sábado, 27 de novembro de 2010

Os blogues dos outros


A tentativa de associar a China aos raids do expansionismo norte-coreano é um disparate. A China não teve nada a haver com isto. O criticismo que se pode fazer é que a China não tem feito o suficiente para "parar" a Coreia do Norte. Mas há duas razões: a) sempre que há instabilidade política na Coreia do Norte os refugiados assolam a China passando a fronteira a salto e vivendo ilegalmente nas cidades chinesas; b) a China teme que uma Coreia do Norte rendida ao Sul ou reunificada (e influenciada pelos Estados Unidos) seja un Cavalo de Tróia a assediar a sua porta lateral direita. Existe talvez uma outra explicação se imaginarmos esta solidariedade comunista como um grupo de estudantes universitários. Enquanto estudam são todos amigos, embebedam-se juntos, fazem todo o tipo de tropelias. Licenciam-se e fazem-se à vida. Uns chegam a CEOs de empresas ou profissionais de sucesso; outros perdem-se pelo caminho. Uma vez por ano juntam-se e o colega X que é um incorrigível estroina e beberolas arma a parte e faz escândalo. O que é que os outros fazem? Riem-se, tentam conter o incidente e encaminhar o estróina para casa dizendo para si próprios: é a última vez que me junto com estes tipos. A brincar é este o tipo de relação que existe entre a China e a Coreia do Norte. É difícil romper uma relação tão antiga de solidariedade política como é difícil deixar de ir à party da malta da faculdade. O que a China faz é tentar conter os estragos. O problema é que o "trouble maker" já não se consegue conter, está em espiral de descontrole. Este é o momento em que os seguranças do club entram em acção...

Arnaldo Gonçalves, Exílio de Andarilho

O 'DN' de hoje anuncia que "ensina 30 mil jovens por ano a fazer jornais". Para quê? Não será certamente para que os jovens venham a "fazer" jornais. Vivemos dias cada vez mais difíceis na imprensa, onde o desemprego aumenta e onde se prevê o fim dos jornais em papel. Só se os 30 mil jovens que aprendem anualmente a "fazer" jornais vão trabalhar em centenas de publicações online que venham a ser criadas...

João Severino, Pau Para Toda a Obra

O orçamento para 2011 é mau por muitos motivos, desde logo porque assenta em perspectivas económicas duvidosas, mas também porque as medidas de austeridade foram desenhadas mais com objectivos eleitorais do que a pensar no país, porque os cortes na despesa ficam aquém do desejável. O governo poderia ter cortado os vencimentos de funcionários públicos e imposto um corte no financiamento das empresas públicas na percentagem aplicada aos vencimentos da Função Pública, poderia ter reduzido o número de funcionários acabando com contratos a prazo, incluindo os de muitos assessores do governo, poderia ter fixado uma taxa única no corte dos vencimentos de todos os funcionários, poderia ter aumentado todos os impostos, poderia ter tributado as operações bolsitas e as transacções financeiras com as off-shores. Desta forma teria promovido uma distribuição mais equitativa dos sacrifícios e conseguido um corte maior na despesa e um aumento das receitas fiscais. Mas o governo pensou mais na sua agenda eleitoral e optou por concentrar os sacrifícios naqueles que muito provavelmente não votariam PS ao mesmo tempo que mantém a ilusão do crescimento económico. Apostou em eleições no próximo ano e tentou minimizar os prejuízos eleitorais resultantes da adopção de uma política de austeridade. Mas é muito provável que Sócrates e o PS venham a pagar caro esta política orçamental manhosa, a especulação nos mercados continua, a situação económica da Europa pode ser penalizada pela incerteza nos mercados e o impacto sobre a economia nacional poderá ser maior do que o esperado pois o país não atrairá investimento estrangeiro enquanto a dívida soberana for alvo dos especuladores. O PS arrisca-se agora a uma derrota eleitoral histórica e, pior do que isso, a perder uma boa parte da sua base social de apoio, os quadros da Administração Pública.

Jumento, O Jumento

Portugal passou o fim-de-semana à espera de dois blindados comprados pelo Governo para “segurar” a Cimeira da Nato. Parece que também se esperavam 45 viaturas anti-motim, um canhão de água, uma viatura pesada e seis ligeiras para a remoção de obstáculos – qualquer coisa como cinco milhões de euros gastos numa adjudicação directa, dada a urgência da encomenda...Porém, a encomenda tardou e não chegou a tempo de cumprir a sua missão. Diz o Diário de Noticias que os dois blindados essenciais terão chegado por via terrestre esta madrugada...Que se saiba, uma vez mais, ninguém foi responsabilizado. O Ministro da Administração Interna mantem-se no seu posto, bem como os restantes envolvidos neste momento dramático da mais pura comédia. Dito de outro modo: se não fosse de chorar, seria de rir. A mim, confesso, fez-me lembrar o Solnado e a guerra de 1908, quando o desempregado teve de ir para a guerra sem cavalo, que lá na feira só vendiam cavalos com carroças e moscas. É a sina portuguesa, andar sempre sem a ferramenta...

Pedro Rolo Duarte, Pedro Rolo Duarte

Desta vez não é um português, mas podia ser. A verdade é que o generoso astro-rei, também conhecido por Sol, já tem dono e é espanhol. Ou melhor, trata-se de uma proprietária já que uma espanhola se declarou proprietária do astro, depois de uma ida ao cartório para registar a estrela em seu nome, informou esta sexta-feira um jornal espanhol. "Sou proprietária do Sol, estrela de tipo espectral G2, que se encontra no centro do Sistema Solar, situada a uma distância média da Terra de aproximadamente 149 600 000 quilómetros", lê-se na acta, citada pelo jornal ‘La Voz de Galicia’. Angeles Durán explicou que não existe nenhuma proibição que a impeça de ser dona do Sol, citando o caso de um norte-americano que se apropriou de todos os planetas e da Lua. A espanhola alega que por "não existir nem haver conhecimento, em cinco milhões de anos, de nenhum proprietário até a presente data", ficou com a posse do Sol. Já está! Agora é que vão ser elas! A única consolação é que, ao que se saiba, dificilmente esta propriedade será alvo de apropriação física pelos "amigos do alheio". Mas, se for o caso, a Sra. Durán não deixará de exercer os seus direitos,disso podemos estar certos.

Pedro Quartin Graça, Corta-Fitas

A playlist de José Socrates:
1. Amores de Estudante (Hino Académico)
2. Bed Of Roses (Bon Jovi)
3. Boys Don´t Cry (The Cure)
4. We Are The Champions (The Queen)
5. The Great Pretender (The Platters)
6. Precious Illusions (Alanis Morissette)
7. Mystery Train (Elvis Preley)
8. Man On the Moon (R.E.M.)
9. Road To Nowhere (Talking Heads)
10. When Doves Cry (Prince)
11. Hard Rain's A-Gonna Fall (Bob Dylan)
12. Free Fallin (Tom Petty)
13. Drowning (Backstreet Boys)
14. The End (The Doors)
15. Runaway Train (Soul Asylum)


Rui Rocha, Delito de Opinião

1 comentário:

  1. "A China não teve nada a haver com isto" (sic).

    Ó Andarilho, não é "ter a haver", pá, é "ter a VER"!

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