sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Os blogues dos outros


Actualmente estou a treinar com uma das equipas portuguesas que existem em Macau e tenho acompanhado o actual campeonato da Bolinha. Pois bem, o que tenho visto é de bradar aos céus. A II divisão conta com cento e tal equipas sem que se perceba como surgem tantos jogadores em Macau. As arbitragens são escandalosamente pró-chinesas sempre receosas de contrariarem os mafiosos, sendo cúmplices de equipas manhosas e cobardes que passam o jogo a destabilizar os adversários e a praticar anti-jogo do mais reles que já vi.

El Comandante, Hotel Macau

Bob Guccione, fundador da Penthouse, faleceu. A Penthouse, num registo diferente da Gina, claro está, era uma instituição da juventude dos anos 80. A revista que fundou associava uma certa cultura urbana nas páginas centrais, que eram, aliás, a verdadeira razão de existir e de sobreviver, a artigos não menos interessantes sobre fotografia, jornalismo de investigação, ficção científica, arquitectura e arte moderna. Curiosamente, destes últimos ninguém se lembra.

QUILMES, Hotel Macau

Depois do que ouvi ontem, sou forçado a concluir que não era só eu que estava sem paciência. Afinal, há para aí muita boa gente sem paciência. A esses impacientes, só posso dizer que 2049 é já ali ao virar da esquina. Até lá, parafraseando o título de um conhecido filme, sensibilidade e bom senso. Se não for pedir muito....

Pedro Coimbra, Devaneios a Oriente

Não há dia, lendo os jornais, eu não deite o olho à página omnipresente - a do correio dos leitores. A essa miscelânea de desabafos, revoltas, incomprensões, dogmas de treinadores de bancada. Onde tantos espelham o que julgam ser e saber, inconformados com a desdita da incognitude, nesta República sempre a afirmar todos são iguais. Li hoje carta de alguem, reclamando a vinda do FMI. Escrevia o autor, seria o fim do mamanço. O País seguiria, finalmente, regras firmes, impolutas. E, depois, fosse como fosse...Essa a realidade mais real. Talvez os portugueses não estejam, tout court, preocupados com uma vida menos desafogada. Talvez ainda mantenhamos aquele espírito que levou Napoleão a gabar as nossas tropas - capazes de se alimentarem de porcaria. Talvez, apenas, o sentimento predominante seja o inconfomismo. A noção - ou a visão - de verdades simples: de um lado, a massa imensa, lutando pela sobrevivência; do outro, as mordomias e os famigerados fatos Armani. Fica aí a diferença. E o mote para a revolução. Ou para a ressurreição...Nada disto seria novidade, todavia, não se desse o caso óbvio da saturação popular. Eu já assisti ao fenómeno único dos sinos a tocar a rebate. Uma multidão enfurecida é algo que a Grécia, ou mesmo a França, já vão conhecendo. Por cá, nem tanto. Mas a incultura dos governantes não galga tão longe. Sei-os preocupados, temerosos. Fazem bem. É legítimo que cuidem da sua pele. E por tabela, já agora, dêem um jeitinho a Portugal.

João Afonso Machado, Corta-Fitas

Já cansa. A crise na televisão, comentada a toda a hora, sobretudo por economistas e políticos, ou ex-políticos. Lembro-me de que muitos já andaram pelo Estado a contribuir para a situação a que chegámos, como se isso fosse uma condição fundamental para agora serem comentadores. Apesar do cansaço que me fazem, não tenho nada contra a sua presença nos ecrãs. Gostava apenas que com a imagem de cada um aparecessem três dados: idade, idade com que se reformou e quanto contribui mensalmente para o défice por causa da(a) reforma(a). É uma proposta para tornar tudo mais claro. Há neste imenso grupo quem se tenha reformado com 47 anos, quem após uns anos na política tenha pedido logo a subvenção de uns milhares de euros por mês sem se lembrar de que ainda andava pelos 50 anos, gente que fez um part-time de alguns meses numa instituição pública para a seguir se reformar com valores de futebolista já não digo do Benfica mas pelo menos do Sporting. Há de tudo. Com estes dados, a cada programa com comentadores percebia-se melhor a crise, e como o país está verdadeiramente a saque.

António Manuel Venda, Delito de Opinião

Haja aí alguém que crie uma fundação de apoio à pobreza de Manuela Moura Guedes. É que a senhora está numa situação desesperante depois de ter recebido 1 milhão de euros para sair da TVI. A senhora foi à sua página do Facebook e anunciou que pertencia ao imenso grupo de desempregados. ("Faço parte, a partir de hoje, do imenso grupo de desempregados deste País! Está acabado o meu contrato de trabalho com a TVI!). Será que passou a pertencer ao grupo daqueles que vão à sopa dos pobres? Dos que já venderam a casa e carro? Dos que já retiraram os filhos da escola privada? Dos que já retiraram os bebés do infantário e levaram-nos para as casas dos pais? Ou do grupo daqueles que já sem qualquer possibilidade de sobrevivência acabam de fazer as malas para partir para o estrangeiro? Coitadinha, da Manelinha, agora desempregada será atingida, certamente, por uma depressão...

João Severino, Pau Para Toda a Obra

Podemos ir buscá-la a casa e dizer que está linda como o céu azul. Podemos levá-la ao teatro e depois a cear no melhor restaurante da cidade. Podemos cozinhar para ela, tirar-lhe os sapatos e fazer uma massagem aos pés. Aqui e ali polvilhar tudo com um "a tua mãe estava errada nas críticas que te fez". No momento em que dissermos "não achas que estás a querer começar uma discussão?" é o nosso desembarque na Normandia sob fogo inimigo. Nós os sacanas sabemos que não há guerras fáceis. O caminho é tortuoso e cada um sabe o melhor que faz (e não o contrário). As mulheres serão sempre a nossa kriptonite.

Pulha Garcia, O Bom Sacana

As hóstias tinham aparecido de súbito todas esburacadas. Milagre? Não, apenas mais um caso de hóstiaporose.

João Moreira de Sá, Arcebispo de Cantuária

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