segunda-feira, 23 de junho de 2014

O velho continente perde no novo


Concluída a segunda ronda da fase de grupos do Brasil 2014, uma das conclusões que se pode tirar é de que as coisas não estão lá a correr muito bem para as equipas europeias. Dos treze países da zona UEFA qualificados para o torneio final há já três eliminados, outros tantos em sério risco de fazer as malas esta semana, e ainda mais três que dependendo apenas de si para seguir em frente, têm as contas um tanto ou quanto complicadas, e partidas decisivas pela frente. Dos restantes quatro, apenas Bélgica e Holanda já carimbaram o passaporte para os oitavos, enquanto França e Alemanha estão bem encaminhados, e pouca gente acredita que se dê um cataclismo que os afaste da fase a eliminar da prova. Vamos portanto deitar uma olhadela neste "hospital de guerra" do mundial da América do Sul.



FALECIDOS

ESPANHA - Por esta ninguém esperava, certamente. Bi-campeões europeus e campeões do mundo, orientados pelo mesmo selecionador desde 2008 e praticamente com a mesma equipa base de 2010, os espanhóis fizeram a pior defesa do título mundial de que há memória. Pode até ser que depois de vencerem a Austrália esse recorde negativo continue a pertencer à França de 2002, mas uma eliminação ao fim de apenas dois jogos e uma semana depois do início do torneio é inédito. Entre as razões apontadas para a desilusão fala-se de "cansaço"; aparentemente a "roja" está farta de ganhar, e quer saber como é perder - e em grande estilo.

INGLATERRA - Das selecções já eliminadas após dois jogos, a Inglaterra será aquela que sai com mais dignidade. É verdade que no "grupo da morte" dificilmente qualquer equipa resistiria a duas derrotas consecutivas, e os ingleses apanharam logo pela frente a Itália e o Uruguai. Apesar de perderem ambos os desafios por 1-2, deram boa réplica, e assumiram estar em renovação. Roy Hodgson deverá entrar para a história como o treinador que mais depressa foi eliminado de um mundial pelos "three lions" e permanece no cargo.

BÓSNIA-HERZEGOVINA - A única estreante em mundiais desiludiu, mas fica com a desculpa da falta de experiência. Num grupo teoricamente acessível, dá a sensação que podia ter feito muito melhor contra a Argentina no jogo inaugural, e contra a Nigéria os adeptos bósnios devem ter levado as mãos à cabeça, tanta foi a cerimónia. O mais difícil foi mesmo qualificarem-se, e se mais alguma vez repetirem o feito, dificilmente ficarão num grupo tão feito à sua medida.



MORIBUNDOS

GRÉCIA - Da Grécia não se esperava grande coisa, e pouca gente acredita que consiga vencer a Costa do Marfim amanhã e seguir em frente. Na realidade é apenas isso que precisa a equipa de Fernando Santos, pois dificilmente o Japão vencerá a Colômbia e termina à frente dos helénicos na diferença de golos, mas pelo que mostraram até agora - ou não mostraram, pois nem um golo marcaram ainda - os gregos não merecem estar nos oitavos-de-final.

PORTUGAL - Destes "moribundos" a selecção portuguesa é a que se encontra em estado mais crítico. Depois de uma prestação vergonhosa contra a Alemanha na primeira ronda e um empate arrancado a ferros nos últimos segundos contra os Estados Unidos, Portugal tem a permanência no mundial do Brasil presa por uma linha muito ténue, e depende de uma conjugação de resultados muito improvável. Mesmo quem acredita que alemães e norte-americanos não empatam e passam os dois, tem sérias dúvidas sobre a capacidade da equipa de Paulo Bento para bater a selecção do Gana.

RÚSSIA - Dos três pacientes em estado crítico, os russos são aqueles cujo quadro clínico é mais favorável, e basicamente basta-lhes vencer a Argélia para seguir em frente. Mas se em teoria isto parece viável, na prática as coisas não são bem assim. Os argelinos têm praticado um futebol vistoso, e já levam cinco golos em dois jogos, enquanto os russos têm mostrado muito pouco para uma equipa com ambições a chegar longe no mundial do Brasil, com vista à sua própria organização em 2018. Se a Rússia quiser fazer um bom mundial em casa, terá que encontrar duas ou três referências, pois a sua equipa pode valer pelo colectivo, mas isso não tem sido suficiente.



AFLITOS

CROÁCIA - A Croácia joga esta noite o tudo ou nada contra o México, e está obrigada a ganhar. Depois de uma derrota frente ao Brasil no jogo de abertura, um resultado considerado "normal", os croatas golearam a frágil selecção dos Camarões, mas não contavam com o empate entre mexicanos e brasileiros, que os deixa sem margem de erro para esta noite. A equipa de Nico Koavac depende apenas de si mesma, mas tem pela frente uma selecção mexicana que não falha o apuramento para a segunda fase desde 1994, e neste torneio ainda não sofreu qualquer golo.

ITÁLIA - Os italianos alteraram o decente com o medíocre; depois de uma vitória "na marra" frente aos ingleses por 2-1 no primeiro jogo, os "azzurri" foram surpreendidos pela Costa Rica, perdendo pela margem mínima no último Sábado. Agora em igualdade pontual com o Uruguai, a equipa de Cesare Prandelli necessita apenas de um empate para garantir o 2º lugar, mas os sul-americanos contam agora com um Luis Suarez inspirado, e jogar para não ganhar pode sair caro.

SUÍÇA - Os suíços começaram bem, com uma vitória frente ao Equador, que era a única selecção que teoricamente poderia discutir a passagem em conjunto com a França. Só que a derrota por 2-5 contra os gauleses atrapalhou as contas, e os helvéticos precisam agora de fazer um resultado melhor que os equatorianos para seguir em frente. A lógica dá o favoritismo à Suíça, que enfrenta as Honduras, enquanto o Equador defronta a França, mas há quatro anos os suíços também só dependiam de uma vitória contra os hondurenhos e empataram a zero, permitindo o apuramento de Espanha e Chile, na ocasião. Paciente com diagnóstico favorável, mas com risco de recaída.



2 comentários:

  1. Adorei as categorias criadas para incluir os europeus. Super criativo!

    abraços do Pedra

    www.pedradosertao.blogspot.com.br

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  2. Obrigado, querida. E parece que ontem o estado de saúde da Croácia agravou-se, e deu-se o óbito :P

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