segunda-feira, 15 de março de 2010
Outras vozes
1) Ouvi hoje com muita atenção a repetição da entrevista com Jorge Neto Valente que foi para o ar no último Sábado na Rádio Macau. O presidente "histórico" da Associação dos Advogados de Macau e actual administrador-delegado da Galaxy deu uma entrevista em que falou do panorama do jogo no território, da situação da justiça, da democratização do sistema político, e mais importante do que isso, da estado lastimável em que se encontra o ensino superior em Macau.
Abstenho-me de comentar o que é dito sobre as tricas dos casineiros, um assunto que não me diz respeito, mas é no que toca à formação de quadros especializados na RAEM que Neto Valente toca na ferida, e qualquer pessoa com bom senso concorda com o presidente da AAM. Algumas universidades tornaram-se nos últimos anos verdadeiras fábricas de diplomas, linhas de montagem de doutores e engenheiros com uma enorme falta de preparação para os exigentes desafios que o território enfrenta num futuro próximo. Depois da moda dos diplomas "made in Zhuhai", chegou agora o tempo dos canudos que abrem as portas dos empregos mais apetecíveis, e tudo por um "dá cá aquela propina".
Quanto à questão do sufrágio directo, concordo parcialmente com Neto Valente. Defendo que se elejam mais deputados pela via directa, pois só assim se pode realmente testar a eficácia da vontade popular num dos principais centros de decisão da vida do território. Só que estamos longe, mas mesmo muito longe, de poder eleger o Chefe do Executivo pela via directa. Sejamos realistas, a população não está politicamente amadurecida (reparem que não digo "preparada", mas amadurecida) para decidir nesse sentido. Pode já não existir compra de votos à luz do dia, mas existem mil e uma outras formas de pressionar a população a votar em quem tem mais dinheiro, mais poder, mais influência. Pelo andar da carruagem, ainda tinhamos uma concubina de casineiro ou o líder de uma comunidade de emigrantes da China Continental no mais alto cargo da RAEM, só "porque sim". A própria população tem consciência disso mesmo, pois caso contrário já tinha saído para a rua, como fez a muito mais bem preparada população ali ao lado em Hong Kong. Eles estão bem assim, e pronto. Aqui precisamos de ir mesmo com muita calma. Esperar mais uma geração, talvez.
Faz realmente falta que alguém com a experiência, sabedoria e porque não dizer, a coragem de Jorge Neto Valente venha de vez em quando falar dos temas que dizem respeito a certos aspectos da vida do território. E é sempre melhor ouvi-lo na primeira pessoa, do que na forma de recados pouco claros que por vezes saem cá para fora através de certa imprensa. É realmente pena que não o faça mais vezes.
Pode ouvir aqui a entrevista completa com Jorge Neto Valente.
2) O Chefe do Executivo, Fernando Chui Sai On, vai amanhã à AL apresentar as Linhas de Acção Governativa para o ano de 2009. Esperam-se muitas surpresas, e tudo indica o novo CE queira entrar com o pé direito e caia nas boas graças da população. Assim serão anunciadas actualizações nos subsídios, aumentos para os funcionários públicos, a criação do novo hospital público, e a compensação pecuniária na forma dos cheques que começarão a ser distribuídos lá para o Verão. Certamente que muitos ouvidos vão estar colados ao rádio amanhã à tarde, como acontece sempre com as boas notícias.
Países africanos como Angola, Cabo Verde, Guiné e Moçambique, mesmo com os enormes problemas económicos e de corrupção que têm, conseguem ter eleições minimamente convincentes (umas mais transparentes que outras).
ResponderEliminarOutros ainda mais pobres como Timor Leste ou o Haiti também têm coragem de dar a voz ao povo e são considerados democráticos aos olhos da Comunidade Internacional.
Até países islâmicos como o Irão ou até ainda em estado de guerra como o Iraque têm eleições.
Caramba até países a viver quase na idade da pedra como o Afeganistão têm eleições de sufrágio universal.
Macau que vive em paz e prosperidade, tem uma população minimamente culta e com bons níveis educacionais (quando comparada com os exemplos anteriores, onde a maioria nem sabe ler e escrever), "não está politicamente amadurecida"????
Então o que é que falta?? Diga lá, Leocardo.
Aliás nem está nem nunca há de estar, pois por este caminho, dificilmente terá hipotese de amadurecer.
