amigos e familiares chineses quem gostariam que fosse o novo CE. A maioria das respostas que tenho obtido é: "não sei", "não faz diferença" ou ainda "pode ser..." quando lhes avanço com um possível nome. A sabedoria popular vale ouro, e a indiferença é, neste caso particular, um bom sinal. É um facto que a imprensa em português tem dado mais importância à sucessão de Edmund Ho que a própria opinião pública, onde se tem especulado que seja quem for o próximo CE, as mudanças não serão significativas. Leia aqui a reportagem de José Miguel Encarnação, n'O Clarim.
Os blogues dos outros
Ao que tudo indica Chui Sai On avança candidatura para a chefia do executivo de Macau. O jornal católico O Clarim põe-no em grandes parangonas na capa de hoje. Não é crível que o arrisque quando não haja base de sustentação. Chui Sain On é um nome de continuidade da equipa que dirije Macau, desde o fim da administração. É consensual, dialogante, bem quisto entre os tradicionais, a comunidade macaense e mesmo Portugal vê-lo com interesse. Se assim for o essencial da negociação política centrar-se-á nas segundas linhas. A China quererá ver a nova geração da "distrital" de Macau do Partido Comunista Chinês avançar para a linha da frente e rodear o chefe do executivo. Lee Peng Hong é uma escolha acertada para Secretário para a Economia. Conhecia-o há mais de 20 quando foi sugerido a Vitor Rodrigues Pessoa - meu chefe de então - para o recém-criado IPIM. É um jovem "turco" com garra e carisma. Mas há muito mais na penumbra dos gabinetes. Macau inicia a nova fase do ciclo pós-transição e isso é frutuoso para o caldo de culturas, nacionalidades e raças, que Macau sempre foi. Haverá sempre quem não goste da solução. Há quem aponte a ligação excessiva de Chui Sai On às famílias tradicionais e aos interesses empresariais locais. Terá que saber precaver-se. Sobretudo as ligações mais evidentes. Há um factor aditado ao"Macau governado pelas suas gentes". A chegada de quadros do Partido Comunista Chinês a lugares de destaque e responsabilidade. Afinal o que nós (administração portuguesa) previmos há 12 anos. Até porque sabíamos onde estavam. Houve talvez a falta de visão de não se ter começado a prepará-los mais cedo. Mas nisso há uma peça chamada Jorge Rangel. E até por isso o Nuno Lima Bastos tem razão no que escrevia esta semana no JTM.
Arnaldo Gonçalves, Exílio de Andarilho
Um sujeito estudou lado a lado com os seus colegas. Chegada a hora, os seus colegas foram promovidos, mas ele não, ele foi encarcerado. Agora, há quem queira promovê-lo. Repor a igualdade e fazer justiça, dizem alguns. Mesmo assim, ele não quer, ainda não está satisfeito. Quer a dita promoção, sim senhor, mas com efeitos retroactivos. Só assim se fará justiça, diz ele. Alega que os iguais devem ser tratados de forma igual. E vai mais longe: se não se lhe fizer a vontade, assegura que vai processar o Estado! Ou, dito por outras palavras, vai processar o povinho - só aqueles que pagam impostos, daí o sufixo "inho". Trata-se, portanto, de homem exigente. Porém, sobra-lhe em arrogância o que lhe fenece em memória: os outros, os seus colegas, nunca foram assassinos traiçoeiros! E pobre povo que tem políticos que não percebem a diferença. Ou que, percebendo-a, não lhe atribuem a devida relevância. No meu humilde entender, promover um traidor tem um nome: traição! Há uns anos era crime, agora é feitio.
VICI, MACA(U)quices
Uma das imagens de marca de Macau são os turistas chineses com os sacos beges de uma doçaria que fica ao pé das Ruínas. Confesso que ando curioso para ir espreitar o que lá vendem. Igualmente perto das Ruínas, apanhamos os vendedores de carne doce a quase nos esfregarem com ela na cara. Provei uma vez e não tenho intenção de repetir.
