domingo, 27 de julho de 2014
Desdém, quem não tem?
Depois de Maria Vieira, foi a vez de Paula Bobone emitir a opinião que ninguém pediu sobre Dolores Aveiro, a mãe de Cristiano Ronaldo, que na semana passada deu uma entrevista na RTP onde falou da sua vida e do seu livro, "Mãe Coragem". Paula Bobone, que certamente quase toda a gente do "mundo português" conhece ou pelo menos ouviu falar, é uma ave rara que se diz uma autoridade em etiqueta, um eufemismo para designar o seu descaramento de "tia" afectada e complexada, para quem a aparência é tudo. Este vendaval do disparate passou por Macau em Dezembro último, onde deu uma palestra dedicada ao disparate no clube C&C, e uma entrevista com queda para o cómico-trágico na Rádio Macau, que comentei neste artigo. Agora a delirante senhora veio dizer no programa "Você na TV" da última sexta-feira que Dolores Aveiro "fez um excelente trabalho de recauchutagem" (?), melhorando muito a sua imagem, mas que "precisa de aulas de terapia da fala" para que se torne numa verdadeira "lady". Agora permitam que me ausente por um instante para ir vomitar.
Pronto, já está. A irmão mais velha de Cristiano Ronaldo, Kátia Aveiro, respondeu chamando Paula Bobone de "horrorosa" (a aparência ainda é o que menos assusta), e dizendo que a sua mãe "pode não ter formação académica, saber línguas ou falar um português perfeito, mas deu lições de vida a muita gente". Depois passou ao ataque, e entre ou um outro bitaite mais ligeiro, acabou por dizer a Paula Bobone para "pegar na sua opinião e enfiá-la no cu". Eu nem sei por onde começar a analisar o ridículo de tudo isto, que já se começa a tornar numa saloiice pegada. A mãe de Cristiano Ronaldo nunca pediu qualquer tipo de protagonismo, e ninguém me convence que a publicação do livro onde conta a história da sua vida foi ideia sua, pessoa humilde que é. Não estamos aqui a falar da mãe do Macaulay Kulkin ou do pequeno Saul, que estoirou com o marido a fortuna do filho menor em luxos e futilidades, e de regresso à normalidade só ficaram dívidas e arrependimento. Além disso nomeou (se nomeou...) uma procuradora terrível para responder a este tipo de provocações parvas: Kátia Aveiro nem consegue dar uma resposta que lhe faça sair por cima, com dignidade, e reage ao insulto dissimulado com o insulto declarado, só lhe faltando ameaçar com porrada.
Não sei se a mãe do jogador português do Real Madrid, o mais bem pago do mundo, está a ser alvo deste tipo de remoques vindos de gente que apesar do estatuto de (mais ou menos) figura pública, conseguem mais baixa e rústica que ela - não que eu a esteja a chamar de rústica, mas em comparação, quer Maria Vieira quer Paula Bobone ficam muitos furos abaixo dela. Até sinto um pouco de revolta ao pensar o que deve sentir a sra. Maria Dolores, pouco habituada a este tipo de filha-da-putice a que se sujeitam os colunáveis, quando vê o seu nome achincalhado deste jeito. Desconfio que há aqui outra intenção em tudo isto: ou estas duas estão com inveja de quem conseguiu protagonismo sem precisar de fazer o mesmo percurso sinuoso de anos e anos, ou querem pedir-lhe dinheiro emprestado. Já diz o povo e com razão, "quem desdenha quer comprar".
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