Sobre o "special one"

Tive ontem uma pequena discussão sobre aquela não-notícia que foi a tentativa de rapto do treinador português do Inter de Milão, José Mourinho. Digo que é uma não-notícia porque Mourinho nunca chegou a saber que corria o risco de ser raptado, e a polícia italiana desmontou o plano antes de qualquer incidência maldosa - e ninguém ganha prémios Nobel por tentativa de Química ou de Literatura. Em todo o caso, a discussão prendeu-se sobretudo com a carreira do il speciale. Na minha humilde opinião, Mourinho deve tudo o que é ao FC Porto. Foi no clube do Dragão que Mourinho ganhou os seus maiores títulos, e conseguiu construír uma equipa fabulosa com jogadores portugueses contratados a equipas do meio da tabela (Nuno Valente, Paulo Ferreira, Pedro Mendes), estrangeiros praticamente desconhecidos (Derlei, Jankauskas, Carlos Alberto) e jogadores rejeitados de outros clubes grandes (Deco, Maniche). Uma vez no Chelsea, Mourinho apanhou rios de dinheiro e talento para ganhar dois títulos, e conseguiu contratar praticamente todos os jogadores que queria a preços astronómicos. Não digo que eu e o leitor fariam melhor ou o mesmo, mas conseguiríamos pelo menos um segundo ou terceiro lugar. No Inter, Mourinho corre praticamente sozinho, muito graças às crises do AC Milão e da Juventus, ainda na ressaca do "calcio caos". Mas o português continua a dar cartas e a ganhar títulos, e merece todo o meu respeito. Mas dificilmente conseguirá atingir o nível de 2002/2004, no FC Porto.