quinta-feira, 24 de abril de 2014

Os sons dos 80: Simply Red


Numa semana em que o Benfica foi campeão, nada como falar de uma banda que em português se traduz para "simplesmente vermelhos" - os Simply Red. Mas nem sempre foi assim; a banda formou-se em 1977, depois de assistir a um concerto dos Sex Pistols, e decidiu chamar-se de "Frantic Elevators" (elevadores frenéticos). Assim ficaram com esse pitoresco nome durante sete anos, altura em que o seu último single, "Holding Back the Years", lhes deu alguma notoriedade. E assim passaram a designar-se de Simply Red, um nome menos intimidatório que "elevadores frenéticos", e desde 1985 até 2010, altura em que decidiram terminar, venderam mais de 25 milhões de discos em todo o mundo.


Liderados por Mick Hucknall, que se identifica facilmente devido aos seus caracóis ruivos e tatuagem num dos dentes incisivos superiores (não é uma cárie; é de facto uma tatuagem), lançaram o seu primeiro single em 1985, "Money's Too Tight (To Mention)", uma versão de um tema dos The Valentines, gravada três anos antes. Para estreia não esteve nada mal, chegando a nº 13 no top do Reino Unido, nº 28 da Billboard "hot-200", e nº 2 da Billboard "dance hits". Os Simply Red tiveram um impacto imediato noutros países, nomeadamente na Itália, onde este primeiro single chegou a nº 4 da lista dos mais vendidos.


O álbum "Picture Book", também editado em 1985, foi nº 2 no Reino Unido e nº 16 da Billboard, tendo chegado a nº 1 nos Países Baixos. O single mais conhecido deste primeiro trabalho é sem dúvida "Holding Back the Years", o tal que catapultou os "elevadores frenéticos" para a fama, e que lhes valeu o nº 1 da Billboard, enquanto no Reino Unidos ficaram-se pelo nº 2. Hucknall diz ter escrito o tema quando tinha 17 anos, na casa do pai. Por vezes dão-se estes momentos de inspiração, assim, do nada. Outros singles de "Picture Book" são "Jericho", "Come to my Aid" e "Open Up the Red Box". O álbum inclui ainda uma versão do tema "Heaven", dos Talking Heads.


Dois anos depois da estreia auspiciosa sai o segundo trabalho de originais, "Men and Women", estávamos portanto em 1987. Curiosamente a posição nos "charts" britânico e norte-americano repetiu-se: nº 2 e nº 16, respectivamente, mas o álbum foi nº 1 na itália e na Suíça. Dos singles o mais conhecido será sem dúvida este "The Right Thing" (nº 11 no Reino Unido, nº 29 na Billboard), que demonstra a inclinação da banda para os temas "soul", ao ponto de mais tarde virem a ser rotulados de "blue-eyes soul" - "soul" de olhos azuis, seja lá o que isso for. O LP inlui uma versão do clássico de Cole Porter, "Everytime we Say Goodbye".


Em 1989 sai o terceiro registo de originais, "A New Flame", que não passa de um modesto 22º lugar na Billboard, mas assinala o primeiro nº 1 da banda no Reino Unido - bem como na Suíça e, lá está, na Itália. O single "if You Don't Know Me By Now", uma versão de um clássico de Harold Melvin & the Blue Notes, é o single de apresentação do disco, que chega a nº 2 no Reino Unido, mas convence os "yankees", que fazem dele nº da Billboard. Em Itália, pasme-se, ficou-se pelo nº 16! Vá-se lá entender os italianos.


Mas o álbum mais bem sucedido da banda pertenceria já à década de 90, e foi "Stars", lançado em Setembro de 1991. O disco foi o mais vendido de 1992 no Reino Unido, ficando cinco semanas no nº 1, e dele saíram cinco singles, dois deles top-10 no top britânico: este muito conhecido "Stars", e "For Your Children". "Something Got Me Started" foi o primeiro single, que chegou a nº 5 na Áustria, Suíça, e...sim, adivinharam, na Itália. Todos os "cotas" da minha geração se lembrarão certamente de "Stars", um dos maiores discos de música "irópita" da nossa juventude.


Depois disso os Simply Red não conseguiriam repetir o sucesso de "Stars", se bem que o single "Fairground", do álbum seguinte, "Life", foi o primeiro a chegar a nº 1 no top de singles do Reino Unido - e da Irlanda, mas estranhamente foi nº 3 em Itália. Seguiram-se mais cinco álbums, além de uma carreira a solo de Hucknall, paralela aos Simply Red. Hoje o ruivinho com o dente engraçado que há três décadas derretia corações com a sua "soul" tem 53 anos. Nem ele conseguiu "hold back the years", que no fim de contas, passam para todos.












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