Bem sei que Macau não é um país, mas também não estamos a falar aqui de eleger um Presidente ou Primeiro Ministro. Trata-se apenas dum Chefe de Executivo para administrar este pequeno território, sempre sujeito à Lei Básica.
Portanto não estou a ver onde está o problema.
E não venha cá dizer que é por serem chineses que não podem aprender a viver em democracia. Olhe para o exemplo de Taiwan!! Depois de um caminho bastante conturbado, hoje é um povo politicamente amadurecido e democratico.
E qual o mal se elegessem "uma concubina de casineiro ou o líder de uma comunidade de emigrantes da China Continental"? Se fosse esse o desejo da maioria, porque não?
Não é isso mesmo a democracia?
É a aprender com os erros que se evolui, não é? E quem diz que essa tal concubina de casineiro não poderia vir a ser uma competente, justa, honesta e talvez a melhor Chefe de Executivo de sempre?
Afinal, o que lá está agora também é filho de empresários de uma familia poderosa local, ou não é??
Aliás quem é que define isso da população estar ou não politicamente amadurecida?? É o Leocardo? É o Sr.Neto Valente? É Pequim? E com base em quê? Há algum manual que define quando uma pessoa está amadurecida ou não?
Isto não passa tudo de uma grande treta para defender os interesses instalados e, claro está, menter o controlo apertado de Pequim.
Os interesses da população? Nada que umas pataquitas de bolada de vez em quando não mande calar.
E depois perguntam porque é que Taiwan não aceita a unificação. Tá bem, tá!
Se calhar, tal como nos países de que o anónimo fala, depois da democracia instalada é que começava a batatada a sério.
ResponderEliminarModéstia à parte, sou um génio. Já estava à espera de um comentário do tipo das 13:39, e daí que já tinha uma resposta preparada.
ResponderEliminarO anónimo que se diz acérrimo defensor da democracia e da vontade das maiorias, esquece-se do principal: onde está a maioria que QUER o sufrágio directo para a eleição do CE? Ou trata-se apenas de querer por querer, ou só para chatear o Governo Central e os "interesses instalados"? Já sei: é o anónimo que quer o sufrágio directo, então vamos a isto.
Os exemplos que referi não dariam bons CEs, pois já provaram que só estão interessados em defender os seus próprios interesses e não os da população em geral. Um elemento da lista de um deles foi condenado em tribunal pelo crime de corrupção eleitoral. Ou não? Já sei, sou eu que estou a inventar outra vez. Quem daria um bom CE eleito pela maioria da população? Olhe que os democratas não estão interessados.
O sufrágio directo é uma inevitabilidade, mas digo-lhe desde já que que IMPOSSIVEL marcar uma data como se estivessemos aqui a falar de um casamentos. O sufrágio directo para o CE não passaria de mais um oportunidade para alguns sacarem 500 pataquinhas, porque estão-se nas tintas para quem ganha, desde que lehes continue a chover na conta bancária.
O que deixaria de acontecer se tivessemos em Macau eleições como em Angola, Guiné-Bissau, Haiti ou Timor-Leste, aliás exemplos bastante infelizes de "democracias".
Em todo o caso voltarei a este assunto se for necessário. Agora está na hora de ir trabalhar.
Cumprimentos.
Deus me livre quando houver sufrágio universal em Macau. Basta ver as eleições a AL para ver quanta a maturidade democrática do comum cidadão de Macau. Felizmente ainda é Pequim quem manda aqui.
ResponderEliminarAA
Eu acho uma piada do caralho aos gajos que dizem que há corrupção a garnel e que o povo, por isso, não está preparado para a democracia. Quer dizer, os eleitos compram votos à fartazana e só o povo é que não sabe o que é a democracia nem para ela está preparada. Os compradores, esses, são os políticos eleitos, esquecem-se? por que é não vão pastar para zhuhai? lá as vacas deixam-se enganar.
ResponderEliminar???????????
ResponderEliminarE porque é que o anónimo das 23:26 não vai pastar para Portugal, que lá pode votar em quem lhe apetecer? Aliás, com os resultados que se têm visto. Quem está descontente com o actual sistema é que se deve mudar para um sistema "melhor".