El Comandante, Hotel Macau
Ora agora é a vez de José Lello passar por aqui. Chega hoje. O Presidente do Conselho de Administração da Assembleia da República e Secretário Internacional do PS responsável pelas comunidades portuguesas - isto impõe respeito -, vem, segundo a imprensa local, para participar nas comemorações dos 35 anos do 25 de Abril e, não menos importante - digo eu e deve dizer o outro engenheiro - para relançar o núcleo do PS no território, que actualmente tem uns assinaláveis 25 militantes. Com 3 actos eleitorais à porta quem é que não se lembrava de relançar o núcleo, de preferência, um núcleo com uma árvore das patacas lá dentro. Eu é que não tenho vintém...
Pseudo-Livreiro, A Leste da Solum
Na noite de 24 de Abril de 1974, eu escrevi e realizei as 'Últimas Notícias' da RTP e o Raul Durão apresentou-as. Após o noticiário ficámos na conversa com a senhora da maquilhagem. Já passava da meia-noite subimos do estúdio, na Alameda das Linhas de Torres, para a redacção, fizemos uns telefonemas, arrumámos a papelada, arquivámos o conteúdo do noticiário, cuja última informação dizia "O tempo está muito instável"...Como normalmente eu e o Raul, ao deixarmos a redacção já tarde, íamos até ao bar 'Metro e Meio', na Rua 5 de Outubro, tomarmos um copo, ele perguntou-me: "Paramos no escritório?". Aproximei-me dele e disse-lhe: "Tenho um segredo para ti, só para ti. Tenho uma informação de um familiar que é capitão que esta noite isto vai dar borrasca!". Desde o dia 16 de Março que se esperava qualquer coisa. De madrugada, a RTP foi ocupada por militares do Movimento dos Capitães que levaram a efeito o Golpe de Estado do 25 de Abril.
João Severino, Pau Para Toda a Obra
O Partido Comunista Português tem uma maneira muito peculiar de reescrever os acontecimentos. Há 35 anos, segundo o PCP, a "ditadura fascista" era derrubada por um golpe militar a que se seguiu de imediato um "levantamento popular", alicerçado na "aliança povo/Movimento das Forças Armadas". Qualquer arremedo de história redunda em puro mito nesta redução dos acontecimentos à medida exacta da cartilha ideológica. Uma armadilha intelectual que parece não provocar qualquer sobressalto no PCP. Para o partido de Carlos Carvalhas, Jerónimo de Sousa, Domingos Abrantes, Ruben de Carvalho, Vìtor Dias e Odete Santos, "a Revolução de Abril – com as seus avanços e conquistas políticas, económicas, sociais, culturais, civilizacionais - afirmou-se como o momento mais luminoso da História de Portugal". É neste tom empolgado que a descreve o último editorial do Avante! Pena o "progresso histórico", tal como os comunistas o concebem, ter parado em 1976. De então para cá, e fazendo ainda fé no órgão central do PCP, a "contra-revolução" passou a dominar tudo - desde o primeiro governo de Mário Soares até hoje. Trinta e três anos de retrocesso, em que todos os governos, sem excepção, foram "vendendo pedaços da independência e da soberania nacional, numa postura de total submissão ao imperialismo norte-americano e à sua sucursal que dá pelo nome de União Europeia". Este editorial diz tudo sobre a actual posição do PCP, que deixou de ser um partido internacionalista para ancorar nos lugares-comuns mais estafados da retórica nacionalista, à semelhança do que proclama a direita radical eurocéptica, como a Libertas, do irlandês Declan Ganley, ou a Liga das Famílias Polacas. Resta perguntar: se a União Europeia é mera "sucursal do imperalismo norte-americano", por que motivo os comunistas pretendem ser sufragados para Bruxelas no dia 7 de Junho?
