segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Impuros, polutos, imundos, enfim, javardos


Na "onda" da  Islamofobia, nesse mar poluído de preconceito e língua-de-trapos (afinal o "tuga" deixado é solta é terrível), vi algures na rede social Facebook esta espécie de "monumento" ao glutão e beberrão lusitano, que se revela em casamentos, baptizados e aniversários, ou nos Santos Populares , e a que normalmente se atribui o título de "figurão" do evento. Claro que alguma coisa deste tipo, que dói só de olhar, só podia estar inserido no grande contexto da febre anti-moura que assolou Portugal, à "boleia" do receio de um tipo de terrorismo que em Portugal nunca aconteceu - mas ui, como tantos desejam que aconteça, e não são islâmicos, garanto. Triste, muito triste, quando para fazer uma civilização parecer inferior à vossa, usam como únicos argumentos "comer porco e beber cerveja". Pior fica quando se alega que os outros não o fazem porque "o livro diabólico deles não permite", ao mesmo tempo que o vosso  "livro santinho e angelical" proíbe MUITO MAIS, mas vocês estão-se nas tintas, que se lixe. Não vai é mais cerveja para essa mesa. 


Eu pessoalmente penso que discutir o que se deve ou não comer sem ser do menu é uma parvoíce, mas pronto, vocês querem assim, olha que engraçado. Acham que é "divertido" dar ênfase a um tabu alimentar que foi usado e abusado durante séculos, e que serviu mesmo para perseguir, prender, torturar e matar - procurem saber a origem da alheira, o enchido, e saberão do que estou a falar - para enfrentar uma civilização inteira que de um dia para o outro passou a ser o vizinho de que pouco ou nada sabiam, para o portador da mais mortífera das pestes. Ora bem, como se pode ver ali em cima, existem na Bíblia inúmeras passagens que proíbem (duh!) o consumo de carne de porco, o seu manuseamento, e numa interpretação mais extensiva, que se mencione sequer o simpático quadrúpede, que vá-se lá saber porquê, aprecia rebolar nas  próprias fezes. Claro que isto vale o que vale, e é preciso ser tontinho para dotar estes ditames da carqueja de alguma obrigatoriedade, e lá diz o povo e com razão, "cada um come daquilo que gosta". Pegar nisto como arma de arremesso é não só uma infantilidade parva, como ainda há o enorme risco de se estar a ser hipócrita, ou pior ainda, abrir as portas para....tcha tcha tcha...INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA! Uahahahah...!!!


E aqui está, uma "thread" de comentários a uma entrada do Hugo Gaspar, vulgo "Firehead", islamófobo identificado no artigo anterior (e para este assunto "islamófobo" é equiparado a "catedrático"), sobre um certo vídeo que teria contornos hilariantes, não fosse pela causa maléfica que se serve (falo disso depois). A conversa mudou para a tal "embirração" da Cristandade com a tal "imposição" de uma dieta, neste caso "halal". Outra patranha, uma vez que em qualquer onde existe uma significativa comunidade cristã ou budista (chineses, sobretudo) há comércio de carne de porco como noutro sítio qualquer - talvez um pouco menos, por razões óbvias. No entanto o Hugo é também ele partidário dessa mirabolante teoria que defende que uma vez que os islâmicos entrem em Portugal, escravizam os pobrezinhos dos portugueses. Acho que ainda ninguém reparou na falácia desse argumento, pois não? É que não fica lá muito bem, não é por nada. Mas adiante. A conversa ia no "receio de não comer porco", e é aí que entra a grande pergunta:


