segunda-feira, 28 de abril de 2014
Atchim! Santinhos
Estes homens são uns santos...literalmente.
Fim-de-semana agitado pelas bandas do Vaticano, com a canonização de dois senhores que foram Papas, e que, foi-se a ver e afinal eram santos. Santos sim, daqueles a sério, e não no sentido de que eram óptimas pessoas, portanto "santos", mas até eram capazes de revirar o dento caso lhes pisassem na cauda. São santos daqueles de verdade, que passaram a partir de ontem a constar do panteão da Igreja Católica, já por si repleta de santos e santas. S. João XXIII e S. João Paulo II. Como lhes fica bem o título. Melhor que a ordem do Império Britânico ou a do Infante D. Henrique.
A Creche João XXIII em Macau, situada na Rua de Francisco António, no Patane. Em breve Creche S. João XXIII.
O que é preciso para se ser canonizado, e passar de mero homem a santo, com super-poderes atribuídos por Deus, Ele próprio? Dois milagres. Sim, dois actos sobrenaturais de inquestionável veracidade (?). Mas no caso de João XXIII, um italiano nascido com o nome de Angelo Giuseppe Roncalli, só foi preciso 1 (um) milagre: a cura de uma freira italiana, Caterina Capitani, que sofria de um tumor no estômago. Digamos que este foi um acto que nada teve de egoísta, pois o próprio João XXIII morreu de cancro do estômago, mas preferiu usar os seus super-poderes para salvar a senhora em questão. Mas além disso, o senhor era uma imaculada criatura, e para evitar cair em tentação, tinha um segredo: evitava a companhia de mulheres bonitas. Estão a ver como é fácil? É só queimar na pira inquisitorial aquelas boazonas devassas, servas do demo, e passar a vida rodeado de gajos e de mocreias daquelas mesmo muito feias, e pronto, pureza e santidade. Melhor que isto só o Gandhi, que testava a sua santidade dormindo completamente nu com as suas netas. De resto os pouco mais de quatro anos de pontificado deste Papa foram repletos de boas acções, tantas que nem é preciso mencionar quais. É só ir ver nas Páginas Amarelas das Coisas Mui Pias e Generosas, distribuída gratuitamente aos anjinhos quando vão para o Céu.
Um cartoon publicado no jornal Expresso em 1992, da autoria de um tal António. Esse...esse...blasfemo! Ai valha-me S. João Paulo II!
Deste lembramo-nos nós muito bem: é o polaco Karol Wotyla, mais conhecido por Papa João Paulo II, uma das personagens da série "Spitting Image", nos anos 80, ao lado de Ronald Reagan, Margatret Thatcher e o Ayatola Khomeini. Este para chegar a santo, o topo da hierarquia, passou pela recruta completa, e antes tinha sido beatificado em 2009, menos de cinco anos antes da sua morte, como era exigido - alguém lá na Santa Sé anda a portar-se mal e a não cumprir as regras. Mau, mãe de Jesus. Mas pronto, João Paulo II curou uma freira enquanto estava vivo, e depois outra quando estava morto, e era já beato, daí ter sido promovido a santo. De resto, durante o seu pontificado, o senhor foi a países do terceiro mundo apelar aos católicos mais pobres que não usassem o preservativo, e escolheu logo a altura da epidemia da SIDA para o fazer, reafirmou a oposição da Igreja à ordenação de mulheres, à contracepção, à Teologia da Libertação, à homossexualidade e casamento homossexual, e o aborto em todos os casos. Esteve ainda envolvido em vários escândalos de corrupção, nomeadamente ao financiamento pelo Vaticano de actividades consideradas criminosas e levadas a cabo por sindicatos do crime com ligações à máfia italiana, e foi ainda nos vinte e tal anos que esteve à frente da Igreja Católica que se multiplicaram os escândalos de pedofilia envolvendo padres. Um santo homem. Amén.
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