Pedro Correia, Delito de Opinião
É perfeitamente aceitável que uma sociedade imponha que os seus jovens tenham um determinado grau de educação. Os jovens não são independentes, as suas vidas dependem da vontade das suas famílias e se existe um consenso quanto à importância dos estudos, então todos os jovens devem tê-los, tal como têm alimentação. No entanto, considero o alargamento do ensino obrigatório para os 18 anos extremamente incoerente. No nosso país, a partir dos 16 anos é possível trabalhar e ser responsabilizado pelos actos cometidos. Ora, o grau de responsabilização que a sociedade dá a um jovem de 16 anos é incompatível com este paternalismo que exige que esse mesmo jovem tenha de estudar. Das duas, uma: ou bem que consideramos que os jovens são irresponsáveis até aos 18 anos e ilegalizamos o trabalho abaixo desta idade e deixamos de os poder responsabilizar pelos actos cometidos, ou tomamos consciência que com 16 anos um jovem já pode, aliás deve, ter um grau de responsabilidade suficiente para que, juntamente com as famílias e a escola, possa decidir quanto à escolaridade que quer ter. Doutores à força não desenvolvem um país. No máximo dão maus primeiros-ministros.
Tiago Moreira Ramalho, Corta-Fitas
"O PS deve demonstrar que quer combater corrupção", afirmava há dias João Cravinho. Ontem, na Assembleia da República, os deputados socialistas demonstraram exactamente o contrário, ao chumbarem o projecto de lei do PSD de criminalização do enriquecimento ilícito. Voltarei a este tema para a semana para demonstrar que esta iniciativa legislativa não subverte o princípio constitucional da presunção de inocência, nem coloca em causa o estado de Direito. Pelo contrário, seria uma ajuda concreta para fortalecer esse mesmo estado de Direito, cada vez em perigo com o alastrar da desconfiança e da corrupção, cancros da Democracia.
Paulo Marcelo, O Cachimbo de Magritte
Escorraçar Durão Barroso do cargo para que foi nomeado, primeiro, por ter servido de pajem os senhores da guerra, depois, por nos ter servido Santana Lopes, seria, provavelmente, se estivesse ao nosso alcance, o último levantamento patriótico capaz de me comover. O país que se fez representar por Durão Barroso na cimeira dos Açores devia ser capaz da vergonha, a vergonha de ter eleito tamanho carreirista, ou da indignação, a indignação por ter assistido ao faustoso espectáculo em que Durão Barroso se apropriou o mandato que lhe foi investido a fim de se estrear sob os holofotes da política internacional (sim, isto também é apropriação pessoal do bem público). O apoio de Sócrates a Durão Barroso poderá nada valer nas contas finais, mas tem um incontornável peso simbólico: 1- enquanto afirmação da falta de dignidade patriótica de que se diz porta-estandarte; 2- como expressão da estreiteza de um patriotismo que se regozija com qualquer notoriedade "dos seus"; 3- como emblema do confrangedor provincianismo com que do Rato se olha para a construção europeia. Por quem responde o Vital Moreira dos cartazes?
Bruno Sena Martins, Avatares de um Desejo
Uma jovem imigrante trabalha num café supostamente cosmopolita. Um dia um dos seus colegas sente-se mal, com dores agudas. Ela pede ao patrão para chamar uma ambulância. Este recusa. Ela insiste. O patrão esbofeteia-a e nos dias seguintes adverte os colegas para não comunicarem com ela. Uma adolescente lésbica é agredida em casa quando é descoberto que tem uma namorada. Ajudada por alguém de fora da “família”, o caso é apresentado à protecção de menores. A rapariga é colocada numa instituição da Igreja, impedida de ir à escola, obrigada a ir à missa e não pode ver ninguém a não ser a… “família”. De protegida passou a sentir que está a ser punida - pela sua sexualidade. Este tipo de horror acontece todos os dias e em silêncio. Poderia escrever posts e posts sobre os relatos que me chegam (e não sou nem técnico nem dirigente associativo, apenas professor, com alun@s que sabem poder partilhar comigo), desde a mais cruel homofobia familiar, ao mal-estar que os não-nacionais sentem aqui, passando pela prepotência dos empregadores de precários. A esses relatos poderia acrescentar as histórias de técnicos e técnicas que, sendo supostos ajudar, reproduzem - nas palavras com as vítimas, ou nos actos - racismos, sexismos e homofobias vários. Técnic@s que não têm qualquer treino para a complexidade das discriminações (complexidade?). Acima e à volta deles e delas, um sistema que tudo permite, contentinho por ir fazendo passar algumas leis piedosas, mas deixando-as por aplicar. Ainda mais “à volta”, uma cultura que depois acha que nada de particularmente grave se passa aqui, tranquila e cordial pastagem da tolerância e dos bons costumes… Como sempre, o silêncio é a grande arma que mantém vivo este Portugal de conto de Dickens adaptado à pós-modernidade.
