Tráfico humano na Coreia do Norte

A crise do tráfico humano na Coreia do Norte intensifica-se, à medida que cada vez mais jovens do sexo feminino são vendidas como utilitários a fazendeiros ricos na China. Os compradores gastam em média cerca de 10 mil patacas por cabeça.

As refugiadas norte-coreanas são cada vez mais uma comodidade entre os homens chineses, especialmente do interior rural do país, uma vez que a política do filho único na China leva a que os casais optem por ter um rapaz, de modo a continuar o nome da família. Posto isto, o número de meninas na China tem vindo a diminuir drasticamente, o que leva os homens solteiros a procurar uma noiva nos países mais pobres da região - Vietname, Laos, Mongólia ou Coreia do Norte.

O Reverendo Chun Ki Won, de Seul, ajudou mais de 900 mulheres a fugir da Coreia do Norte para a China, mas diz que estas são obrigadas pelos seus "donos" a viver como animais. "A China é um nação responsável. Devia pensar em obter mais prestígio nas instâncias internacionais através do respeito pelos direitos humanos mais básicos", disse o reverendo à agência noticiosa AFP.

O processo tem início logo na fronteiras, onde os traficantes chineses subornam guardas norte-coreanos para deixar as mulheres passar. O preço varia entre os 500 e os mil yuan por mulher. Depois as mulheres são vendidas a fazendeiros - normalmente velhos ou incapacitados - ou acabam a despir-se para shows pornográficos na internet. Graças ao seu valor de mercado, é fácil para as mulheres norte-coreanas encontrar asilo no continente chinês. Actualmente 80% dos das dezenas de milhar de refugiados norte-coreanos na China são mulheres.

Caso o comprador não esteja satisfeito com a mulher, pode revendê-la, e algumas chegam a ser vendidas oito ou nove vezes. Numa conferência de imprensa em Washington em Abril do ano passado, mulheres norte-coreanas que conseguiram fugir dizem ter sido tratadas "como gado", tendo sido vendidas a um ou mais "maridos".