quinta-feira, 26 de março de 2015

Gunter Lubitz, Andreas


Este é Andreas Gunter Libitz, o homem de quem toda a gente fala. Perdão, este ERA Andreas Gunter Lubitz, e ainda É o homem do momento, por razões que ninguém de ser, ou de ter sido o homem ou a mulher de todos falam, num sentimento misto de ódio, terror e medo. E no fim a estupefacção é o que se sobrepõe sobre todo o resto: porquê? Andreas tinha 28 anos, era alemão, era saudável, era piloto do voo da companhia de baixo custo que se despenhou anteontem nos Alpes franceses provocando a morte a 150 passageiros. Andreas sempre quis ser piloto, desde pequenino, e perseguiu o seu sonho até conseguir que a Germanwings o empregasse há um ano e meio como co-piloto - era tudo uma questão de tempo para que o lugar que sempre sonhara fosse seu. O que tempo fez e o que o tempo trouxe não foi o sonho de Andreas, mas o pesadelo a centena e meia de pessoas inocentes que não o conheciam e não faziam ideia de quais eram as ambições deste jovem, que na terça-feira se trancou na cabine de pilotagem durante um voo entre Barcelona e Dusseldorf, e começou a fazê-lo perder altiutude abruptamente, sabendo agora que seria com a intenção de se despenhar. Ignorando os apelos do restante pessoal de bordo e indiferente ao desespero dos passageiros, Andreas Gunter Lubitz atirou aquele aparelho para cima de uma montanha dos Alpes, a dois mil metros de altitude, usando para tal o comando manual. Depois nada.

Esta é a teoria apresentada pelo procurador do tribunal da Marselha, Brice Robin, após analisar as provas, que incluem registos de audio dos últimos momentos antes do impacto do avião da Germanwings, gravados na caixa negra do aparelho, entretanto recuperada no meio dos destroços. "Caixa negra", nunca o nome lhe ficou tão bem atribuído. Daquilo que nos é dado a saber, alguém enlouqueceu para que tudo isto foste possível: ou Andreas Gunter Lubitz, que num momento inexplicável de desespero quis pôr termo à própria vida sacrificando com esta a de muitos inocentes, ou o procurador Brice Robin, que teve a imaginação de produzir um enredo tão sórdido que nem os maiores autores de ficção do incrível e do fantástico conseguiram imaginar até hoje. Andreas Gunter Lubitz permaneceu imóvel, demonstrando indiferença e um comportamento inalterado desde o início da descida que seria fatal até ao impacto, e depois nada - isto foi possível deduzir pela suaa respiração, que se manteve a mesma do início até ao fim da sua missão. Nem os "kamikaze" japoneses, que em nome de um sentimento nacionalista estúpido, mas contudo passível à luz de um padrão cultural inserido num contexto bélico, conseguiram ser tão frios no momento em que despenhavam os seus "Zero" em território inimigo, dando a vida e levando consigo outras vidas. Nem os próprios terroristas do 11 de Setembro, que cedo deixaram os passageiros e pessoal de bordo saber ao que vinham, perdurando a angústia de todos, incluindo a deles próprios. Andreas Gunter Lubitz não gritou "Banzai!" ou "Allah Akbar". Não gritou, não falou, não deu sequer uma gargalhada sinistra para nos deixar saber que sim, estava louco, e isto é o que faz um louco: nunca dê pistas, e carece de qualquer motivação ou explicação que o justifique. Posto isto, tem que existir uma explicação, aquela que ele não nos deixou. Sim, a culpa não pode morrer solteira, mesmo que não esteja ninguém entre os vivos para atribuir esse ónus. Se não há, arranja-se. Motivo? Inventa-se um. Qual é o sabor do mês?

É o mesmo de todos os meses, claro. No primeiro parágrafo falei daquilo que Andreas Gunter Lubitz ERA, e do que eu a maior parte da opinião pública, que só não num ermo isolado sem qualquer contacto com a civilização poderá não saber pelo menos o essencial desta tragédia, tal é a forma como a imprensa a tem dissecado. Não é para admirar, pois trata-se de um hipotético perigo novo, como se fossem poucos aqueles que já temos. Pode ser que não seja novo, mas um que já conhecíamos, e que apresenta agora numa nova forma, mas com a mesma matriz de outros perigos nossos conhecidos, e o mesmo carácter assassino e imprevisível, que aproveita um momento de vulnerabilidade como é estar suspenso no ar para poder largar o seu veneno assassino. Sim, tem que ter uma explicação, e tem que ser essa. O que Andreas Gunter Lubitz ERA não nos dá qualquer pista de que podia cometer uma loucura destas. Perante estes dados que apontam para a teoria do suicídio-homicídio dei comigo a pensar que seria um duro golpe para o célebre "rigor alemão" deixar um louco certificado - ou sequer suspeito - nos comandos de um aparelho onde se transporta centena e meia de civis inocentes. E de facto isto apanhou de surpresa toda a gente que conhecia Andras Gunter Lubitz, e garante que ele era "normal", "educado", "sociável", e outros tantos adjectivos que qualquer um de nós sentiria orgulho em ouvir da boca de alguém. Mal se colocou a possibilidade de ter sido um acto voluntário de apenas um indivíduo, os especialistas desse ramo fizeram logo os "primeiros socorros" do anti-terrorismo, passando a "ficha" do suspeito pela peneira das secretas, e nada. Não tinha quaisquer antecedentes criminais ou ligações a grupos extremistas. Gente que diz bem de um potencial homicida em massa e uma ficha limpa não ajudam a explicar nada. Vamos lá cavar mais fundo, e descobrir nem que seja um pontapé com maldade dado num dos ovários maternos ainda durante o período intra-uterino da sua vida.

