sábado, 11 de junho de 2016

Ai Nação?! Atão façem que sejem!


Ontem foi dia de Portugal, e...esperem lá, antes disso, gostaram desta pequena "montage" que eu fiz e que podem ver ali  em cima? Gira não é? Eu gosto especialmente daquele camarada a quem apesar de já lhe terem decepado os dois braços ainda segura com afinco a bandeira das quinas. Ah...que "importante". E nada parvo, atenção, eis aqui uma lição de "patriotismo" para os nossos jovens de hoje! Só por isso deve ter ganho a batalha - não fosse aquilo um desenho qualquer. Os meninos também estão muito catitas ali no boneco. Ena, ena, que lá vão eles cantando e rindo. A razão pela qual estão ali de mãozinha estendida (tiveram mais sorte que o "boneco" que referi antes deles - têm bracinhos para erguer) é para mostrar ao mestre que têm as unhas limpinhas. Que lindos meninos. Bem, agora deixa-me lá tocar com isto para a frente, que ainda me acusam de "fazer pouco" da Pátria, ou da Nação, como se isso tivesse alguma interferência no PIB. Desconfio que aqueles que dão demasiada importância a estas "patriotices" NAÇÃO flor que se cheire (ah! que tal?).

Ontem não liguei muito ao 10 de Junho, para ser sincero. Fui trabalhar, que remédio, e como saí já passavam das 6:30 não me apeteceu nada, nada "ir ao pastel" na residência do Cônsul-Geral de Portugal, no Hotel Bela Vista, que tem a vantagem (indesmentível) de ficar a cinco minutos a pé daqui de casa. Isto literalmente; é mesmo só sair de casa pela esquerda, virar a primeira esquina, subir a rua e upa, já lá estou. Mas tinha que fazer a "toilette", sacar o "fatelo" do armário, e antes que olhasse ao espelho e gostasse do que via, metiam-se as oito da noite, por isso, meh. Nos outros anos a essa hora já estava naquela fase do "orador", induzida pelo branco não-tão-fresco-como-devia-mas-mesmo-assim-fresco oferecido pelo sr. Cônsul - sim, ou julgam que vou ali para morfar, feito um pobrezinho? Querem lá ver, ah? Bem, de resto soube que esteve cá o...quem? Aquele que veio em representação do Estado Português? Vá lá que este ano se dignaram mandar alguém. Devem querer pedir qualquer coisa, meh. É assim, chamem-me estraga-prazeres, ou "mau-português" (isso só pode querer dizer "bom-outra-coisa-qualquer", o que não me parece nada de deitar fora) se quiserem, mas ando um bocado "de mal" com o meu portuguesismo, que sempre foi palpitante e viçoso, mas sem exageros. Talvez me falte corresponder às exigências desse novo patamar da lusitanidade, aquele que aparece na hora de afirmar que "o que é teu é nosso, mas o que é meu continua a ser...meu": O NACIONALISMO! AH AH AH AH!


Ser Português é um...o quê? Bom, isto explica muita coisa, especialmente a tendência para o laxismo, que para nós é quase uma condição crónica, na hora de arregaçar as mangas, bem como alguma "moleza" quando confrontados com desafios fora de portas. Sei lá, era muito mais "orgásmico" se os portugueses tivessem HOJE qualquer coisa com que se orgulhassem. E reparem como destaquei aquele HOJE, para não me virem com Caravelas & Cia., ou o "património" que representa a Língua Portuguesa, que possivelmente teria tanta importância quanto o checo, não fosse pela imponência que é o Brasil - por muito que me custe, e nem é nada contra os brasileiros, pois para mim o ideal seria que a nossa língua se pudesse impor por si mesma, e ficasse ainda mais reforçada com a inclusão do Brasil. Aí sim, era uma festa, mas com o que temos hoje, não nos resta senão fazer "batota": 300 milhões de falantes. Era o mesmo que os comunistas virem dizer que a sua ideologia "é partilhada por mais de um quinto da população terrestre". 


