terça-feira, 15 de julho de 2014
Rui Risinho
Rui Reininho, vocalista dos GNR, banda do Porto que é a par dos Xutos & Pontapés um dos "monstros sagrados" do "rock" português, protagonizou no Domingo uma polémica no programa da RTP "The Voice", mais um daqueles enlatados importados em forma de "show" de talentos. Rui Reininho, que é um dos "mentores", que é o que se chama ao juíz que dá a nota aos concorrentes, apareceu na gala do programa visivelmente alterado, e especula-se que estaria sobre a influência de substâncias dissociativas. Durante o tempo que lá esteve, foi inconveniente, vulgar, boçal, e escolheu como vítima da sua bezana um dos outros "mentores": a cantora Mariza Liz, dos Amor Electro, que no vídeo que vemos em cima dá a entender que não está nada a vontade com as "bocas" do seu colega. A apresentadora Catarina Furtado (a apresentar um concurso de talentos??? não posso...) tentou manter a situação sobre controle, mas depois de não ter dado a palavra a Reininho, este levanta-se e sai, e antes ainda é possível ouvi-lo dizer: "não estou aqui a fazer nada, vou-me embora".
Para entender melhor esta notícia, uma vez que não vivo em Portugal e nunca assisti ao programa, andei a ler comentários pelos jornais "online" e pelas redes sociais, para saber o que sente o meu povo, o que lhe vai na alma. Curiosamente uma grande parte deles ilibam Rui Reininho, dizem mal do programa, e chegam ao ponto de dizer que o cantor "estava deslocado do seu ambiente", ou que "era bom demais para estar ali". Se é mesmo assim, não se entende como se dispôs a fazer parte do painel do jurados, onde até parece que se divertia com isso. Há comentários que desvalorizam a forma pouco cavalheiresca como o cantor se dirige à sua colega Mariza Liz, dizendo que Reininho é "um dos maiores músicos portugueses de sempre", e ela "uma betinha da Charneca da Caparica, que saíu dos Onda Choc". Se a comparação fosse em termos de talento musical, eu até concordava, mas neste caso particular Rui Reininho não tem o direito tratar ninguém deste jeito.
Entre os espectadores que assistiram ao programa, há os que rapidamente se aperceberam que Reininho andou a enfiar a cara no pacote da farinha boliviana, mas outros dizem que o seu comportamento é "normal, típico de um artista com a sua dose de excentricidade". Já vi Rui Reininho noutros programas de televisão, e não tem nada a ver com o indivíduo que vemos neste "pot-pourri" de asneira no vídeo acima. Reininho é uma pessoa inteligente, com um elevado nível cultural, dotado de um sentido de humor "very british", e sabe usar a ironia e o trocadilho com graça. Aqui vê-se uma caricatura sua: nitidamente transtornado, mal se consegue sentar, com um discurso arrastado sem pés na cabeça, incapaz de concluír um raciocínio ou dizer qualquer coisa com pés e cabeça. Conheço algumas pessoas que já privaram com ele, e consideram-no um pouco pedante, mas parvo é que ele não é. Aqui foi, e fiquei com pena.
Fiquei com pena sobretudo como grande fã que sou dele e o dos GNR, praticamente desde o início, e se chegou onde chegou, é porque tem talento, e revelou sempre ser um artista muito à frente do seu tempo. Entende-se que no seu meio muitos ainda se rejam pela trindade do "sexo, drogas e rock'n'roll", mas há uma altura para tudo, e não convém aparecer em programas de televisão de grande audiência após a devoção à segunda daquelas trindades. Além disso o Rui já caminha para os sessenta anos, não é nenhum rapazinha nem tem a "pedalada" dos Rolling Stones, e se calhar devia cuidar melhor da saudinha. Eu sei que os "pós modernos", que são "nada complicados", por vezes "sentimo-nos realizados", mas tudo com peso, conta e medida. Tenha mais cuidado da próxima vez, homem. Um abraço para si, e juizinho, ah?
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