quarta-feira, 30 de abril de 2014
Os sons dos 80: In Memoriam (parte II)
Karen Carpenter (1950-1983): Os Carpenters foram um grupo formado em 1969 pelos irmãos Karen e Richard Carpenter, e que marcaram a música ligeira durante toda a década de 70, produzindo temas inesquecíveis como "We've Only Just Begun", "Yesterday Once More", "Top of the World", ou este "Close to You", entre muitos, muitos outros. Só que enquanto Richard ia conseguindo digerir o sucesso, a irmã Karen ia tendo muitos problemas, que se agravaram depois do seu casamento em 1980, com o empresário da construção Thomas James Burris. O casamento acabou 14 meses depois, pois a cantora, que queria muito ter filhos, descobriu que o companheiro tinha feito uma vasectomia, e começou a sofrer de anorexia nervosa. Depois de um tratamento em 1982, altura em que gravou mais um álbum com o irmão, teve uma recaída, e viria a falecer a 4 de Fevereiro de 1983, a menos de um mês de completar 33 anos, de insuficiência cardíaca. A sua morte serviu de exemplo para o tratamento de muitos distúrbios de ordem alimentar entre jovens das gerações seguintes.
Klaus Nomi (1944-1983): Klaus Sperber, conhecido pelo nome artístico de Klaus Nomi, era um contra-tenor alemão, conhecido pela sua extravagância em palco, e à teatralidade com que coloria os seus espectáculos. Nascido em Immenstadt, na Baviera, juntou-se à ópera de Berlim nos anos 60, ao mesmo tempo que actuava secreamente num clube "gay" da parte ocidental da cidade então divida entre o leste comunista e o oeste capitalista. Em inícios dos anos 70 viria para Nova Iorque, primeiro trabalhando como cantor lírico, e depois aproveitando a onda da "disco" e do "new wave" gravou alguns temas que viriam a ter algum sucesso comercial, entre os quais este "Total Eclipse", retirado do seu álbum de estreia, em 1981. Klaus Nomi viria a ser uma das primeiras personalidades do mundo do espectáculo a falecer de complicações derivadas do vírus da SIDA, a 6 de Agosto de 1983. Tinha 39 anos.
Jackie Wilson (1934-1984): Jack Leroy Wilson, Jr., ou Jackie Wilson, e também conhecido por "Mr. Excitment", foi um dos músicos mais importantes da transição do R&B para a "soul", e depois para o "rock'n'roll" como o conhecemos hoje. Nascido em Detroit, iniciou a carreira em finais dos anos 50, e o seu primeiro grande êxito foi exactamente este tema "Reet Petite" - mas já lá vamos. Durante a década de 60 foram sucessos atrás de sucessos, e uma agenda sempre sobrecarregada, que viria a ter o seu custo em 1975, onde durante um concerto de beneficência em New Jersey, Wilson perdia os sentidos em palco, após uma síncope cardíaca. Depois de quase 9 anos em coma, a família decidiu desligar-lhe o sistema de suporte de vida artificial em Janeiro de 1984, tinha o artista 49 anos. Em finais de 1986 foi reeditado o tema "Reet Petite", com um vídeo animado, e que valeu o 1º lugar no Natal desse ano, à frente de "Caravan of Love", dos Housemartins. Em Agosto do ano passado, Jackie Wilson passou a constar do R&B Hall of Fame em Cleveland, no Ohio.
Marvin Gaye (1939-1984): Marvin Pentz Gay, Jr., ou simplesmente Marvin Gaye, foi um cantor e compositor que tinha tudo; desde talento, um físico invejável e uma voz de ouro, foi um dos impulsionadores da Motown durante os anos 60 e 70, gravando 25 álbums entre 1961 e 1982, dos quais sairam 83 singles. Nesse ano de 82 conheceu um sucesso estrondoso com este "Sexual Healing", um tema bem ousado, que lhe valeu o nº 3 da Billboard, e o nº 4 no Reino Unido. No dia 1 de Abril de 1984, na véspera de comemorar o seu 45º aniversário, foi abatido a tiro pelo próprio pai, após um desentendimento familiar. E não, não foi mentira.
Matt Monro (1930-1985): Terence Edward Parsons, mais conhecido pelo nome artístico de Matt Monro, foi um daqueles cantores ingleses "à antiga". Iniciando a carreira nos anos 50, atingiu o auge em 1963, quando foi escolhido para interpretar o tema "From Russia With Love", do filme de James Bons com o mesmo nome. No ano seguinte foi o representante do Reino Unido no Festival da Eurovisão em Copenhaga, tendo terminado em 2º lugar com "I Love the Little Things", atrás da Itália, que levou a adolescente Gigliola Cinquetti e o seu "Non ho l'ettá". Depois disso continuou a gravar até aos anos 80, actuando em palcos dos quatro cantos do mundo, passando várias vezes pela Ásia já na fase final da sua carreira. Faleceu de cancro de fígado a 7 de Fevereiro de 1985, aos 54 anos.