Miguel Vale de Almeida, Os Tempos que Correm
O Cardeal Patriarca de Lisboa diz que o preservativo “é um meio falível”, apoiando a leitura de Bento XVI. E tem razão, não há volta a dar-lhe. O preservativo é um meio falível. Certo, reduz em mais de 98 por cento as chances de contrair uma doença mortal, mas é falível. D. José Policarpo é um homem sensato. Simplesmente, em abono da verdade, devia também dizer que a fidelidade ou a castidade são meios ainda mais falíveis. Fico à espera.
Rui Zink, Rui Zink versos Livro
Otelo Saraiva de Carvalho admite recusar a promoção de coronel e pode processar o Estado, "Para já, estou a pensar seriamente em recusar esta promoção e os 48 mil euros. Recuso, assim não, não quero". Há gente que não tem mesmo vergonha na cara. O facto de teres feito o 25 de Abril não te iliba de toda a merda que fizeste a seguir e o caminho para o qual quiseste levar esta país. Quem acredita que ele não tinha nada a ver com as FP25 que levante o braço.
Francis, O Dono da Loja
Pregado na cabeça
A polícia australiana divulgou uma chocante imagem de raio-x de um imigrante chinês morto com vários tiros de uma arma de pregos na cabeça. A imagem mostra um total de 27 pregos na cabeça e pescoço de Anthony Liu Chen. O corpo de Liu foi encontrado a 1 de Novembro último por duas crianças que remavam no rio Georges. O cadáver estava embrulhado em plástico, fio de cobre e um cabo eléctrico. "O exame post-mortem revela que Liu foi atingido repetidamente na cabeça com uma pistola de pregos de alta potência", disse o inspector Mark Newman. A polícia procura informações do paradeiro do Range Rover de último modelo propriedade de Liu, que se supõe tenha sido utilizado para levar o cadáver o cadáver do jovem até ao rio. Liu emigrou para Melbourne em 2000, tendo-se mudado para Sydney quatro anos depois.
Pepe não é o único
O futebolista Pepe vai hoje conhecer o seu castigo, que se prevê seja muito severo. No entanto o futebol é um desporto onde aparentemente se ferve em pouca água. Ficam aqui algumas imagens de jogadores, muito deles famosos, que perderam a cabeça numa ou outra ocasião. Adriano, Caneira, Maradona, Cantona, Grobelaar, Di Canio ou Zidane são alguns dos "bad boys" do desporto-rei.
Morreu Spencer Lam
O ex-jogador de futebol, treinador e actor de Hong Kong Spencer Lam Sheung Yee (林尚義) faleceu ontem aos 74 anos. Spencer alinhou em alguns dos maiores clubes do território vizinho, como o Kitchee, os Rangers ou o Eastern, e foi internacional pela selecção da República da China (Taiwan) entre 1958 e 1968, tendo participado nos Jogos Olímpicos de 1960 em Roma. Como actor participou em filmes como "Prince Charming", "Young and Dangerous (古惑仔之人在江湖)" ou "You Shoot, I Shoot (買兇拍人)".