No Dia de Portugal comemoramos também o nosso poeta mais ilustre, Luís Vaz de Camões (tio Luís Vaz, como era conhecido no Restelo, quando ia visitar um tio-avô que o inspiraria numa...deixem para lá). Camões era realmente genial, e tinha uma vantagem em relação a Shakespeare: deixou só uma "seca". Sim, não são minhas as palavras, pois recordo-me dos tempos do Secundário, quando ouvia alguns (a maioria) dos meus colegas dizer: "agora estamos a dar os Lusíadas, 'ganda seca". Juro que é verdade, mas também para aquelas cabecinhas vácuas tudo o que separava um fim-de-semana do seguinte durante nove meses e meio por ano era "uma seca". Devem estar mais felizes agora, que precisam de puxar pelo corpinho (alguns, bem...), e aturar "secas" muito maiores, ou caso contrário passam fomeca. Naquele tempo éramos uns lordes, pá. Eu voltava ao 10º ano hoje, se pudesse, e quando acabasse o 12º, repetia tudo outra vez. Mas como eu ia dizendo, enquanto os jovens bifes tinham que aturar os muitos delírios opiados do bardo de Startford-Upon-Avon, nós do tio Luís Vaz só precisávamos de levar com umas rimas que ele escreveu na maior parte das vezes afligido pela dor-de-corno ("amor platónico", tá bem abelha), e...Os Lusíadas. E eu até gostava d'Os Lusíadas.


Especialmente do episódio da Ilha dos Amores, porque destoa daquela constante imagem perturbadora que a obra dá, de uns gajos enfiados durante meses dentro de cascas-de-noz, expostos a inúmeros perigos, e pior do que isso, uns aos outros. Daí ser tão refrescante, a Ilha dos Amores, e afinal não é aquilo a que todos ambicionamos chegar um dia, e já agora que esta ilha fique situada no arquipélago do Papo P'ro Ar, onde ficam ainda as ilhas de Sopas e Descanso? Há contudo uma mensagem que Camões passa quase que sub-repticiamente por entre todo aquele imaginário erótico, a atirar para o "soft core", das "alvas carnes, súbito mostradas": a criação de uma nova raça semi-divina, fruto do encontro amoroso entre as lusas gentes e as ninfas que Afrodite ali deixara aos heróicos navegadores lusitanos naquele buffet de deboche e luxúria, e a que Tétis, sua mestre-de-cerimónias, prevê "um futuro próspero". E simbologia à parte, de facto fomos nós Portugueses quem criou o primeiro mulato, nessa ousadia que foi a mestiçagem com as gentes dos novos mundos que íamos dando ao mundo, e que os afectados ingleses se recusavam fazer (e hoje ainda o fazem muito timidamente), enquanto os espanhóis eram mais de matar primeiro e fazer perguntas depois. Só que, hèlas, temos uma História repleta de mal-entendidos e oportunidades perdidas, e isto para não falar da nossa predisposição genética para a boçalidade, às vezes...


...que não são tão poucas quanto isso. O que diria Camões quando visse estes indivíduos ali na imagem, a aparentar estarem a ter um enfarte, agarrados ao peito e com a expressão de quem está dar o derradeiro traque, e lesse aquelas barbaridades que ostentam naqueles cartazes. Hmm...olhando melhor agora, o único cartaz inteligível naquele boneco, além do vergonhoso aproveitamento da imagem do fundador da nação, diz "refugees not welcome", em inglês - deviam ser refugiados americanos. E logo o nosso Camões, que esteve aqui refugiado neste canto do mundo, chegando mesmo a exercer em Macau  o cargo de notário, encarregado de assentar os óbitos. Adaptado aos tempos modernos, o nosso poeta ia imediatamente reagir com um "face palm" ao comportamento destes grunhos. Espera lá, estou a reconhecer aquele tipo ali da esquerda, ao lado daquela bandeira skinhead, todo tesinho, de óculos escuros...


Lá está! É ele mesmo. É aquele camarada que aparece neste vídeo aos 1:16, a protestar "contróislan", dizendo que "andou pela Europa e sabe do que fala" - de uma coisa não tenho a certeza, da outra comprova que o tipo não bate bem - e que os "refugiados vêem implementar a religião deles". Epá que implementem, não vejo qual é o problema em "pôr em prática; executar; assegurar a realização" de uma coisa sua, nem que seja algo tão pífio como uma "religião", desde que não chateiem ninguém,. E se chatearem temos leis que se podem aplicar conforme o caso. Desconfio que este cavalheiro desconhece esse facto, enfim, deixem lá que a parte que mais me diverte é aquela onde o jornalista lhe pergunta "como é que tem a certeza que vão implementar, por exemplo, a sharia?" - aqui já é outra "implementação", alto lá - e ele responde: "Dêem tempótempo e ódepois vocês vandarrazão àquile quêtoaqui a d'zer". O mais irónico de tudo isto, é que este tipo de "ajuntamentos" é sempre organizado pelo PNR, partido "nacionalista" cujo líder...