E lá está, mais uma vez, aquele desejo pelo caos. Se eu não estivesse em contacto com pessoas na Europa, e falado com pessoas que vieram agora da Europa, e teria sérias reservas quanto a isto, tal é a força com que se reiteram estes delírios. Mas pronto, e mais uma vez entra em acção o "truque" do Novo Testamento, como se o Antigo Testamento não fizesse parte integral da Bíblia. Aliás, nem de outra forma se fazia a festa, pois sem o Deus que cospe fogo e lava, oblitera populações inteiras, acaba e recomeça a humanidade (o dilúvio, pois...), e engendra os castigos mais sádicos, mesmo para quem Lhe é devoto, esta religião não conseguia meter medo a ninguém. Mas pronto, o Hugo prefere o Novo Testamento, que apesar de incluir o martírio do Salvador (bem como a sua vinda, "but so what", se depois lhe limparam o sarampo?) e o  Apocalipse, que explicado à malta mais nova seria "assim tipo, o fim do mundo, 'tás a ver? mas o fim-fim, mesmo o fim, a valer", aparentemente torna mais "light" o Deus ameaçador da primeira versão. Ah, é verdade, e também dá uma "licence to pork", diz o Hugo Gaspar, e desafia-me e rever o Evangelho, o Hugo Gaspar, que me diz "ficar mal" não saber isto, o Hugo Gaspar. Ora essa, queres ver que o Hugo Gaspar aditou à Bíblia uma revogação do Deuteronómio que faz com que "Os Três Porquinhos" pareça menos um conto infantil, e mais um porno de "hardcore - 1º escalão". E é claro que o Hugo Gaspar viu mal. Segundo o  próprio, Hugo Gaspar vive num outro mundo. Vamos ver então o que diz o livro de Marcos, 7,19:


Ó, ó, ó...querem lá ver isto? Hugo Gaspar, mas que maldade, rapaz. Nesta passagem da escrituras sagradas, conhecida nos meios "underground" do estudo bíblico por "a parábola do cocó", não é mais do  que isso mesmo, e nem se faz referência em particular ao porco. Ai não precisa, pois por "todos os alimentos" sub-entende-se o porco? Ora, ora, então isto é para interpretar, ou para atribuir a Jesus frases da autoria do Hugo Gaspar? Mau, mau. Antes de lhe demonstrar (mais uma vez) a ruína de Pompeia que representam os seus argumentos, confirmemos a teoria do "cocó", em Mateus, 15,17:


Aí está, também o livro de Mateus corrobora essa teoria e acrescenta mais dos ensinamentos de Cristo: " A m... sai por baixo, e não por cima, por isso deixem de dizer tanta m...". É pena não se poder mesmo "falar com Jesus", ou com outro elemento da Santíssima Trindade que estivesse a dar consultas a esta hora, e queixava-me de vocês, seus...seus....


...imundos! Impuros! Abomináveis...homens das neves! Pois é, julgo ser necessário distorcer "interpretar" outra passagem do Novo Testamento para depois andar aí a fazer figuras tristes, orgulhando-se de que "comem porco". A não ser que por "todos os alimentos", sejam mesmo TODOS, que no Antigo Testamento vêm minuciosamente detalhados (mais valia dizer apenas os que são permitidos), e que incluem aqueles animais pouco convencionais, do tipo...


Exacto. O Hugo já imaginou o que seria se eu fizesse uma "sacanice" das grandes, e começasse a espalhar este "cartaz" por aqueles fóruns dos "Direitos dos Animais" e quejandos, junto com a sua citação do Evangelho, assim DESONESTAMENTE associando-o a este Bóbi cozinhado? Ah pois, isso é que ia ser um "ver se te avias", e penso que será escusado recordar que esses maluquinhos não querem saber de explicações ou mais porra nenhuma até o verem pendurado na ponta de uma corda. Mas até que existiriam vantagens em assumir o topo da pirâmide alimentar, por exemplo:


Comer ratos, ou neste caso "ratas", e sempre se ajudava a racionalizar as fantasias pré-adolescentes com a Minnie Mouse - óptimo gosto, aliás. Eu sei, que para vocês é esquisito, e tal, mas isso é só porque agora estão numa de bombistas badalhocos e barbudos, múmias de burqa, etc. Isso um dia passa. Ou não. Olha para aquela maravilha, yum, yum. E 100% rata, também.