ResponderEliminarQue converseta mais atroz e reaccionária, vinda de gente, em princípio, educada em democracia. E que agora, muito paternalisticamente, diz: esta malta daqui não está preparada para o voto. Que vergonha.
ResponderEliminarMuito bem, Sr. Leocardo, aqui vai:
ResponderEliminar"onde está a maioria que QUER o sufrágio directo para a eleição do CE?" - Como é que você sabe se a maioria quer o não quer? Por acaso houve algum referendo sobre o assunto? Aliás esse bicho estranho chamado referendo nem sequer está contemplado na Lei Básica, para evitar surpresas desagradáveis, não é?...
"trata-se apenas de querer por querer, ou só para chatear o Governo Central e os "interesses instalados"?" - Acha que pedir que seja o povo a eleger os seus líderes democraticamente em vez de ser um grupinho de amigos sem poder representativo nenhum a fazê-lo é para chatear?? Olhe, para mim é um dos mais básicos principios elementares de justiça e igualdade. O Leocardo tem tanto direito como eu ou como qualquer chinês de votar em quem acha que deve representá-lo e administrar os bens públicos, que ao fim ao cabo pertencem a todos não é? Qual a legitimidade que esse grupo tem para decidir por mim ou por si?
"Os exemplos que referi não dariam bons CEs, pois já provaram que só estão interessados em defender os seus próprios interesses e não os da população em geral. Um elemento da lista de um deles foi condenado em tribunal" - Ai sim?? E o que aconteceu a um membro de topo do Governo que foi condenado a 27(!) anos de prisão por corrupção de centenas de milhões de patacas?? Ou o outro que se suicidou em Zhuhai depois de ter sido também apanhado pelo mesmo crime?? E quantas falcatruas ficaram ainda por descobrir? Pessoas desonestas existem seja qual for o método pelo qual foram eleitas, não acha? A grande diferença é que em democracia temos sempre a oportunidade de escolher outros caminhos se não estivermos satisfeitos enquanto no actual sistema temos de engolir a seco e continuar a gramar mais do mesmo.
"O sufrágio directo é uma inevitabilidade, mas digo-lhe desde já que é IMPOSSIVEL marcar uma data como se estivessemos aqui a falar de um casamentos." - Esta então só dá vontade de rir. É impossivel porquê?? Tudo na vida pode ter uma data, um celandário. Até a transição de poderes foi marcada de forma arbitrária (mas acordada) pelas duas partes com uma data. Até a política "Um país dois sistemas" vigora conforme um calendário. Qual é o problema de ter um calendário, ou pelo menos um "road-map" para o sufrágio directo, para começar a preparar a sociedade para esta eventualidade?
O que dá mesmo vontade de rir é que sem data, sem calendário, sem nada de concreto, fica tudo no limbo, fica tudo à espera desse tal "amadurecimento político" da população, que é algo tão concreto como irem mandarem-nos caçar gambuzinos.
"Angola, Guiné-Bissau, Haiti ou Timor-Leste, aliás exemplos bastante infelizes de "democracias"." - E pronto, tinhamos de ter mais uma mostra deliciosa da forma como o Leocardo adora pegar apenas nos exemplos que lhe interessam para puxar a brasa à sua sardinha. Eu dei estes exemplos extremos (e outros ainda mais como o Afeganistão), exactamente para mostrar que mesmo sociedades 10 vezes mais conturbadas e atrasadas que nós conseguem ter eleições minimamente decentes (umas mais que outras).
Porque não pegou no exemplo mais próximo à nossa realidade como Taiwan?
Pois é, não convém não é?
Ena pá Leocardo! Adorei sobretudo aquela parte em que dizes que te absténs de comentar os negócios casineiros porque não te dizem respeito. Estás doente ou quê? Logo tu que és o supra-sumo do "percebo de tudo" e até já admitiste que és um génio!!!
ResponderEliminarSó não sei porque é que insistem em ir buscar exemplos de democracias falhadas a países aonde nunca foram. O exemplo de Portugal não vos chega?
