terça-feira, 20 de maio de 2014
Os 23 eleitos
O selecionador Paulo Bento anunciou ontem na sede da Federação Portuguesa de Futebol os 23 convocados para o mundial de futebol de 2014, que tem início no Brasil dentro de três semanas. A lista final foi elaborada de uma provisória anunciada na semana passada que continha 30 jogadores, e estes são os que irão representar a selecção das quinas na sua sexta presença em fases finais da maior competição internacional de selecções:
Guarda-redes: Rui Patrício (Sporting), Beto (Sevilha) e Eduardo (Sp. Braga)
Defesas: André Almeida (Benfica), Bruno Alves (Fenerbahce), Fábio Coentrão (Real Madrid), Pepe (Real Madrid), João Pereira (Valência), Neto (Zenit) e Ricardo Costa (Valência)
Médios: João Moutinho (Mónaco), Miguel Veloso (Dínamo Kiev), Raúl Meireles (Fenerbahce), Rúben Amorim (Benfica) e William Carvalho (Sporting)
Avançados: Rafa (Sporting de Braga), Cristiano Ronaldo (Real Madrid), Éder (Sp. Braga), Hélder Postiga (Lázio), Hugo Almeida (Besiktas), Nani (Manchester United), Varela (FC Porto) e Vieirinha (Wolfsburgo)
Foram portanto excluídos sete jogadores: um guarda-redes, dois defesas, e outros tantos médios e avançados. Na baliza a dúvida residia entre Anthony Lopes, guardião do Lyon, e Eduardo, que fez uma época modesta na baliza do Braga, que teve uma temporada decepcionante para os seus objectivos. Eu escolheria o luso-francês, mas atendendo que a titularidade será discutida entre Rui Patrício e Beto, isso são apenas detalhes.
Na defesa ficam de fora Rolando, que apesar de ter conseguido conquistar a titularidade no Inter - o que é sempre de louvar - terá pago a factura pela época menos conseguida dos "neroazzurri", e Antunes, do Málaga, que à partida seria sempre um dos excluídos. Aceitava-se que André Almeida ou até Ricardo Costa pudessem ser preteridos em benefício de um destes, ou mesmo ambos, mas a defesa é o sector onde a discussão é menos acesa.
No meio-campo ficam de fora dos 23 o benfiquista André Gomes e a revelação João Mário, que fez uma excelente época no V. Setúbal, emprestado pelo Sporting. Seria talvez demasiada ousadia Paulo Bento sacrificar Raúl Meireles ou Miguel Veloso por um destes dois, no sentido de injectar sangue novo na selecção, mas não posso deixar de recordar o grande golo de André Gomes frente ao Porto na segunda mão nas meias finais da Taça de Portugal, no Estádio da Luz, e talvez o levasse em vez de Rúben Amorim, que dificilmente se consegue afirmar no onze do Benfica; mas Amorim é um jogador que se adapta ainda a outras posições, portanto pode vir a ser útil. É de salutar a aposta em William Carvalho, sem dúvida uma grande promessa, mas dá a sensação que Tiago (At. Madrid) teria lugar nesta convocatória, não fosse pelo facto de ter renunciado à selecção.
O ataque é sempre o sector onde se gera a maior discussão, talvez por ser aquele onde Portugal tem tradicionalmente menos alternativas. Aqui a maior polémica prende-se com a não convocatória de Ricardo Quaresma, que ao contrário de outras escolhas de Paulo Bento, adquiriu ritmo competitivo no FC Porto, apontando 8 golos em 21 jogos desde o seu regresso ao Dragão em Janeiro. O selecionador explicou a sua aposta em Nani, apesar deste ter estado bastante apagado no Manchester United esta época (invisível, diria mesmo), como sendo "um jogador com características diferentes de Quaresma". Acreditamos que sim, mas neste sector, onde outros convocados incluem Vieirinha, que marcou um golo em 11 jogos na Bundesliga, Postiga, que foi dispensado pelo Valência no mercado de inverno depois de ter marcado apenas três golos em 15 jogos, e foi para a Lazio, onde ficou em branco, ou Éder, que no Braga marcou 3 golos em 13 jogos. Na linha avançada apenas C. Ronaldo é indiscutível, Hugo Almeida apresenta credenciais (13 golos em 31 jogos no campeonato turco) e Varela, único jogador do Porto nesta convocatória, provou no Euro 2012 poder servir de arma secreta, talvez o próprio Ivan Cavaleiro tivesse lugar, pois apontou dez golos pelo Benfica "B", mais um golo na Taça de Portugal pela equipa vencedora. De saudar a aposta em Rafa, o elemento mais novo deste grupo, que ficamos à espera que seja uma agradável surpresa no Brasil.
Esta é apenas a minha opinião, mas Paulo Bento é quem trabalha com os jogadores, e ele sabe com toda a certeza melhor que eu com quem pode contar para trazer do Brasil o melhor resultado para Portugal. E mesmo os 23 eleitos têm agora o dever de justificar a chamada, e a obrigação de suar a camisola, dar tudo o que têm, e dignificar a nossa selecção. Para nós, treinadores de bancada, não nos resta senão transmitir-lhes a nossa confiança, apoiá-los incondicionalmente, e acima de tudo acreditar. Se é isso que somos, adeptos, portugueses e amantes do futebol, a nossa função é acreditar, sofrer, e desejar-lhes o melhor.
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