terça-feira, 17 de junho de 2014
Tribunal do mundial
Muito bem, meus amigos. Agora que estão digeridos os quatro "bretzels" de ontem à noite - ou à tarde em Portugal, início da tarde em Salvador da Bahia, manhã no Tonga e acho que no Pólo Norte houve uma Aurora Boreal e tudo, que se lixe, foi àquela que Portugal mamou quatro "secos" da Alemanha - é altura de apurar responsabilidades. O Cristianismo ensina-nos a "não julgar para não ser julgado", mas como não sou cristão, vamos a isto. E já agora a propósito, onde é que estava o vosso Deus ontem, ó crentes portugueses? Aqueles que este ano foram a Fátima acender uma velinha pela selecção portuguesa (e só podem ser mesmo fanáticos, coitados) devem estar a sentir-se uns perfeitos idiotas. Mas chega de conversa fiada. Que se levantem os réus.
PAULO BENTO
Vamos então começar pelo selecionador nacional, responsável máximo pelo escalonamento da equipa e pelas tácticas a utilizar, que como foi fácil de perceber, não resultaram. Permitam-me fazer aqui de advogado do Diabo. Não, melhor ainda: advogado do Paulo Bento. Não foi o nosso "senhor tranquilidade" que andou ali na Arena Fonte Nova de Salvador da Bahia à chapada dentro de campo, a "caçar" o árbitro ou a atirar-se para o chão. E a propósito, não foram aquelas "vedetas" todas que disseram que estavam "a cem por cento", que "se sentiam motivados", e iam "deixar a pele em campo"? Se há algo que se pode apontar ao Paulo Bento é aquela persistência no João Pereira, que pode até ser bom rapaz, e dá uns toques e tal, contra o Granada, o Getafe e isso, para a Alemanha sinceramente não serve. Mas o que podia o Paulo Bento fazer? Ou escolhia entre outra das muitos poucas e limitadas opções (Cédric Soares, Miguel Lopes, André Almeida) ou inventava, adaptando para a posição o Ricardo Costa, ou até o Varela. Fazer o quê? O Miguel já não joga mais, então o que sugerem? Desenterrar a carcaça do Cavém? Não o culpo por não poder fazer mais com aquilo que tem, mas não precisava era de atribuír responsabilidades ao árbitro. Ficou-lhe mal.
Veredicto: Inocente (até ver)
RUI PATRÍCIO
Ao contrário do que algumas vozes mais críticas alegaram ontem, Rui Patrício não é culpado da displicência colectiva da equipa. Pode ser que tenha ficado um pouco feio não ter feito uma única defesa digna desse nome, mas os alemães atiraram à baliza "a matar". Reparem no quarto golo, por exemplo: três recargas! Meus amigos, o Rui Patrício não é um matraquilho. Contudo nunca entendi muito bem porque é que só se considera o guarda-redes do Sporting e o Eduardo para a titularidade, enquanto temos o Beto, que "só" venceu a Liga Europa esta época, e até defendeu duas grandes penalidades na final, no desempate com o Benfica. E a propósito, o primeiro golo da Alemanha foi como? Caso encerrado.
Veredicto: Culpado de não ser o Beto
JOÃO PEREIRA
O João Pereira, que como lateral-direito é no limite sofrível, é capaz de ser óptima pessoa, mas pronto, de boas intenções está o Inferno cheio. Este não é o primeiro, nem o segundo, nem o trigésimo-sexto jogo em que os adeptos da selecção ficam a tremer que nem gelatina cada vez que há um lance no lado esquerdo do ataque adversário - exacto: ontem foi a 37ª internacionalização de João Pereira, e os alemães chamaram-lhe um figo. Não, esperem, o Figo era bom. Chamaram-lhe uma banana, ficamos assim. Sei, sei, as opções não são muitas para aquela posição, mas o Paulo Bento bem podia pensar numa outra opção qualquer, nem que passasse pela adaptação de outro jogador. Por exemplo, o Varela é destro, e não consegue impôr-se como titular do meio-campo para a frente. Ou outra coisa sei lá...olha o roupeiro não sabe dar uns toques na bola? E o cozinheiro?
Veredicto: Culpado de negligência nas funções que lhe são confiadas, nomeadamente a segurança do lado direito da defesa, colocando em risco o colectivo.
PEPE
Aqui temos o nosso Ao Man Long. Pepe, que apesar de ser brasileiro, acredito plenamente ser um rapaz que sua a camisola da selecção como se tivesse nascido em Ponte da Barca e crescido a comer bacalhau com broa. Só que ontem escolheu um mau dia para ser acometido de insanidade temporária, e com a equipa a perder por 2-0 perto do intervalo, não é lá muito aconselhável agredir um adversário e passar a jogar com 10. Eu não sou futebolista profissional nem treinador de futebol, e mesmo que não entendesse nada do assunto, sabia que jogar com 10 contra 11 é pior do que jogar em igualdade numérica. Pode ser que o Thomas Müller, o rapaz a quem o Pepe ia partindo a boca, tivesse mandado uns piropos, e isso, mas o nosso central, que até é considerado um dos melhores do mundo, podia guardar o pedido de satisfações para outro momento. Quando estivessemos a ganhar por 5-0 e perto do fim do encontro, talvez?
