quarta-feira, 21 de agosto de 2013
O hímen faz a força
Ainda pelo Islão, já que por estes dias temos tido em Macau um calor das Arábias. Na Indonésia, o maior país muçulmano do mundo mas onde a religião é praticada de forma mais moderada que nos países árabes, há um oficial de educação em Sumatra que causou polémica devido a uma proposta controversa: testes de virgindade. Muhammad Raysid, chefe do departamento de educação do distrito de Pramubulih, em Sumatra do Sul, propõe que todas as jovens que vão para o 10º ano de escolaridade façam um teste que certifique a sua virgindade, de forma a “desencorajar o sexo pré-marital e prevenir a prostituição”. Quanto à primeira preocupação do senhor, ainda entendo, e tratando-se de um país islâmico onde se dá excessiva importância a uma simples membrana, compreendo perfeitamente. Já a segunda pretensão, parece-me meio descabida. Desde quando uma mulher é “prostituta” pelo facto de não ser virgem? E como é que perder a virgindade leva uma jovem escadas abaixo até cair na prostituição? Vai pensar: “perdida por um perdida por mil”, e assim é p’á desgraça?
A ideia está a provocar críticas de grupos de defesa dos direitos humanos e dos direitos das mulheres – uma novidade na Indonésia, mas cada vez mais comum – que consideram os testes uma invasão da privacidade e uma atentado às liberdades individuais. Aris Merdeka Sirait, da Comissão Nacional da Protecção das Crianças, sediada na capital Jakarta, vem desvalorizar as intenções de Ryasid, dizendo que o oficial está apenas a tentar promover-se – noutras palavras, está armado em esperto. Sirait recordou ainda que a perda da virgindade pode ocorrer noutras circunstâncias que não um acto sexual; pode acontecer na prática de um desporto, por problemas de saúde ou devido a um acidente. É isso mesmo: é uma membrana. Até uma simples queda pode provocar a rotura do hímen, dependendo da sua resistência, que é variável de mulher para mulher. Entretanto um tal Widodo, líder do departamento provincial de educação de Sumatra do Sul e por isso superior hierárquico de Ryasid, recomenda-lhe que retire a proposta, e que deixe de ser parvo. Já em 2010 um outro político, também ele de Sumatra deu uma sugestão idêntica no sentido de inspecionar as vaginas púberes, certificando que vêm ainda com selo de origem. Dá para desconfiar, esta obsessão com virgens.
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