ResponderEliminar"Que converseta mais atroz e reaccionária, vinda de gente, em princípio, educada em democracia" (sic). São opiniões. Atroz, para mim, é ser obrigado a pensar que só se pode aceitar a democracia e rejeitar qualquer outro sistema, só porque fui "educado" em democracia. Atroz é sacrificar o meu livre arbítrio por ser politicamente correcto aceitar apenas a democracia, mesmo que muitas dessas democracias sejam menos democráticas do que a falta de democracia de Macau (a democracia transformou-se numa palavra vazia, e o que mais vejo é democracias-fantasma). Se tivesse de aceitar todas as ideias em que fui "educado", ainda hoje não me tinha soltado dos grilhões da Santa Madre Igreja castradora. O que eu mais aprecio é a minha liberdade de pensamento, e posso exercê-la em Macau sem democracia, coisa que não poderia fazer, por exemplo, no "democrático" Irão. Ao contrário do que muitos cérebros lavados pensam, não é o sistema "uma pessoa, um voto" que nos traz qualquer espécie de liberdade.
Gostei deste último comentário. Mas vamos là à Ana Malhoa com uma hora de frigorífico (vulgo "vaca fria"). O anónimo das 13:39, que suponho ser o mesmo das 01:48 parece que não segue com muita atenção o que se passa em Macau.
ResponderEliminarEntão as pessoas em Macau não votam? Votam todos os quatro anos para a AL em eleições que sinceramente fazem as dos países que referiu parecerem as eleições mais democráticas do mundo.
Compra de votos, jantaradas, campanha até à boca das urnas, autocarros e táxis fretados para levar alguns eleitores, listas cujos candidatos utilizam os seus trabalhadores para fazer campanha sem que lhes paguem horas extras, e às vezes até se estão nas tintas que esses mesmos trabalhadores tenham preferência por outra lista qualquer.
Mas "it takes two to tango", e a população até agradece, e vai toda contentinha até à mesa do voto por a cruzinha lá no chefe com medo de perder o emprego, ou de barriguinha cheia e um lai-si no bolso. E chama a isto maturidade?
Disse bem o AA: Deus nos livre de entregar uma decisão da importância da eleição do Chefe do Executivo a esta gente. No pior (e também mais provável dos cenários) elegiam um aventureiro qualquer que em dois anos enchia os bolsos com a massa dos casinos e punha-se a milhas.
Não estou contra o sufrágio directo, se prestar atenção ao que eu escrevi, concordo apenas PARCIALMENTE com o Dr. Neto Valente. Seria bom que a população pudesse eleger TODOS os deputados à AL, ou pelo menos a maioria, e esta seria uma excelente forma para se avançar para a tão desejada democratização.
Mas mesmo até aqui, tenho muitas reservas. Sabia que há pessoas que são coagidas a votar em certas listas que não sabem sequer que o voto é secreto? Isto de marcar democratizações desta responsabilidade para 2012, 2017 ou 2022 é como dizer: "agora têm 10 anos para aprender a votar em consciência".
E não sei o que tem contra as "famílias". Pessoalmente também me irrita que os filhos sejam treinados para chegar ao poder como os pais, mas olhe o que acontece em Angola. E com o Sarkozy Jr. em França. E nos Estados Unidos, não tivemos um Bush pai e um Bush filho? É mau sim senhor, mas não me parece que seja apenas um problema de Macau.
Em todo o caso obrigado pelos comentários, e foi um prazer debater consigo.
Cumprimentos.
"Ao contrário do que muitos cérebros lavados pensam, não é o sistema "uma pessoa, um voto" que nos traz qualquer espécie de liberdade."
ResponderEliminarEntão qual é a alternativa?? Diga lá?? Estou sinceramente muito curioso em saber qual a alternativa do caro anónimo iluminado.
Toda a gente sabe que a democracia não é um sistema perfeito, e claro que não é garante único da liberdade. É muitas vezes abusado ou desvirtuado por exemplo por questões religiosas (como no Irão) ou pela corrupção e abuso de poder (como em muitos países africanos e Sul-americanos).
Mas alguém tem dúvida que a democracia é o sistema mais justo e garante de igualdade entre todos os homens?
Como disse uma vez Churchill, "a democracia é a pior forma de governo exceptuando todas as outras que já foram testadas".
Leocardo, esses problemas da compra de votos, jantaradas, campanha até à boca das urnas foram bastante graves nas primeiras eleições legislativas da RAEM mas têm vindo a melhorar bastante de eleição para eleição.
ResponderEliminarSe olhar mais uma vez para Taiwan, nas primeiras eleições era confusão nas ruas, manifestações, seitas envolvidas, compra de votos, tiroteios, pancadaria entre os candidatos, mas olhe para como as coisas estão hoje.
