segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Tirem a mão do caril


Continua a epidemia de violações na India, que tiveram início em Dezembro do ano passado, quando uma jovem foi violada por um grupo de homens num autocarro em Nova Deli, e viria a morrer mais tarde em Singapura, onde estava a ser tratada, não resistindo à violência da agressão. O caso chocou o mundo e envergonhou os indianos, mas em vez da publicidade à notícia ter efeitos dissuasores, a situação agravou-se, e os casos de violação passaram a ser frequentes. Em Março uma turista suíça foi violada por 13 homens no estado de Madya Pradesh, no centro do país, o que levou a concluír que o problema não se devia a qualquer aspecto mais exótico da cultura Indiana: eram violações comuns, e com a agravante de serem cometidas sempre em grupo.

Agora a vítima foi uma jornalista de 22 anos de Bombaim, que seguia acompanhada por um colega na noite de quinta-feira, quando foi violada repetidamente por cinco homens, que primeiro agrediram o seu parceiro, impossibilitando-o de reagir ao cenário de horror que se seguiu. A jovem Indiana está internada no hospital de Jaslok, em Bombaím, diz sentir-se melhor, e muito desportivamente aceitou a sua cruel sina, afirmando mesmo que “uma violação não é o fim do mundo”. Talvez uma violação incidental ou furtiva não seja realmente algo muito traumatizante, mas ser violada por cinco homens à força bruta é uma imagem que qualquer mulher dificilmente esquecerá.

Tal como em Dezembro, o caso provocou indignação na India, e milhares de pessoas saíram à rua exigindo justiça. Os cinco autores da violação foram já todos identificados e detidos, mas a lei Indiana impede que os seus nomes sejam revelados – não que isso tenha muita importância. É difícil encontrar uma explicação para esta recente onda de agressões sexuais na India. Provavelmente foram sempre frequentes, e o caso da jovem mártir de Nova Deli terá levado a que os focos fossem apontados ao problema. O que se passa com estes homens indianos, afinal? Será da educação ou da cultura, que os leva a considerar as mulheres objectos? Será da religião ou da moral, que os oprime sexualmente? O que fazer, agravar as penas para os agressores? Pelo menos algo de positivo saíu desta enorme vergonha: agora a polícia vai prender os violadores, quando antes ainda se atreviam a dizer coisas como “se calhar ela andava a pedi-las, e até gostou”.

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