terça-feira, 19 de outubro de 2010

Megi e AL


1) Desde que cheguei a Macau que sempre me disseram que os tufões em Abril e em Outubro são "os mais violentos", por serem fora de época. Ainda me lembro bem de um tufão em Outubro de 1999, que me deixou em casa sozinho sem internet e sem TV! Foram oito horas de tortura. Agora o tufão Megi (na imagem), que fustigou as Filipinas com ventos de 250 km/h, dirige-se para o sul da China, e poderá condicionar o estado do tempo durante o final da semana em Macau. Esta tarde eu e o Jorge Vale, do programa "Rua das Mariazinhas" da Rádio Macau, estávamos a pensar na mesma coisa, e não era nas maminhas das amigas da nossa mãe: e a Lusofonia? Caso se confirme a previsão de chuvas torrenciais e ventos fortes, vamos ter o Carmo às moscas, o que seria uma grande perda. Vamos ficar a torcer para que S. Pedro ou lá quem é que manda naquilo seja caridoso com a malta da lusofonia.

2) Foi lamentável o que se passou ontem na primeira sessão da Assembleia Legislativa depois das férias. Os deputados do Novo Macau Democrático apresentaram uma proposta para louvar a atribuição do Prémio Nobel da Paz ao dissidente Liu Xiaobo, prontamente rejeitada pelo hemiciclo da Praia Grande. Uma provocaçãozinha marota da malta do NMD, que nem nos seus sonhos mais húmidos imaginava sequer que a proposta fosse aprovada, mas que mesmo assim "fez o que lhe competia". Mesmo triste foi a reacção de alguns deputados, apesar da maioria se ter refugiado no argumento de que em Macau vigora o segundo sistema, e que não deve haver interferência da RAEM nas decisões soberanas dos tribunais chineses. Um argumento tão válido como a apresentação da proposta por Ng Kwok Cheong e seus pares. Mas isto não ficou por aqui. O deputado Fong Chi Keong, que cada vez que abre a boca há festa da grossa, aproveitou para insultar Liu Xiaobo, apelidando-o de criminoso, oportunista e trazendo de novo à tona o argumento de que existe uma espécie de conspiração para "ocidentalizar completamente a China". Alguém explique ao sr. deputado que as Guerras do Opio acabaram há 150 anos. Se eu fosse chinês não me sentiria orgulhoso, mas antes incomodado com os devaneios patrióticos do sr. deputado. Que mal tem o "Ocidente"? É algum inimigo? Não pode a China aprender também qualquer coisa com o Ocidente, assim como o Ocidente tem aprendido com a China? Já não passou o tempo do "orgulhosamente sós", que deixou uma imagem negativa que a China se tem esforçado em apagar? Eu seria peremptoriamente contra um deputado no parlamento português que se insurgisse contra a "africanização" ou a "orientalização" de Lisboa. Até parece qualquer coisa saída do PNR, se estes alguma vez elegessem um deputado. Também Cheong Lap Kwan alinhou pela mesma batuta, falando de "um ataque da comunidade internacional", desvalorizando o prémio, "que muitos podiam ganhar" se o critério fosse o mesmo utilizado para Liu Xiaobo, que só "grita uns slogans", assim como "muitos fazem em Macau". Os malandros. Quem fez bem foi o deputado José Pereira Coutinho, que se absteve por "não conhecer Liu Xiaobo" e por achar que a AL "tem assuntos mais importantes para resolver". Por ser verdade, assino por baixo. Haja alguém com um pouco de bom senso.

5 comentários:

  1. Ora, nesta matéria estão alinhados com o PCP que divulgou o seguinte: "A decisão da atribuição do Prémio Nobel da Paz a Liu Xiaobo – inseparável das pressões económicas e políticas dos EUA à República Popular da China - é, na linha da atribuição do Prémio Nobel da Paz de 2009 ao Presidente dos EUA, Barack Obama, mais um golpe na credibilidade de um galardão que deveria contribuir para a afirmação dos valores da paz, da solidariedade e da amizade entre os povos."

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  2. O São Pedro, se calhar, vai castigar a Lusofonia por esta apresentar o programa mais fraquinho dos últimos anos.

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  3. Eu acho que o palhaço do Ng Kwok não sei quê devia deixar de usar o "w" entre o "k" e "o", para passar a ser kok...acho que resumiria na perfeição a personalidade desse atrasado!

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  4. Estragar a lusofonia não estraga,já que foi adiado para a próxima semana.

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  5. Ainda bem então que desta vez não vem ninguém conhecido. Com o adiamento, não viriam na mesma, já que certamente teriam outros concertos agendados. Como ninguém conhece os artistas que cá vêm este ano, eles não devem ter mais nada marcado e até agradecem que os deixem cá estar mais uma semanita à espera da Lusofonia. Há males que vêm por bem.

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