Ninguém nasce "democraticamente maduro", a democracia é um processo de aprendizagem com erros e precalços pelo caminho. Mas acho que é um caminho que vale sempre a pena tomar.
O Leocardo é que parece acreditar que as pessoas de Macau à sua volta são todas parvas, manipuláveis e incorrigíveis por natureza...
Eu não sou parvo nem manipulável, e incorrigível também não devo ser porque já me considerei um grande democrata e hoje gosto pouco de democracias. Aprendi com as experiências democráticas, só isso. E o que aprendi foi que não há menos corrupção em democracia, que os corruptos se safam mais facilmente, que o crime violento aumenta exponencialmente, que as pessoas votam mas nada muda porque essas pessoas do que gostam mesmo é que estejam sempre os mesmos no poder (em Portugal, por exemplo, há muitos partidos, mas por muito que as pessoas se andem a queixar do mesmo há 35 anos, na hora do voto só vêm dois partidos no boletim, precisamente os dois que arruinaram o país). Para que quero eu essa democracia, se até já desisti de votar?
ResponderEliminarO que eu quero mesmo é que em Macau continuem a dar aumentos aos trabalhadores de vez em quando (em vez dos "democráticos" salários eternamente congelados), que a taxa de criminalidade continue baixa e que quem cometer esses crimes seja exemplarmente punido (em vez de criminosos que andam "democraticamente" à solta, apesar dos seus belos cadastros), e que continuem a ir buscar o grosso dos impostos a quem ganha muito, como os casinos (em vez dos sacrifícios "democráticos" cada vez mais exigidos a quem nem sequer ganha para ter uma vida decente). Se eu gostasse assim tanto dessa democracia, ia viver para um país democrático. A mim, escrever uma cruzinha num papel e metê-lo na ranhura de uma caixinha para tentar escolher os próximos que me hão-de roubar, nunca me deu de comer. Pelo contrário, ia-me matando à fome.
Muito bem dito. Quem fala assim não é gago.
ResponderEliminarGrande confusão vai na cabecinha deste anónimo...
ResponderEliminarPortugal não é pobre por causa da democracia. Aliás Portugal já era bem mais pobre antes dela chegar.
Pode não gostar dos nossos politicos (eu também não), mas não são mais do que o reflexo da podridão que grassa na nossa sociedade. Não são fruto do sistema. Há países democráticos muitissimo mais ricos e bem sucedidos, com o mesmo regime e sem metade dos nossos problemas. Uma coisa não tem nada a ver com a outra.
Também não há mais corrupção por causa da democracia ou ausência dela. Acredite! Corrupção existe e existirá sempre. O que acontece é que enquanto na democracia os casos são divulgados, noticiados, debatidos e julgados, nos outros regimes são varridos para debaixo do tapete e abafados, e você nunca chega a ouvir falar de nada, dando a ilusão de que está tudo bem. Claro que de vez em quando lá salta um "desgraçado" que é lançado aos leões como caso exemplar (quando já não deve ser possivel esconder tanto lixo acumulado), mas é apenas a ponta do iceberg.
E os seus sálários não são congelados ou aumentados por causa da democracia... O que é que o cú tem a ver com as calças?
Quanto à criminalidade, os 20 países com menor taxa de criminalidade do mundo são todos democráticos. Portanto quanto a isso também estamos esclarecidos (confira se quiser).
E o que é que os impostos dos casinos têm a ver com isto tudo??
Desculpe-me dizê-lo, mas o disparate que você diz é tanto que nem tem ponta por onde se pegue..
É óbvio que você está desiludido com Portugal e gosta de estar em Macau pois dão-lhe de comer e um ordenado para viver confortavelmente (coisa que em Portugal não tinha).
OK tudo bem, mas o que é que isto tem a ver com o tema em discussão?
Está a misturar alhos com bogalhos.
Macau tem tanto dinheiro, pura e simplesmente por causa dos casinos, ponto final.
E é curioso que Macau só tem casinos porque foi administrado por um país democrático que os legalizou. Os comunistas nunca o permitiriam em território chinês de outra forma. Portanto até nisso você mete os pés pelas mãos.
"Portugal não é pobre por causa da democracia. Aliás Portugal já era bem mais pobre antes dela chegar."