...foi ele próprio um refugiado. Ou melhor, a sua família foi, uma vez que o seu senhor pai era colaborador do Estado Novo (o que é que essa m... quer dizer, exactamente), e assim refugiou-se no Brasil, pelo menos enquanto as coisas não arrefeciam. Basta transportar esta noção para a actualidade, e assim temos que o 25 de Abril seria a Guerra da Síria, o PREC o Estado Islâmico, e o Pintinho aqui seria um dos refugiados, nas mesmas condições daqueles que agora faz "caixinha" para não receber. "Olha lá, ó Leocardo, não é bem a mesma coisa, e..." NÃO É A MESMA COISA O TANAS, PÁ! O que tinha acontecido aqui ao artista se tivesse ficado em Portugal, era condecorado? Querem lá ver eu, ah? Que gente tão densa no mau sentido, esta. Bom, mas aqui o senhor até é uma pessoa cível, educada, bem falante, e além do mais - e já o disse aqui por mais que uma vez - um tanto ou quanto ostracizado nos meios políticos nacionais; mesmo que eu repudie as suas posições, as pessoas têm cabecinha para pensar e não é necessário que os media o enxovalhem, que ele até faz isso por eles. Pinto Coelho advém de uma linhagem aristocrática, pasme-se, e de entre os muitos nobres de que descende encontra-se o 2º Barão de Quintela, de quem é tetraneto, o que faz dele primo-sobrinho em 4º grau de...José Diogo Quintela, nem mais! O Gato Fedorento, grupo encabeçado por Ricardo Araújo Pereira, actualmente funcionário da MEO, e a quem alguns dos esbirros do PNR ameaçaram por causa de uma certa paródia a um certo cartaz certificadamente estúpido? Pois, e não surpreende com tudo isto que além de "Nacionalista e Católico", Pinto Coelho se diga orgulhosamente monárquico, e...



Ah? Candidatou-se à Presidência da República? República? Epá que eu agora tive uma tontura, de tantas voltas que esta "estória" dá. Mas pronto, a ninfa da coerência interveio mesmo a tempo, e Pinto Coelho não conseguiu reunir as 7500 assinaturas necessárias para avançar com a candidatura, e ficou-se por menos de 6000. Conhecendo os "nacionalistas" como conheço, devem ser...3 ou 4 milhões? Talvez um pouco mais, quem sabe, só que, azar, andam "escondidos". Deve ser porque são modestos, e não querem quaisquer louvores pela sua tomada de posição tão civilizada quanto progressista. Mas assim o "Man who would be king" não realizou a ambição de se tornar presidente (?), e lá continuou com a "loja" do PNR aberta, ao mesmo tempo que dava aulas de Educação Visual. Sim, e parece que isto dos traços e riscos corre-lhe nas veias, pois além de um pai arquitecto, tem um irmão que é uma celebridade "of sorts"...


...como autor de BD (nacionalista?). Exacto, Luís Pinto Coelho é o criador de Ventoím, um motard (nacionalista?), e cujas aventuras estão publicadas numa colecção respeitável, e da qual confesso a minha completa ignorância até hoje. Pode ser que isto se deva ao facto de eu não ser um "motard", uma vez que o público alvo desta BD são exactamente os "motards"...nacionalistas? Ora essa, mas isso pergunta-se?


Calma, minha gente, que não chegou ainda a invasão dos homens-piaçaba, nem estes são fãs da banda "rock" ZZ Top (antes fossem...). E os "motards" de bem que me desculpem, pois não tenho a certeza que estes cavalheiros o sejam, mas lá que ostentam o "look", lá isso ostentam. Estes estranhíssimos personagens, que muito possivelmente a esta hora estarão em "full-throttle" contra a vinda de "pessoas com uma cultura diferente da nossa" (oh, a ironia), participavam de uma manifestação organizada pelo PNR em 2008 contra - e pelo que pude depreender - a "influência do lobby gay na sociedade". Podem ver aqui o vídeo, onde se pode observar o camarada da esquerda (com uma aparência super-inofensiva, brrr...) a defender que "homossexuais e pedófilos são a mesma coisa", enquanto o outro, que reserva o exclusivo da capilaridade cefálica à sua parte inferior (também não deve ter nada para tapar do outro lado) nem consegue dizer a palavra "homossexuais", e ora vai balbuciando "hom..hum..os hmmm...", ora acaba por dizer que não quer crianças a serem adoptadas por "homens". Ah, o mais grave: este projecto de bode diz que a principal razão de estar ali presente naquele circo dos enganos é por "ser português". Really? Fabulous! Good luck with all that!


