sexta-feira, 12 de março de 2010
Os blogues dos outros
O comité regional da Ásia e Pacífico do programa "Memória do Mundo" da UNESCO decidiu incluir o arquivo da Diocese de Macau entre os itens daquele programa. Citando a argumentação do comité regional, "Não há dúvidas de que o arquivo da Diocese de Macau é muito importante para o estudo da História desta área, pois é composto por documentos originais e raros, que abrangem aspectos históricos relativos não só a Macau e à China, mas a uma parte significativa da Ásia". Uma boa notícia para Macau, mais uma demonstração que esta cidade tem alma, tem memória, é muito mais que o brilho importado dos néons. Ung Vai Meng, o recentemente empossado Director do Instituto Cultural, chamou muito justamente a atenção para o facto de, depois de ter sido reconhecido pela UNESCO o valor do património arquitectónico da cidade, ser agora o património documental a ser alvo de distinção pelo mesmo organismo, ainda que em moldes e parâmetros diferentes. Para quem gosta desta cidade, sem dúvida uma grande notícia e um momento de particular satisfação.
Pedro Coimbra, Devaneios a Oriente
O suicídio do professor de Sintra é mais um caso escandaloso de fracasso do sistema escolar português, da falta de sentido de responsabilidade das autoridades académicas e de cumplicidade entre pedagogos e burocratas. Revela, também, o estado de indisciplina e de falta de educação que grassa em estratos da sociedade sem que a ordem, o respeito e a correcção sejas repostas. Vivemos em tempos em que tudo se consente e os educadores prescindem de cumprir a sua função reguladora e disciplinadora, por causa dos "direitos" das queridas criancinhas. Sou de um tempo em que coisas desta natureza se resolviam com uma chapada nas ventas, ou com a expulsão das aulas, e não se percebe porque é que a segurança da escola não foi chamada para actuar num caso que foi continuado e era do conhecimento público. Num país decente, a direcção desta escola seria suspensa, sem apelo nem agravo e os pais das "criancinhas" chamados às suas responsabilidades. Não há que esperar grande coisa deste evento que rapidamente passará ao esquecimento. Junta-se a outros casos como o da professora batida por uma aluna e gravada em video, dos professores enxovalhados pelos pais, ou professores espancados por um bando de energúmenos à saída da escola. Vão-me desculpar os leitores mas casos deste quilate só se resolvem com um correctivo, bem musculado. Quandos os pais desistem de cumprir a sua missão e alimentam lá em casa pequenos crápulas, a sociedade tem que actuar, serena mas firmemente, sob pena do sistema social ruir nas suas fundações. Dirão que é excessivo? Mas se as autoridades não se dão ao respeito como é que esperam encontrá-lo? Gerações do amanhã? Será este o nosso futuro colectivo?
Arnaldo Gonçalves, Exílio de Andarilho
Ninguém. Foi o bullying … Os educadores portugueses descobriram um novo conceito, suficientemente plástico e indefinido, para justificar tudo aquilo que corre mal nas escolas: o bullying. Qualquer caso de violência é diagnosticado como um caso de bullying, mesmo que parte da informação seja falsa, exagerada ou enviesada. Mesmo que os detalhes do que aconteceu não sejam conhecidos. Os pedopsiquitras são de imediato chamados à televisão onde elaboram sobre bullying dizendo que a culpa é de todos, que os agressores também são vítimas e que só com muito amor, muita dedicação, muito moralismo e muitos pedopsiquiatras é que o problema se resolve. Mas foi este um caso de bullying (o que quer que isso seja)? Ah, se calhar não foi…
João Miranda, Blasfémias
A terra dos sorrisos está novamente em sobressalto com a anunciada mega manifestação de domingo em Bangkok dos apoiantes de Shinawatra, que exigem a demissão do Governo. Certo é que se vivem novamente tempos de grande instabilidade na Tailândia, muito devido a essa figura tenebrosa de Thaskin Shinawatra, que salvaguardando as devidas distâncias, me faz lembrar o Major Valentim Loureiro.