Jeanine Deckers (1933-1985): Esta é uma história triste. Muito, mas mesmo muito triste. Jeanine Deckers era uma freira belga da ordem das Dominicanas com jeito para a música, e em 1963 conseguiu um feito fantástico, ao chegar ao nº 1 da Billboard norte-americana com o tema "Dominique", intrometendo-se entre quatro singles do "rei" Elvis. A humilde irmã Luc Gabrielle, como era conhecida, passou a chamar-se "Sœur Sourire", ou "irmã sorriso" no mundo francófono, e "Singing Nun", ou "freira cantora", no mercado anglo-saxónico. A fama não lhes fez lá muito bem, e em 1966 abandonou a igreja, vindo mais a tarde a adoptar posições antígonas ao catolicismo, chegando a apoiar o uso da pílula contraceptiva, só para dar um exemplo. Ah sim, e tornou-se lésbica, também, que é uma coisa muito pouco cristã, dizem. Já na meia-idade, passou por dificuldades de ordem financeira e teve problemas com o fisco belga, e por isso aceitou gravar em 1982 uma versão "disco" (?!) do seu sucesso de sempre, que vemos aqui, para mal dos nossos pecados. Ainda tentou dar aulas de canto e de religião, mas acabaria por colocar termo à própria vida juntamente com Annie Pécher, a sua companheira de dez anos, com uma overdose de barbitúricos, a 29 de Março de 1985. Tinha 51 anos.
Ricky Wilson (1953-1985): Ricky Wilson era guitarrista e um dos elementos que em 1976 fundou a banda de rock alternativo B52's, originários de Atenas, Geórgia, que não fica na Grécia nem na ex-república soviética, mas nos Estados Unidos, e foi também berço dos R.E.M.. Ricky e a irmã Cindy juntaram-se à vocalista Kathy Pierson e ao extravagante Fred Schneider e colocaram toda a gente a dançar, com êxitos como "Give me back my man", "Whammy Kiss" ou "Rock Lobster". A 12 de Outubro de 1985 viria a falecer de complicações da SIDA, de que tinha conhecimento estar infectado desde 1983. Tinha 32 anos.
Phil Lynott (1949-1986): Nascido na Irlanda, de mãe irlandesa e pai originário da Guiana Francesa, e de origem africana - o que explica a aparênica exótica - Phil Lynott foi durante os anos 70 o líder dos Thin Lizzy, grupo onde pontificava ainda o guitarrista Gary Moore. Com os Lizzy ficou até 1983 e gravou 12 álbums, de onde saíram temas memoráveis como "The Boys Are Back In Town", "Jailbreak", ou este "Whiskey in the Jar", um tema tradicional irlandês que Lynott e Moore transformam em magia pura. Já em 1984, com os problemas com o álcool e as drogas a agravarem-se, forma os Grand Slam, mas uma overdose de heroína mandava-o para o hospital de Wiltshire, em Salisbury, onde viria a falecer a 4 de Janeiro de 1986. Outra banda irlandesa, os Jape, gravariam em 2008 o tema "Phil Lynott", em sua homenagem, que chegaria a nº 1 da tabela de singles do seu país natal.
Cliff Burton (1962-1986): Os Metallica foram sem sombra de dúvidas um grupo revolucionário no panorama do "heavy-metal" dos anos 80, e o guitarrista Cliff Burton, natural de Castro Valley, Califórnia, um dos principais expeditores desse suecsso. Com a banda desde o início, ficou encarregado dos "riffs" nos três primeiros álbums, "Kill 'Em All", "Ride the Lightning", e "Master of Puppets". Na madrugada de 27 de Setembro de 1986, a banda fazia uma tourné pela Suécia, e nessa noite Burton apostou num jogo de cartas o lugar do vocalista James Hetfield no autocarro que os levava na digressão, que era no lugar ao lado do condutor, e por isso considerado o mais confortável. Burton ganhou o jogo com um ás de espadas, foi sentar-se na frente, mas a meio da noite o veículo saíu da estrada, e Burton foi atirado com violência pelo vidro, sofrendo morte imediata. Foi uma sorte ao jogo que terminou em grande azar para ele. Tinha apenas 24 anos.
Sem comentários:
Enviar um comentário