E ainda há um "brinde" para os adeptos do Sporting, que depois de Jesus (Cristo, e não Jorge, se bem que este também se encaixa neste contexto) ter "arrasado" o capítulo 14 do livro de Deuteronómios, podem comer águia à vontade! Yupi! E assim isto deixava de ser uma mera metáfora futebolística, ora pois! 



Portanto em suma, isto de "atirar com o porco" aos islâmicos é mais uma palermice inventada por gente retardada e semi-analfabeta, onde não se inclui, é claro, o grande Hugo Gaspar, cujo único problema não é "viver noutro mundo", mas apenas circular por este com os faróis no mínimo e os piscas avariados. E já que ele está "com medo que não lhe deixem comer porco" (a sério, LOL), aqui fica a Sura 16 do Alcorão para que no 116º versículo contém um recado de Alá, ou o vosso Deus comum, onde Ele avisa: "não falem tanta m..., c...!". Pronto, agora não há necessidade de fazer figura de imbecil quando faltam ainda dois meses para o Carnaval: ninguém é obrigado a comer ou deixar de comer seja o que for APENAS PORQUE ESTÁ ESCRITO NUM LIVRO! Ora se há países onde a malta anda a toque de chicote por comer porco ou piscar o olho à vizinha, não é certamente porque o livro "malvado" deles o quer. Eles só estão a seguir as leis do VOSSO Deus, leis essas que vocês insistem em ignorar, mas que atiram na cara dos que a cumprem com o pretexto de...epá agora não consigo acabar esta frase. O que é que vos dói mesmo, digam lá? 


Ah, mas e quanto ao fim da nossa conversa, como foi? Digamos que recorrendo igualmente a uma metáfora, o Hugo estava pela cintura a afundar-se na areia movediça da incoerência e do disparate, e resolveu enfiar os braços lá dentro para retirar os pés. Pois é, realmente os livros sagrados são uma coisa simbólica cumó caraças, e não devemos interpretar o que está lá escrito literalmente, até por causa dos anacronismos que iríamos encontrar numa era onde as telenovelas, o futebol, os concursos televisivos e os "reality shows" ainda não tinham sido inventados, e as populações entretinham-se a invadir, pilhar, destruir, anexar, matar, violar, e agora pensando melhor, até havia mais convívio e de longe muito mais actividades ao ar livre do que há hoje. Mas quem nos diz isso mesmo é o próprio Hugo Gaspar, que usa o hino nacional como exemplo: "não estamos a declarar guerra quando o cantamos". Oh oh, eu nunca pensei nisto, oh oh. É que quando oiço aquela parte do "Pela Pátria lutar/Contra os canhões marchar, marchar", fico logo todo cheio de vontade de entrar por Olivença adentro e reaver aquela m..., pá, espanhóis de um cabrão. Ainda bem que tenho  o Hugo Gaspar para me "explicar" as coisas, e ainda fico mais descansado porque sei que...


...o Hugo Gaspar não estava a falar a sério quando diz que o Alcorão vem lá com "não sei o quê", e que seja o que fora vem na Bíblia também, com ou menos areia, mais ou menos camelos, tudo restos de um passado cuja mentalidade troglodita se foi lamentavelmente perpetuando, na forma das religiões monoteístas que prestam culto ao fantasma que Abraão viu (se viu) há muito, mas mesmo muito tempo, seja ele chamado de Yeovah, Deus ou Alá: é a mesma...uh..."entra pela boca e desce para o estômago, e mais tarde é lançado no esgoto". Ao contrário da argumentação do pobre Hugo, eu tenho duas pernas para andar, e após mais "tratado da razão", segundo ele, mas que para mim insere-se no "conjunto de coisas facilmente perceptíveis a quem está dotado dos cinco sentidos e num estado mentalmente são e sóbrio", fui! Até à próxima, pecadores. Seus...imundos!


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