E depois há isto. Este cavalheiro diz que "viu não sei aonde" que "80% dos homossexuais são pedófilo", e quando a jornalista lhe perguntou a fonte de tamanha asserção, ele retorquiu "não me lembro" - mais valia responder "não me interessa, todos cremados e que não se faça sequer sabão com eles". Claro que esta imagem é recorrente da ideologia expressa no pechisbeque que aqui o Avô Tangas (o primo demente do Avô Cantigas) decidiu levar pendurado ao pescoço. Bem pode lá o bonacheirão do Coelho dizer as vezes que quiser que "não é assim", porque os seus "companheiros de armas" demonstram que é, e de uma forma que eu chamaria não de orgulhosa, mas antes de descarada. Esta simbologia que o FireHead atribuiria a alguma adesão ao jainismo ou hinduísmo, mas para isso seria necessário que este indivíduo soubesse do que se trata, é recorrente nas manifestações "et tout" do PNR, e permitam-me que vos diga, pouco ou nada tem a ver com Portugal ou os portugueses. Podem-me demitir da portugalidade, se quiserem, mas não me convencem que aquilo não é "antagónico à nossa cultura".


E pronto, lá está ele, em pleno Parque Eduardo VII, numa acção de campanha inserida na sua candidatura à CM de Lisboa há oito anos, a gritar alto e bom som que se for eleito, a câmara "não gasta mais um tostão nos maricas (sic)", e de seguida desata a gingar, como se tivesse o escroto preso às calças. Isso não é linguagem para um político, meu amigo. Depois não se admire se os eleitores optem por não votar "neste palhaço". E se ali em cima usei a expressão "antagónico à nossa cultura", roubei-a deste cavalheiro, que afirma "não ter nada contra a imigração em geral...


...mas talvez precise de especificar exactamente o que entende então por "boa emigração". Ah sim, é isso, só não quer emigrantes que, e passo a citar, "praticam usos e costumes antagónicos à nossa cultura". Beeem...como por exemplo...


...ostentar uma cor de pele "antagónica" à do sr. "nacionalista" e os seus amigos? Eu realmente estou "às escuras" neste particular, mas se há algo que me ofusca ao ponto de nem conseguir olhar de frente é o pendor marcadamente demagógico, populista e...qual é a outra, deixa cá ver, Leocardo Montanelas Todanoite...ah, nazi! Isso, nazi, e ao que parece...


...salazarista desta "firma". Ui, que mistura explosiva, que temos aqui. E esquisita, também. Aquela dos "manuais marxistas" salta a cancela da mania da perseguição e entra pela psicose adentro, sinceramente, e o que é aquilo? Violência? Insegurança? O quê, não me digam que o Mário Machado foi solto! Ah, e aquilo é o quê? Intimidações??? AHAHAH AHAHAHAH! AHAHAHAHAH! AHAHAH!!! Desculpem, não aguentei. Ainda por cima essa da "intimidação" é daquelas coisas que fazem muito e fazem mal. Bem, ó meu caro Coelho, desculpe lá mas essa do "nacionalismo" não cola, mesmo que se tenha convencido disso desde os seus tempo do MIRN do seu tio Kaúlza, e da (brevíssima) Frente Nacional. Eu até acho que é boa pessoa, acredita? E não tenho razões para o temer - afinal sou branco, que "sorte" - mas que tal investir nisso de dar aulas de Desenho à criançada, que parece que é o talento que Deus lhe deu? (Vá lá, eu sou agnóstico mas dou-lhe essa de "brinde"). Veja é se não os põe a desenhar suásticas, cum camano. 


O nacionalismo existe sob diversas formas, e como neste caso da imagem de cima, tem a sua razão de ser quando não há uma...nação. Sim, pode-se dizer que é uma ambição legítima de alguns povos alcançar a auto-determinação, e mesmo nesse caso há pano para mangas, e é preciso não esquecer que a via democrática e o diálogo são as únicas armas que deviam ser permitidas. E faz favor de não confundir "patriotismo", que ainda assim se deve tomar em doses pequenas e aviado mediante receita médica, com "nacionalismo", que no nosso caso, é apenas "parvoíce". Não era isto que Camões queria dizer com a "raça de semi-deuses" que referiu no episódio da Ilha dos Amores. Se fosse para rejeitar "usos e costumes antagónicos" e dessa forma abster-se de ser um cidadão do mundo, mais valia termos ficado em casa há todos aqueles séculos atrás, não acham? Viva Portugal e os portugueses, mas malta, mas lá encarar a coisa de uma perspectiva mais positivista, e não andar aí a apontar o dedo a quem pensamos que anda a estrangular a Nação. "Naçejam" tão casmurros, ich gut?


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