Veredicto: Culpado de "selecçãocídio" em segundo grau.
FÁBIO COENTRÃO
Já ouviram falar do "perfeito anormal"? Ora aqui está ele, ou pelo menos a sua personificação. Vou ser sincero convosco: nunca gostei muito deste gajo. Sim, sei que é rápido, ou que num dia bom é capaz de tomar conta do flanco esquerdo inteiro, garantido consistência defensiva ao mesmo tempo que conduz jogadas de ataque por aquele corredor, e tudo mais, só que não me parece ser recomendável como pessoa, não tem a maturidade suficiente que o levem ao estatuto de imprescindível, e ontem não foi um dos tais "dias bons". Andou completamente perdido no campo o tempo todo, apareceu na frente de Nani atrapalhando uma acção ofensiva que podia ter resultado em golo, e o lance em que sai lesionado é completamente patético - parecia que lhe estava a dar uma trombose, ou que tinha sido atacado pelo Homem Invisível. Além do mais é um bronco, que quando tudo corre bem faz o que lhe compete, e no fim divide os louros, mas a coisa dá para o torto, refila, barafusta, choraminga, em suma, parece uma gaja na menopausa. Mais um produto da falta de alternativas para um lugar-chave na equipa nacional, fruto de anos de desinvestimento nos valores do futebol de formação por parte dos três grandes clubes portugueses, que realisticamente são os únicos com possibilidades de vender jogadores para os grandes clubes do resto da Europa, ou chegar à selecção.
Veredicto: Culpado de azelhice e simulação de boa forma física e anímica.
RAÚL MEIRELES
Este para mim é um dos cabecilhas daquela organização de malfeitores que manchou o bom nome (bem, bom às vezes...) da selecção das quinas. Eu era fã do Raúl quando ele jogava no Porto, já gostava dele dos tempos do Boavista, e parece que durante as suas passagens pelo Liverpool e Chelsea deixou uma boa impressão. Em 2012 foi para a Turquia jogar no Fenerbahçe, clube da capital daquele país, e deixou de ter visibilidade, pois ninguém vê os jogos do campeonato turco (a não ser os próprios turcos, claro), e não vejo outra razão para que ele lá esteja a não ser o salário que lhe pagam. Entretanto parece que desistiu ser um bom centro-campista, ou "meia volante", como lhe chamam os brasileiros, e decidiu enveredar pela carreira de palhaço, ou líder de alguma seita religiosa obscura, ou ainda "poster boy" de uma moda que ninguém segue - a não ser que exista alguma revista chamada "Mendigo Moderno". Desconfio mesmo que no Brasil, onde a criminalidade é um problema sério, é mais provável Raúl Meireles receber esmola do que ser assaltado. Aquele visual a fazer lembrar o António Variações tem que se lhe diga (já agora veja aqui este artigo de Setembro de 2013 onde faço essa comparação; isso não faz de mim pioneiro de coisa nenhuma, nem génio ou artista, mas o seu a seu dono). O António Variações era conhecido por ser 1) cabeleireiro, 2) cantor, 3) rabeta, 4) primeira vítima oficial de SIDA em Portugal. As duas primeiras abonam a seu favor, a terceira depende dos gostos, mas a quarta é lamentável (e foi pena), mas uma coisa pela qual o António Variações não era conhecido era pelos seus dotes futebolísticos. Outros jogadores que participaram em mundiais eram facilmente reconhecíveis pelo seu aspecto "exótico", e assim de repente lembro-me do colombiano Carlos Valderrama ou do sueco Henrik Larsson, mas estes também eram conhecidos pelos dotes futebolísticos.
Veredicto: Culpado de ser o bobo de uma corte onde ninguém tem razões para rir, e pantomimice agravada.
CRISTIANO RONALDO
Engraçado, que hoje TDM "enganou-se" e mostrou o Telejornal de há dois dias, onde paradoxalmente se via "o grande ambiente" que se vivia no grupo, e este rapaz respirava confiança por todos os poros - ontem chorou. Um paradoxo, triste, mas não se pode acusar o C. Ronaldo de não ter tentado remar contra a maré. Não esteve ao seu melhor, longe disso, mas destoou da apatia generalizada. Como poderia liderar ele um exército de dorminhocos? Pode ser o melhor jogador do mundo, mas é só um. Ia borrando a pintura aos 74 minutos quando quase se excedia nos protestos com o árbitro pela grande penalidade que ficou por assinalar. Felizmente conteve-se.
Veredicto: Inocente. Até se pode considerar que foi uma vítima.
HUGO ALMEIDA
Foi substituído aos 28 minutos por lesão, e ao contrário de Fábio Coentrão ainda houve quem lhe tocasse. Mesmo assim não está ao nível que disse que ia estar neste mundial. Paciência.
Veredicto: Inocente. Querem que o culpe de quê? De ser coxo? Ou mentiroso? Coitado...
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