El Comandante, Hotel Macau
Recebi um telefonema de Lisboa. "Há problemas ? Parece que as coisas estão delicadas. Tem cuidado, não saias de casa". Para sossegar e precaver o alarmismo da comunicação social e dos fazedores de factos, aqui fica a informação: reina a paz em Bangkok, o trono está de pedra e cal e o povo unido em torno do Rei. Aconteça o que acontecer, a plutocracia, agora com adamanes de marxismo e polvilhos de "causas justas", não passará. O exército não permitirá que os problemas financeiros de um homem fugido à justiça se sobreponham ao interesse nacional. Hoje, há uma muralha verde em torno da Monarquia e da democracia. Doa a quem doer, o facto é que aqui não vai haver o triunfo da rua, nem PREC, nem assalto ao poder pelo dinheiro disfarçado em assistente social.
Miguel Castelo-Branco, Combustões
Já por diversas vezes reparei quando venho na bicha da auto-estrada do Estoril para Lisboa nos muitos condutores que, para ultrapassarem uns quantos automóveis, metem para dentro da bomba de gasolina de Carcavelos onde aceleram a fundo naqueles cerca de duzentos metros. Igual patranha é frequente ali ao lado na Marginal, por altura dos semáforos da Parede em direcção a Lisboa, onde os chicos espertos contornam o cruzamento, guinando em direcção ao parque de estacionamento da praia, para apanhar a estrada uns metros à frente no perigoso entroncamento. São estes e muitos outros exemplos da arreigada grosseria indígena que me levam a descrer profundamente na maturidade dos portugueses em geral e no futuro de Portugal em particular. Afinal é desta cruel realidade sociológica que emergem os diversos poderes que passamos a vida a verberar. Afinal, mais do que termos aquilo que merecemos, somos aquilo que somos. Uns inabaláveis burgessos.
João Távora, Corta-Fitas
Luís Inácio Lula da Silva foi preso político durante a feroz ditadura militar brasileira (1964-85). Mas nem isso o tornou mais sensível, aparentemente, ao drama dos prisioneiros de consciência que permanecem no mundo - a começar pelo próprio hemisfério onde o Brasil se insere. Cuba, a última ditadura das Américas, já justificou quatro deslocações oficiais de Lula como presidente. Em nenhuma destas visitas a Havana, onde gosta de se fazer fotografar ao lado de Fidel Castro, o antigo operário metalúrgico encarcerado pelo general Ernesto Geisel se dignou receber delegações de familiares de presos políticos cubanos. A máxima desqualificação do seu próprio percurso de lutador pela liberdade sucedeu agora, com a declaração boçal que proferiu sobre os opositores que fazem greve de fome na prisão - único e último recurso ao seu alcance para chamarem a atenção do mundo, num desesperado grito pela liberdade que lhes é negada. Orlando Zapata morreu ao fim de 86 dias. Guillermo Fariñas está há 16 dias sem comer, tendo já perdido 13 quilos. Zapata era operário, como Lula foi. E opôs-se tenazmente a uma ditadura, como Lula fez. Apesar disso - e da coincidência de ter chegado a Cuba no próprio dia da trágica morte do opositor dos Castro - o presidente brasileiro foi incapaz de pronunciar uma simples palavra de pesar. Pelo contrário, de volta ao seu país, ousou fazer uma declaração que certamente justificaria o aplauso dos tiranos - de todos os tiranos. "Greve de fome não pode ser usada como um pretexto de direitos humanos para libertar pessoas. Imagine se todos os bandidos que estão presos em São Paulo entrassem em greve de fome e pedissem libertação", afirmou, confundindo deliberadamente presos políticos com delinquentes comuns. Pondo-se ao nível dos editoriais do Granma, o actual inquilino do Palácio do Planalto considera a greve de fome uma "insanidade". Noutros tempos, Lula diria que a insanidade não está no prisioneiro de consciência, mas no regime opressor que encarcera mulheres e homens por delito de opinião. Tempos em que o próprio Lula fez greve de fome, quando esteve detido em São Paulo. Felizmente para ele e os seus compatriotas, a ditadura brasileira terminou há muito. Infelizmente para os cubanos, a ditadura dos irmãos Castro parece interminável.
Pedro Correia, Delito de Opinião
Há cerca de 40 anos que oiço falar que entre os comissários de bordo da TAP se processam os mais díspares negócios, entre eles, o tráfico de droga. Hoje, leio no jornal que um comissário da TAP foi apanhado com cinco quilos e meio de cocaína e que pertencia a uma rede de tráfico com ligações ao Brasil e com "epicentro" em Cascais. Uma notícia com um atraso de 40 anos...
