Ver comboios a passar

Mais uma visita ao Centro Hospitalar Conde S. Januário (CHSJ), e mais uma tarde de penúria e arrependimento. Entrar naquele hospital é como entrar numa versão realista do jogo “Super Mario Bros.”, dados os labirintos, os elevadores, os encontrões e os obstáculos no meio do caminho.

Não que eu tenha alguma razão de queixa, pois sempre que preciso de uma radiografia ou uma análise, chego lá a horas e sou atentido em meia hora, mas vê-se pessoas que passam ali o(s) dia(s) inteiro(s). O pior é o ambiente de cortar à faca (que não na sala de operações) que paira pelo hospital. Funcionários lentos e cabisbaixos, muita burocracia, enfermeiras normalmente antipáticas, técnicos e médicos sempre “a despachar”.

Quando falo de labirintos e elevadores, penso que não estou a exagerar. Não há uma vez que eu venha a uma consulta ou visitar alguém que não tenha que perguntar pelo sítio, tal é a desorganização. Quanto às urgências, que não frequento há vários anos, é melhor não falar. Não sei se já precisaram de uma ambulância, e espero que não venham a precisar, mas hoje os bombeiros normalmente perguntam “san teng” ou “kiang wu”? Claro que a resposta acertada é Kiang Wu.

O que Macau precisa mesmo é de um novo hospital, custe o que custar. Não interessam auscultações e o camano, é um bem público urgente. Queremos lá saber se não pode ser perto do lago, ou em frente à casa de alguém. Toca a construír o hospital. É o mesmo que se passa com o metro ligeiro. Residentes da Rua de Londres, e não sei quê, o metro não é para todos, afinal? E não sabem eles que fazer passar o metro atrás da Deusa Kun Iam é mau “fong-soi”? Vamo-nos lá habituando a ver os comboios a passar à janela, “fáxavôr”.