sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Futebol e "racismo": Made in England


Inglaterra, carcaça daquele que foi em tempos o maior império do planeta, morada de 50 milhões de snobs, inventores e profusores daquilo que entenderam designar de "racismo". Ah, e parece que inventaram o futebol moderno, também, indo depois estragar tudo ao combinar as duas "invenções". Nesta capa de um daqueles pasquins onde os ingleses adoram publicar escândalos e difamar tudo e todos, vemo-los a EXIGIREM à UEFA que tenha mão dura nos russos do CSKA Moscovo, cujos adeptos entoaram "cânticos racistas" ao jogador Yaya Touré, do Manchester City, durante um desafio da Liga dos Campeões. Os ingleses são as últimas criaturas que deviam exigir fosse o que fosse neste particular. Foram eles quem inventou o "racismo", e o resto da humanidade não tem nada a ver com as suas frustrações e preconceitos.



Um episódio deveras curioso decorreu durante a época de 2011/2012, entre o uruguaio Luis Suárez, na altura a representar o Liverpool, e o defesa francês do Manchester United, Patrick Evra.  Suárez que não é loiro de olhos azuis, muito longe disso esteve suspenso por oito jogos e foi obrigado a pagar uma avultada multa, além de ser sujeito a uma extensiva humilhação por parte de uma imprensa que "fez um banquete" de um desaguisado entre os dois jogadores, à pala do facto de Evra ser preto. Enquanto choviam acusações de toda a espécie contra Suárez, nunca em circunstância alguma alguém se lembrou de atestar junto dos colegas pretos do jogador no Liverpool o quão "racista" ele era. Assim de repente lembro-me de Suárez ter partilhado o balneário na altura com David N'Gog, David Ecclestone ou ainda a então promessa Raheem Sterling, hoje uma certeza no Manchester City. Assim não se vendia papel, nem a opinião pública britânica ventilava a sua brutalidade num jogador estrangeiro. Mas a História "trama" os ingleses, mesmo neste aspecto. Façamos uma pequena retrospectiva.


Jack Leslie, na imagem, foi o primeiro futebolista preto a adquirir o estatuto de profissional na Inglaterra, tendo representado o Plymouth Argyle entre 1921 e 1934, e foi também o único da sua geração. A hipótese de representar a selecção do país onde nasceu (em Canning, filho de pai jamaicano) foi imediatamente posta de parte - adivinhem agora porquê. 


Ah, "campeões do mundo", que lindo, do "império onde o sol nunca se põe", e todos branquinhos como o cal. Recorde-se que nesse mundial de 1966 a selecção portuguesa contava no seu onze inicial com Coluna, Eusébio e Hilário. Pressupostos étnicos quando o que interessa é saber jogar à bola? Ah pois, e os "racistas" são os outros.


Foi preciso esperar até 1978 para que um jogador não-branco vestisse a camisola dos 3 leões. O autor da proeza (eu recusaria) foi Viv Anderson, um dos esteios da equipa do Nottingham Forest que foi duas vezes campeã da Europa. Graças ao seu "feito", o jogador foi feito cavaleiro do Império Britânico! Que..."honra". Blergh!


A selecção inglesa de 1986, que participou do mundial do México, treinada pelo nosso conhecido e saudoso Bobby Robson. Além de Anderson, na altura já veterano, contava ainda com John Barnes, o extremo do Liverpool de origem jamaicana, igualmente de qualidade inquestionável. É possível que Robson quisesse incluir outros jogadores pretos na sua escolha, mas deve-lhe ter sido dito qualquer coisa como "calma, estás com a 'febre da selva' ou quê"?!


O primeiro capitão não-branco da selecção inglesa foi Paul Ince, em 1991 - 25 anos depois de Mário Coluna ter ostentado a braçadeira dos "Magriços" naquele mundial de boa memória para Portugal. Outra efeméride para se aplaudir de pé, portanto. Agora, para que não se pense que isto é "uma coisa dos britânicos"...


...eis o primeiro internacional escocês não-branco: Andrew Watson, natural da Guiana. E em que ano vestiu este rapaz a camisola da selecção da Escócia? 1888!!! Isso mesmo, 90 anos antes de Viv Anderson ter inaugurado o fim do preconceito que os ingleses querem agora incutir como sendo problema dos outros! Vão-se catar, ó bifes. Engulam lá isso do "racismo", que foram vocês que cozinharam. E como toda a restante gastronomia inglesa...






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