João Severino, Pau Para Toda a Obra
Logo no meu dia de aniversário, quando esperava redenção e alegria, o FC Porto brindou-me com vulgaridade e foi vulgaríssimo. Desunião em campo. Mais passes falhados que piolhos numa grenha aciganada. Hulk vítima de si mesmo, dos malefícios morais e imorais do castigo castrador do CDL, remetido à banalidade mais inofensiva. Um balneário morto, inexistência em campo. Quando Jesualdo foi deixado cair e isso ressoou entreportas, levou consigo a equipa, a partir daí desarticulada, a apanhar moralmente no entrepernas: contra o Arsenal, armadilhou a equipa que foi um crime. Éramos dez. Entrámos a menos e a medo. Nuno André Coelho? Eis um jovem que fugia da bola, coitado, apavorado com ela e com o adversário! Sucedem-se as goleadas impossíveis e as impensáveis. Com a saída estúpida de Scolari, porque estúpida e indevidamente pré-anunciada, passou-se o mesmo com a Selecção: debandada emocional, perda do Norte moral. Desarticulação. Derrota. Caput.
Joshua, PALAVROSAVRVS REX
A propósito deste artigo, um comentador anónimo borrou-se para perguntar ao autor: "onde é que estavas no 25 de Abril"?! Esta expressão, "onde é que estavas no 25 de Abril?", é um dos ícones do complexo de "abril" e representa um dos falsos pilares da nossa actual "democracia". O que este anónimo e outros ressabiados querem proferir é a elevação divina de uns quantos milicianos, oficiais de carreira, paisanos e militantes comunistas (sim, desse mesmo comunismo tão gémeo do fascismo) que à data de 1974 participaram na festa. Qualquer opinião contrária ao "carácter" desses deuses do Olimpo é vista como uma ofensa nacional a que convém de imediato reagir; não importa o que esses seres fizeram até 24 de Abril ou depois de 26 de Abril interessa o que fizeram a 25, porra! Esses deuses revolucionários granjearam estatuto através das histórias de encantar que nos foram disparadas aos ouvidos nessa marcha apressada a caminho do socialismo! É este complexo complexo que nos teima em deixar, porque tem mais raízes que as ervas daninhas, e que de uma forma lata, permite que sejamos condescendentes com políticos que lançaram para a morte conterrâneos, com militares que tenham sido assassinos e terroristas, com políticos que são corruptos, e por aí fora. Eu, no dia 25 de Abril frequentava a 4ª classe e estava na escola a brincar no recreio, como sempre se fazia no intervalo das 10h30. Estava um dia de sol e o meu pai foi-nos buscar mais cedo. Almoçamos em família. Foi para mim um dia feliz.
João Amorim, Os Carvalhos do Paraíso
Parece que as escutas tornou-se algo tão normal em Portugal como os bufos do tempo da ditadura, sem sequer o Presidente da República as condena. Escuta-se intencionalmente, escuta-se por acaso, escuta-se por engano, basta alguém falar para se recear estar a ser escutado, até dizem que a PJ tem aparelhos que escutam através das paredes, a psicose das escutas até terá chegado a Belém, houve o receio de que Sócrates não escutasse o presidente apenas à quinta-feira. Conhecidos jurisconsultos defendem a legitimidade das escutas e a sua divulgação, o presidente escutou o sindicalista dos magistrados a propósito de uma conversa que este escutou aos investigadores do Caso Freeport, as escutas tornaram-se uma regra a bem da democracia. Se as escutas são saudáveis para a democracia todos temos o direito não apenas às escutas de alguns mas de todos, em nome da verdade e para que se apure toda a verdade temos o direito de saber algumas conversas que deverão ter ocorrido nos últimos tempos em Portugal. Por exemplo, eu gostaria de ter escutado ou de ter acesso à reprodução das seguintes conversas: Se tivéssemos ouvido as conversas entre Cavaco Silva e Fernando Lima acerca dos receios de escutas a Belém ficaríamos a conhecer todos os contornos do processo, se Fernando Lima é apenas um desbocado ou se cometeu qualquer crime , se Cavaco está tão inocente neste processo como o tem afirmado com a voz embargada. O conhecimento das escutas ao senhor Palma ajudaria o país a conhecer os contornos da acção de um sindicato que se farta de intervir na política e que não faz sindicalismo. Ouvir as conversas entre Felícia Cabrita e os amigos do Ministério público permitir-nos-ia propor os nomes de alguns heróis desconhecidos para receberem das mãos de Cavaco Silva a Ordem da Liberdade, em nome da gratidão dos portugueses pelo que fizeram pela democracia ao entregarem à jornalista cópias de diversos processos judiciais, designadamente aqueles que nos últimos anos visaram sempre o mesmo, decapitar a liderança de um grande partido democrático. Se as conversas de Manuela Ferreira Leite tivessem sido gravadas ficaríamos a saber quem soube primeiro do negócio da PT com a Media Capital, se ela ou se o primeiro-ministro. Se um mero mail ia fazendo com que Cavaco Silva fosse despachado para Boliqueime o que seria se os portugueses em vez saberem apenas o que a Felícia Cabrita ou a Manuela Moura Guedes querem que se saiba, soubessem de tudo? Ou será que só o José Sócrates é que fala? Enfim, todos falam e só o pardal é que é gravado...