E aí está: chegou a ter o treino de formação piloto suspenso por motivos de "depressão"...em 2009, há seis anos. Entretanto formou-se, e tinha já 630 horas de voo, cada uma delas revelando um comportamento acima de qualquer suspeita, como o de quem é pisado no pé com o salto de uma hospedeira desastrada que ainda lhe entorna café a ferver em cima do uniforme e pede desculpa por se intrometer na trapalhada alheia, tão indiscreto que ele foi. Mas lá está: depressão. Em 2009. Quem sabe para quando está programada essa bomba-relógio, e quando? A depressão justifica tanto uma panóplia de obscenidades que se grita a uma velhinha no solo, como atirar um avião cheio de gente inocente contra uma cadeia rochosa quando se está no ar. Calhou estar no ar, azar. E qual era a religião de Andreas Gunter Lubitz? Não que ele tivesse alguma vez demonstrado sinais de fanatismo, ou expressado pontos de vista pouco ortodoxos a respeito do que quer que seja, mas já se sabe: todas as religiões com excepção da nossa são demoníacas, e "sabe-se lá no que aquilo vai dar". Se o problema é esse, então toca a tirar do saco a religião que mais se enquadra no tipo de comportamento evidenciado por Andreas Gunter Lubitz: o Islão. De repente diz-se que o jovem se tinha convertido ao Islão, e de nada adiante acrescentar que são "só rumores", que em alguns "sites" onde foi procurar notícia fala-se de "duas mesquitas na sua zona de residência". Ainda falam de suspeitas? Isto é mais prova do que uma confissão assinada. Pouco falta para que apareça quem afirme a pés juntos que o viu de rabo espetado para o ar no aeroporto de Barcelona antes da partida. Sabe-se também que "teve uma namorada muçulmana", mas que "se separou". E que tal ligar esta facto ao da depressão? Ficamos com o quadro clínico, a sua causa e a motivação religiosa que baralhou o raciocínio a Andreas Gunter Lubitz, e o fez escolher logo aquele momento para deixar escapar a sua "pancada" de uma vez só.

Penso que não será exagerado começar a vigiar de perto toda a gente alemã, jovem e insuspeita, segui-los, controlar todos os seus movimentos e realizar buscas aos seus domicílios, mesmo sem um mandato judicial que as autorize - afinal é pela segurança de todos. De seguida é necessário colocar de quarentena todo e qualquer indivíduo, sem olhar a origem ou credo, que resida num raio de 100 km de uma mesquita. Não, vamos antes jogar pelo seguro e colocar toda a população da área entre a mesquita de Oslo e a situada mais ao sul de Marrocos - nunca se sabe. Lembram-se daquele tipo que limpou o sebo a uns compatriotas seus lá na Noruega, e que por acaso também se chamava "Anders" (Andreas/Anders. Coincidência?), e de apelido Breivik? Foi pena que o tipo não tenha rebentado com os miolos logo de seguida, pois estando ainda entre os vivos torna-se mais difícil associar uma mesquita duas cidades depois da sua com o acto hediondo que cometeu há 4 anos. Soube-se recentemente, numa notícia que passou despercebida (claro, não morreu ninguém, por enquanto...) que Breivik tem-se dedicado a "espalhar a sua mensagem de ódio a partir da prisão", e que dedica "setenta horas por semana" a essa empreitada. Mensagem do ódio? Radical e islâmica? Não? Então não faz mal. Vamos entretanto concentrar-nos neste novo espécime, e investigar mais, recolhendo testemunhos de quem em tempos afirmava que Andreas Gunter Lubitz era "normal", mas que após esta tragédia foi acometido de um momento de claridade, e recorda-se daquela vez que entupiu o ralo do bidé lá de casa com plasticina, evidenciando assim um comportamento próprio de um psicopata. É preciso encontrar a causa e eliminá-la, para que não se repitam casos como este, que provocam a morte de inocentes. Nem que para isso seja preciso matar inocentes. Faz todo o sentido, claro.

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