ResponderEliminarParece que, afinal, a confusão vai noutra cabeça. Poderia haver mais portugueses pobres, mas Portugal não era mais pobre. E o poder de compra dos portugueses estava a aumentar, coisa que rapidamente se inverteu. A democracia é que delapidou tudo o que o Estado tinha amealhado. O que não admira, porque afinal em democracia há muito mais porcos a comer da gamela e o fundo passa a ver-se-lhe muito mais depressa.
"Há países democráticos muitissimo mais ricos e bem sucedidos, com o mesmo regime e sem metade dos nossos problemas."
Isso não diz nada. Há países democráticos muitíssimo mais ricos e bem sucedidos, e países não democráticos também.
"na democracia os casos são divulgados, noticiados, debatidos e julgados"
A não ser que envolvam políticos. Se os envolverem, são escondidos tanto quanto possível, obstruída a justiça por todos os meios, ocultadas provas e, quando mesmo assim fica o rabo de fora, atrasa-se tudo até que prescrevam. A não ser que esteja a falar da Suécia ou dos seus vizinhos. Eu estou a falar da República Portuguesa das Bananas e de casos parecidos. Também há desgraçados lançados aos leões, mas são sempre das "castas" mais baixas. Os outros são intocáveis.
"Quanto à criminalidade, os 20 países com menor taxa de criminalidade do mundo são todos democráticos"
Isto é uma falácia porque a maior parte dos países são democráticos. Os 20 com maior taxa de criminalidade também são, de certeza, democráticos.
"Macau tem tanto dinheiro, pura e simplesmente por causa dos casinos, ponto final."
Ah, afinal é fácil. Constrói-se muitos casinos e está o problema resolvido. Como é que Portugal nunca se lembrou de fazer o mesmo no seu território? Passava a haver também muito dinheiro por causa dos casinos e ponto final.
"Macau só tem casinos porque foi administrado por um país democrático que os legalizou"
O curioso é que durante a administração desse país democrático que tem tantas ideias boas, nunca Macau teve tanto dinheiro. Se calhar foi porque, à boa maneira portuguesa, deu-se o monopólio a um amigo. Também à boa maneira portuguesa, a democracia nunca chegou a Macau (como é que não se lembraram disso?), e se hoje, pelo menos, Macau é administrado pelas suas gentes, no tempo português vinham os caciques amigalhaços do poder português já democrático tomar conta disto. Melhor dizendo, encherem-se à conta disto.
Face a tudo o que aqui escreveu, só vou fazer um comentário.
ResponderEliminarDiz que "Isto é uma falácia porque a maior parte dos países são democráticos".
Realmente isso é verdade. E os outros regimes defendidos por si são cada vez menos.
Por que será?
E sabe ainda o que é que tem mais piada nisto tudo? É que até os próprios dirigentes chineses defendem abertamente uma lenta mas gradual democratização e abertura do regime político da China, no sentido de um dia poder também ser mais democrático (sim, essa palavra diabólica!).
ResponderEliminarSe quiser posso dar-lhe o link do jornal "China Daily" com o discurso de Wen Jiabao a dizer exactamente isso.
Pode demorar 50 anos ou 100 anos mas até eles reconhecem que esse caminho é inevitável, pois à medida que o nível educacional e económico da população vai crescendo, é dificil (para não dizer impossivel) continuar o poder nas mãos dum pequeno grupo de pessoas a controlar quase 7 biliões.
Só você parece não perceber isso...
Um Bilião = um milhão de milhões
ResponderEliminarPopulação mundial = 6,800,000,000 (seis mil e oitocentos milhões)
População da China = 1,300,000,000 (mil e trezentos milhões)
7 biliões (sete milhões de milhões) = existente eventualmente no sistema planetário na sua globalidade ou na cabeça do último anónimo
É 1 bilião e não 7. Há hora que escrevi, não dei pelo erro. As minhas desculpas.
ResponderEliminarMeu caro anónimo,
ResponderEliminarPor vezes nem notamos. Mesmo assim não é um bilião (um milhão de milhões - 1,000,000,000,000). a China "só" tem mil e trezentos milhões de habitantes. A confusão, compreensível, advém da influência bifa que, para a mesma realidade, grita "billion".
"Há hora que escrevi..."
ResponderEliminarE à hora que escreveu o último comentário também não deu por mais um erro.