Jumento, O Jumento
Zé: Porra, aumentaram os impostos!
Sócrates: Não é verdade. Não aumentámos os impostos.
Zé: Mas eu vou pagar mais impostos, c******
Sócrates: Vais, mas os impostos não aumentaram.
Zé: Oh, cum c*****, mas se eu pago mais, como é que não aumentaram, porra?
Sócrates: Não aumentaram. O que aconteceu é que houve melhorias na incidência dos benefícios fiscais. É a isto que se chama, mais justiça social.
Zé: F***, pá, então eu pago mais e tu dizes-me que não pago mais? Mas pensas que eu sou parvo ou quê?
Sócrates: Penso.
Zé: Mas eu vou pagar mais impostos ou não?
Sócrates: Vais.
Zé: E os impostos não aumentam?
Sócrates: Exacto.
Zé: Obrigado Sr Engenheiro...assim está tudo mais bem explicado. Que seria de nós sem o Sr Engenheiro. Para a próxima voto outra vez em si.
O Lidador, Fiel Inimigo
No Jornal i, de hoje:
”Aos 85 anos, o padre Gabriele Amorth já lidou com 70 mil pessoas possuídas pelo demónio. Ele é o principal exorcista da Santa Sé e acaba de lançar um livro que faz jus a uma carreira: “Memórias de um Exorcista”. E, para Amorth, não há dúvidas de que os recentes escândalos de abuso sexual de menores em instiuições da Igreja são obra de Belzebu. “O Diabo está a trabalhar dentro do Vaticano”, diz o padre Amorth em entrevista ao La Repubblica. Para o padre, as influências satânicas estão espalhadas por todo o Vaticano e são bastante óbvias nos episódios de luta pelo poder interno na igreja, entre “cardeais que não acreditam em Jesus e bispos que estão ligados ao demónio.”A “cobertura” da morte de Alois Estermann, o comandante da Guarda Suíça, em 1998, e do guarda Cedric Tornay, encontrado morto de forma misteriosa, é, na opinião de Amorth mais um exemplo de como o diabo vive e trabalha no Vaticano.” A “diabolização” do centro nevrálgico da ICAR, i.e., o Vaticano, a funcionar como uma mezinha “branqueadora” dos infames e intoleráveis crimes de pedofilia praticados por clérigos, sob o olhar cúmplice – ou a ocultação – da hierarquia católica. Apetece comentar: “Com Clarim toca a lavar!”…
Carlos Esperança, Diário Ateísta
O sucesso de Mozart com as mulheres era devido à flauta mágica.
João Moreira de Sá, Arcebispo de Cantuária
1. Subscrevo totalmente o texto de Arnaldo Gonçalves. Isto está a bater no fundo. Só espero que bata bem depressa, para que tudo volte a ser o que era dantes: a escola para quem quer aprender, o reformatório para quem não deixa.
ResponderEliminar2. Finalmente, um padre confirma aquilo de que eu sempre suspeitei: o Diabo mora no Vaticano.